Ao ler a entrevista do cantor canadense Michael Boublé à revista Speak Up, encontrei uma frase que eu considero muito correta. Ao explicar o porquê de não guardar nenhum dos prêmios, troféus e placas que recebe - nem mesmo o Grammy - o cantor declarou:
"Se precisarmos ser lembrados de quem somos, podemos simplesmente nos olhar no espelho!"
Assim, Michael Bublé distribui seus prêmios aos seus pais, parentes, amigos e até mesmo lojas que frequenta em Vancouver, sua cidade natal. Fiquei pensando que, apesar de nos sentirmos envaidecidos e agradecidos quando recebemos prêmios pelo nosso trabalho, eles realmente não dizem quase nada sobre o que somos. Nossas profissões são apenas uma parte das nossas vidas. Posso dar aulas e ser chamada de professora, mas uma professora não é o que eu realmente sou. Existe uma essência por trás dos títulos que recebemos e conquistamos ao longo da vida que poucos de nós realmente chega a conhecer ou preocupar-se em conhecer.
E vamos nos adaptando e nos identificamos com o que os outros acham de nós, e cada vez mais, fazendo de tudo para que aquela imagem que tentamos tão arduamente construir permaneça sempre verdadeira aos olhos do próximo. É a criação da nossa máscara, da nossa persona. Com o tempo, a idade e a experiência de vida, vamos aos poucos compreendendo o quanto estas coisas são passageiras e sem importância.
Na minha idade - quase meio século de vida - só desejo uma coisa: ser feliz à minha maneira. Pouco me importa o que esperam de mim. Hoje, só vou aonde sei que sou bem vinda. Só entro onde sou convidada. Já não me importo com muitas das coisas que eu considerava importantes antigamente, e hoje eu vejo o quanto perdi tempo com elas. Aprendi a não dizer "sim" quando quero dizer "não." Aprendi a não dobrar-me àquilo que querem de mim, porque chantagens emocionais já não me comovem. Minha ética e minha maneira de ser são as únicas coisas que me importam. Respeito a quem me respeita. Ignoro a quem me ignora. Convivo com quem me faz bem, com as pessoas com quem eu sinto que não preciso me espremer, me dobrar ou me sangrar para ser como elas querem.
E se elas me esquecem, é um favor que me fazem.