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terça-feira, 29 de outubro de 2013

Casa em Ritimo de Natal






Mais uma vez, abrimos os olhos e estamos quase em novembro! Hora de começar a pensar no Natal - arrumar a árvore e a casa para recebê-lo - mas principalmente, arrumar o espírito. 

Existe algo diferente com o natal, e fico pasma quando alguém me diz que não aprecia esta data. Bem, eu compreendo que ela nos traz recordações de pessoas que já se foram e de natais nos quais havia mais convidados à mesa... mas a vida é assim, ela tem seus ciclos, suas perdas. Precisamos aceitar os adeuses que ela nos impõe.

Foram-se meus pais, meu sobrinho, meu sogro. Mas nós ainda estamos aqui. No Natal do ano passado, minha mãe estava desacordada em um hospital. Foi um dos meus piores natais. Ela se foi na noite  de ano novo, mas eu ainda estou aqui!

Eu sempre tenho o hábito de, ao montar a árvore, dedicar um enfeite a cada pessoa da família e aos amigos. E mesmo que eles não estejam mais aqui, nada me impede de continuar fazendo a mesma coisa. Posso continuar pedindo que,estejam aonde estiverem, eles estejam bem.

Não quero amargar a vida, não desejo tornar-me uma pessoa triste, taciturna e saudosa. Quero continuar sentindo a magia que há na vida, na natureza, nas datas especiais. Todo mundo deseja estar feliz a maior parte do tempo, e eu não sou exceção.

Portanto, continuarei enfeitando a casa - e agora, os blogs - para receber o natal.



segunda-feira, 28 de outubro de 2013

A Flor e a Guerra



No meio de uma grande guerra,
Havia uma flor murchando.
Em volta, mortes, desterro,
Medo, fogo, gritos, urros.

E lá, bem junto do muro, 
Uma criança sozinha
Olhava a flor que murchava,
E dela se apiedava.

Esqueceu-se de seu medo,
Conseguiu uma vasilha,
Encheu-a de água com sangue,
Levou à flor moribunda...

No meio de toda a guerra,
Sentiu a necessidade
De salvar aquela vida,
E seguiu sua verdade...

Mas veio um duro coturno,
Aproximou-se da flor
E sem nem sequer olhá-la,
Pisoteou-a e se foi...

A criança, num suspiro
De dó, desânimo e dor,
Pegou no chão sua vasilha,
Foi procurar outra flor...



sábado, 26 de outubro de 2013

O TEMPORAL












O Temporal


O temporal levou tudo:

Casas, carros, corpos, mundos...

O temporal só deixou

O que era atemporal.


Casas de Petrópolis

Casa dos Sete Erros, na Rua Ipiranga - aberta à visitação



Adoro caminhar pelas ruas de Petrópolis, especialmente aonde estão construídas as casas antigas... Eu, que sou absolutamente fascinada por casas e suas histórias, fico às vezes parada diante delas, fotografando e tentando imaginar quem viveu ali, o que sentia, qual era a paisagem vista da janela.


Casa de Santos Dumont, "A Encantada"


Algumas casas tem história, como algumas mansões de Petrópolis. Outras, são verdadeiras lendas... nunca me esqueço das histórias contadas pela Tia Rosa sobre os jardins do Museu Imperial; uma delas: um dia, ela caminhava pelo jardim, quando viu um padre caminhando em direção contrária. Como achasse estranhas as suas roupas, ao passar por ele, ela virou-se para trás para olhar melhor. Qual não foi sua surpresa ao constatar que não havia ninguém!


Museu Imperial, antiga residência da família Imperial



Fico triste que algumas das casas estejam abandonadas... tão bonitas! É triste uma casa vazia. Rapidamente, ela se deteriora, mesmo que tenha sido reformada recentemente, As casas também morrem de solidão! Há pouco tempo, reformaram a casa aonde antigamente funcionava a sede da Caixa Econômica Federal, no centro da cidade. Seria um centro de informação turística, mas o projeto desandou, e hoje, a casa encontra-se para alugar. Vazia. Apesar da reforma recente, já se percebe vazamentos pelas paredes.





Adoro também os nossos sobrados, no Centro Histórico... pena que alguns também encontrem-se em péssimo estado.

sobrados em Petrópolis - foto: Rafael Soares

Uma casa exige cuidados e atenção constantes. Precisa ser limpa e arejada. mais do que tudo, uma casa precisa ser habitada! Elas necessitam de vida entre suas paredes, música, vozes, sol entrando pelas janelas, noites de natal enfeitadas, passos no piso. Uma casa precisa ser amada, pois as casas tem almas.

Linda mansão abandonada e em ruínas, próxima à Praça da Liberdade. Costumava ser fantástica!






Sebastião da Gama, Poeta Português









Sebastião Artur Cardoso da Gama (Vila Nogueira de Azeitão, 10 de abril de 1924 — Lisboa, 7 de fevereiro de 1952) foi um poeta e professor português, Sebastião da Gama licenciou-se em Filologia Românica, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 1947. Foi professor em Lisboa, na Escola Comercial Veiga Beirão, onde fez o seu Exame de Estado. Colaborou nas revistas Árvore e Távola Redonda. A sua obra encontra-se ligada à Serra da Arrábida, onde vivia e que tomou por motivo poético de primeiro plano (desde logo no seu livro de estreia, Serra-Mãe, de 1945), e à sua tragédia pessoal motivada pela tuberculose. Fundador da Liga para a Proteção da Natureza em 1948. - fonte: Estúdio Raposa.







"Por que não me deixaram sempre agreste e criança? As minhas leituras seriam todas fora dos livros. Havia de olhar para tudo com uma alegria tão grande, com uma virgindade tão grande, que até Deus sorriria, contente de ter feito o mundo..."




Pelo Sonho é que Vamos


Pelo sonho é que vamos,

comovidos e mudos.

Chegamos? Não chegamos?

Haja ou não haja frutos,

pelo sonho é que vamos.

Basta a fé no que temos.

Basta a esperança naquilo

que talvez não teremos.

Basta que a alma demos,

com a mesma alegria,

ao que desconhecemos

e ao que é do dia a dia.

Chegamos? Não chegamos?

- Partimos. Vamos. Somos.



Rouxinol Azul




CANTILENA


Cortaram as asas
ao rouxinol
Rouxinol sem asas
não pode voar.


Quebraram-te o bico,
rouxinol!
Rouxinol sem bico
não pode cantar.


Que ao menos a Noite
ninguém, rouxinol!,
ta queira roubar.
Rouxinol sem Noite
não pode viver.




MADRIGAL


A minha história é simples.
A tua, meu Amor,
é bem mais simples ainda:


"Era uma vez uma flor.
Nasceu à beira de um Poeta..."


Vês como é simples e linda?


(O resto conto depois;
mas tão a sós, tão de manso
que só escutemos os dois).









sexta-feira, 25 de outubro de 2013








É lá que eu te encontro,
Criança de novo,
Joelhos ralados,
O sol no meu rosto,
As mãos meio-sujas,
Bonecas, balanços,
A vida tão fácil,
Sem dor ou desgosto...


É lá que eu te encontro,
Te falo, te ouço,
Recordo momentos
Que há muito se foram,
Mas ficam gravados
Em cada parede,
E o corpo balança
Sem ventos, sem redes...


É lá que eu te encontro,
Caminhos cruzados
Pouco percorridos,
Quase abandonados,
E cada vez mais
Demoras, se chamo
Teu nome de novo...
É a força dos anos!...






quinta-feira, 24 de outubro de 2013

A Superioridade da Nossa Raça




Ainda movida pelos ecos do que aconteceu no Instituto Royal (e que anda acontecendo em muitos lugares por aí sem que a gente saiba), fico me perguntando o motivo de se usarem animais em experiências laboratoriais. O ser humano sempre teve certeza absoluta da superioridade de nossa 'raça' sobre as outras, e sente-se no direito de usar as outras espécies como se elas não sentissem dor, medo, solidão, tristeza, abandono.





Eu sou radicalmente contra as experiências com animais. Se os produtos neles testados são para uso dos humanos, então deveriam ser testados em humanos! Há tantos serial killers e estupradores nas prisões que poderiam muito bem servir para este propósito, já que não serviram para mais nada!




Olhar para um animal e considerá-lo apenas uma 'coisa', na minha opinião, deixa bem claro qual é o nível de evolução espiritual do observador. Os animais merecem mais respeito!




Não acredito que existam métodos humanitários para se fazer estes testes, já que eles fazem com que as cobaias sintam medo, dor, desconforto, fiquem aprisionadas durante todas as suas vidas em cubículos fétidos, sem carinho, sem ver a luz do sol, sem conhecerem a liberdade. Não existe, algo como 'supremacia racial!' Será que um dia as pessoas perceberão isso?




Sou radicalmente contra pássaros em gaiolas, cães acorrentados, animais silvestres sendo utilizados como pets, animais vestidos como seres humanos, que tem seus pelos coloridos de rosa e azul, pois não tem escolha, temporadas de caça, zoológicos, safaris, touradas, circos, animais puxando carroças ou transportando pessoas, enfim, sou contra toda atividade que cause dor, estresse e sofrimento aos animais!


O Jardineiro Sonhador & Outras Crônicas




Já está disponível na amazon.com.br o meu livro de crônicas, "O Jardineiro Sonhador & Outras Crônicas."

São crônicas publicadas em blogs - algumas, há muito tempo retiradas, outras que ainda constam e também crônicas inéditas. Cada uma delas foi escolhida com muito carinho e esmero para fazer parte desta coletânea.

Se você deseja adquirir um, basta acessar o link da Amazon acima, e chegando lá, digitar o título do livro na busca ou então meu nome - Ana Bailune. Tenho certeza que você vai gostar, pois cada história daquelas crônicas foram escritas em momentos muito especiais.

Boa leitura! Obrigada!







quarta-feira, 23 de outubro de 2013

OUTONO





OUTONO

Dos goles que tomo
Da vida
Os melhores
E mais longos
São no outono.

Ah, semi-sono burlesco,
Entre folhas ressecadas
E brotos por nascer!
Tanto a se dizer,
Nada a se antever,
Nem verão!...

O outono
É o sono da vida,
Sono leve, desejado
Depois de um verão cansado...


terça-feira, 22 de outubro de 2013

O TEMPO - I & II






Uma interação com Henrique Pitt, do Recanto das Letras



O próprio tempo - I - Henrique Pitt


Eis

que as águas seguem

passando, em meândricos

movimentos, de novos rios

e “a gente”, correm;

e as montanhas descem

lentamente, abaixam-se

solenemente, curvando-se

e “a gente” se afirmam;

Eis

que as pedras rolam

em seixos, à gravidade

em seios, à intempérie

e “a gente” se fixam;


e as areias passam

nas ampulhetas, levadas

pelas águas, lavadas

pelo tempo, calmas

e “a gente” não.

....................................................................

O próprio tempo - II - Ana Bailune

A gente não passa, como as areias,
Mas fica retida nas teias
Que o tempo teceu no caminho.

A gente não rola, como as pedras,
Mas fica no leito de um rio
De águas bem congeladas.

A gente não passa; só fica,
Tatuada feito estátua
Na pele de outras memórias...

Talvez a gente se lembre,
Talvez reste mais que a gente
Quando acabar a história.


Relâmpagos






Despertei com os relâmpagos;
O tremor do chão da casa
Por onde corriam as memórias.

E elas erguiam-se, esguias,
Iluminadas pelos raios,
Fantasmas criando vidas
Sombras dançantes nas paredes do quarto...

Caíam em gotas pesadas
Contra o vidro da janela, como a convidar:
"Lembre-se de nós!..."

De olhos entreabertos,
Eu as via passar, tal qual 
Rodopiante melodia sem pauta
Nascida na cítara fria
Como canção sussurrada
Do que eu não posso esquecer.




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