O poeta, músico e crítico Ezra Pound, um dos mais significativos e polêmicos intelectuais do século XX, nasceu na cidade de Hailey, em Idaho, no dia 30 de outubro de 1885. Ele viveu boa parte de sua infância em Wyncote, lugarejo próximo da Filadélfia. Graduou-se na Universidade da Pensilvânia, em 1906, e por algum tempo ministrou aulas na Wabash College, em Indiana.
Em 1925, o poeta, ávido por novas possibilidades no campo da harmonia das formas, criará o Vorticismo, outro movimento estético, tornando-se definitivamente responsável pela formatação e promoção da estética moderna na poesia de língua inglesa, influenciando os principais nomes da literatura do século XX, compartilhando com muitos deles, generosamente, sua experiência literária.
Entre eles, há autores do gabarito de W. B. Yeats, Obert Frost, William Carlos Williams, Marianne Moore, H. D., James Joyce, Ernest Hemingway, e particularmente T. S. Eliot, que inclusive lhe dedicou sua obra-prima, The Waste Land. Pound configurou-se, assim, como um dos principais expoentes do Modernismo. Seu primeiro livro, A Lume Spento, foi lançado em Veneza, no mesmo ano em que ele fixou residência na cidade de Londres, em 1908.
Um ano depois, Pound lançou as obras Personae e Exultations, as quais logo dão espaço para a publicação de um volume de ensaios, The Spirit of Romance, de 1910. Em 1914 ele dá início à edição do veículo intitulado Blast, porta-voz do Vorticismo, escola muito semelhante ao Imagismo, com a diferença de incluir um novo estilo gráfico aos poemas do escritor, já anunciando o que virá a constituir a Poesia Concreta.
faleceu, no dia 1 de novembro de 1972, com sua obra Cantos premiada e eternamente inscrita no rol das obras polêmicas.
ENVOI
Vai, livro natimudo,
E diz a ela
Que um dia me cantou essa canção de Lawes:
Houvesse em nós
Mais canção, menos temas,
Então se acabariam minhas penas,
Meus defeitos sanados em poemas
Para fazê-la eterna em minha voz
Diz a ela que espalha
Tais tesouros no ar,
Sem querer nada mais além de dar
Vida ao momento,
Que eu lhes ordenaria: vivam,
Quais rosas, no âmbar mágico, a compor,
Rubribordadas de ouro, só
Uma substância e cor
Desafiando o tempo.
Diz a ela que vai
Com a canção nos lábios
Mas não canta a canção e ignora
Quem a fez, que talvez uma outra boca
Tão bela quanto a dela
Em novas eras há de ter aos pés
Os que a adoram agora,
Quando os nossos dois pós
Com o de Waller se deponham, mudos,
No olvido que refina a todos nós,
Até que a mutação apague tudo
Salvo a Beleza, a sós.
(tradução de Augusto de Campos)
SAUDAÇÃO
Oh geração dos afetados consumados
e consumadamente deslocados,
Tenho visto pescadores em piqueniques ao sol,
Tenho-os visto, com suas famílias mal-amanhadas,
Tenho visto seus sorrisos transbordantes de dentes
e escutado seus risos desengraçados.
E eu sou mais feliz que vós,
E eles eram mais felizes do que eu;
E os peixes nadam no lago
e não possuem nem o que vestir.
(tradução de Mário Faustino)
Pensamentos
"Toda a arte começa na insatisfação física (ou na tortura) da solidão e da parcialidade."
"Podeis reconhecer um mau crítico porque ele começa por falar do poeta e não do poema."
"Os homens só podem compreender um livro profundo, depois de terem vivido pelo menos, uma parte daquilo que ele contém."