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terça-feira, 30 de julho de 2013

É Batata!


Este é um texto sobre batatas. Isso mesmo! Ao pé da letra.
Porque hoje eu estava cozinhando o almoço, quando pensei: por que não preparar um purê de batatas? 
Minha história com as batatas é antiga. Sou uma ativa defensora e admiradora delas, desde pequenininha, quando minha mãe dava-me comida na boca: caldinho de feijão, arroz e purê de batatas, que era o único legume que eu aceitava. Só quando já estava adulta aprendi a apreciar os demais legumes.

Voltando ao purê: esqueça a forma tradicional de preparar o purê, com leite e manteiga. Fica bom, mas ele acaba azedando, e não fica com o mesmo sabor, se sobrar do almoço para o jantar. Ao invés disso, amasse as batatas e ponha creme de leite puro. Ele fica delicioso e consistente, exatamente como aquele purê de batatas do filme Contatos Imediatos do Terceiro Grau. E tende a resistir até o jantar!

Mas, caso sobre algum e você não deseje repetir a dose, jogue um ou dois ovos inteiros no que sobrou, acrescente mais tempero, algumas colheres de trigo, queijo ralado e bastante salsa e cebolinha picadas; mexa muito bem, e frite às colheradas. É uma delícia!



Quem resiste a uma maionese de batatas em dias de calor? Com maçã picadinha é dez... batatas ficam maravilhosas de qualquer maneira. Fritas, então, nem se fala! E danem-se as calorias! Eu costumo fervê-las e depois prepará-las ao forno, gratinadas com bastante queijo. Fica chique! Também fica muito bom preparar uma sopa de batatas, deixando-as cozinhar até desmanchar, e depois colocar couve picada bem fininha. 

Existem mil e uma maneiras de preparar batatas. Mesmo quando estou de dieta, jamais deixo de comê-las. Basta não comer arroz, macarrão ou feijão junto com elas, e não vamos engordar.

Jamais conheci alguém que não gostasse de batatas. Ou melhor, apenas uma pessoa: um amigo que morou algum tempo na Inglaterra. Ele disse que serviam batatas religiosamente todos os dias, e ele já não aguentava mais. Por fim, na hora das refeições ele saía de fininho e ia comer biscoitos em seu quarto. Eu acho que eu ia adorar morar na Inglaterra, não só pelo clima, mas pelas batatas também.


Quando eu era bem pequena, espetava uns palitos de fósforos nas batatas cruas, e fazia porquinhos. Pena que minha mãe acabasse sempre servindo os meus porquinhos no almoço. Foi uma época um tanto traumática, ver meus amigos boiando na água fervente...

Batatas são batata, quando se quer preparar uma refeição às pressas, pois elas são muito versáteis. Por exemplo, quando chega alguém de surpresa para o almoço, é só fazer um nhoque de batatas e jogar um molho de carne-moída por cima. 

Em tempo: quando vier a Petrópolis, não deixe de comer as batatas infladas do Majórica; são batatas fritas que ficam com uma bolha de ar bem no meio. Já tentei fazer em casa, mas não consegui.

Um Ipê de Caráter





Quando o ganhamos de presente de minha irmã, ao nos mudarmos para esta casa, era apenas uma arvorezinha magrela e pequenina. Ao perguntarmos de que espécie se tratava, ela respondeu-nos: "É um ipê roxo!"

Já temos um amarelo, que já estava na casa desde que ela existe, e pensei na beleza efêmera das flores todo mês de setembro. E quando elas caem e se esparramam pelo gramado e pelas escadas qual flocos amarelos, parece ainda mais encantador. Pensei que adoraria ter um outro, de outra cor.

Plantamos a árvore há alguns metros do muro que separa nossa casa da casa vizinha. O tempo foi passando, e ela crescendo. Todo invernos, deixa cair as folhas até ficar totalmente nua, os galhos crescentes  estendidos como finos dedos ansiando pelo céu.

Um dia, procurei saber mais sobre os ipês roxos, e o que descobri, espantou-me: quando em florestas, eles podem crescer mais que trinta metros! Meu marido ficou com medo: o nosso já estava quase na altura da casa, que é de dois andares. Pensou em mandar cortá-lo. Pedi que tivesse um pouco mais de paciência.

O tempo foi passando, e nada de flores roxas. Até eu pensei que talvez fosse apenas uma árvore comum, e que não se tratava de um ipê roxo. Quando eu pedia aos jardineiros que a cortasse, eles exclamavam: "Faz isso não, dona Ana. Isso fica é lindo!" Pesquisei mais uma vez e descobri que um ipê roxo pode demorar até oito anos para começar a dar flor, e que longe da escuridão da floresta e do solo enriquecido por folhas secas e pequenos animais mortos, ele não cresce tanto.

Há pouco tempo, eu e meu marido estávamos no jardim, em uma tarde de domingo, olhando para ele - já totalmente nu, algumas de suas folhas secas ainda caídas em volta da árvore. Confabulamos sobre o seu destino, e mais uma vez, meu marido manifestou-se a favor do corte. No dia seguinte, cheguei perto da árvore e conversei com ela:

"Escute aqui, amigo, se você realmente for um ipê roxo, trate de produzir algumas flores, ou temo dizer que seu destino esteja selado."

Algumas semanas depois, achei uma florzinha cor-de-rosa no chão da varanda, mas como tinha ventado muito durante a noite, pensei tratar-se de alguma flor que tivesse viajado de algum outro jardim. Mas ao olhar para cima, constatei que os galhos totalmente nus do meu ipê já não estavam assim tão nus: em uma das pontas, havia um cachinho com três flores pequeninas. E não eram roxas: eram cor-de-rosa.

Imediatamente, escutei a mensagem da árvore: "Eu sou o que vim para ser. Tenham um pouco mais de paciência comigo, e na hora certa, eu lhes entregarei a beleza de minhas flores."

Decidimos que o ipê fica.


segunda-feira, 29 de julho de 2013

Levou Consigo





Levou Consigo


Após fechada e deixada
Em sua derradeira caixa,
As mãos cruzadas no peito,
Levou consigo o silêncio
Sobre o que havia feito,
Levou a falta de amor,
Levou tudo o que não disse,
Não teve, nem demonstrou.

Levou consigo a saudade
De alguém que ignorou,
Levou a dor da vontade
Do abraço que frustrou,
Levou o medo da morte,
(E foi o que mais pesou.)

Deixou lembranças apenas
Naquele alguém que a amou
Um dia, em tempo passado,
Mas que ela deixou de lado
Usando de todo escárnio
Fortemente, machucou.

O que havia cultivado
-ouro, prata, alguns dobrados
Não pode levar consigo,
E tudo ficou perdido
Em algum outro lugar
Que escondeu bem escondido
Com medo de alguém levar!

E aquilo que levou
Foi só dor, pena, tristeza,
Arrependimentos feitos
De toda a sua vileza
Em seus últimos momentos
Teve, na frente, mil rostos
Banhados em densa tristeza
Eram rostos do passado,
A quem só causou desgosto!

E o féretro seguiu só
À sua última morada,
Pois ninguém compareceu,
Não houve prece rezada...
E depois, até a lembrança
Daquele que um dia a amou,
Aos poucos, foi apagada...
-Nada levou, nem ficou.


domingo, 28 de julho de 2013

Uma Casa



Mudamos dentro de uma casa. Ela vê passarem os anos. Ela nos observa, desde o momento em que chegamos ao mundo e começamos a abrir os olhos e perceber a vida além de nós. A casa escuta nossas primeiras palavras e recebe nossos primeiros passos. Ela nos vê ao vestirmos o primeiro uniforme da escola. Cuida com carinho dos nossos primeiros tombos, e depois, de nossas desilusões amorosas e amores platônicos da adolescência.

A casa fica, quando vamos embora, cedendo o espaço a outros que chegam. Guarda em si as memórias de todos que nela moraram. Nós podemos não saber, mas ela sabe. Ela viu, ouviu, calou entre suas paredes tudo sobre cada vida que abrigou. E as famílias e as gerações vão se renovando. A casa permanece, mesmo quando sua estrutura é modificada. 

E a casa nos recebe, assim que chegamos, novos habitantes cheios de sonhos e esperanças. 

É nas cortinas de uma casa que enxugamos as nossas lágrimas de decepção. Ela é sempre fiel, sempre acolhedora, sempre amiga, mesmo quando todos já se foram - por imposição da vida e da morte ou por livre e espontânea vontade. Podemos nos sentir sozinhos dentro de uma casa, mas é porque não prestamos atenção o suficiente para percebermos que uma casa está viva. Ela respira. Ela existe. Ela acolhe e consola. A casa nos aguarda pacientemente, quando decidimos nos perder pelo mundo, e jamais se ressente se demoramos voltar ou se não voltamos nunca mais.

 Se abandonada, ela apenas morre. Silenciosamente. Sem fazer qualquer reivindicação. Deixa caírem vagarosamente  as suas partes, uma a uma, por trás das portas e janelas cerradas. Entrega as suas estruturas ao vento, à chuva, à umidade. Sem qualquer apego. Permanece calada durante anos e anos, até que alguém resolva qual será o seu destino, ao qual elas se entregam. Mas se alguém optar por abrir-lhes as janelas e portas, arejá-la, cuidar dela, limpá-la e amá-la, a casa responde sempre, dando em troca a sua alma renovada e acolhedora.

Uma casa não tem ressentimentos. Ela nos aceita, quer sejamos crianças, jovens ou velhos. Ela não liga para os nossos roncos à noite, não se escandaliza quando reclamamos alto porque não sabemos aonde foi que deixamos nossos óculos, e nem se ressente quando estamos tristes. A casa não indaga; não quer saber os nossos motivos, não nos exige nada... mas alegra-se quando nos lembramos de cuidar um pouco dela de vez em quando.

Pois até mesmo uma casa se abre ao amor verdadeiro.



sábado, 27 de julho de 2013

MOZART



Mozart

Wolfgang Amadeus Mozart, batizado Joannes Chrysostomus Wolfgangus Theophilus Mozart; Salzburg, 27 de janeiro de 1756 -  Viena, 5 de dezembro de 1791) foi um prolífico e influente compositor austríaco do período clássico.

Mozart mostrou uma habilidade musical prodigiosa desde sua infância. Já competente nos instrumentos de teclado e no violino, começou a compor aos cinco anos de idade, e passou a se apresentar para a realeza européia, maravilhando a todos com seu talento precoce. Chegando à adolescência, foi contratado como músico da corte em Salzburgo, porém as limitações da vida musical na cidade o impeliram a buscar um novo cargo em outras cortes, mas sem sucesso. Ao visitar Viena em 1781 com seu patrão, desentendeu-se com ele e solicitou demissão, optando por ficar na capital, onde, ao longo do resto de sua vida, conquistou fama, porém pouca estabilidade financeira. Seus últimos anos viram surgir algumas de suas sinfonias, concertos e óperas mais conhecidos, além de seu Requiem As circunstâncias de sua morte prematura deram origem a diversas lendas. Deixou uma esposa, Constanze, e dois filhos.



Foi autor de mais de seiscentas obras, muitas delas referenciais na música sinfônica, concertante, operística, coral, pianística e camerística. Sua produção foi louvada por todos os críticos de sua época, embora muitos a considerassem excessivamente complexa e difícil, e estendeu sua influência sobre vários outros compositores ao longo de todo o século XIXe início do século XX. Hoje Mozart é visto pela crítica especializada como um dos maiores compositores do ocidente, conseguiu conquistar grande prestígio mesmo entre os leigos, e sua imagem se tornou um ícone popular.




Família e primeiros anos

Mozart nasceu em Salzburgo em 27 de janeiro de 1756, sendo batizado no dia seguinte na catedral local. O nome completo que recebeu foi Joannes Chrysostomus Wolfgangus Theophilus Mozart, e teve como padrinho Joannes Theophilus Pergmayr. Mais tarde Mozart preferiu ter seu nome Theophilus chamado em suas versões francesa ou germânica, respectivamente Amadé e Gottlieb, mais raramente a forma latina, Amadeus. Os primeiros dois nomes só foram usados em suas primeiras publicações, e adotou a forma germânica Wolfgang em vez da latina Wolfgangus. Foi o sétimo e último filho de Leopold Mozart e Anna Maria pertl. De todas as crianças somente ele e uma irmã, Maria Ana, apelidada Nannerl, sobreviveram à infância. A família do pai era oriunda da região de Augsburgo tendo o sobrenome sido registrado desde o século XIV, aparecendo em diversas formas diferentes - Mozarth, Motzhart, Mozhard ou Mozer. Muitos de seus membros se dedicaram à cantaria e construção, e alguns foram artistas. A família da mãe era da região de Salzburgo, composta em geral por burgueses da classe média.




Assim que o talento de Mozart foi reconhecido, isso em seus primeiros anos de vida, o pai, músico experiente e violinista afamado, abandonou suas pretensões pedagógicas e compositivas para dedicar-se à educação do filho e de sua irmã Nannerl, que também cedo manifestou extraordinários dotes musicais, demonstrando porém clara preferência por Wolfgang e considerando-o um milagre divino. Parece certo que boa parte do profissionalismo que Wolfgang veio a exibir em sua maturidade se deveu à rigorosa disciplina imposta pelo seu pai. O seu aprendizado musical começou com a idade de quatro anos. Leopold havia compilado em 1759 um volume de composições elementares para o aprendizado de sua filha, que também serviu como manual didático para o irmão. Neste volume Leopold anotou as primeiras composições de Mozart, datadas de 1761, um Andante e um Allegro para teclado, mas é impossível determinar até que ponto são obras integrais de Mozart ou se trazem contribuição paterna.



Fonte: Wikipedia


sexta-feira, 26 de julho de 2013

AMARGURA - SONETO





Amargura


Guardei minhas mágoas dentro de um lenço
E sobre estas páginas, o sacudi.
As duras palavras, moí no silêncio.
Já dei por perdido o que há muito perdi.

Não levo comigo senão uma dor,
Que já nem me lembro se eu mesma escolhi.
A dor, já dormente, perdeu o amargor
Caída no tempo, penso que morri.

Mas há uma criança querendo viver,
Que dentro do peito, reclama e se agita...
Se a deixo dormir, a vida a desperta.

E esta criança quer ser, ressurgir,
Pois teima em sorrir, mostrar que está viva,
No fundo, eu entendo que ela está certa.



Poema de Amor Platônico








Poema de Amor Platônico


Juntos levitavam,
Se olhavam,
Sonhavam...
A vida suspensa
No meio dos dois,
Entre o existir,
O agora e o depois.

Não falavam - ficavam
Suspensos, planando,
Futuando...
Não pronunciavam
O impronunciável,
Sabiam que o sonho
Não era palpável.

História contada
Por quem só em sonhos
A experimentou.
O sonho passou,
Ninguém despertou...



quinta-feira, 25 de julho de 2013

A Casa Onde Morei





A Casa Onde Morei

Novamente, chego à mesma velha e conhecida rua. Anoitece. A casa, com seu telhado em "V" invertido no alto da colina, é apenas uma sombra escura contra o céu.
O portão range quando o abro. Conheço este ruído. Vagarosamente, começo a subir os degraus. Conheço também cada pedra, sei onde cada degrau é mais alto ou mais baixo. Posso subí-los mesmo durante a mais negra escuridão. Quando chego em frente à casa, deparo com as duas janelas da frente escancaradas e negras, como se fossem dois olhos sem órbitas a me fitarem. Já está quase totalmente escuro. O silêncio é total, e não há luzes na casa. 
Entro. Deparo com uma sala sem móveis, fantasmagórica. Onde está minha mãe? E meu pai? Onde estão meus irmãos? Testo o interruptor, apenas para confirmar: não há luz. Meus passos ecoam no chão de assoalho. 
A velha e pesada mesa de madeira ainda está na cozinha. Sobre ela, uma vela acesa. Súbito, a porta da cozinha se abre, e entra meu pai. Mas ele apenas me fita, sem nada dizer. Está muito sério e parece zangado. pergunto-lhe o que quer, ele não responde. Percebo que só posso vê-lo da cintura para cima, a parte de baixo do seu corpo se desvanece aos poucos. Assusto-me, afinal de contas, lembro-me de que ele está morto há muitos anos. Mas antes que eu possa ter qualquer reação, ele vira-me as costas e sai. A chama da vela oscila. Vejo a porta entreaberta do quarto que foi de meu avô. Eu a empurro, e ela chora. Lá dentro, de pé no canto da parede, meu avô é apenas uma sombra indistinta. Não posso ver seus olhos. Logo, ele some.
A escuridão agora é total. Saio pela porta dos fundos. Vejo as folhas das bananeiras brilhando, mas não há luar. De repente, vejo meus gatos, que me rodeiam, miando desesperados: Loretta, a gatinha que perdeu um olho; Frieda, a que gostava de comer as esponjas de lavar louça. Dirceu, o gato preto que caçava borboletas. Gugu, o rajado, meu preferido. Barbarella. Pedro, Amarelo, Mimi. Há também outros gatos que já foram meus. Tenho que alimentá-los. mas lembro-me que estão mortos. Mortos não comem. Choro de saudades deles.


Aparecem meus cachorros: Fox, Rex, Bolinha, Susi, Fábrica (ela sempre paria muitos filhotes), Jolie, Fifi, Dédi (Dead, em Inglês, pois ele era muito feio), Bob, Mim e muitos outros. Sinto muito ter que ir embora e deixá-los sozinhos naquela casa vazia e escura. Mas não posso cuidar deles, e eles não podem vir comigo. 
Preciso ir embora. A melancolia que me invade é indescritível. Chamo por nomes. Apenas o eco da minha própria voz responde. Grito o nome da nossa vizinha. Olho por cima do muro, mas a casa dela está vazia e escura, como a minha. Apenas D. Delfina, a sogra, que era cega e muito idosa, e andava segurando-se nas paredes da casa a fim de se guiar, passa por mim. Mas ela some, antes de fazer a curva em volta da casa. Alguém aparece à janela. Reconheço Tamico, o irmão da vizinha, que morreu de tuberculose quando eu tinha cinco anos. Nunca mais eu me lembrara dele desde então!
Como os outros, ele some.



Passam de mãos dadas D. Lourdes e seu marido, Moacir. Caminham como num transe e passam por mim sem me cumprimentarem, desaparecendo contra a parede da casa.
Meu tempo está acabando. Cruzo a lateral escura da casa, correndo para o quintal da frente. Começo a descer os degraus lentamente. Olho para cima mais uma vez, e todos os animais me olham, sentados nos degraus. ter de deixá-los presos ali parte meu coração. Grito: "Eu volto para cuidar de vocês, prometo!"
Desperto.



quarta-feira, 24 de julho de 2013

A Idosa






A Idosa


Passava a mão pela testa
Enxugando o cansaço.
Apertando os olhos,
Mirava o horizonte
Tentando ver algo novo,
Diferente,
Curioso.

Cabelos brancos esvoaçavam
Em volta de um rosto magro
E às vezes, a chuva seguia
Nas valetas das muitas rugas.

Avançada em anos,
Tinha tão poucos bem vividos...
Chinelos gastos de tanto errar
Pela vida e pelos caminhos.

Mas ainda havia flores
Mesmo que já desbotadas
Na estampa do vestido.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Face-cara-de-pau




Fico escandalizada com algumas sandices que vejo sendo compartilhadas no Facebook. Acho que Mark Zuckerberg criou uma ferramenta infernal, embora não tenha sido esta a sua intenção. Infelizmente, o Facebook no Brasil tem se tornado uma ferramenta para espalhar calúnias, agredir pessoas verbalmente, difamar cidadãos honestos e espalhar a violência.

De repente, alguém não concorda com o que a gente diz, e adentra a nossa página com abordagem irônicas e agressivas, e nem sequer se preocupa em disfarçar que toda aquela agressividade direcionada só estava esperando por uma pequena chance a fim de revelar-se - pois tratava-se de coisa 'encomendada' por outros.

Mas bem além das ofensas pessoais, o Facebook está sendo usado por gente ignorante que nem sabe o que está partilhando, ou que nem sequer leu a postagem até o fim antes de clicar sobre ela. 

Ainda há pouco, deparei com o seguinte compartilhamento:


"A Globo te mostra um dono de loja chorando, te faz sentir pena dele, mas não te diz que eles tinham seguro que cobre tudo, e que as roupas da loja foram distribuídas para MENDIGOS do Leblon... 
A Globo faz você sentir pena dos bancos que foram quebrados, mas não te diz que os bancos brasileiros são os que mais lucram no mundo inteiro. Extorquindo o povo pobre. E não te diz que os sete maiores bancos tem ativo superior a 50 bilhões de reais.
A Globo só mostra o quebra quebra do protesto, mas não te fala sobre a pauta dele. Diz que a polícia tem que agir mais energicamente, mas não te fala que a polícia não vai resolver a farra dos helicópteros, que a polícia não vai resolver a crise na saúde e na educação, e não fala que a polícia não vai resolver a cpi dos transportes e do maracanã. Não fala sobre quem são os responsáveis por todos esses problemas que estão levando essas pessoas às ruas.
A Globo te fala que o governador fez uma reunião de emergência com a secretaria de segurança depois do protesto... mas não te diz que faria mais sentido ele fazer uma reunião com a secretaria de educação, de saúde e de transporte.
A Globo chama as pessoas que estão lutando na rua de vândalos e de arruaceiros, e mostra a revolta que ta acontecendo ali, mas não te mostra o relato das pessoas que estão sendo presas injustamente, não te diz porquê elas estão fazendo aquilo, nem te mostra outro lado, não te diz que a maioria dos feridos foram socorridos entre médicos de verdade que ofereciam os primeiros socorros com qualidade e gratuitamente, que os advogados da oab defenderam gratuitamente essas pessoas, e que suas fianças eram pagas por vaquinhas feitas entre os próprios manifestantes.
A Globo te mostra moradores do Leblon colocando flores em frente as lojas invadidas, e faz você sentir mais pena das lixeiras das ruas do que das pessoas que são mortas pela Violência e Terrorismo de Estado. Ela fala muito pouco dos muito inocentes que são assassinados na favela toda vez que tem incursão policial e põe um ex-policial na tv dizendo que tem mesmo que usar fuzil na favela, fazendo você acreditar que aquelas vidas valem menos.
ATENÇÃO: A televisão está tentando colocar você contra as pessoas 'fudidas' (sic) como você, e a favor dos ricos. Se quer assistir esse Jornal, assista sabendo disso, e observe as táticas que eles usam para te convencer de que os seus irmãos são seus inimigos."




Uma postagem que favorece às agressões, o quebra-quebra, e ainda justifica os saques, dizendo que os donos das lojas saqueadas tem seguros que cobrem tudo, e os objetos roubados foram 'humanamente distribuídos' entre os mendigos da cidade. Pimenta no olho do outro é sempre refresco. Queria ver se fosse a sua loja! Queria ver se você trabalhasse em algum destes lugares que foram destruídos, e fosse ficar sem salário no final do mês porque não existem mercadorias para você vender. Queria ver se o banco no qual você tem seu salário depositado todo mês, não abrisse amanhã de manha para você resgatar seu dinheiro suado. E mais ainda: sem os bancos, como você financiaria seu carro e sua casa própria? Afinal, por que ter casa própria e carro, se você é a favor do comunismo, contra os 'ricos' e contra a propriedade privada? Por que gritar palavras de ordem contra os burgueses, se você é um deles?

Ninguém que sai quebrando tudo, atirando coquetéis Molotov contra seres humanos e praticando todo tipo de roubo e violência, inclusive, contra prédios históricos, é preso injustamente! Pena que estas criaturas não possam ficar o resto de suas vidas em uma prisão.

Na verdade, esse movimento já deu nojo. As pessoas querem consertar o país, querem honestidade dos políticos, mas o que elas fazem? Agem exatamente como eles (ou até pior)! Roubam, matam, destroem, saqueiam, incitam a maldade e a violência! Por que não doam tudo o que elas possuem e vão viver em uma comuna, já que gostam tanto de comunismo? Por que não se mudam de vez para Cuba?

E se os manifestantes podem fazer 'vaquinhas' para soltar todo mundo (uma fiança destas pode chegar a 20 mil reais) por que não fazem vaquinhas para ajudar a quem realmente precisa? Por que não doam alguma coisa às comunidades carentes? Por que não se mobilizam para ajudar os mais fracos fazendo por eles algo de concreto, ao invés de apenas gritar palavras de (des) ordem? Fácil: porque o dinheiro das fianças não vem de vaquinhas coisa nenhuma! Tem alguém grande por trás disso. Tem gente financiando essa corja toda. E os bem-intencionados que vão às passeatas realmente por quererem um país melhor, são usados como massa de manobra.

E quem será que está por trás de todo esse vandalismo? Idiota é quem acredita que não há ninguém. Apenas concordo com uma única parte deste ridículo texto: "Observe as táticas!" Aprendam a observar e julgar por si mesmos, antes de caírem nas malhas de gente que os incitam a destruir, roubar, matar,  depredar e infernizar a vida de pessoas honestas que nada tem a ver com nada  disso.

Casa Vazia





CASA VAZIA


Quando nos mudamos para esta rua, há seis anos, logo percebi que teria bons vizinhos. Todos estão sempre prontos a ajudar, respeitam a privacidade uns dos outros e convivem de maneira gentil. É claro, descobrimos mais afinidades com alguns do que com outros, mas de maneira geral, somos todos bons vizinhos.

A casa ao lado da minha, era ocupada por uma família: mãe, pai, dois filhos, alguns empregados... e -acho- uma dezena de cães! Adoro cães, e eles não me incomodam ao latir, a menos que eu perceba que são latidos de angústia, o que nunca foi o caso. Meu marido às vezes reclamava do barulho dos cães, pois um deles latia compulsivamente quando os donos estavam ausentes. Este latido também me incomodava, pois era de tristeza...mesmo sabendo que o caseiro vinha todos os dias cuidar de tudo, meu coração murchava quando ele começava a latir.

Há pouco tempo, percebi que os jarros de plantas que marcavam o portão da casa, desapareceram. Caminhões de mudança carregavam, aos poucos, objetos e mobília. É lógico, percebi que meus vizinhos estavam indo embora. Bem, eles não eram, exatamente, grandes amigos, já que nem sequer se despediram dos outros vizinhos. Ou de nós. Não posso dizer que sinto saudades deles.

Mas a casa vazia me incomoda. Não ouço mais os carros chegando em casa à noite, nem os cães latindo. Foram-se os vasinhos de flores e casinhas de passarinho pendurados no madeiramento do telhado da garagem. O alarme não dispara mais no meio da noite porque alguém se esqueceu de desligá-lo antes de sair para uma volta no jardim. Acabou o movimento de crianças indo e chegando da escola, ruídos delas em volta da piscina. À noite, olho para o outro lado e está tudo escuro. Bem mais silencioso, mas escuro...




Quando eu ainda era uma adolescente, e todas as minhas irmãs já tinham se casado, meus pais pegaram pneumonia ao mesmo tempo, e uma de minhas irmãs, que morava perto de um hospital, achou melhor ficarmos com ela até que nossos pais se curassem. Ficamos morando no centro da cidade durante mais ou menos um mês. Um dia, minha mãe me pediu que eu fosse em casa pegar algumas coisas. Quando cheguei lá, levei um choque: O mato havia crescido tanto, que tive que atravessá-lo para chegar até a porta da casa. Quando entrei, o soalho de madeira estava todo mofado, coberto por uma camada de pelos verdes, e as roupas da casa cheiravam a mofo.

Logo percebi o que significa uma casa estar morrendo! Imediatamente, eu e minhas irmãs abrimos as janelas e começamos a faxinar, lavar, esfregar, encerar. Quando meus pais voltaram, estava tudo limpinho de novo.

Uma casa vazia, ou um coração vazio: sinônimo de angústia. Tomemos sempre cuidado para que nunca sejamos tomados pelo mofo da indiferença e da falta de amor.



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Wyna, Daqui a Três Estrelas

Este é um post para divulgação do livro de Gabriele Sapio - Wyna, Daqui a Três Estrelas. Trata-se de uma história de ficção científica, cuj...