Eu compreendo muito bem que árvores junto a uma piscina - local onde deve reinar, absoluta, a luz do sol - não é um bom arranjo; compreendo também que naquela rua deserta e um pouco úmida, o excesso de árvores em volta de uma casa não ajudará a umidade a dissipar-se nas manhãs de inverno.
Mas eu não compreendo passar por ali e não ver mais o luar entre os galhos daquela cerejeira, infestada de flores, que quando caíam, pintavam a calçada de cor de rosa. A árvore apinhada era um espetáculo sem igual! Os galhos debruçavam-se por sobre o muro, e iam se oferecer aos poucos passantes da rua - privilegiados como eu - que podiam fotografá-los, cheirá-los ou simplesmente, deleitar-se olhando para eles, no mais puro êxtase de beleza!
Ficaram, no início, apenas os troncos com os cortes farpados, restos da cerejeira cortada. Depois, nem isto... ontem passei por ali, e a cerejeira tinha sido completamente removida. Olhei para o céu, e o luar estava nu.
Agora, só me restam estas fotos, que tirei em um momento de puro esplendor, quando voltava para casa, há uns dois anos. Lembro-me de que larguei as compras no chão, peguei meu celular e passei alguns minutos ali naquela rua, fotografando a linda cerejeira em flor.