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sábado, 28 de julho de 2012

To Sir With Love - Uma Lembrança











To Sir With Love - Uma lembrança

Quando eu estava na sexta série, e estudava no colégio EPA, aqui em Petrópolis, havia um professor de quem todos gostávamos. Ele era engraçado, divertido e tinha uma maneira de ensinar tão especial, que quando ele falava, a classe toda ficava quietinha, ouvindo-o. Ele lecionava história, e a partir do momento que passei a ter aulas com ele, esta matéria deixou de ser uma das que eu menos gostava, e passou a ser a minha favorita, já que eu conseguia prestar atenção e aprender sem esforço. A aula era muito interessante, e ele, um professor habilidoso...

Mas um dia, uma coisa aconteceu que mudou meu modo de pensar; um dos meninos havia assitido na TV a uma reportagem  sobre algo que estava acontecendo na época - não consigo lembrar-me do que era, mas tinha alguma coisa a ver com política - coisa com a qual eu nem me preocupava aos doze anos de idade. Este menino fez uma pergunta sobre aquilo ao professor, que respondeu-lhe com toda convicção, e já ia continuar aula, quando o menino interferiu com uma outra pergunta sobre o mesmo assunto; novamente, o professor a respondeu (já demonstrando um pouco de impaciência), mas o menino rebateu a afirmação do professor, discordando do que ele dissera, e apresentando seus argumentos - que, acredito, talvez fossem até equivocados para quem tinha apenas treze anos. Tudo estava indo bem, mas naquele momento, o professor levantou-se de sua mesa, e aos berros, apontou ao garoto a porta da sala de aula, mandando que ele saísse imediatamente, dizendo: "Como é que você se atreve a discordar de mim? Quem você pensa que é?"

Naquele momento, fez-se um silêncio sepulcral na sala de aula, enquanto o garoto seguia para fora, em direção à secretaria, de cabeça baixa. Todos ficamos indignados com o que aconteceu. Perdeu-se, para nós, a simpatia que tínhamos por aquele professor, que demonstrou ser apenas mais um ditador arrogante disfarçado, ao agir daquela forma com alguém que tinha uma opinião diferente da sua. Todo o seu discurso sobre igualdade e democracia foi por água abaixo...

Não sei se, naquele dia em especial, o professor estava aborrecido com alguma coisa que acontecera fora da sala de aula, mas hoje, pensando sobre o que aconteceu, eu entendo que, seja lá o que for que tivesse acontecido, quando uma opinião contrária à nossa nos é apresentada, e nós a trancamos lá fora, excluindo a pessoa que opinou, estamos demonstrando não a nossa sabedoria, mas a nossa presunção. E da presunção, não brota nada. Achar-nos melhores que outros por termos mais conhecimento, tira de nós aquela coisa maravilhosa que é abrir-mo-nos a novas idéias, mesmo que depois de ouví-las, ainda preferamos permaner com as nossas.

Neste caso, eu gosto daquela canção de Raul Seixas, que diz "Eu prefiro ser aquela metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo." A distância entre uma opinião e o preconceito, é de apenas centímetros; às vezes, vai do ouvido de quem escuta até a boca de quem fala.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

"A Vida Não é Fácil..."






A vida não é fácil
Se você nem ao menos tentar...
Mas antes, é preciso descobrir
O que você deseja buscar,
Pois quando não há rumo,
Como pode haver caminho,
Como pode haver um chegar?


A vida não é fácil,
Para quem não se esforçar
Um pouquinho só, que seja,
Dar um passo a cada dia,
É preciso fazer escolhas,
É preciso ter uma
Ou quem sabe, duas bolhas
Na palma da mão,
Resultado de trabalho,
De esforço e dedicação.



A vida não é fácil
Para quem só quer sonhar
E acha que tem o direito
De ter tudo o que quiser
Mas sem jamais se esforçar...
Não importa aonde estejas,
Não importa quem tu sejas,
Ou o se o berço onde nasceu
Foi de ouro ou foi de palha...



O que importa, é um objetivo,
Um caminho pra seguir,
Um desejo de crescer,
Ousadia pra sonhar,
A vontade de vencer,
Disposição para o trabalho,
E por dentro, uma fé grande
Naquilo que quer buscar!



A vida é sempre difícil,
Para quem se senta, inerte,
E se põe a reclamar,
Lamentando a sorte má,
As pessoas que lhe cercam,
Os exemplos que não teve,
A vitória que não veio
Da batalha que nem lutou...
A vida é sempre difícil
Para quem só tem desculpas
E que gosta de por culpas
Naqueles que o criaram.



O medo é uma arma fraca,
A autopiedade, uma desculpa
Das mais do que esfarrapadas
Para ficar onde está,
Sonhando com o que não tem,
Chorando porque não pode,
Culpando quem não lhe dá
Aquilo que você quer.



Basta um pouco de autoestima,
Amor próprio, objetivo,
A vontade própria é sempre
O maior dos incentivos!
Basta acordar mais cedo,
Traçar o sonho com o dedo,
Por fé naquilo que quer,
Amar aquilo que é...
E acima de tudo, ser grato,
Olhar em volta, perceber
Que  a metade do caminho
Já foi trilhada, ao nascer...

quinta-feira, 26 de julho de 2012

APETITE











Tinha uma fome insaciável,
Passava tardes entre banquetes
A língua lânguida deslizando
Por sobre os cones de mil sorvetes.

Tinha uma fome tão perigosa!
Enchia a boca de mil mordidas
E mastigava tudo, ruidosa
E engolia frementemente.

Tinha uma fome de muitas eras,
Prendia tudo entre lábios e dentes,
E escorriam de sua boca
Todos os sumos das frutas quentes.

Tinha uma fome que não passava,
E mergulhava em potes de mel
Cremes, champanhes, e muitos doces
Mas sua fome só aumentava!...

Tinha uma fome de pratos cheios,
De camas quentes, lençóis de seda,
E ela servia-se sobre uma mesa
Para senhores de fino gosto.

Tinha uma fome de fazer gosto,
E devorava, com muito gosto
Tudo o que via e que tinha gosto
Com tal prazer, e com tanto gosto,

Que sua mesa era sempre farta,
E suas ancas, sempre tão cheias!...
Deliciosas, todas as ceias,
Mais quente o sangue de suas veias!

Bom Dia!







Eu hoje gostaria de desejar um bom dia a todos que me leem (e a todos que não me leem). 

Quando um novo dia começa, o sol que desponta no horizonte traz preso a si um longo fio de acontecimentos, que faz com que o dia, apesar de novinho em folha, seja uma continuação do ontem. Espero poder lembrar-me disto no decorrer de mais este dia, para que as minhas cargas, amanhã de manhã, não sejam pesadas.

Trago comigo, no começo deste dia, toda a minha vida: o que aprendi, meus erros e acertos, minhas saudades e tormentos, minhas alegrias e tristezas, o que foi bom, o que foi ruim. Ao colocar tudo na balança, percebo que a minha vida tem sido boa, apesar de tudo. Existe a falta dos que se foram e jamais retornarão, mas ao mesmo tempo, existem as boas memórias do que foi vivido ao lado destas pessoas que passaram pela minha vida, e estas, estarão sempre vivas. E mesmo tendo sofrido suas perdas, se eu tivesse que começar tudo outra vez, eu não escolheria, jamais, não tê-las conhecido.

Algumas vezes, as pessoas se perguntam: "Se você tivesse que fazer tudo de novo, o que mudaria?" Bem, eu acho que não mudaria muitas coisas... porque tudo o que eu passei foi necessário para que eu chegasse aonde estou. E esta compreensão, este pensamento, enfim, tudo o que eu sou, aprendi ao longo deste caminho. Mas... um outro caminho teria sido melhor e mais útil? Não sei... e este é um tipo de especulação inútil, pois jamais saberei a resposta.

A minha única certeza é o momento em que eu vejo o sol despontar no horizonte, e ela dura apenas um breve segundo.

Bem, um bom dia a todos. Hoje e sempre.

****


Ps: olhando melhor a foto, vi o horário em que ela foi feita, e constatei que a fotografia é de um por de sol, e não de um nascer do sol. E cheguei a conclusão de que talvez isto signifique que o findar de uma vida seja também assim: igualzinho a um recomeço. O que muda, é o horizonte.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Tarde Transformada






Estava prevista esta mudança no tempo. Alguém me disse que uma frente fria estava chegando. Mas confesso que eu não estava preparada para o quão rapidamente isto aconteceria! Há apenas alguns minutos, eu estava deitada na rede da varanda, encantada com o tom azul forte do céu e a beleza de um lindo dia ensolarado de inverno; agora, ergo os olhos da tela do computador, em direção à janela, e vejo as nuvens cinzentas que ocuparam todo o espaço azul.

Penso na vida... nunca sabemos os acontecimentos que nos aguardam. Não temos ideia do quão rapidamente o tempo pode mudar, em uma vida, trazendo acontecimentos nefastos ou felizes. Muitas vezes, vemos pessoas que passam por dificuldades, e diante da perseverança destas, pensamos: "Ele é forte! Eu jamais conseguiria passar por tudo isso assim, tão serenamente..." Mas a cada dia, o seu quinhão... quando chegam os tempos difíceis, nos vemos passando por eles.

Por falta de alternativa, tornamo-nos verdadeiros heróis! Cobrimos distâncias que pensávamos ser incapazes de percorrer. E nem sempre o céu coberto de nuvens torna-se logo azul novamente... pode levar muito tempo, mas continuamos, vivendo um dia de cada vez, até que possamos vislumbrar uma certa claridade que nos dê forças para continuar até a manhã seguinte, e depois, até a outra, e a outra...


Viver e Renovar-se







Ontem à tarde, minutos antes de minha aula começar, recebi um telefonema e uma notícia difícil ; imediatamente, comecei a perder o senso, e sentir aquelas coisas que todo mundo sente quando está apavorado: suores frios, coração acelerado, respiração pesada, formigamento nas mãos... ainda ao telefone, olhei para fora:

Estava uma tarde linda, maravilhosa. Uma daquelas tardes nas quais a gente pensa que, se existe a perfeição, ela só pode ser assim! Passarinhos por todo lado, um esquilo brincando na grama, o sol brilhando, o vento refrescante soprando como sempre... respirei bem fundo, ao desligar o telefone, e pensei: "De nada adianta perder a cabeça; nada vai mudar. Aconteça o que acontecer, o mundo não pára por causa de nada, e você vive neste mundo!

Logo depois, chegou meu aluno com sua linda namorada tailandesa, de férias no Brasil, e comecei a aula. A tarde passou correndo, ficamos os três conversando, e quando percebemos, a aula já deveria ter terminado há trinta minutos! Quando eles se foram, olhei novamente à minha volta, e a tarde estava ainda mais linda.

Quando meu marido chegou, passei-lhe as notícias, e fomos dormir com os corações pesados; mas ao acordar, deparo com uma manhã extasiante. Como se nada tivesse acontecido, e todos os dramas só fossem dramas porque nós escolhemos que sejam assim.

Quem sabe o porquê das coisas que se dão? Será que não existe um outro significado por trás de tudo a que chamamos drama? E se agente escolhesse modificar as nomenclaturas, substituindo 'drama' por 'experiência'? E se a gente decidisse que o que importa, não é o final da história, mas o que experimentamos enquanto a história acontece?

Porque não importa o que aconteça, os dias vão continuar começando e terminando, chovendo quando tiver que chover, ventando quando tiver que ventar e fazendo sol quando tiver que fazer sol. 

Sejamos como as árvores, que se inclinam humildemente ao vento que sopra, abrem seus galhos para a luz do sol, quando ele brilha, e recebem com alegria as gotas de chuva. A única cerrteza que temos, é que no final de tudo, a vida vai continuar. Então, para quê fazermos drama? A vida não precisa ser assim!

Ninguém consegue alegrar-se diante de uma notícia preocupante, mas podemos, pelo menos, não superdimensioná-la. Como disse o Eclesiastes, "Há um tempo para tudo debaixo do sol." E nada podemos fazer a fim de acelerar este tempo, e nem temos o poder de pular as etapas desagradáveis. Vamos vivê-las, todo dia um pouquinho, até que, finalmente, elas passem, como tudo passa...


Publicado no Recanto das Letras em: 30/11/2010 08:22:42

terça-feira, 24 de julho de 2012

A Aranha





Passeando pelo meu jardinzinho há alguns dias, eu procurava por imagens para ilustrar meus textos. Fotografei o céu, as borboletas, as joaninhas, os besourinhos na grama. Foi quando deparei com o objeto de meu pavor, serenamente parada sobre uma folha: a aranha.

Não era muito grande; tratava-se de uma espécie papa-moscas, maior que a maioria das aranhas desta espécie. Geralmente, eu teria saído correndo de medo desse bicho pavoroso, mas alguma coisa me fez prender a respiração e me controlar. "Ora, uma mulher dessa idade, com medo de um bichinho tão minimamente peçonhento, que poderia ser esmagado em menos de um segundo?!"

Pus-me a observá-la. Ela pareceu perceber minha atitude, pois virou-se devagarinho na minha direção, e passou a observar-me também, com aquele par de olhinhos cravados no meio de uma minúscula carinha monstruosa.


 Encarei-a de volta. Mesmo com o coração ainda descontrolado, murmurei: 'Não tenho medo de você." Ela se mexeu, firmando-se melhor nas patas dianteiras, e esfregando os ferrões.

Lembrei-me que segurava a câmera fotográfica, e decidi fotografá-la. Mas a danada se assustou comigo, e rápida e fagueira, de repente lançou-se em minha direção, pendurada em uma fina teia quase invisível. Dei um pulo para trás, é claro. Mas pensei: "Essa aí não pode pensar que me derrotou!"

Câmera em punho, reaproximei-me, e passei a rodeá-la , procurando o melhor ângulo. Ela tentou várias estratégias para evitar-me: escondeu-se sob a folha, tentou um outro voo, fingiu-se de morta... e eu, continuei meu trabalho.



De repente, percebi que o pavor tinha passado. Bem, ela era pequena, mas já representou um grande progresso nessa minha fobia lendária. Quem sabe, da próxima vez, se aparecer uma maior, eu não pague um micão, como sempre? Acho que aos poucos, vencemos grandes fobias.


Ps: A aranha não é esta da foto; não consegui achar a imagem verdadeira entre as minhas muitas fotografias...


"Eus"





Há EUs demais
Em teus ditongos.
Por que tanta anomalia
Nesse teu pensamento
Longo?

Tantos muros,
Caminhos duros,
Tombos!...

Não alcanço
O motivo dessa seca
Em teu remanso,
Se o rio é largo,
Longo!...

segunda-feira, 23 de julho de 2012

A Pena





Aquele que diz: "Tenho pena,"
Muitas vezes, quer mostrar
Sua 'superioridade...'
Ninguém há de sentir pena
Daqueles a quem admira,
Ama, ou considera dignos
De ter entre os seus afetos...

A tua 'pena,' eu dispenso,
Nem tenho pena de ti...
Pois a pena que tu sentes,
Talvez seja o sentimento
(O único sentimento)
Que há de brotar de ti...

Fiques tu, com tua pena ( malogro de piedade)
E eu fico com a minha pena (minha palavra, verdade).

Aos Olhos do Observador-Conto




Dois amigos passeavam pelo jardim da casa de um deles - mais favorecido pelas posses. Este último tinha convidado o primeiro para visitá-lo, pois sentia-se vazio e infeliz, e necessitava de alguém com quem conversar. Vamos chamá-los de Zé (o mais feliz) e Chico (o infeliz).

Enquanto Zé caminhava pelo jardim, reparava na beleza das árvores: seu amigo tinha plantadas várias fruteiras: goiabeiras, pitangueiras, limoeiros, laranjeiras, jabuticabeiras, pessegueiros e ameixeiras, onde pousavam passarinhos de todas as cores, cantando felizes. Algumas frutas maduras tinham caído no chão e permaneciam sob as copas das árvores, e alguns esquilos alimentavam-se delas. Logo, Chico reclamou:

"Não sei mais o que faço para acabar com esses pássaros malditos! Comem todas as frutas!"

O amigo Zé percebeu, mas ficou calado,  que se não fossem pelos pássaros, as frutas apenas apodreceriam nas fruteiras, pois o amigo não as colheria jamais.

Passaram por um lindo córrego, pequeno, mas que dava ao jardim um ar de beleza e frescor, além de emitir um ruído reconfortante. Zé achou aquilo maravilhoso, mas Chico observou com amargura:

"Estou pensando em mandar aterrar este riacho. O barulho me incomoda durante a noite."

Enquanto caminhavam, eram seguidos de perto por Bibo, o cão vira-latas de Chico. O animalzinho cheirava as moitas, corria, brincava e pulava; de vez em quando, trazia um galho seco, que Chico jogava para ele, que saía correndo e latindo atrás do galho, trazendo-no de volta para que Chico o jogasse novamente. De repente, Chico bradou com impaciência:

"Sai daqui, animal estúpido! Deixe-me em paz!"

O animalzinho assustou-se, e saiu correndo com a cauda entre as pernas, indo esconder-se sob uma moita. Penalizado, Zé entendeu que provávelmente, Bibo estava acostumado àquele tipo de tratamento, pois parou de seguí-los.

Finalmente, o passeio terminou na varanda, onde havia uma rede, duas cadeiras confortáveis e uma jarra de refresco de frutas esperando por eles em uma mesinha. Após servir-se de um copo, Zé falou:

"Você tem um belo espaço aqui, Chico! Uma beleza só... árvores de frutas, flores, passarinhos, um cão... e até um riacho! Luxo só!...

Suspirando fundo, Chico respondeu:

"Quer saber? Comprei este espaço para fugir da vida agitada da cidade grande, onde não aguentava mais viver. Tanta poluição e barulho, competição... mas acho que me decepcionei, não consigo ser feliz aqui, assim como não era feliz por lá. Minha mulher finalmente me deixou, levando os meninos, e fico aqui sozinho o tempo todo."

Desejando animar o amigo, mas sabendo que qualquer coisa que dissesse poderia ser inútil, Zé pensou bem antes de falar. Depois, tomando um gole de suco e olhando em volta, para a beleza do lugar, ele disse:

"Amigo, me desculpe, mas se você não é feliz aqui, não será em lugar nenhum! Olhe só em volta, tanta beleza e riqueza... sabe, eu acho que o que lhe falta, é deitar naquela rede ali, que está balançando sozinha pelo vento desde que cheguei... e de lá, observar o que você tem, e dar mais valor, ser mais grato por tudo. E ter paciência com as pessoas, pois você sempre foi tão 'estourado,' que acabou afastando todo mundo."

Chico olhou para o amigo,  pensando no quanto aquelas palavras eram simplórias... só mesmo o Zé para ter um pensamento tão bobo! Mesmo assim, sabia que ele estava tentando ajudar. Para agradá-lo, foi até a rede e deitou-se - algo que nunca tinha feito antes. E não é que a paisagem de lá era mesmo bonita?

De mansinho, Bibo foi se aproximando, e deitou sob a rede. O dono começou a acariciá-lo. O 'barulho' do rio tornou-se bem mais agradável, até que virou  um ruído relaxante e delicioso. Dali ele podia enxergar os passarinhos, e começou uma conversa com o amigo, na qual ambos, lembrando os tempos de infância em que brincavam perto de uma mata, começaram a identificar algumas espécies.

No final da tarde, Chico estava com as mãos sujas de terra - passaram algumas horas capinando canteiros e replantando mudas de flores - suado, e sentindo-se revigorado pelo trabalho. Além de tudo, sentia por dentro uma sensação que nunca tivera: a felicidade.

Descobriu-a dentro dele, ao deitar-se naquela rede.

sábado, 21 de julho de 2012

Meu Desejo




Do que há de vir, desejo a cura,
Não apenas da doença que nos ronda,
Mas também do medo de enfrentá-la,
De sentar-nos à mesa e comermos com ela, 
Tentando, mesmo assim, não encará-la, 
E de, todas as noites, tê-la à cabeceira
Como nossa guardiã e companheira.

Do que há de vir, desejo a cura,
Daquilo que a causou, que está em nós
E que se fez raiz desta loucura
Que provocamos, através do que pensamos
E que hoje paira sobre nós
Como uma sombra que aguarda
E que nos guarda a dor que choraremos.

Do que há de vir, só quero a cura,
Mesmo sabendo que ela pode nos ser cara,
E que o caminho a percorrer será escuro,
Que entre mim e o que desejo, existe um muro
Que só os que tem muito amor e fé
Tem também a esperança e a força necessárias
Para, total e definitivamente, derrubar...

Parceiros

Wyna, Daqui a Três Estrelas

Este é um post para divulgação do livro de Gabriele Sapio - Wyna, Daqui a Três Estrelas. Trata-se de uma história de ficção científica, cuj...