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quarta-feira, 8 de junho de 2022

O CASAMENTO É UMA INSTITUIÇÃO FALIDA?

 




Refletindo sobre este assunto após ler um artigo que usei em uma das minhas aulas de inglês, cheguei à seguinte conclusão: o casamento não é uma instituição falida, mas uma instituição diferente. 

Nos dias de hoje, ninguém mais pensa em casamento como sendo um compromisso indissolúvel, onde o homem é o chefe da casa e o autor da maioria das decisões, enquanto a mulher é o ponto de equilíbrio da família, devendo cuidar praticamente sozinha da educação dos filhos e dos cuidados com a casa. As mulheres mudaram sua posição dentro da sociedade, e tornaram-se profissionais competentes que trabalham fora e têm outras prioridades na vida além da família. 

Porém, quanto aos verdadeiro papel da mulher dentro da sociedade e da família, em teoria, é exatamente o que escrevi acima, mas na prática, as mulheres continuam, em sua maioria, sendo responsáveis pela maior parte do trabalho de casa (ou todo ele) e pela educação dos filhos, e embora sejam profissionais, continuam ganhando menos que os homens e em algumas situações, ocupando cargos inferiores.

Mas voltemos ao tópico deste texto, que é o casamento. 

Ninguém mais se casa nos dias de hoje pensando que casamento é para sempre; é como se casamento fosse um negócio, uma sociedade que pode ou não dar certo, e no segundo caso, cada um não hesitará em procurar outro sócio e abrir outro negócio. Eu sinto que não existe mais interesse em esforçar-se para que o casamento dê certo; ninguém tem paciência de conhecer o outro, conviver com defeitos ou consertar os próprios defeitos a fim de se adaptar à vida a dois. 

Por um lado, isso é bom, pois ninguém mais perde a vida inteira tentando sobreviver em uma relação falida e infeliz; mas, por outro lado, isso é ruim, pois ninguém mais dedica um pouco de esforço que seja para tentar fazer dar certo, despedaçando sem dó uma família por motivos às vezes fúteis, como a pasta de dente aberta, a toalha molhada sobre a cama ou preferências diferentes no canal de streaming. 

O que eu penso ser a pior coisa de um casamento? A Síndrome de Gabriela (para quem não sabe, lembrem-se daquela música cuja letra diz “Eu nasci assim, eu cresci assim, e sou mesmo assim, vou ser sempre assim”). A falta de motivação para mudar, para se empenhar em fazer dar certo, o cuidado em não continuar cometendo sempre os mesmos erros. Quase tudo pode ser resolvido através de uma conversa, mas quando, após a conversa, as coisas continuam voltando a ser como eram antes, as pessoas se cansam de tentar, pois não enxergam nenhum desejo ou vontade real de mudança vindo da outra parte. Isso desgasta o casamento. E nem mesmo o amor mais forte do mundo resiste à má vontade e à teimosia. 

Um outro ponto é o seguinte: eu acredito que todo mundo que se casa precisa ser inteiro. Essa coisa de procurar pela “cara-metade” é doentia. Ninguém quer ser metade. Isso significa dependência, e nada mais chato do que uma pessoa grudenta, chorosa, que vive cobrando atenção. Mas isso não quer dizer que não deva haver momentos em que um precise ceder um pouco para se adaptar àquilo que o outro deseja fazer; se ela gosta de praia e ele de montanha, que ambas as preferências sejam respeitadas, e as férias sejam programadas para satisfazer a ambos. Se ela gosta de filmes românticos e ele de ficção científica, não há nada mal em respeitar e incentivar o gosto do outro, assistindo com ele (a) um filme de sua preferência. 

Uma outra coisa que pode acabar com um casamento, são as promessas quebradas; “Eu vou melhorar! Vou tentar chegar mais cedo do futebol / passar menos tempo com as amigas/ ajudar nas tarefas de casa.” Uma fileira de promessas quebradas são como rachaduras que vão aumentando, aumentando, até que a estrutura toda desaba. E isso pode levar meses ou anos.

E finalmente, uma das coisas que mais contribuem para que alguém queira manter a maior distância possível do outro (mesmo que tal distância seja emocional), é a grosseria. Falar alto, não escutar o que o outro tem a dizer, ridicularizar a opinião do outro, humilhá-lo na frente dos amigos ou familiares, chegar em casa de mau humor por causa do trabalho e “descontar” no cônjuge, tornar-se emocionalmente distante e pensativo, excluindo o outro do seu mundo pessoal, e ao ser indagado quanto aos motivos de tal distância, tornar-se verbalmente agressivo ou responder monossilabicamente, evadindo-se de uma conversa. 

Viram que eu nem falei sobre sexo? Porque o sexo vai bem quando tudo vai bem. Se o sexo está ruim, isso é uma consequência. A distância física começa com a distância emocional. E na minha opinião, quando um dos cônjuges nem se preocupa mais em tentar vencer a distância emocional, é porque o casamento está por um fio. Não há como vencer uma distância emocional quando um caminha na direção do outro enquanto ele se afasta.

Um bom relacionamento é feito de lealdade, reconhecimento, cumplicidade, amizade, sinceridade, carinho, atenção. Um casamento pode acabar quando aquele que sempre tenta consertar as coisas acaba se cansando, e de tanto ser ignorado e deixado de fora, tem a impressão de que está assistindo a um mesmo filme pela enésima vez, e já sabe o final da história.



 


sábado, 4 de junho de 2022

NOITE

 



Não consegui dormir.

Há tantas coisas acontecendo debaixo do silêncio de uma simples e inocente noite. Nesse exato momento em que estou aconchegada à maciez dos meus cobertores, escutando os grilos e a chuva fininha que cai lá fora, do outro lado do mundo, pessoas se encolhem de medo ou de fome.

Eu acho que sou uma pessoa de sorte – quem sabe, porque eu não sei o que o amanhã me reserva. E acho que é melhor não saber mesmo. Os arcanos tentam me mostrar o que eu, conscientemente, não quero saber. Mas não resisto a uma rápida olhada nas figuras das cartas, que me contam segredos e presságios. Penso que algumas delas podem estar mentindo. Isso me ajuda a continuar. 

Digo a mim mesma para ter fé. E é fácil ter fé quando tudo vai bem. Mas a fé verdadeira é aquela que resiste até mesmo àquilo que eu jamais desejaria que acontecesse. Peço a um Deus que eu não conheço que não teste a minha fé. 

Eu às vezes gosto de ficar sentada no gramado, apenas contemplando. Sempre na companhia dos meus cães. Esses momentos são cheios de paz. Meu pequeno mundinho protegido parece ser um lugar seguro, e eu vivo na ilusão de que ele seja, mesmo sabendo que não é. Acredito que as nossas pequenas ilusões – aquelas, que construimos para dar sentidos à vida, porque no fundo, achamos que a vida não tem muito sentido -  nos ajudam a caminhar.

Mas a vida é tão bonita quando a gente olha para dentro, ou então quando a gente olha para um lá fora que é feito de coisas simples, como cães, árvores, grama, passarinhos cantando, estrelas, barulho de chuva, orquestras de grilos ao anoitecer...

Meus momentos mais verdadeiros são aqueles em que estou cuidando das minhas coisas, lavando a minha louça, varrendo o meu chão. Porque são momentos em que eu estou completamente dedicada e integrada às minhas pequenas tarefas. E sinto que as coisas mais bonitas, são justamente aquelas com as quais ninguém se importa.

Então eu agradeço. Não sei bem a quem, mas eu agradeço, e o sentimento de gratidão vai me limpando de todo e qualquer desejo, de todos os meus miasmas.






terça-feira, 24 de maio de 2022

O Céu Me Trouxe




Eram tardes como a de hoje, de céu vermelho. Eu me sentava à mesa da cozinha a fim de fazer meus deveres de casa, ou então para ajudar minha mãe a escolher o feijão (gostava de separar os feijões coloridos para brincar mais tarde). Enquanto isso, ela ficava entre a pia e o fogão, cozinhando o jantar, lavando a louça, cortando os legumes. E naquelas tardes surgiam as histórias.

Eram sobre os tempos em que ela tinha sido criança, e que por ter perdido a mãe muito cedo, precisou ficar sendo cuidada por várias pessoas diferentes enquanto meu avô ia trabalhar – e nem sempre, tais pessoas a tinham tratado bem. Finalmente, devido aos maus tratos, ele conseguiu vaga para ela em uma escola interna, onde ela passou a viver dos quatro até os dezoito anos de idade. E minha mãe me falava de muitas coisas: das freiras do colégio interno, algumas muito boas, outras muito más, das colegas de classe, do enorme dormitório com as caminhas arrumadas lado a lado, do banho coletivo gelado de manhã bem cedo em uma época em que Petrópolis era uma das cidades mais frias do sudeste, dos insetos encontrados às vezes na comida, e que as meninas eram instruídas pelas freiras a tirar do prato e continuar comendo. Havia o porão, onde viviam dezenas de gatos; havia a horta onde as meninas trabalhavam; havia a palmatória para punir as meninas mais travessas e desobedientes.

Às vezes, minha mãe pegava a caixa de fotografias e me mostrava velhas fotos amareladas de família, da “Italianada”, como a gente costumava se referir aos parentes que tinham vindo da Itália. Ela me apontava as pessoas na foto e dizia seus nomes, e um pouco sobre quem eles eram. Pena que não consigo mais me lembrar de todos aqueles nomes, embora os rostos tenham se tornado tão familiares.

Ela me contava histórias sobre como ela e meu pai tinham se conhecido – ele, um rapaz pobre, o mais velho de treze irmãos, que precisou começar a trabalhar muito cedo para ajudar a família, passava em frente da casa da prima com quem ela morava quando deixou a escola. Meu pai usava tamancos de madeira, e ela corria para a janela quando escutava o ruído dos tamancos nos paralelepípedos. 

Mais tarde, quando se casaram, meu avô cedeu para eles uma casa que pertencera aos seus pais, meus bisavós, em um bairro onde nada existia ainda. As outras casas do bairro foram sendo construídas ao longo dos anos, e hoje é um dos bairros mais populosos de Petrópolis. 

A casa de minha mãe, onde todos nós nascemos e crescemos, ainda existe. Uma de minhas irmãs vive lá. Ainda existem as marcas feitas à faca no portal, marcando o quanto eu estava crescendo; as enormes janelas de venezianas ainda são as mesmas. O forro de madeira do teto, apesar de bem velho, ainda está por lá. E ainda circulam por lá os fantasmas dos meus bisavós, avós, pais e de outras pessoas da família que viveram naquela casa e que lá morreram.

Hoje esse céu vermelho e o mês de maio - quando minha mãe aniversariava - me fizeram lembrar daquela casa.




quarta-feira, 20 de abril de 2022

SACRIFÍCIO




 


Entra em estado de sacrifício todo aquele que age ou pensa baseado no seguinte princípio: "O que vão pensar se eu...?"


 


Existem pessoas que passam tanto tempo preocupadas sobre o que os outros pensam ou pensarão a respeito delas, que acabam se sacrificando a fim de obterem uma opinião positiva de gente que não tem absolutamente nenhum peso real em suas vidas. Isso acontece, por exemplo, quando gastamos uma quantidade de dinheiro que não temos a fim de impressionar supostos amigos, ou então deixamos de dizer o que sentimos ou pensamos para não cair em críticas alheias. 


 


Acho que a maior de todas as liberdades, é viver de acordo com o que nos faz felizes, segundo as nossas posses, quer isto agrade aos outros ou não, sem nos importarmos com o que dirão ao nosso respeito. Se não estivermos prejudicando ou magoando outras pessoas, nada de mal estaremos fazendo ao escolhermos viver de acordo com aquilo que somos de verdade. Aquilo que dizem sobre nós seria dito de qualquer forma, então... que pelo menos falem mal de nós pelos motivos certos.





sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

"TU PODES ADIAR, MAS O TEMPO NÃO." - BENJAMIN FRANKLIN

 


Um dia será tarde demais para subir aquela montanha, cantar no karaoke, seguir aquela trilha mata adentro. Será tarde para reunir alguns amigos e detonar 5 garrafas de vinho, pois vinho não se mistura com remédios.


Um dia, as coisas que a gente vive adiando para "quando fizer sol," "Quando eu puder," ou "um dia desses" serão contas em um pesado colar de arrependimentos que manterá nossos ombros doloridos e nossos pescoços pesados. As promessas que fizemos às outras pessoas jamais serão cumpridas, porque elas não estarão mais aqui, ou não terão mais disposição física ou mental para fazerem.

E a gente faz sempre tudo igual, cumprindo rotina até nas horas de lazer, porque é mais fácil, mais barato ou então porque "sempre" haverá uma nova oportunidade, um outro dia. Achamos que vamos ser jovens para sempre, que tudo será como sempre foi, que as pessoas (e nós) Jamais envelheceremos.

Então morre o primeiro amigo -aquele, que a gente vivia pensando em chamar para nos visitar. Morrem os avós, a mãe, o pai. Nossos ossos envelhecem e nossos músculos atrofiam, e já não tem mais como subir aquela montanha. E passaremos a velhice Contemplando-a da janela ou da cadeira de balanço, com a certeza de que jamais saberemos que paisagem ela nos ofereceria.

E na maioria das vezes, bastaria ter dado um passo, feito um gesto, cumprido uma promessa. A distância entre uma vida boa de se lembrar e uma vida cheia de amarguras e arrependimentos é realmente muita curta, quase nunca tem a ver com tempo ou dinheiro. Tal distância é tão curta quanto a medida da palavra "vontade."




segunda-feira, 14 de junho de 2021

MIRANTE





Ela olha as cores mortas

Nas flores do seu vestido,

Prende os cabelos molhados

Para que seus dois ouvidos

Possam ouvir as palavras

Que um deus cansado tem dito.


Lá fora, um mundo distante

Que há muito ficou para trás.

Sua alma diletante

De tanto viver, não quis mais...

Passou o tempo; o passado

É só um presente embrulhado.


Ela olha, indiferente,

Sem tentar querer saber

Para onde foi tanta gente

Que antes, estava ali...

Um dia, quem sabe ela

Também há de sucumbir.


Seu olhar é tão sereno,

Seu coração só flutua

Em um lago de veneno

Onde ela não se situa.

Batidas atordoadas


Que o silêncio acentua.






terça-feira, 12 de janeiro de 2021

ATALHOS

  


 


Às vezes nos parece que chegaremos mais rapidamente onde queremos se formos por um atalho. Mas nos esquecemos que um atalho é, quase sempre, o lugar mais perto de um abismo. Acidentado, cheio de perigos inesperados e além de tudo, solitário, pois a maioria das pessoas prefere seguir pela estrada por questões de segurança, conforto e mobilidade.


Se existe uma estrada de, digamos, dez quilômetros que nos conduz a algum lugar, e um atalho de cem metros por onde apenas a minoria segue (geralmente, cheio de carcaças de carros quebrados e esqueletos dos que ficaram pelo caminho), deve haver uma razão. A princípio, o caminho mais curto parece ser a escolha mais sábia, mas a longo prazo, acho bem melhor chegar inteira ao meu destino, seguindo por um caminho mais iluminado e seguro. E existem muitas estradas boas que podem nos levar a um mesmo lugar – não é necessário escolher um atalho acidentado e cheio e cobras e outros animais peçonhentos.


Com certeza, quando Robert Frost escreveu “The Road Not Taken” (O caminho não tomado), ele não quis dizer que devêssemos ser imprudentes, mas que aprendêssemos a fazer nossas escolhas baseados naquilo que realmente desejamos, e não no que os outros acham que devemos fazer. E existem muitas estradas boas que podem nos levar até onde estão os nossos sonhos. Porém, qualquer uma delas que seja obscura, solitária, perigosa, e que exija do caminhante que ele dê passos em falso e passe por cima de outros caminhantes, jamais será a melhor.


Deixo aqui para reflexão o poema de Robert Frost, traduzido no site wwwzagaiaemrevista.com.br

 


A trilha que não tomei


Duas trilhas divergiam sob árvores amarelas

E eu, triste por não poder percorrer ambas

E permanecer um, detive-me em longa espera

E olhei tão abaixo quanto pude uma delas

Até onde se dobrava entre as plantas;


Então tomei a outra, tão bela quanto correta,

E talvez por ser a mais atraente

Por seu gramado almejar o passeio como meta,

Embora passasem por ali de forma reta

E usassem ambas de maneira semelhante,


E ambas igualmente deitassem naquela manhã

Em folhas que nenhum passo tornara pretas.

Ah, eu guardei a primeira para o amanhã!

Ainda que soubesse como à seguinte leva uma direção

Duvidei se um dia deveria voltar atrás.


Eu contarei isso enquanto expiro

Em algum lugar, em tempos e tempos:

Pois duas trilhas em um bosque divergiram, e eu,

Eu tomei aquela que menos percorreram,

E isso fez toda a diferença.


 


QUE VOCÊ POSSA SEMPRE SER LEMBRADO (A) COMO A PESSOA QUE FEZ A COISA CERTA E SEGUIU PELO MELHOR CAMINHO, SEM ENGANAR NINGUÉM, SEM PISAR EM NINGUÉM - E NÃO COMO O MAIS ESPERTO (A)."






quinta-feira, 3 de setembro de 2020

PAZ




 PAZ


Caminho em silêncio pelos corredores,

Olho indiferente para o que antes

Era oferecido - buquês de dores.


Já nem ergo mais minhas sobrancelhas,

Observo, apenas, qual navegante

Que não mais naufraga em praias vermelhas.


Meu mar é azul, meu céu é suave,

Meu não e meu sim são mais oscilantes,

Há mais 'sóis' que 'dós' nessa minha clave.


Carrego comigo aquilo que eu amo,

E o que me faz mal, mantenho distante,

Tentando passar sem causar-me dano.





quinta-feira, 20 de agosto de 2020

PARA QUEM AMA FALAR SOBRE CASAS


 Olá, pessoal!


Hoje eu venho compartilhar o link de meu novo vídeo no meu canal O 'X' DA QUESTÃO." É sobre um livro que adquiri há algum tempo e até fiz uma postagem no blogger sobre ele: Casa Natural, de Carlos Solano.

Para quem gosta de sentar-se na rede calmamente, com um livro lindo nas mãos - lindo no conteúdo e na estética -  e tirar uma tarde de muita calma, paz de espírito e aprendizado. Eis o link:


https://youtu.be/7_jxDZVlC6k





sábado, 9 de maio de 2020

A CASA DA QUARENTENA



A casa da quarentena é a mesma para cada um de nós. Só que agora as pessoas têm tempo de realmente reparar nelas. 

Eu sempre fico muito tempo em casa, pois além de morar, também trabalho aqui. Costumo sair apenas nos finais de semana ou em alguns outros dias, quando necessário. Aprendi a conhecer a minha casa e a me sentir à vontade dentro dela. Cerquei-me de tudo o que eu amo: livros, discos, lembranças de viagens - objetos que, se não têm qualquer valor comercial, significam muito para mim.

Mas fico pensando nas pessoas que estão literalmente surtando dentro de suas casas. Não conseguem se sentir à vontade dentre as quatro paredes que construíram para si mesmas e suas famílias. Pessoas que estavam acostumadas a deixar para lá muitas coisas: problemas de relacionamento, reformas necessárias, uma decoração fria e impessoal. De repente, elas se vêem obrigadas a permanecer nesses espaços e lidar com tudo o que as rodeia. 



Eu creio que a angústia delas tem menos a ver com o confinamento do que com o tempo em que passaram confinadas de si mesmas. 

As pessoas precisam construir paisagens.

Não falo de vistas deslumbrantes, jardins elaborados ou casas ricamente decoradas. Eu falo daquelas paisagens que a gente não consegue obter de nenhum decorador, mas que estão dentro da gente, e que poderiam nos dar alguma coisa mais bonita aqui fora.



É preciso que estejamos cercados de coisas e pessoas que realmente amamos. Nunca o amor esteve tão em evidência! 

Esse desamor repentino pela casa não começou agora: ele apenas tem sido negado há muito tempo. O desconforto, o sentir-se preso, é a resposta do desespero que foi, quem sabe por anos, socado lá para dentro, para os lugares que não ousamos acessar dentro da gente.



E eu vejo as pessoas sonhando com o final da quarentena, falando em mudanças. Só não consigo ver essas mudanças realmente acontecendo, porque todo mundo sabe que elas só ocorrem quando vêm de dentro para fora. Quando a gente decide varrer a calçada da  casa da alma. 

Eu realmente espero que tudo mude. Porém, a única coisa que conseguimos provar para nós mesmos, é que o planeta realmente não necessita de nós, e que vive muito melhor sem a nossa presença.




Vemos notícias de animais selvagens caminhando livremente pelas ruas, mares sendo recuperados,  rios poluídos tornando-se cristalinos, a camada de ozônio recuperando-se de enormes buracos. O mundo não precisa de nós: nós é que precisamos dele e deveríamos nos conscientizar disso! 

Mas as nossas casas precisam de nós. Sem nós, elas não vivem, e sem elas, nós não viveremos felizes. 






PS: Eu costumava ter um blog chamado A Casa & a Alma. Fechei-o, juntamente com outros blogs, por falta de tempo para postar e trabalhar interações. Hoje eu me arrependo, pois ele era um espaço que eu adorava, mas ele continua aqui, sob as etiquetas A CASA e A ALMA. Todas as postagens daquele blog continuam aqui, no Expressão. 

Mudei o nome de meu blog HISTÓRIAS por Ana BAilune para CAMINHOS DA IMAGINAÇÃO. Achei mais bacana. Lá publico meus contos, muitos deles em capítulos. Estão todos lá. 

Também escrevo um blog sobre Tarô, o O CAMINHO DO APRENDIZ, e um outro blog sobre dicas de inglês , o YOUR TICKET TO ENGLISH. Todos eles podem ser acessados através de links no Google ou então através dos links abaixo:


CAMINHOS DA IMAGINAÇÃO



O CAMINHO DO APRENDIZ



YOUR TICKET TO ENGLISH

















quarta-feira, 29 de abril de 2020

RESIGNIFICÂNCIA







A flor que nasce merece toda a minha atenção,
A flor que murcha, meu reconhecimento e gratidão.
Melhor varrer as folhas que caíram sobre o chão,
Apreciar os brotos que se  estendem sobre os galhos,
Resignificar a vida, tratando os cortes e talhos,
Lembrar do que foi bom, esquecer os atos falhos.

Viajo para dentro de olhos bem abertos,
E ao voltar à tona, trago o amor descoberto,
Eu dispo as armaduras que usava em meu deserto
Para deixar que o sol seque todas as feridas,
Curando as navalhadas que acumulei na vida
Sendo, para mim mesma, mais cara, mais querida.







quinta-feira, 12 de março de 2020

O ABRAÇO







Cuidado com quem
Você abraça,
Pois pode ser brasa,
Ou asa de inseto
Caindo de podre
Do teto da casa.
Pode ser bandido
Banido da vida,
Ou a hipocrisia
De cara lavada.

Cuidado com quem
Você abraça,
Pode ser cortante
Faca de dois gumes,
Um lume do inferno
De olhos vermelhos
Que arrepia os pelos
E não se assume,
Mas finge tristeza...
-Torpeza, estrume!

Cuidado com quem
Você abraça,
Pois fica-lhe o cheiro
E gruda a sujeira
Nas fímbrias da alma
Que torna-se pútrida
Pelo torpe toque
Da falsídia súbita!




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EU SÓ TENHO UMA FLOR

  Eu Só Tenho Uma Flor   Neste exato momento, Eu só tenho uma flor. Nada existe no mundo que seja meu. Nada é urgente. Não há ra...