Todo mundo muda um dia – para melhor
ou para pior. Reconhecer isto faz parte da jornada do auto conhecimento. Para
mim, conhecer-se é olhar-se sem preconceitos, aceitar os próprios defeitos e
limitações (sempre tentando melhorá-los) e admitir um fato que muita gente
chama de vaidade, mas para mim é auto aceitação: você merece o melhor.
Eu mereço o melhor. Por isso,
faço escolhas, tomo decisões e me afasto daquilo que não agrega, que não me faz
crescer, que drena a minha energia.
Pode paracer fácil, mas na
verdade, é bem difícil. Crescer significa uma porção de incompreensão, solidão
e julgamentos. Antes de chegar à luz, existe um caminho tortuoso e demorado de
muitas trevas e de muito cansaço. Existe o medo de estar tomando as decisões
erradas – afinal, “sempre foi assim! Quem sabe, a errada sou eu?” Existem quedas e a vontade de voltar para o
lugar “seguro” de onde viemos e no qual conhecíamos exatamente qual era o nosso
papel – papel este que era determinado por algumas pessoas que nos cercavam, e
não exatamente por nós mesmos.
E a gente volta, inúmeras vezes,
e sofremos novas quedas que no fundo, sabíamos que aconteceriam, e dizemos que
foi a última vez, mas a gente acaba voltando de novo, e de novo... até que não
nos reste outra saída a não ser admitir que aquele lugar nunca foi para nós. Nunca
fomos realmente amados, estimulados ou reconhecidos ali. As pessoas
determinaram o nosso lugar e não suportaram quando fizemos outras escolhas. Se a
gente se atrever a brilhar só um pouquinho, colocar a cabeça só um pouquinho
para fora da caixa, corremos o risco de perdê-la. E vêm as represálias, as críticas,
as chantagens emocionais, os silêncios que tem como objetivo castigar.
E assim nós reconhecemos o quanto
éramos usados e confundíamos isso com amor e apoio.
Ok, então a gente finalmente cria
coragem e sai. Tiramos os óculos cor de rosa e os jogamos em algum lugar na
estrada onde nunca mais os acharemos, e continuamos. É um processo de muita dor
e de muita solidão. As memórias do que foi bom cismam em nublar nossos olhos,
mas nos forçamos a lembrar de todas as vezes em que foi bem ruim. Isso aumenta
a determinação.
E eu às vezes me pego pensando:
muitas vezes, quem nos causa mal pode pensar realmente que é uma boa pessoa. Que
nunca fez nada para nos prejudicar. Mas o afastamento as faz pensar (ou não). Só
sei que depois que a gente acorda, é impossível voltar a dormir. E a gente
decide que nunca mais queremos estar ali, naquele lugar onde nossa energia é
drenada, nosso sangue, sugado e nosso ‘eu,’ ignorado. Não queremos mais
emprestar os ouvidos a pessoas que só falam de si, que só pensam em si mas que
nunca estão prontas para ouvir. Nunca mais queremos vir cheios de entusiasmo
para contar sobre uma conquista e deparar com olhares indiferentes e críticas. Nunca
mais queremos mendigar afeto através da negação de nós mesmos.
E nesse momento, ao erguermos a
cabeça acima da dor, a gente descobre que Sozinho é um bom lugar. Que na
verdade, nós podemos caminhar com as próprias pernas, assumindo os riscos que
NÓS escolhemos, saboreando o sucesso em silêncio. Descobrimos que não
precisamos de plateia. Não precisamos de apoio ou validação.
Não precisamos agradar.
Não precisamos podar a nós
mesmos.
E a gente cresce.

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