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quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

NÃO TENHA MEDO DE DESCOBRIR QUE VOCÊ MUDOU

 


 

Todo mundo muda um dia – para melhor ou para pior. Reconhecer isto faz parte da jornada do auto conhecimento. Para mim, conhecer-se é olhar-se sem preconceitos, aceitar os próprios defeitos e limitações (sempre tentando melhorá-los) e admitir um fato que muita gente chama de vaidade, mas para mim é auto aceitação: você merece o melhor.

Eu mereço o melhor. Por isso, faço escolhas, tomo decisões e me afasto daquilo que não agrega, que não me faz crescer, que drena a minha energia.

Pode paracer fácil, mas na verdade, é bem difícil. Crescer significa uma porção de incompreensão, solidão e julgamentos. Antes de chegar à luz, existe um caminho tortuoso e demorado de muitas trevas e de muito cansaço. Existe o medo de estar tomando as decisões erradas – afinal, “sempre foi assim! Quem sabe, a errada sou eu?”  Existem quedas e a vontade de voltar para o lugar “seguro” de onde viemos e no qual conhecíamos exatamente qual era o nosso papel – papel este que era determinado por algumas pessoas que nos cercavam, e não exatamente por nós mesmos.

E a gente volta, inúmeras vezes, e sofremos novas quedas que no fundo, sabíamos que aconteceriam, e dizemos que foi a última vez, mas a gente acaba voltando de novo, e de novo... até que não nos reste outra saída a não ser admitir que aquele lugar nunca foi para nós. Nunca fomos realmente amados, estimulados ou reconhecidos ali. As pessoas determinaram o nosso lugar e não suportaram quando fizemos outras escolhas. Se a gente se atrever a brilhar só um pouquinho, colocar a cabeça só um pouquinho para fora da caixa, corremos o risco de perdê-la. E vêm as represálias, as críticas, as chantagens emocionais, os silêncios que tem como objetivo castigar.

E assim nós reconhecemos o quanto éramos usados e confundíamos isso com amor e apoio.

Ok, então a gente finalmente cria coragem e sai. Tiramos os óculos cor de rosa e os jogamos em algum lugar na estrada onde nunca mais os acharemos, e continuamos. É um processo de muita dor e de muita solidão. As memórias do que foi bom cismam em nublar nossos olhos, mas nos forçamos a lembrar de todas as vezes em que foi bem ruim. Isso aumenta a determinação.

E eu às vezes me pego pensando: muitas vezes, quem nos causa mal pode pensar realmente que é uma boa pessoa. Que nunca fez nada para nos prejudicar. Mas o afastamento as faz pensar (ou não). Só sei que depois que a gente acorda, é impossível voltar a dormir. E a gente decide que nunca mais queremos estar ali, naquele lugar onde nossa energia é drenada, nosso sangue, sugado e nosso ‘eu,’ ignorado. Não queremos mais emprestar os ouvidos a pessoas que só falam de si, que só pensam em si mas que nunca estão prontas para ouvir. Nunca mais queremos vir cheios de entusiasmo para contar sobre uma conquista e deparar com olhares indiferentes e críticas. Nunca mais queremos mendigar afeto através da negação de nós mesmos.

E nesse momento, ao erguermos a cabeça acima da dor, a gente descobre que Sozinho é um bom lugar. Que na verdade, nós podemos caminhar com as próprias pernas, assumindo os riscos que NÓS escolhemos, saboreando o sucesso em silêncio. Descobrimos que não precisamos de plateia. Não precisamos de apoio ou validação.

Não precisamos agradar.

Não precisamos podar a nós mesmos.

E a gente cresce.





 

 

 

 

segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

ÁGUA

 




 

Quando você sentir sede,

Procure por uma fonte,

Procure por um riacho

Ou erga o rosto para a chuva.

 

Não peça água às pedras,

Aos galhos secos, aos espinhos,

Por que eles nada têm

Para matar a sua sede.

 

Às pedras, peça um caminho,

Aos, galhos secos, fogueira,

E aos espinhos, peça cercas

Que te protejam do mal

Que a estrada e o fogo

Poderiam te causar.



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quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

DESVER

 






Ninguém poderá desver
O que foi visto,
Ou desescutar aquilo
Que lhe foi dito
Sem deixar cair do rosto
Os próprios olhos
Sem cobrir de lama e dor
Os seus ouvidos.

A verdade é como um fogo:
Esquenta e queima.
E na alma, existe um ogro
Adormecido.
-Não o queiras despertar - a inocência
É um menino abandonado,
Em um precipício.



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PEQUENOS MILAGRES

 

 





Eu acredito que vivemos milagres todos os dias, mas depois que eles acontecem, a tendência é duvidarmos deles. Nós,  seres humanos, somos naturalmente incrédulos. Além disso, quando nos atrevemos a comentar esses milagres com os outros, apesar de eles prestarem muita atenção às nossas histórias, depois de ouvi-las eles nos jogam um olhar de incredulidade ou fazem comentários depreciativos ou engraçadinhos a respeito deles, como: “Você tem certeza que não foi só coincidência?”  “Ah, sei... também vi esse filme!” E tais comentários nos desmotivam a falar sobre certas coisas, ou até mesmo nos fazem duvidar que elas realmente aconteceram.

Por isso vou relatar aqui alguns milagres que vivi ou presenciei.

 

1- O Santuário de Bom Jesus dos Montes, em Portugal – Quando visitamos esse local em 2019, algo inusitado aconteceu. Eu e meu marido estávamos em uma lojinha de souvenir, e eu estava indecisa sobre se deveria ou não levar um terço de presente para minha irmã, que tinha perdido um filho há alguns anos, e com ele, a sua fé. Quem me conhece daqui desde 2011 sabe que perdemos nosso querido Ricardo para o câncer.

A música favorita do meu sobrinho – e que eu usei em quase todos os poemas que escrevi para ele e postei no site do escritor no site Recanto das Letras – era “Times like These”, do Foo Fighters.

No momento em que comentei com meu marido que eu não sabia se deveria levar o tercinho para minha irmã ou não, esta música começou a tocar no alto falante da lojinha. Ora, qual a possibilidade de que Foo Fighters toque no alto falante de uma igreja católica tradicionalíssima em Portugal, exatamente no momento em que alguém está pensando se leva ou não um terço para alguém que perdeu a fé porque seu filho morreu? Ainda mais sendo esta música a favorita dele?

 

2- Ganesha – Aqui em Petrópolis existe um santuário chamado Vale do Amor, um belíssimo lugar de difícil acesso entre as montanhas. Lá várias religiões estão representadas em templos e jardins ao ar livre. Estávamos passeando pelo jardim quando passamos diante de uma figura que chamou minha atenção: um ser que era metade elefante e metade menino, rodeado de oferendas de flores, moedas e frutos. Algo me fez parar diante dele, e eu não conseguia seguir adiante. Meu marido voltou, e perguntou-me de quem se tratava. O primeiro nome que me veio à cabeça foi: Ganesha. Só que eu não tinha a menor ideia de quem ele era.

Seguimos o caminho e esqueci a história. Quando chegamos em casa, eu estava procurando um protetor de tela para meu computador no Google, e qual foi a imagem que me apareceu? A mesma que eu tinha visto no Vale do Amor! O menino elefante. Daís resolvi pesquisar mais sobre ele, e descobri a sua história. Basicamente, ele é uma entidade protetora que ao mesmo tempo abre os caminhos da prosperidade. De uma forma ou de outra, a figura me fascina e atrai até hoje, e tenho vários Ganeshas em casa.

Sempre que sinto que as coisas ‘travaram’, eu canto seu mantra e tudo se resolve em alguns dias.

A primeira imagem de Ganesha que adquiri aconteceu desta forma: estávamos em uma loja que vende artigos para jardim, mais ou menos uma semana após visitarmos o Vale do Amor. Eu queria comprar algumas plantas e vasos. De repente, meu marido veio falar comigo: “Você vai gostar do que eu vou te mostrar!” Eu o segui, e ele me colocou diante de uma imagem de... Ganesha!

Depois disso, adquiri várias outras que estão espalhadas pela minha casa toda.

 

3- Chico Monteiro – Há muitos anos, meu marido e eu passávamos pelo Teatro D. Pedro após sairmos do trabalho. Eu estava com muita dor de garganta há vários dias, e mal conseguia falar. Minha garganta estava cheia daquelas placas bacterianas brancas, e os remédios não estavam fazendo efeito. No letreiro do teatro estava escrito: “Só Esta Noite – Chico Monteiro – Médium.”

Resolvemos entrar e assistir a palestra. A palestra foi muito interessante e o teatro estava lotado – tivemos sorte de conseguir dois lugares na última hora. Pouco antes  do término do evento, o palestrante disse que ia fazer uma oração e pediu que quem estivesse doente, ou com familiares em casa que estivessem passando por problemas de saúde, deveria se concentrar e orar junto com ele.

Me concentrei na minha garganta e mentalmente fiz a oração. Ainda nem tinha acabado de rezar quando senti uma sensação de calor na garganta, e senti também as placas de inflamação se soltando (tive que engoli-as). E de repente, eu não estava mais com dor de garganta.

Quando a palestra terminou, entramos na fila para comprar um livro que Chico Monteiro estava vendendo, e diante dele, comentei o que tinha acontecido. Ele sorriu, me deu uma rosa branca e me disse para colocá-la em um vaso com água ao chegar em casa.

Bem, a rosa durou mais de um mês intacta!

 

4- Joelho Dolorido – Recentemente procurei três médicos para tentar tratar uma lesão no joelho. Tenho (ou tinha) extrusão do menisco e princípio de artrose. Os medicamentos não surtiram efeito algum, e o trabalho do fisioterapeuta apenas piorou o problema. A dor que eu sentia estava me impedindo de caminhar adequadamente e até mesmo de dormir bem à noite, pois doía quando eu andava, sentava, deitava, enfim – doía o tempo todo, não importava o que eu estivesse fazendo.

E tudo isso começou há apenas alguns meses, quando soubemos que retornaríamos à Itália a fim de batizarmos o Leozinho, filho de Isabela e Leo, de quem fomos padrinhos de casamento também na Itália em 2018. Desde então a dor começou e não ia embora de jeito nenhum.

Na Itália ela também não parou, mas decidi que ela não ia me impedir de fazer nada. Continuei fazendo exercícios todos os dias pela manhã, ignorando a dor. Lá eu andei muito, e quando chegávamos em casa à noite, eu tomava remédios para diminuir a dor.  Mas ela nunca passava totalmente. Então eu decidi fazer uma promessa em todas as igrejas que visitamos: eu entrava, acendia uma vela e prometia que, caso a dor passasse, eu ficaria ajoelhada em uma igreja durante 1 hora.

Mas a dor não passou.

Depois que voltamos para o Brasil, eu estava fazendo alongamentos quando escutei meu joelho fazendo um barulho bem alto, como se estivesse estalando ou quebrando. Até meu marido que estava perto escutou e perguntou: “O que foi isso?” Assustada, respondi: “Meu joelho.” Achando que eu estava para sentir uma dor muito forte, eu baixei a perna devagar (ela estivera esticada em uma cerca em um ângulo de 90 graus durante o alongamento).

Mas assim que pus o pé no chão, percebi que a dor tinha sumido. Isso foi há quase uma semana, e desde então estou bem.

Preciso achar uma igreja tranquila, na qual eu possa ficar ajoelhada durante 1 hora inteira.




 








quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

ENVELHECER É UM PRIVILÉGIO?

 






ENVELHECER É UM PRIVILÉGIO?

 

Antes de fazer esta reflexão, vamos pensar no significado da palavra privilégio; de acordo com o dicionário, privilégio significa “Direito, vantagem, prerrogativa, válidos apenas para um indivíduo ou um grupo, em detrimento da maioria; apanágio, regalia.” Ou seja, um privilégio é alguma coisa que é legada apenas a poucos. Portanto, envelhecer não é um privilégio, já que a maioria das pessoas envelhece.

 

As redes sociais tem nos ensinado que é bom romantizar situações corriqueiras, como a velhice, a maternidade, a solidão, a família, uma dieta e até nossos fracassos, como sendo algo especial. Se você é velho, isso é uma grande vantagem, pois você chegou à “melhor idade” e se tornou alguém especial. Da mesma forma, se você é jovem, branco, negro, magro, gordo, casado ou solteiro, você está vivendo algo especial – um privilégio.

 

Eu não consigo enxergar a vida como sendo um privilégio, já que estamos todos vivos! A vida para mim é esse grande mistério, pois não tenho ideia sobre de onde ela vem, onde começou, quando terminará, se existe um propósito para estarmos aqui ou se existe algo depois que ela termina. Na verdade, sei tanto quanto todo mundo, ou seja: nada. Tudo o que se afirma a respeito da vida ou da morte é especulação.

 

Mas voltando ao tema ‘envelhecer’, ao escrever este texto tenho 60 anos e quase 3 meses de idade. Não posso dizer que envelhecer tem sido bom, pois com a velhice, chegam várias questões difíceis sobre saúde, finanças (aposentar-se no Brasil significa viver com muito pouco dinheiro), preconceitos, medos, dores físicas e morais. Estarmos velhos é difícil. Porque os mais jovens nos olham de forma diferente, como se a velhice significasse nececessariamente senilidade, incompetência profissional ou ideias ultrapassadas.

 

Mas aqueles que afirmam que o importante é ter uma mente jovem, não entendem que ao pensar desta forma estão jogando fora as experiências acumuladas e a sabedoria adquirida, talvez em troca de procedimentos estéticos que deixam os rostos todos iguais (e que não fazem ninguém parecer mais jovem) e atitudes de adolescentes que não caem nada bem em pessoas mais velhas. Vejo muitas pessoas velhas que querem recuperar o tempo perdido através de relacionamentos com pessoas mais jovens, ou usando roupas inadequadas ao seus corpos, ou frequentando academias não pela saúde física, mas tentando obter os músculos de um fisioculturista. Lamento por eles. Porque ainda não compreenderam que cada idade deve ser vivida quando chega o tempo.

 

Para mim, a velhice é um tempo de reflexão e um certo descompromisso. É claro que cuidar da saúde e da aparência é importante, assim como manter a mente atualizada. Mas perseguir esses ideais desesperadamente como se eles fossem manter você vivo por mais tempo, prolongando uma juventude que já não existe mais, é caminhar à beira do ridículo. É sinal de desespero, não de sabedoria.

 

Eu cheguei à minha velhice. O que eu quero, hoje? Desfrutar daquilo que conquistei em minha juventude: minha casa, meu marido, meus cães, a companhia de algumas pouquíssimas pessoas. Quero ler muito, escrever muito, ouvir boa música, viajar, ou apenas ficar sentada no jardim sem fazer nada. E quero comprar roupas novas (porque eu adoro andar muito bem vestida) e cuidar da minha saúde, mas sem neuras. Não me interessa parecer mais jovem, ser ‘sexy’ ou encher meu corpo de hormônios para focar na sexualidade. Para mim, esse tempo já passou. Sexo é bom quando acontece naturalmente.

 

Não tive filhos, portanto não tenho netos. Não tenho compromisso com nada. Sou uma pessoa praticamente livre. Construí minha vida para ser assim, para chegar onde cheguei. Não me arrependo de nada, e não quero mais nada, a não ser o que já descrevi acima. As opiniões das pessoas não me preocupam. Não me encaixo nas definições alheias.

 

Não tenho medo da morte, e não lamento a proximidade dela. A proximidade da morte me traz perspectiva. Ela me lembra que tudo acaba, que tudo é finito. E não faz diferença, na verdade, quando eu estiver em meu leito de morte, pensar em alguma coisa que deixei de fazer ou gostaria de ter feito, porque a morte é o selo final, é o cadeado que encerra esta vida, caso haja outra após esta ou caso não haja nada. E se não houver nada, ou se houver alguma coisa, não fará sentido nenhum tipo de arrependimento.





 

 

 

 


 

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