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sexta-feira, 9 de agosto de 2013

OBRIGADO, MEU PAI - Uma Carta




Obrigado, Meu Pai - texto de Jorge Chammas Neto





Meu querido pai, meu companheiro e amigo, meu ídolo: hoje não vou vê-lo nem abraçá-lo, como fazia todos os anos neste dia especial. Não lhe comprarei o presente tradicional e não verei o seu sorriso bondoso de agradecimento. E o seu filho, hoje, não estará alegre e feliz à mesa do almoço festivo.

Mas, eu estarei como sempre, pensando em você. E me auto-avaliando, em função dos ensinamentos de vida que você me deu, por palavras e atitudes, sobretudo, por exemplos verdadeiramente maravilhosos. Dizem que os filhos, normalmente, não querem 'repetir o papai'. Como eu gostaria de repetir você, meu pai! Eu teria orgulho de poder ser tão bom, tão trabalhador e inteligente, tão progressista e patriota, tão humilde e válido à sociedade, tão querido e respeitado, enfim, tão merecedor de carregar o seu nome.




Por isso, eu quero lhe fazer hoje, para valer enquanto eu viver, uma promessa: vou lutar até os extremos de minha força, para honrá-lo; para não deixar perecer a sua obra, senão para engrandecê-la; para preservar suas amizades, que eram seu orgulho; para manter íntegra sua família, que era a sua paixão, para ser homem e ser gente, como você sempre desejou que eu fosse.

Hoje, eu não lhe mandarei o presente tradicional, mas depositarei flores em seu túmulo e elevarei fervorosas preces ao Deus Amigo, para que o tenha na eternidade e para que um dia me dê a suprema graça de unir-nos  de novo.



A Noite





A Noite

A noite permite o sonho,
Dá espaço ao que não vemos
Durante o dia; desejos
Que num afago, afogamos.

A noite dá corpo às almas,
Que a vagar, se encontram
Sob o brilho de um luar
Que paira noutro recanto.

A noite salva o encanto
E permite a fantasia...
Prepara, bem devagar,
Nova mesa para o dia

Que nasce, junto com o sol
Surgindo por trás do ontem
Até que em horizontes opostos
O sol e a lua se encontrem.


quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Corte & Costura



Quando eu era pequena, minha mãe tinha uma daquelas máquinas de costura Singer, de pedal. Ali, ela fazia vestidinhos e batas para nós, e também fronhas e lençóis para a casa. Lembro-me de uma calça de lã marrom que ela fez para mim, e na primeira vez em que usei, levei um tombo e rasguei-a no joelho... de castigo pela minha desobediência (minha mãe tinha mandado eu parar de correr algumas vezes, antes do tombo), ela a cerziu e tive que usá-la assim mesmo; morria de vergonha de ter que usar a calça cerzida no joelho!

Minha mãe também fazia nossos vestidos de festa caipira para o colégio, e uma vez, confeccionou meu vestido de noiva! Noiva caipira, é lógico.



Mas naquela máquina de costura, ela ensinou minhas irmãs a costurar. Uma de minhas irmãs, a Ester, aprendeu rapidamente: logo, ela estava costurando calças modelo pantalonas saint-tropez para a mulherada toda da vizinhança, e as calças que ela costurava, faziam o maior sucesso. Minhas outras duas irmãs também aprenderam logo, mas eu era uma negação... nunca consegui passar linha na máquina, muito menos, costurar.

Minha mãe tentou de tudo: bordado, tricô, crochê. O máximo que ela conseguiu, foi ensinar-me a pregar botões. Eu era - sou - uma negação em trabalhos manuais. Quem fazia as roupinhas para minha boneca Suzi (uma antepassada da atual Barbie), era uma amiga, cuja mãe trabalhava em uma malharia, e sempre tinha muitos retalhinhos coloridos em casa.



Aprendi a fazer pulseirinhas de palha, entremeadas de contas. Nisso, eu era boa! Chegava no colégio e trocava com as outras meninas por roupinhas de boneca, ou então, vendia e comprava mais continhas para fabricar mais pulseirinhas e colares. Eu amava fazer aquilo!




Já casada, eu tentei fazer fuxicos. Não, não estou falando de fofoca maldosa, mas daqueles pedacinhos de pano cortados em formato redondo e depois franzidos; quando se tem uma porção deles, a gente emenda os pedaços e faz colchas, almofadas e o que mais a imaginação mandar. Investi fundo na compra de retalhos. No começo, foi divertido, cortar os paninhos e sentar na rede para franzir os fuxicos, jogando-os num saco plástico ao ficarem prontos; mas na hora de montar a colcha... céus! Que desgraça... ficou tudo um horror, e minha fase-fuxico passou como uma ventania.

Não adianta; quem nasceu para lagartixa, jamais chega a jacaré. Não sei costurar, e pronto. Mas sei fazer um doce de abóbora que ninguém faz melhor!



Cedo ou Tarde




Cedo ou tarde,
Faz-se um silêncio
Pesado e denso
Dentro da gente.

 Foge a palavra,
Esconde-se, cala-se,
Resvala pela fresta da janela
Põe-se como o sol
Num horizonte mudo.

Turva-se o mundo,
Envolve-se em neblina
E nem que se tente,
Por mais que se tema,
A palavra não surge,
Não amanhece o silêncio
Não há poema.

E é como o ar que nos falta,
A luz que não brilha,
Verão sem cigarras,
Fogo sem calor,
Guitarra sem canção,
Canção sem amor...

E a alma  se perde,
Qual sombra a fitar-nos no espelho
Dentro de um olhar vazio
E taciturno.

E há de ser assim,
Para que não nos esqueçamos
De que palavra é dom,
E como dom,
É coisa dada,
Não nos pertence
E nos pode ser tomada.


Razão





Razão


Lembro-me bem;
Já passei por aqui,
Há muito, muito tempo...

Deixei beijos sobre as folhas,
Suspiros de encantamento
Ecoando entre estes muros.

Eu nada trouxe comigo,
-Nem levarei nada, eu juro,
Vim apenas de passagem
Sem pretender causar danos
Sem amassar o relvado.

Quero apenas reviver
Tentar saber se 'inda resta
Um pouco do que encontrei
Naquele tempo acabado...



quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Meu Adeus





MEU ADEUS
  poema de Idamar Caixeta Bornelli



Queridos pais, esta é a hora
Aqui deixo a minha despedida...
Agradeço o muito que fizeram
De grande e bom, em minha vida,

E estes pobres versos são lamentos
Dum coração que é partido agora.
Dele, metade a vocês se une,
Outra, comigo ir-se-há embora.

Vinte anos vivi, só de alegria
E, se hoje parto, fico aqui também
E o carinho recebido um dia
É o que levo de supremo bem!




Hoje que vou, cheia de esperança,
Sigo em busca da felicidade
Mas esta, se encontrar, será envolta
Num véu de doce e cruel saudade.

E quando a tristeza atingir minh'alma 
Relembrando meu passado aqui,
Chorarei sim, e então a calma
Virá em breve e me fará sorrir.

Pois a lembrança do que já vivi
Dar-me-há forças para prosseguir!
Hoje sou misto: dor e alegria
Sou hoje angústia e serenidade,
Hoje sou pesar e euforia,
Amanhã, eu serei, serei saudade!




E o lar que construirei lá fora
Será deste lar continuação;
E os frutos que meu amor tiver
Terão suas raízes neste chão.

Adeus, anjos queridos, na jornada,
As suas sombras seguirão comigo.
E se me ferir, um dia, a árdua estrada,
Sentir-me-ei consolada neste abrigo.





Nesta hora em que os deixo, pais queridos,
O amor mais puro no meu peito exala,
Um pesar atroz em meu peito grita;
E sinto assim que minh'alma se cala
Ante a dor cruel que esse adeus suscita!
E mal contendo nesta despedida,
As lágrimas que me embaçam o olhar,
Peço-lhes que orem pela nova vida
Desta filha que nunca os deixará de amar.



terça-feira, 6 de agosto de 2013

O Cão





Um cão raivoso,
Osso bem preso
Entre suas patas...

Nada lhe agrada,
Ou alivia
O seu pesar...
-Nada!

Uiva sozinho
Pelo caminho
Sonha com um mundo
Bem diferente...

Ele reclama 
Do osso duro
Da vida dura
Que há de roê-lo;

Ele reclama,
Do osso duro
E a si engana,
Pois não o larga
Nem o consome.

Morre de fome
O pobre cão
Sem ter ninguém
Que o assista...

Mas na verdade,
O que ele quer,
O que deseja,
É que lhe notem!

Então, rosnando,
Faz um buraco,
Enterra o osso
E deita sobre
A terra fofa.

Quem se aproxima
Daquele cão
Ganha um rosnado
E a exposição
De muitos dentes
Bem afiados!

Mas não; não larga,
Jamais entrega 
O osso duro
Que tanto odeia!


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