witch lady

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terça-feira, 26 de março de 2013

Paz




Enquanto me desfias, divirto-me,
Pois pensas que me desnudas,
Que achas novo planeta,
Quando nada em mim está sob,
Nada...

Rio da tua giga,
Do peso que pões em teu dorso...
Pois não é preciso esforço
Para desvendar o óbvio!

É só olhar nos meus olhos,
E verás o que desejas
(Ou talvez, o que não queres)
Sem sofreres qualquer opóbrio!

Pois de todos os mistérios
Que procuras desvendar,
Sou o menos misterioso,
Cedo ao peso de um olhar...

*

segunda-feira, 25 de março de 2013

DEVOÇÃO





Ama-me, este cão,
Cobre-me com seu olhar amado,
Deseja minha presença,
Quer-me ao seu lado,
Sem nem sequer pedir compensação.

Compreende-me em silêncio,
Não indaga,
Dedica-me o calor de suas patas,
E o seu amor sincero - devoção...

Ama-me, e como,
Este cão,
Esta inocente e pura criatura,
Que alguém mandou dos céus com a missão
De ser o meu anjo guardião...

Ama-me, sem nada pedir em troca,
A não ser, um pouco de carinho,
A não ser, uma gota de atenção.

*

Porta Fechada




Atrás da porta
Eu ando nua,
Me sento nua,
Faço o que quero.

Atrás da porta,
Eu me revelo,
Digo o que penso,
Faço o que quero.

Atrás da porta
Dentro da casa,
Eu sou mais eu,
Fecho a cortina,
Ninguém vê nada.

Atrás da porta
Vivo trancada
E mesmo assim
Existe gente
Incomodada...

*


Pedaço de Mim





Chico Buarque - Pedaço de Mim
Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar

Oh, pedaço de mim
Oh, metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais

Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu

Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi

Oh, pedaço de mim
Oh, metade adorada de mim
Lava os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor
Adeus




Das Marcas







...E quando eu me for, deixarei poucas marcas,
Todas rasas,
Perder-me-hei no vão das estradas
Por onde passa o esquecimento,
Apagando todas as pegadas.

Minha memória será breve,
Lavada pelo pranto igualmente raso
Dos que jamais me amaram ou compreenderam
Ou souberam, realmente, quem eu fui.

Talvez demorem-se um instante no caminho,
Olhando para trás, 
Enquanto um bando de pássaros em revoada
Carregam consigo o que restou de mim,
Para bem longe,
Para o infinito,
Onde esquecem-se as memórias.

Talvez meditem no enigma daquela
Estranha criatura, que nasceu
E cresceu entre eles, 
Sem jamais tornar-se como eles,
Uma alma caída não-se-sabe-de-onde,
Ou por qual objetivo.

Pois se hoje mesmo, sinto o quanto sou efêmera
Nos corações que cultivei
Por onde plantei flores que cresceram
E murcharam,
Negligenciadas.

Talvez seja melhor que eu seja assim,
Uma alma que passa, como uma nuvem carregada,
Que chove e cai na terra abençoada,
Fertilizando tudo, 
E depois retorna, evaporada,
Sem que seja lembrada,
Sem que seja notada.








domingo, 24 de março de 2013

ÍNFIMO










Aquela gota sobre a folha, 


Ínfima, 


A nuvem quase derretida, 


Qual fiapo de vida que passa, 


Mas deixa seu encanto em algum canto... 



A borboletinha que voa de manhã, 


Espalhando graça, 


Gotículas de chuva na vidraça... 


Pequeno besouro, tão perfeito, 


Que as asas parecem pintadas 


Pelo pincel de um grande artista 


De grandes efeitos... 



A minoria, desprezada, ignorada, 


A que dorme nas calçadas 


Com quem ninguém se importa, e quem sabe, 


Tenham a alma mais lavada! 


Suaves nuances de poesia, 


As sombras que aos poucos se transformam 


Trazendo a tarde, 


A noite, e outro dia... 



As coisas que nascem e morrem 


À margem de tudo aquilo 


Que a maioria considera importante, 


Passando despercebidas, 


Esquecidas... 



Vem e vão sem nenhum grito, 


Arrancam-lhes a dignidade 


E o direito de existir 


Violentamente, 


Com os ganchos da maldade! 



Disseram-me 


Que as minorias 


Deveriam ficar à margem 


Da vida, da sociedade, 


Pois nada tem a dizer 


Ou a acrescentar ao mundo... 


Devem permanecer no escuro fundo 


Da dor, do preconceito e do medo, 


Sem serem notadas, 



Como as pequenas gotas de orvalho sobre a folha, 


As borboletinhas, 


Os pequenos besouros 


E as nuvens efêmeras 


Cuja chuva nem toca o solo! 


Só tem direito à vida 


Quem é grande, normal, importante, 


Quem dita as regras às minorias, 


Regras que devem ser seguidas 


E jamais contestadas! 




Abaixo as pequenas coisas da vida, 


Abaixo as minorias, 


Abaixo a voz que tenta ser ouvida, 


Abaixo as palavras de Cristo 


Que disse que somos iguais, 


Abaixo!... 


Bem baixo, 


Por baixo de tudo, 


Sob o polegar imundo 


Daquilo que chamam justiça! 








memória






Às vezes, é bom 


Que a memória seja curta, 

Noutras, que ela se estique, 

Se lance no espaço 

E procure novamente 

Os braços do passado... 


Às vezes, é bom 

Que a vida tenha traços 

Marcantes e marcados, 

Das memórias boas, 

Vividas e partilhadas 

Pelos que se amaram. 


Às vezes, é melhor 

Que a memória esqueça, 

Para que a vida não apodreça, 

Para que o tudo não se perca 

Ante a ingratidão, 

A arrogância e o desprezo 

De quem nunca soube amar. 


A infelicidade e a insatisfação 

Hão de sempre deixar marcas, 

Qual profundos arranhões 

Naquilo que poderia 

Ter sido o mais bonito, 

O mais importante motivo 

Para recordar vida afora. 


Tudo tem sua hora, 

E quem sabe, um belo dia 

O orgulho e a arrogância 

Sejam amansados 

Pela constância e a humildade 

Da auto-observação? 


Quem sabe, assim, a alegria 

Substitua, de vez, 

A tristeza e a hipocrisia 

Daquele sonho abortado 

De quem jamais aprendeu 

A receber da vida, o dom 

De aprender a perdoar, 

De amar e ser amado?... 










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