witch lady

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segunda-feira, 25 de março de 2013

Porta Fechada




Atrás da porta
Eu ando nua,
Me sento nua,
Faço o que quero.

Atrás da porta,
Eu me revelo,
Digo o que penso,
Faço o que quero.

Atrás da porta
Dentro da casa,
Eu sou mais eu,
Fecho a cortina,
Ninguém vê nada.

Atrás da porta
Vivo trancada
E mesmo assim
Existe gente
Incomodada...

*


Pedaço de Mim





Chico Buarque - Pedaço de Mim
Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar

Oh, pedaço de mim
Oh, metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais

Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu

Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi

Oh, pedaço de mim
Oh, metade adorada de mim
Lava os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor
Adeus




Das Marcas







...E quando eu me for, deixarei poucas marcas,
Todas rasas,
Perder-me-hei no vão das estradas
Por onde passa o esquecimento,
Apagando todas as pegadas.

Minha memória será breve,
Lavada pelo pranto igualmente raso
Dos que jamais me amaram ou compreenderam
Ou souberam, realmente, quem eu fui.

Talvez demorem-se um instante no caminho,
Olhando para trás, 
Enquanto um bando de pássaros em revoada
Carregam consigo o que restou de mim,
Para bem longe,
Para o infinito,
Onde esquecem-se as memórias.

Talvez meditem no enigma daquela
Estranha criatura, que nasceu
E cresceu entre eles, 
Sem jamais tornar-se como eles,
Uma alma caída não-se-sabe-de-onde,
Ou por qual objetivo.

Pois se hoje mesmo, sinto o quanto sou efêmera
Nos corações que cultivei
Por onde plantei flores que cresceram
E murcharam,
Negligenciadas.

Talvez seja melhor que eu seja assim,
Uma alma que passa, como uma nuvem carregada,
Que chove e cai na terra abençoada,
Fertilizando tudo, 
E depois retorna, evaporada,
Sem que seja lembrada,
Sem que seja notada.








domingo, 24 de março de 2013

ÍNFIMO










Aquela gota sobre a folha, 


Ínfima, 


A nuvem quase derretida, 


Qual fiapo de vida que passa, 


Mas deixa seu encanto em algum canto... 



A borboletinha que voa de manhã, 


Espalhando graça, 


Gotículas de chuva na vidraça... 


Pequeno besouro, tão perfeito, 


Que as asas parecem pintadas 


Pelo pincel de um grande artista 


De grandes efeitos... 



A minoria, desprezada, ignorada, 


A que dorme nas calçadas 


Com quem ninguém se importa, e quem sabe, 


Tenham a alma mais lavada! 


Suaves nuances de poesia, 


As sombras que aos poucos se transformam 


Trazendo a tarde, 


A noite, e outro dia... 



As coisas que nascem e morrem 


À margem de tudo aquilo 


Que a maioria considera importante, 


Passando despercebidas, 


Esquecidas... 



Vem e vão sem nenhum grito, 


Arrancam-lhes a dignidade 


E o direito de existir 


Violentamente, 


Com os ganchos da maldade! 



Disseram-me 


Que as minorias 


Deveriam ficar à margem 


Da vida, da sociedade, 


Pois nada tem a dizer 


Ou a acrescentar ao mundo... 


Devem permanecer no escuro fundo 


Da dor, do preconceito e do medo, 


Sem serem notadas, 



Como as pequenas gotas de orvalho sobre a folha, 


As borboletinhas, 


Os pequenos besouros 


E as nuvens efêmeras 


Cuja chuva nem toca o solo! 


Só tem direito à vida 


Quem é grande, normal, importante, 


Quem dita as regras às minorias, 


Regras que devem ser seguidas 


E jamais contestadas! 




Abaixo as pequenas coisas da vida, 


Abaixo as minorias, 


Abaixo a voz que tenta ser ouvida, 


Abaixo as palavras de Cristo 


Que disse que somos iguais, 


Abaixo!... 


Bem baixo, 


Por baixo de tudo, 


Sob o polegar imundo 


Daquilo que chamam justiça! 








memória






Às vezes, é bom 


Que a memória seja curta, 

Noutras, que ela se estique, 

Se lance no espaço 

E procure novamente 

Os braços do passado... 


Às vezes, é bom 

Que a vida tenha traços 

Marcantes e marcados, 

Das memórias boas, 

Vividas e partilhadas 

Pelos que se amaram. 


Às vezes, é melhor 

Que a memória esqueça, 

Para que a vida não apodreça, 

Para que o tudo não se perca 

Ante a ingratidão, 

A arrogância e o desprezo 

De quem nunca soube amar. 


A infelicidade e a insatisfação 

Hão de sempre deixar marcas, 

Qual profundos arranhões 

Naquilo que poderia 

Ter sido o mais bonito, 

O mais importante motivo 

Para recordar vida afora. 


Tudo tem sua hora, 

E quem sabe, um belo dia 

O orgulho e a arrogância 

Sejam amansados 

Pela constância e a humildade 

Da auto-observação? 


Quem sabe, assim, a alegria 

Substitua, de vez, 

A tristeza e a hipocrisia 

Daquele sonho abortado 

De quem jamais aprendeu 

A receber da vida, o dom 

De aprender a perdoar, 

De amar e ser amado?... 










Sílabas






Enquanto escrevo, brotam as ideias. Geralmente, é assim; sento-me para escrever, e as ideias brotam, e não o contrário. Quando elas brotam antes que eu me sente para escrever - ou em momentos nos quais isto é impossível, porque encontro-me longe de lápis e papel, ou em alguma situação na qual escrever não é possível - as palavras fogem e não voltam nunca mais, nem que eu tente durante horas.

Adoro sentir as sílabas enquanto martelo as teclas do computador. O ruído das teclas sendo pressionadas, para mim, é o ruído da vida... mas também gosto de sentar-me lá fora com lápis e um caderno ou agenda velhos, e deixar os pensamentos fluírem. É como um exercício de autoconhecimento, e muitas vezes eu sinto que, se não fosse pelo que escrevo, se não fossem as sílabas que me procuram e me revelam, eu já teria sucumbido a alguma força externa que me destruiria. Talvez, tivesse enlouquecido!

Penso que todo mundo precisa ter uma válvula de escape. Alguns caminham, outros, pintam quadros, outros fazem análise, outros compõe músicas, e outros escrevem. Existem várias formas de expressão que nos permitem continuarmos razoavelmente sãos. Cada um deve encontrar a sua. 

Outra coisa que amo fazer, é observar a natureza. Não consigo ficar sem fazê-lo, nem que seja por apenas cinco minutinhos ao dia. É a minha outra forma de higiene mental. Quando dá, eu fotografo as coisas que eu vejo; aquele raio de sol no ângulo da parede, a flor que acabou de brotar, um passarinho, uma montanha, uma folha, uma paisagem... momentos que, se alguém não estivesse ali para captar, ficariam perdidos.

Lembro-me do meu primeiro telefone celular com câmera; cheguei a escrever uma crônica sobre ele! De repente, eu tinha todas as imagens que desejava aos meus pés, e saí feito louca fotografando tudo e todos. Ao colocar as imagens no computador, pensei: "Ok, e agora, o que fazer com tudo isso?" Eu ainda não sabia, mas continuei fotografando. O celular era simples, e as imagens, (até hoje são), amadoras... mas era a minha maneira de ver as coisas. Daí, entrei para um site de escritores e passei, após um tempo, a ilustrar meus textos com aquelas imagens. Pura diversão...

Tenho observado uma moça blogueira de Portugal, Piedade Sol. Vejo que talvez ela tenha começado como eu... no início, fotografava e compartilhava no Google +; agora, vi que ela tem um blog onde posta suas fotos e escreve sobre o que fotografou. Adoro visitá-la. E as imagens estão cada vez melhores.

Assim, a gente vai se divertindo, pois afinal de contas, o que é que vale a pena na vida, a não ser aproveitar da forma que a gente conseguir e da melhor maneira possível, fazendo aquilo que nos deixa felizes?


A Vida é...






A vida é imprevisível, caprichosa, misteriosa, bandida. Todo mundo já ouviu uma destas afirmações alguma vez... na vida. Porque a vida é um cliché, e ao mesmo tempo, uma caixinha de surpresas. Como entender a vida? Melhor nem tentar muito, e ir vivendo-a como der, aceitando as coisas que ela impõe e não faz o favor de explicar. Mesmo assim, a vida ensina; aprende quem quiser.

E é triste constatar que muitas vezes a vida reapresenta situações, como as reprises de um filme antigo, porque ela quer que as pessoas aprendam alguma coisa, atentem para algum detalhe da história que elas não viram antes - porque foram até a cozinha pegar batatas fritas, ou foram ao banheiro durante o filme. Ou, simplesmente, caíram naquele sono quase hipnótico que o filme da vida, através da rotina, nos impõe. Bem, a vida passa uma ou várias  reprises, e nem assim as pessoas atentam para os detalhes; apenas prestam atenção ao sofrimento que vem com aquele padrão de repetição.

E o mais incrível, é que ao passar novamente por aquele caminho tortuoso, as pessoas até pensam, durante os piores momentos, que alguma coisa precisa ser mudada. Que se tiverem uma nova chance, farão tudo diferente. Que prestarão mais atenção ao que realmente importa dali por diante. Daí, passado o sofrimento, caem novamente na rotina da ignorância, voltam a repetir os mesmos padrões dormentes de comportamento e percepção. E voltam a sofrer. 

Tem gente que leva mais tempo para aprender, e tem gente que levará muitas vidas até perceber as coisas. Cada um tem o seu ritmo. Mas a preguiça e a má vontade não ajudam em nada... 

Eu olho em volta, e percebo. E fico triste porque eu realmente pensara que elas mudariam, passando a enxergar as coisas de uma forma mais amorosa e altruísta. Que o sofrimento as modificaria, trazendo mais clareza e compreensão, fazendo com que elas se sentissem mais como todas as outras pessoas: vulneráveis. Ao invés disso, elas tornam-se ainda mais duras, resistentes, julgadoras, orgulhosas. E continuam lutando por coisas que elas sabem que não trarão felicidade, pois mesmo depois de as terem obtido, elas não se viram felizes! 

E continuam a ignorar o que elas deveriam ter como a coisa mais importante da vida: o amor. Mas o que é o amor, senão mais um cliché?


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