witch lady

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segunda-feira, 26 de março de 2012

Rápida Crônica Nascida da Bruma


Leve e rápida como a névoa que se dissipa sob os primeiros raios da manhã, assim deverá ser esta crônica. Ela ainda cheira a café recém-coado, e espreme-se, ansiosa, entre a vontade de nascer e a lida do dia, que me aguarda. Uma crônica de significados sutis.

Queria falar da beleza do acordar e sentir sob os pés os fios molhados de grama, em uma temperatura matinal de apenas onze graus. Ver-me refletida nos olhos amados de minha cadelinha Latifa, e poder tocar seu pelo macio e receber sua alegria como o segundo presente do dia.

Alguém me disse há alguns dias: "Viver bem e agradecer, é isto o que nos resta!" É isto que estou fazendo, a cada manhã e a cada fim de noite.

O sol agora já engoliu quase toda a neblina, e as gotas de orvalho brilham, enquanto morrem sobre o gramado, voltando ao lugar de onde vieram - o céu, em nuvens de vapor. Será que conosco?... Não; prometi que esta seria uma crônica leve.

E nasce esta crônica simples, feita da matéria etérea dos meus pensamentos, cuja alma deito sobre o teclado, e que faz-se visível e corpórea na tela.




domingo, 25 de março de 2012

MAR DE SANGUE







Já não posso navegar
Por esse mar de sangue
Cujas águas são tão densas,
Que quebraram-se meus remos...


E a ilha que eu desejo
Fica sempre mais distante!
Já não posso navegar
Por esse mar de sangue!


O meu barco, antes sereno,
Hoje teme o abissal
De onde nascem tantos monstros...
(Todos de água e de sal?...)


Já não posso navegar
Por esse mar de sangue,
Minhas velas se rasgaram,
Nem o vento a me levar...


Já não há nem mesmo um porto,
Um cais para onde voltar,
Estou só e sem guarida
Bem no meio desse mar!


Talvez haja uma saída
Se eu me deixar afundar, 
Pois sobre esse mar de sangue,
Já não posso navegar!



Para o povo do Afeganistão, que navega há tanto tempo entre o sangue, o medo e os monstros.

CEM MIL



Cem Mil


Havia cem mil,
Dos quais cinquenta
Não tinham face,
Uma falácia...
Destes cem mil,
Cinquenta mil no éter
De uma falsa existência,
A façanha de viver
Múltiplas vidas 
Mortas em uma...

Entre os cem mil, 
apenas cinquenta
Eram de verdade.

Aplausos!!!
Risos...

Palavras







Para um bom entendedor
Meia palavra não basta...
A metade de uma letra
Jamais forma uma palavra.

Pelo crivo que me passas
De mim, quase nada resta,
E no fim da tua festa
Meu champanhe se estraga.

A metade de uma boca
Jamais diz alguma coisa
Que nos seja inteligível
Que nos faça algum sentido...

A palavra, se cortada,
Só dirá meias verdades,
Palavras despedaçadas
Em algum texto ilegível.

Que a beleza sobreviva,
Que a verdade seja dita,
E, que de cabeça erguida,
Caminhemos nessa lida!...



Mulheres Afegãs



Elas varrem a poeira
Que se deita sobre as coisas
E que se gruda, em camadas,
Nas mobílias e vassouras.



A poeira sempre volta,
Vem nos ventos e sapatos,
Nas palavras e nos atos
Seculares, imutáveis...


Elas cortam as cebolas
Que provocam sempre o choro
Por aquilo que não foram
E jamais virão a ser.


Elas parem muitos filhos,
Elas calam e consentem
Já nem sabem o que sentem,
Não desejam, jamais brilham...


São dadas em casamento
A quem elas jamais amam,
A quem nunca há de amá-las
Com total indiferença...


Pois uma mulher não pensa,
Não opina, não contesta,
Com os olhos baixos, varrem
A poeira, após a festa.



Não conhecem a esperança,
Dormem sempre um sono leve
Que fará com que despertem
A qualquer sinal de sonho.


Não conhecem outra vida,
Todas são cópias exatas,
São mulheres xerocadas,
E em série produzidas.










ESTÁTUA ENTERRADA






No meio da lama, a face
Encovada.
Dura, rígida, de pedra,
Órbitas vazias,
Face rachada.


Era a face de um santo,
Mas não sei qual santo era,
Tinha as palmas bem unidas,
E um semblante de fera.


Desenterrei, com as mãos,
O resto da estátua.
Meu sangue pingou no chão
Pela fé desenganada...


Santo, santo, se ao menos
Eu soubesse teu nome,
Quem sabe, falava contigo
Sobre a minha fome...




quarta-feira, 21 de março de 2012

Jamais Peço Perdão!






Jamais peço perdão

Se não estou errada,

Não embarco por escolha

Em canoa furada,

Não calo a minha voz,

Não entro em contra-mão,

Não deixo o eu por nós,

Eu não peço perdão!




Não costumo voltar

Pra onde não me querem,

Não choro por aquilo

Que já não mais me serve...

Meu viver é tranquilo,

Eu não me aborreço

Mas eu sou toda ouvidos

Para perdoar seu erro!




Só não venha pedir-me

Para que eu me desculpe,

Pois nada fiz de mal

Para que alguém me culpe!

Jamais peço perdão

Se eu não estou errada,

E nem sou de chorar 

Por água derramada!




Existem sempre aquele

Que aponte e que me julgue,

Sem tentar compreender

Os meus reais motivos..

Existe uma coisinha

Que muito me atrapalha:

Acima da saudade

Coloco a dignidade!




Não, eu não peço perdão

A alguém que me destrata,

Me pisa, me escurraça,

Depois, diz que me ama...

Mentira eu não aprovo,

Não quero fazer drama,

Qual cobra, eu me renovo

Me solto dessa trama!




Não sou de me arrastar

Por onde não me querem,

Andar por entre sombras

Ter a boca tapada!

Eu não peço perdão,

E se depender disso

É o fim da nossa história,

E vai ficar por isso...






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EU SÓ TENHO UMA FLOR

  Eu Só Tenho Uma Flor   Neste exato momento, Eu só tenho uma flor. Nada existe no mundo que seja meu. Nada é urgente. Não há ra...