Te deram uma estrela ao nascer,
E era absinto...
Teus olhos infantis e inocentes,
Sonhavam com o amor simplificado,
Mas que mostrou-se inconsistente.
Numa tarde fria, entre lágrimas,
Tu me disseste: “Eu só queria ser feliz!”
Mas eu não pude dar-te alegria,
Não, não era eu tua fada madrinha!
As flores coloridas e formosas
Com as quais enfeitaram teus caminhos,
Eram todas elas, venenosas
E cheias de espinhos!
A felicidade que tanto desejavas,
Veio em curtos lampejos,
Fracos relâmpagos, entre raios e trovoadas,
E noites negras de puro medo!
E foram noites longas e arrastadas,
Sem sinais de qualquer amanhecer.
Os deuses para os quais rezavas
Eram todos obscenos, e não te salvaram.
-Será possível que alguém já nasça
Com esse signo, esse cálice de dor
Derramado na alma, destinada
A só penar, a só sofrer?
Finalmente, o teu amanhecer,
O ato final dessa peça sem ensaio,
A chuva benfazeja, após o raio;
Sobre tua vida, o selo da sorte,
Parece-me que o anjo cujas asas tocaste
E cujos olhos jamais viste
(Mas que também eram tristes)
Estendeu-te a mão, e te sorriu.
A tua estrela, o absinto,
Há de brilhar, e transformar-se em outra coisa,
Em giz de luz, para que escrevas em tua lousa
Entre flores e perfumes de jasmim,
A tua última palavra – aliviada: “FIM.”
Para Rosane