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terça-feira, 14 de junho de 2022

LOW-PROFILE




AS VANTAGENS DE TORNAR-SE LOW-PROFILE

Nesses tempos de redes sociais, biquinhos de selfie e busca incessante por ‘likes’, seguidores  e comentários, tornar-me low-profile pode parecer estranho. Porém, não aparecer muito e não postar loucamente nas redes sociais significa ter muito mais tempo para viver a vida de verdade aqui fora; isso quer dizer ter mais tempo para ler, escrever, trabalhar e cuidar de mim, entre outras coisas.

Minha memória e concentração também estão bem melhores agora! Antes, mal tinha paciência de focar em uma leitura por um longo tempo. Agora, voltei a ler meus livros. A pilha dos livros para ler está diminuindo. Redescobri o prazer de ler, de passar horas sentada no jardim na companhia dos meus livros impressos e do meu Kindle. 

Minha conta de Facebook (aquele mundo à beira da extinção) é bastante blindada e tem apenas 26 amigos, todos pessoas que conheço pessoalmente, e só é mantida para que eu saiba as datas de aniversário dos membros da família, pois eu sempre me esqueço. Raramente posto alguma coisa.

Minhas contas de Instagram (eu tinha quatro delas, onde publicava sobre diferentes assuntos) foram deletadas; não, eu não as desativei. Deletei mesmo! Só ficou uma, porque perdi a senha e não consigo mais entrar nela a fim de deletá-la. Tentarei fazer isso de novo quando tiver tempo livre.

As vantagens de ser low-profile tem sido muitas, além das acima mencionadas. Me sinto mais leve. É como se uma tonelada de julgamentos e energias negativas tivessem sido magicamente removidos dos meus ombros. 

As redes sociais são espaços onde as pessoas tentam mostrar o quanto suas vidas são maravilhosas, seus relacionamentos, perfeitos, suas peles e cabelos, incríveis (através de fotoshop) e suas mentes, “brilhantes.” Ninguém enxerga nada além de si mesmo. E quando enxergam, é para criticar ou espalhar inveja; raramente para admirar ou apreciar.

Segui o conselho de Elon Musk: saí das redes sociais. E minha vida está bem melhor.








 

sexta-feira, 10 de junho de 2022

FUTILIDADE

 


Os motivos pelos quais as pessoas se odeiam ou guardam ressentimentos umas das outras são, quase sempre, fúteis.


Às vezes
O ressentimento
Vem de um espelho invertido
Onde alguém se mira
E enxerga outro rosto
Que nunca foi
Ou jamais será
Seu próprio rosto.

É abominável,
E incompreensível
Que um mero sorriso
Possa erguer no outro
Altas labaredas,
Ígneas paredes
De puro desgosto.

E a cada dia, aumentam
As distâncias ressentidas,
Pois a dor de querer ser
O que não se pode na vida,
É voraz, insuportável,
Tanto para quem deseja
Quanto para o objeto
Que é sempre desejado.








quarta-feira, 8 de junho de 2022

O CASAMENTO É UMA INSTITUIÇÃO FALIDA?

 




Refletindo sobre este assunto após ler um artigo que usei em uma das minhas aulas de inglês, cheguei à seguinte conclusão: o casamento não é uma instituição falida, mas uma instituição diferente. 

Nos dias de hoje, ninguém mais pensa em casamento como sendo um compromisso indissolúvel, onde o homem é o chefe da casa e o autor da maioria das decisões, enquanto a mulher é o ponto de equilíbrio da família, devendo cuidar praticamente sozinha da educação dos filhos e dos cuidados com a casa. As mulheres mudaram sua posição dentro da sociedade, e tornaram-se profissionais competentes que trabalham fora e têm outras prioridades na vida além da família. 

Porém, quanto aos verdadeiro papel da mulher dentro da sociedade e da família, em teoria, é exatamente o que escrevi acima, mas na prática, as mulheres continuam, em sua maioria, sendo responsáveis pela maior parte do trabalho de casa (ou todo ele) e pela educação dos filhos, e embora sejam profissionais, continuam ganhando menos que os homens e em algumas situações, ocupando cargos inferiores.

Mas voltemos ao tópico deste texto, que é o casamento. 

Ninguém mais se casa nos dias de hoje pensando que casamento é para sempre; é como se casamento fosse um negócio, uma sociedade que pode ou não dar certo, e no segundo caso, cada um não hesitará em procurar outro sócio e abrir outro negócio. Eu sinto que não existe mais interesse em esforçar-se para que o casamento dê certo; ninguém tem paciência de conhecer o outro, conviver com defeitos ou consertar os próprios defeitos a fim de se adaptar à vida a dois. 

Por um lado, isso é bom, pois ninguém mais perde a vida inteira tentando sobreviver em uma relação falida e infeliz; mas, por outro lado, isso é ruim, pois ninguém mais dedica um pouco de esforço que seja para tentar fazer dar certo, despedaçando sem dó uma família por motivos às vezes fúteis, como a pasta de dente aberta, a toalha molhada sobre a cama ou preferências diferentes no canal de streaming. 

O que eu penso ser a pior coisa de um casamento? A Síndrome de Gabriela (para quem não sabe, lembrem-se daquela música cuja letra diz “Eu nasci assim, eu cresci assim, e sou mesmo assim, vou ser sempre assim”). A falta de motivação para mudar, para se empenhar em fazer dar certo, o cuidado em não continuar cometendo sempre os mesmos erros. Quase tudo pode ser resolvido através de uma conversa, mas quando, após a conversa, as coisas continuam voltando a ser como eram antes, as pessoas se cansam de tentar, pois não enxergam nenhum desejo ou vontade real de mudança vindo da outra parte. Isso desgasta o casamento. E nem mesmo o amor mais forte do mundo resiste à má vontade e à teimosia. 

Um outro ponto é o seguinte: eu acredito que todo mundo que se casa precisa ser inteiro. Essa coisa de procurar pela “cara-metade” é doentia. Ninguém quer ser metade. Isso significa dependência, e nada mais chato do que uma pessoa grudenta, chorosa, que vive cobrando atenção. Mas isso não quer dizer que não deva haver momentos em que um precise ceder um pouco para se adaptar àquilo que o outro deseja fazer; se ela gosta de praia e ele de montanha, que ambas as preferências sejam respeitadas, e as férias sejam programadas para satisfazer a ambos. Se ela gosta de filmes românticos e ele de ficção científica, não há nada mal em respeitar e incentivar o gosto do outro, assistindo com ele (a) um filme de sua preferência. 

Uma outra coisa que pode acabar com um casamento, são as promessas quebradas; “Eu vou melhorar! Vou tentar chegar mais cedo do futebol / passar menos tempo com as amigas/ ajudar nas tarefas de casa.” Uma fileira de promessas quebradas são como rachaduras que vão aumentando, aumentando, até que a estrutura toda desaba. E isso pode levar meses ou anos.

E finalmente, uma das coisas que mais contribuem para que alguém queira manter a maior distância possível do outro (mesmo que tal distância seja emocional), é a grosseria. Falar alto, não escutar o que o outro tem a dizer, ridicularizar a opinião do outro, humilhá-lo na frente dos amigos ou familiares, chegar em casa de mau humor por causa do trabalho e “descontar” no cônjuge, tornar-se emocionalmente distante e pensativo, excluindo o outro do seu mundo pessoal, e ao ser indagado quanto aos motivos de tal distância, tornar-se verbalmente agressivo ou responder monossilabicamente, evadindo-se de uma conversa. 

Viram que eu nem falei sobre sexo? Porque o sexo vai bem quando tudo vai bem. Se o sexo está ruim, isso é uma consequência. A distância física começa com a distância emocional. E na minha opinião, quando um dos cônjuges nem se preocupa mais em tentar vencer a distância emocional, é porque o casamento está por um fio. Não há como vencer uma distância emocional quando um caminha na direção do outro enquanto ele se afasta.

Um bom relacionamento é feito de lealdade, reconhecimento, cumplicidade, amizade, sinceridade, carinho, atenção. Um casamento pode acabar quando aquele que sempre tenta consertar as coisas acaba se cansando, e de tanto ser ignorado e deixado de fora, tem a impressão de que está assistindo a um mesmo filme pela enésima vez, e já sabe o final da história.



 


sábado, 4 de junho de 2022

NOITE

 



Não consegui dormir.

Há tantas coisas acontecendo debaixo do silêncio de uma simples e inocente noite. Nesse exato momento em que estou aconchegada à maciez dos meus cobertores, escutando os grilos e a chuva fininha que cai lá fora, do outro lado do mundo, pessoas se encolhem de medo ou de fome.

Eu acho que sou uma pessoa de sorte – quem sabe, porque eu não sei o que o amanhã me reserva. E acho que é melhor não saber mesmo. Os arcanos tentam me mostrar o que eu, conscientemente, não quero saber. Mas não resisto a uma rápida olhada nas figuras das cartas, que me contam segredos e presságios. Penso que algumas delas podem estar mentindo. Isso me ajuda a continuar. 

Digo a mim mesma para ter fé. E é fácil ter fé quando tudo vai bem. Mas a fé verdadeira é aquela que resiste até mesmo àquilo que eu jamais desejaria que acontecesse. Peço a um Deus que eu não conheço que não teste a minha fé. 

Eu às vezes gosto de ficar sentada no gramado, apenas contemplando. Sempre na companhia dos meus cães. Esses momentos são cheios de paz. Meu pequeno mundinho protegido parece ser um lugar seguro, e eu vivo na ilusão de que ele seja, mesmo sabendo que não é. Acredito que as nossas pequenas ilusões – aquelas, que construimos para dar sentidos à vida, porque no fundo, achamos que a vida não tem muito sentido -  nos ajudam a caminhar.

Mas a vida é tão bonita quando a gente olha para dentro, ou então quando a gente olha para um lá fora que é feito de coisas simples, como cães, árvores, grama, passarinhos cantando, estrelas, barulho de chuva, orquestras de grilos ao anoitecer...

Meus momentos mais verdadeiros são aqueles em que estou cuidando das minhas coisas, lavando a minha louça, varrendo o meu chão. Porque são momentos em que eu estou completamente dedicada e integrada às minhas pequenas tarefas. E sinto que as coisas mais bonitas, são justamente aquelas com as quais ninguém se importa.

Então eu agradeço. Não sei bem a quem, mas eu agradeço, e o sentimento de gratidão vai me limpando de todo e qualquer desejo, de todos os meus miasmas.






quarta-feira, 1 de junho de 2022

CONTEMPLAÇÃO

 



Aqui, nesse jardim

Onde eu me sento,

Não há espaço para os apegos.

Um dia flor, perfume, cor,

No outro, dor, miolo, chão,

Semente.


Um dia canto, voo, liberdade,

No outro, apenas

As penas pelo chão,

Corpo vazio de ave.


O sol nasce e se põe, todos os dias,

Mas nem isso é verdadeiro,

Pura ilusão, estarmos parados

Ou nos movermos.


Não há razão para a saudade,

Pois nada morre,

E nada nasce,

Tudo é passagem.


Eu penso ver todas as coisas,

Mas há mil coisas 

Que eu nem enxergo

Ou imagino

Que esteja lá (Mas onde é Lá?)


Esse jardim

Onde eu me sento,

Onde contemplo,

É como um templo

Que desafia

O próprio tempo

(Que nem existe).





segunda-feira, 30 de maio de 2022

ENXURRADA

 

 

 

Enxurrada

 

Eu, sentada,

Céu por cima,

Enxurrada,

Chuva fina...

 

E na água,

Passam os pontos de exclamação,

Afundando e emergindo,

Afundando, e indo...

 

Minha vida,

Minha lida,

Minha história

Quase escrita...

 

E na água,

Passam os pontos de interrogação,

Afundando e emergindo,

Afundando, e indo...

 

O passado,

As histórias,

As memórias,

As ausências...

 

E na água,

Passam parênteses não preenchidos,

Afundando e emergindo,

Afundando e indo...

 

O futuro,

Os dilemas,

As promessas,

E seus cacos...

 

E na água,

Passam os tremas e as reticências,

Afundando e emergindo,

Afundando e indo...

 

Eu sentada,

Eu olhando,

Eu parada,

Eu sonhando...

 

 



terça-feira, 24 de maio de 2022

O Céu Me Trouxe




Eram tardes como a de hoje, de céu vermelho. Eu me sentava à mesa da cozinha a fim de fazer meus deveres de casa, ou então para ajudar minha mãe a escolher o feijão (gostava de separar os feijões coloridos para brincar mais tarde). Enquanto isso, ela ficava entre a pia e o fogão, cozinhando o jantar, lavando a louça, cortando os legumes. E naquelas tardes surgiam as histórias.

Eram sobre os tempos em que ela tinha sido criança, e que por ter perdido a mãe muito cedo, precisou ficar sendo cuidada por várias pessoas diferentes enquanto meu avô ia trabalhar – e nem sempre, tais pessoas a tinham tratado bem. Finalmente, devido aos maus tratos, ele conseguiu vaga para ela em uma escola interna, onde ela passou a viver dos quatro até os dezoito anos de idade. E minha mãe me falava de muitas coisas: das freiras do colégio interno, algumas muito boas, outras muito más, das colegas de classe, do enorme dormitório com as caminhas arrumadas lado a lado, do banho coletivo gelado de manhã bem cedo em uma época em que Petrópolis era uma das cidades mais frias do sudeste, dos insetos encontrados às vezes na comida, e que as meninas eram instruídas pelas freiras a tirar do prato e continuar comendo. Havia o porão, onde viviam dezenas de gatos; havia a horta onde as meninas trabalhavam; havia a palmatória para punir as meninas mais travessas e desobedientes.

Às vezes, minha mãe pegava a caixa de fotografias e me mostrava velhas fotos amareladas de família, da “Italianada”, como a gente costumava se referir aos parentes que tinham vindo da Itália. Ela me apontava as pessoas na foto e dizia seus nomes, e um pouco sobre quem eles eram. Pena que não consigo mais me lembrar de todos aqueles nomes, embora os rostos tenham se tornado tão familiares.

Ela me contava histórias sobre como ela e meu pai tinham se conhecido – ele, um rapaz pobre, o mais velho de treze irmãos, que precisou começar a trabalhar muito cedo para ajudar a família, passava em frente da casa da prima com quem ela morava quando deixou a escola. Meu pai usava tamancos de madeira, e ela corria para a janela quando escutava o ruído dos tamancos nos paralelepípedos. 

Mais tarde, quando se casaram, meu avô cedeu para eles uma casa que pertencera aos seus pais, meus bisavós, em um bairro onde nada existia ainda. As outras casas do bairro foram sendo construídas ao longo dos anos, e hoje é um dos bairros mais populosos de Petrópolis. 

A casa de minha mãe, onde todos nós nascemos e crescemos, ainda existe. Uma de minhas irmãs vive lá. Ainda existem as marcas feitas à faca no portal, marcando o quanto eu estava crescendo; as enormes janelas de venezianas ainda são as mesmas. O forro de madeira do teto, apesar de bem velho, ainda está por lá. E ainda circulam por lá os fantasmas dos meus bisavós, avós, pais e de outras pessoas da família que viveram naquela casa e que lá morreram.

Hoje esse céu vermelho e o mês de maio - quando minha mãe aniversariava - me fizeram lembrar daquela casa.




segunda-feira, 23 de maio de 2022

REPTILIANO?



A respeito da visita de Elon Musk ao Brasil, era de se adivinhar o resultado. Como ele chegou aqui a convite do Presidente Bolsonaro e sua equipe, imediatamente uma porção de supostos "podres" começaram a surgir na imprensa sobre o empresário e criador da Starlink - desde que estaria envolvido em escândalos sexuais e subornos, de que teria um péssimo relacionamento com os filhos, de que seria o anticristo e até mesmo - pasmem! - a novidade em um site espírita de uma "iluminada", que se diz portadora de mensagens alienígenas, de que Musk seria reptiliano (supostamente, uma raça alienígena conhecida dessa senhora e de outros "seres de luz"  cujo objetivo é dominar o planeta Terra). 

Ora, se Elon Musk tivesse vindo a convite de Lula, com certeza estaria sendo apontado como sendo o novo Messias ou a reencarnação de Miguel Arcanjo.

As pessoas perderam totalmente a noção do plausível. Fico me perguntando como uma espírita com centenas de milhares de seguidores afirma uma idiotice dessas, sabendo que sua influência sobre seus seguidores fará com que uma onda de ódio se levante contra um ser humano que pretende levar conexão de qualidade a 19 mil escolas em áreas rurais e também monitoramento que servirá para ajudar na preservação da Floresta amazônica. 

Ao mesmo tempo, a "espiritualizada criatura" mostrou-se mal-informada ao afirmar que Elon Musk deveria fazer caridade, já que tem tanto dinheiro. Com certeza, seus guias espirituais falharam ao informá-la de que comprovadamente, em 2021, o empresário fez doações à caridade que somam 5,74 milhões de euros.

Segundo informações do site Yahoo Finanças, "Elon Musk, CEO da Tesla, doou cerca de R$ 29,5 bilhões em ações da fabricante de carros elétricos para caridade. De acordo com documentos apresentados à Securities and Exchange Commission (equivalente à Comissão de Valores imobiliários aqui no Brasil) entre 19 e 29 de novembro do ano passado, 5.044.000 ações foram transferidas para organizações filantrópicas."

Mas com certeza isso não vale uma ideologia. 

A internet está pululando de falsos profetas e pessoas supostamente espiritualizadas, que através de afirmações aparentemente canalizadas da espiritualidade através delas, estão dominando as mentes fracas de milhões de pessoas. Mas eu fico aqui só imaginando  onde esses canos que estão canalizando tais mensagens estão introduzidos...




 

quarta-feira, 18 de maio de 2022

O MONSTRO DO OUTRO LADO

 



“Não concordo com você.”

Esta simples frase, nos dias de hoje, é o suficiente para que se comece uma discussão com alguém – não uma discussão saudável, no sentido de troca de ideias e crescimento, mas no sentido de expressar agressividade, de necessitar demonstrar o quanto as minhas ideias são mais inteligentes, mais arrojadas. 

Quem não pensa como eu é burro, e pronto. Eu posso até ter acabado de conhecer alguém que eu começo a admirar, quando de repente, tal pessoa diz alguma coisa com a qual eu não concordo, e o verbo a ser conjugado vira imediatamente “cancelar.” Cancelo quem não concorda comigo, quem não gosta das mesmas coisas que eu gosto, quem não me obedece.

O mundo de hoje é um lugar enorme, cheio de pessoas vivendo em caixinhas, panelinhas, grupinhos, entrincheirados em suas próprias convicções, achando-se cheios de razão e propriedade. Ao mesmo tempo, vemos o filósofo incontestável, que por ter estudado a vida e a obra de vários outros filósofos, acha-se acima da maioria das pessoas, e por isso, tudo o que diz tem que ser endossado e aceito; quem não concorda, é burro. E quem concorda com tudo o que ele diz, nem percebe que, na maioria das vezes, ele está apenas repetindo alguma coisa que ele leu, algo que alguém que morreu há muitos anos disse um dia. 

Vemos os professores donos da razão, os políticos de bom coração, os coaches da positividade tóxica, os (péssimos) influenciadores digitais, todos cegos, guiando uma multidão de gente igualmente cega. Mas pelo menos, eles têm o dom da palavra, que muitas vezes lhes confere a capacidade de convencer aos que não o tem de que eles estão perdidos e necessitam de ajuda. 

Basta abrir uma página qualquer na internet e encontraremos gente pobre ensinando os outros a ficarem ricos, pessoas que já se casaram e se divorciaram várias vezes ensinando o segredo dos relacionamentos felizes, pessoas que fazem cursos de uma semana e se acham aptos a guiar e aconselhar os outros. Criam-se princípios que ninguém sabe de onde surgiram; coisas como:

- Existe um anjo/ um Superhomem/uma Mulher Maravilha dentro de você.

- Você é especial para Deus.

- Você tem o poder de realizar absolutamente tudo o que você quiser.

- Se você não é totalmente feliz a maior parte do tempo, está fazendo tudo errado.

- Se você não defende tal ideia/político/ideologia, você é um preconceituoso, nazista, fascista, esquerdinha, bolsominion, xenófobo, ignorante, BURRO.

Está cada vez mais chato viver nesse mundo, fazer parte dessa geração. Viver não é mais natural. Viver é sobreviver até o próximo embate e tentar não ser cancelado ou ridicularizado. Viver é tentar se adaptar àquilo que esperam de você e tentar agradar a todos. Viver é socar suas emoções lá para dentro, pois é feio sentir coisas como medo, raiva, indignação, tristeza, luto. 





segunda-feira, 16 de maio de 2022

ECLIPSE





Entre as folhas, ao erguer dos olhos,

A surpresa entre o risonho girar dos planetas

Que parecem estar sempre parados.

Deito confortavelmente a cabeça na cerca,

Desprendo-me do peso do corpo cansado

Enquanto sonho.


Leve, esta é a palavra,

O meu adjetivo atemporal nesse momento

Que me transporta para bem além do tempo

A um templo onde eu era, antes de ser.

Dissolvo-me morta no pó das estrelas,

Empresto meu sangue ao sonho da lua

Que nele mergulha, e me bebe inteira.





Parceiros

Wyna, Daqui a Três Estrelas

Este é um post para divulgação do livro de Gabriele Sapio - Wyna, Daqui a Três Estrelas. Trata-se de uma história de ficção científica, cuj...