witch lady

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quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Translucidez









Translúcido dia
Paisagem leitosa
A lágrima desce
No rosto da rosa.

Pinheiros e cedros
Se alinham tão sóbrios,
Um cheiro bem fresco
No dia sombrio.

Um pouco de frio,
Um coração ébrio
Um peito vazio
De festa ou de tédio.

E eu vou passando,
E tu vais passando,
As nossas histórias
Nos véus da memória.

E o véu se desfaz
Por entre a neblina,
Translúcidos dias,
Translúcidas vidas.





quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Como Começar a Construir Frustações


Daí, de repente você olha as pessoas perfeitas do comercial de TV e começa a pensar...


Então... o Youtube está cheio de personal coaches e spiritual coaches . Até eu abri meu canal por lá, o Espiritualidade na Lata - sendo que não o fiz para tentar colocar nada na cabeça das pessoas, mas para tirar certas coisas que às vezes entram e tornam as nossas vidas miseráveis sem motivos reais. 

Sempre sinto um calafrio na espinha quando assisto a vídeos onde os coaches afirmam o seguinte: "Você pode tudo! Se ainda não atingiu o seu potencial e conseguiu tudo o que quer, é porque está no caminho errado." Bem, eu concordo até "Atingir o potencial." Todos nós temos potencial para fazermos muitas coisas, baseados em nossos talentos e esforços pessoais. Mas quando chega na parte do "conseguir tudo o que quer," eu tenho minhas resistências... ninguém pode conseguir tudo o que quer, e faltar alguma coisa na vida é algo comum a todos nós. O problema é onde focamos: no que nos falta ou no que temos? No que podemos conseguir (nossos sonhos possíveis) ou em objetivos intangíveis?

Vejo pessoas dedicando seu tempo e suas vidas a tornarem-se algo para o qual não têm o talento necessário. Com esforço, até poderão chegar lá - mesmo que não se tornem realmente bons no que fazem -, mas valerá a pena, quando poderiam focar em um talento natural e atingir o seu total potencial ? Um bom exemplo sou eu mesma: quando criança, queria ser bailarina. Até consegui entrar para uma escola de jazz, mas eu era tão ruim, que dava pena.

O tempo passou e pensei em tornar-me cantora; até que eu canto direitinho, mas não sou e  nunca serei uma cantora talentosa, com um dom natural, e mesmo que nos dias de hoje haja muitos cantores que não cantam, prefiro ser uma professora de inglês que sabe ensinar inglês muito bem a uma cantora que engana bem. Posso cantar no banheiro, onde não incomodo ninguém.

Ok, eu creio na força do pensamento; mas não creio na força da teimosia. Existe um momento para parar de tentar quando batemos a uma porta que não quer se abrir. Se já tentamos outras estratégias, então é a vida que está impedindo que a porta seja aberta - talvez para nos livrar de um grande engodo ou sofrimento. Vamos bater à porta seguinte. Mas tem gente que fica batendo à mesma porta a vida toda, e se tornam frustrados e infelizes, daquele tipo de gente que está sempre reclamando e invejando o que os outros têm. Triste...

Há coaches e líderes espirituais que vivem a dizer a pessoas que estão doentes que, se elas não se curaram ainda, é porque estão fazendo alguma coisa errada. Mas quando eles mesmos adoecem, ao invés de usarem a força do pensamento positivo, vão se tratar no Copa 'Dor. Muito fácil chegar para alguém que more em uma favela e ganhe um salário por mês e dizer que ele pode fazer tudo; mas é necessário explicar também que sem trabalho duro e dedicação, sem contornar obstáculos, vencer preconceitos e fazer um trabalho hercúleo a fim de superar suas limitações, ele não chegará a  lugar nenhum. Nem todos estão dispostos a tais sacrifícios, porém. Mas isso não significa que não possam ser felizes do seu jeitinho.

Li certa vez a chamada para um livro que ensinava como tornar-se milionário antes dos sessenta anos. Ao ler o livro, vi que se tratava de sacrificar toda a sua juventude a fim de desfrutar de tal conforto em idade avançada (sendo que não há nenhuma garantia de que você de fato chegará lá): "Pare de tomar cafezinhos," o livro sugeria, mostrando o quanto se economiza em vinte anos se pararmos de tomar café. Também sugeria não comprar roupas novas, mas apenas em bazares, não viajar, não dar presentes caros, economizar na comida, morar em um lugar bem abaixo do que seu salário pode pagar, guardar a maior parte do dinheiro que ganhar, casar com separação de bens, etc...

Notou que, a fim de ser um milionário antes dos sessenta, você precisa desistir das melhores coisas da vida e da maioria dos prazeres da juventude?

Vão catar coquinhos. Eu quero tomar café e sorvete, almoçar em restaurantes de vez em quando, viajar, gastar meu dinheiro em livros, roupas, coisas bonitas para a minha casa, presentes bonitos para quem eu amo, enfim, eu quero mais é viver! Bem, eu não ficaria triste se me tornasse uma milionária, mas desde que eu não tenha que viver uma vida miserável durante anos e anos para conseguir.

Meus sonhos são reais, meus objetivos são tangíveis. Quero as pequenas coisas, as médias, e de vez em quando, as grandes coisas da vida. Estas últimas vêm como um presente quando a gente merece e sabe agradecer.


ps: Hoje tem postagem nova no meu blog de Tarôt! Com esta postagem, finalizo os 22 Arcanos Maiores.

Eis o link:


O CAMINHO DO APRENDIZ






quarta-feira, 31 de julho de 2019

ARTE MORIBUNDA









Escrever é uma arte que está morrendo por falta não de escritores, mas de leitores. Ninguém mais tem paciência de ler um texto com o devido cuidado que ele merece. Ninguém leva em consideração o tempo gasto pelo escritor a organizar suas ideias de forma coerente em uma tela de computador ou folha de papel. 

Escrever é um exercício da alma, que muitas vezes, é corajosamente desnudada sem qualquer pudor para ser apreciada, odiada, julgada ou ignorada. E me parece que a última opção é a que prevalece nos dias de hoje, porque ninguém lê mais.

Na era dos vídeos e das redes sociais que impõe limites de caracteres (como se as ideias e sentimentos pudessem ser devidamente expressados levando em conta uma matemática absurda, controladora e castradora), as pessoas estão deixando de ler. Alegam falta de tempo, mas na verdade, é falta de interesse mesmo.

Ler é dedicar sua atenção ao trabalho de outra pessoa, e o que acontece nos dias de hoje, é que todo mundo quer chamar a atenção para o seu próprio umbigo. O importante é ter likes e comentários, mesmo que tais comentários não tenham nada a ver com o texto escrito, o que expõe ao ridículo aqueles que equivocadamente comentaram devido a obviedade da sua não leitura. 

Mas quem se importa, não é mesmo? Ninguém lê sequer o texto, quanto mais os comentários.

Concluo que escrever tornou-se a mais solitária das artes, já que escrevemos para nós mesmos, e não mais para os outros. Fico pensando no que será da literatura daqui a alguns anos: resistirá? Da mesma forma, penso na arte da música, que tornou-se pólvora de cabeça de fósforo para consumo rápido. 

Na verdade, eu me sinto feliz por ter 53 anos em 2019, o que significa que eu não estarei aqui para ver um mundo sem arte, no qual autômatos postam sorrisos falsos em redes sociais e não têm uma vida real.

Viva a superficialidade!


"Lindo e reflexivo, visite-me em minha escrivaninha."






sexta-feira, 26 de julho de 2019

QUEEN







Ontem Roger Taylor, baterista do Queen, completou 70 anos de idade. Ao rever fotos antigas dele e do grupo no Instagram, outras imagens foram surgindo aos poucos em minha memória: Eu, uma menina de doze ou treze anos de idade, trancada em meu quarto após a escola, toca-discos rodando um dos vinis do Queen e minha cabeça totalmente cheia de fantasias, viajando muito longe dali.

Eu às vezes me deitava no chão, a cabeça entre as duas caixas de som, e ficava prestando atenção a cada instrumento, a cada nuance de voz, e conseguia perceber até alguns sons que certamente foram gravados sem intenção, como de algo caindo no chão ao fundo, no final da música “ ’39.”

Memorizei a maioria das letras, e carregava comigo alguns vinis sempre que saía de casa para visitar algum amigo. Assim, poderia sempre escutar as músicas.

Eu era uma fã. Uma fã solitária, sem arroubos de loucura insana, sem jamais ter ido a um show sequer da banda, nem mesmo quando eles estiveram aqui no Brasil, e sem saber absolutamente nada sobre a vida dos meus ídolos, já que cresci sem internet e as revistas da época não falavam muito sobre eles. Fotos? Apenas algumas que consegui em uma reportagem de duas páginas apenas na falecida Revista Pop – ícone da juventude dos anos 70/80. As fotos ficavam coladas na parte de dentro da porta do meu armário de roupas.

E hoje, após ver as fotos do grupo no Instagram, pedi que Alexa tocasse uma playlist do Queen no Spotify. Alexa, para quem não sabe, é a assistente virtual da Amazon. E cá estou eu, duas horas depois, ouvindo aqueles sons com os quais eu cresci, e que eu conheço de cor, sabendo exatamente todos os acordes de guitarra, reconhecendo todos os tons de voz e qual música vem depois de outra nos vinis, e a qual álbum elas pertencem.

Ainda há pouco, sentada lá fora, os cães ao meu lado, eu de repente olhei para o céu: um azul aquarelado com nuvens com consistência de sorvete aqui e ali. Uma brisa mansinha levando-as para lá e para cá. A gente olha para o céu e logo sabe que, se ele ainda está ali, é porque o tempo não pode ter passado tanto assim. E a menina que eu tenho dentro de mim se viu cantarolando as letras, e de repente, minha mãe e meu pai estavam em algum lugar da casa, minhas irmãs também, e algum amigo estaria chamando por mim no portão da casa querendo saber o que faríamos no final de semana.





Em Nova Iorque, enquanto fazia compras na Time Square, eu deparei com um sonho antigo: pendurada na parede de uma loja, uma camiseta de malha preta com o logotipo do Queen: os leões de Judá, os anjos, os cisnes e o nome da banda em baixo do desenho.

Estendi a mão e agarrei a camiseta, enquanto uma voz de censura falava dentro da minha cabeça: “Deixa de ser ridícula! Isso é coisa de adolescente, você em 53 anos!” Eu abracei a camiseta contra o peito, sentindo o coração bater na garganta, e respondi àquela voz: “Escute aqui, eu quero a camiseta, eu vou comprar e vou usar, e dane-se quem não gostar.” E graças a Deus, eu a comprei, e eu a uso, orgulhosa ao trazer no peito o símbolo da minha juventude, parte dos meus anseios, o motivo principal pelo qual eu aprendi a falar inglês e escolhi a profissão que eu tenho. Quando eu a visto, eu sou novamente aquela garota, a fã discreta e meio-tímida por fora, mas que arde por dentro.

Nestes momentos, eu não preciso de espelhos que me digam que eu não tenho mais treze ou quatorze anos, porque eu sei que eu tenho sim. As melhores coisas da vida não morrem nunca, nem envelhecem.









terça-feira, 23 de julho de 2019

De Cada Adeus








De cada adeus fica uma ponte,
Se a gente deixar ficar.
Uma brisa, uma lembrança,
Um barco solto no mar
Da fé e da esperança,
Uma luz que não se alcança,
Mesmo assim, irá brilhar.

De cada adeus, uma palavra,
Uma sílaba a brotar
Pouco a pouco, a cada dia,
Até que por elegia,
Dois mundos vão se tocar
Duas almas que há tempos
Anseiam o mesmo momento,
Hão de reencontrar
Uma à outra, de repente
Levadas pela corrente
Da onda que os separou
Bem dentro daquele mar.

De cada adeus, uma dor
Que quem fica, vai curar
E quem parte, quem dirá
Para onde a levará?





quarta-feira, 17 de julho de 2019

Prazer em Não Conhecer-te!







Olá, como vai?
Me diga seu nome, 
Talvez onde mora,
Sua cor preferida,
Mas não fale muito 
Sobre a sua vida,
Não quero saber
Qual é o seu time,
Sua ideologia,
Sua opinião
Sobre religião,
O que está bem dentro
Do seu coração.

Olá,  tudo bem?
Responda que sim,
Não fale demais,
(Não falo de mim)
Não quero escutar 
Sobre seus problemas,
Sua sexualidade,
Partido político,
E nem me interessa
Aquela maldade
Fininha, que paira
Tal qual poeirinha
De açúcar bem fino
Sobre a sua alma.

Olá, como vai?
Mantenha a calma,
Mantenha a lisura,
Quem sabe, a distância
Que reza a etiqueta
E a compostura!
Se somos amigos?
Poderemos ser,
Desde que respeites
A minha maneira
De ver e viver,
Sem intimidades
Tão desnecessárias,
E pode guardar
A sua navalha,
Pois não me interessam
Suas indiretas
Ou suas diretas.

Olá, como vai?
Sou Ana Bailune
Persona non grata
Em vários salões
Que já nem me importam,
Onde já nem vou
E nem quero ir,
Pois fazem chorar
Quando eu quero é rir,
E querem chegar
Quando eu quero é ir,
E querem gritar
Se eu quero dormir.

O prazer é meu,
Pode acreditar,
Se você for forte
Para respeitar
A minha mania
De ficar calada,
O meu gosto estranho
Por me sentir bem
Quando estou sozinha
Diante de um livro,
Na minha caixinha,
No meu quadradinho
Onde poucas almas
Podem adentrar
-Quanto mais, ficar!

Olá, como vai?
Podemos sentar-nos
Diante do fogo
E falar por horas
De coisas estranhas
E aleatórias,
Mas jamais pergunte
O porquê daquilo
Que eu faço ou aprovo,
Pois só tem a ver
Comigo e com Deus;
-Amigos, amigos,
Umbigos à parte!
Mantenha distância,
Relação é arte
Não quero deixar
De amar você!



Às vezes, conhecer as pessoas a fundo nos faz deixar de amá-las.

terça-feira, 16 de julho de 2019

Um Convite






Nos dias de hoje, as pessoas vivem como autômatos: olham mas não enxergam, escutam mas não ouvem, tocam mas não sentem. Eu hoje queria fazer um convite:

Tire dez ou quinze minutos do seu tempo de fazer coisas e cumprir metas e horários e vá para um jardim. Serve qualquer jardim; pode ser uma praça pública, um parque, o quintal da sua casa, e na falta de qualquer um dos citados, uma  rua com muitas árvores. Chegando lá, encontre um local aonde possa sentar-se ou recostar-se confortavelmente, e apenas observe. 

Perceba os passarinhos. Quando você os escuta, eles cantam para você, e então você reconhecerá que eles sempre estiveram ali, cantando, mas você nunca dedicou seu tempo a ouvi-los. Chegue perto de uma flor, e olhe para ela. Aspire seu cheiro, mas faça-o de verdade, pois muitas vezes, nós cheiramos uma flor rapidamente e dizemos: “Ah, mas ela não tem perfume!” Sabe por que? Porque a gente cheira errado. Se a gente cheirasse certo, poderíamos sentir os perfumes das asas de joaninhas que pousaram nela. Poderíamos sentir o cheiro de sol, vento e chuva. Agora, com muito cuidado, toque as pétalas e sinta sua maciez – mas faça-o bem de leve, para não machucar a flor.

Respire profundamente várias vezes, e bem devagar. Deixe que o ar realmente encha seus pulmões completamente, e perceberá, após algumas dessas inalações e exalações, uma leve tontura. É o oxigênio percorrendo seus pulmões, entrando no seu sangue, efetuando uma verdadeira limpeza dentro de você. Por isso você sentirá essa leve tontura: são os seus sentidos ficando mais aguçados. Talvez haja um formigamento agradável. Respire assim várias vezes, até sentir que uma alegria suave toma conta de você.

Agora, observe as pessoas que passam. Cada uma delas têm seus problemas, suas vidas, suas dúvidas, medos, inseguranças. Tente estabelecer uma conexão com elas – não precisa conversar, basta sentir que vocês todos são muito parecidos, mas que ao mesmo tempo, cada um é totalmente único em suas peculiaridades, ritmos e preferências. Talvez, ao observar os rostos das pessoas, você “sinta” instintivamente quais delas poderia ter uma conexão maior com você. Geralmente, tais pessoas são as que fazem com que a gente se sinta bem e em paz. Mas este é um exercício que precisa ser feito várias vezes para que você finalmente desenvolva esse seu lado intuitivo. Ele será muito útil, pois através desta prática, você aprenderá a não desperdiçar seu tempo e sua energia com pessoas que não têm absolutamente nada a ver com você. 

Agora levante-se do seu lugar, dê uma boa espreguiçada, esticando seus membros, estalando seus músculos e ossos. Sinta-se dentro do seu corpo, mas saiba que sua vida também continuará fora dele. Mesmo assim, trate-o bem; coma menos besteiras, beba mais água, durma bem. Respeite-o, não o submetendo a exercícios que forçam seus nervos, tendões e músculos (lembre-se: o coração é um músculo) de maneira exagerada e desnecessariamente. Seu corpo vai ter que durar até o final da sua vida, e você não quer desgastá-lo antes do tempo, chegando a uma idade avançada com dores causadas por excesso ou falta de exercícios.

Enquanto caminha de volta para o seu local de trabalho, casa ou estudo, vá agradecendo por tudo o que você tem, por todas as coisas que passou para chegar a ser a pessoa que se tornou – mesmo e quem sabe principalmente, as mais doloridas. 

Se você fizer isso todos os dias, durante apenas dez ou quinze minutos, vai perceber o quanto você se tornará mais sensível, intuitivo, agradável, compreensivo, grato e feliz. Mesmo que esteja vivendo fases muito difíceis na sua vida, conseguirá passar por elas mais rapidamente, saindo do outro lado como uma pessoa melhor e mais forte.

E pelo amor de Deus, pare de reclamar e de vitimizar-se. Isso enche a paciência de qualquer um e afasta as pessoas.






quinta-feira, 11 de julho de 2019

I MISS YOU




There’s a place I can go
Where I take off my mask
And I take off my shoes
Close my eyes, and I miss you…
No-one’s there to tell me
Silly things I won’t hear
Like “Life must go on,
You gotta be strong…”

There’s a place where I go
And I can’t find you there
But at least, I can see you
In the memories I keep
Deep inside when I miss you.

And if I really try,
I can hear your smile,
Gel the apples of our eyes
Together
For a five-minute forever…

So as far as I know,
In this place where I go
I can feel it was real
Through the love that I sow
On the fertile ground
That you left in my heart
And my soul.



Tradução

Sinto Sua Falta

Há um lugar que posso ir
Onde eu tiro minha máscara
E eu tiro meus sapatos
Fecho os olhos, e sinto saudades de você...
Ninguém está lá para dizer-me
Coisas que eu não ouvirei
Como "A vida continua,
Você tem que ser forte..."

Há um lugar aonde eu vou
E eu não posso encontrar você lá
Mas ao menos, posso ver você
Nas memórias que eu guardo
Aqui dentro, quando sinto saudades suas.

E se eu realmente tentar,
Poderei ouvir seu riso,
Gelificar as pupilas dos nossos olhos
Juntas
Por eternos cinco minutos...

Então, tanto quanto eu sei,
Neste lugar aonde eu vou
Posso sentir que foi verdadeiro
Através do amor que eu semeio
No solo fértil
Que você deixou em meu coração
E na minha alma.



terça-feira, 9 de julho de 2019

A INTELIGÊNCIA DOS CÃES



LEONA: QUASE UM GÊNIO!


Todos sempre me disseram que os animais agem movidos apenas pelos seus instintos de sobrevivência. Bem, eu que sempre convivi com eles, acho que nem sempre é assim. Instintos, até nós temos. Mas existem momentos que, sem sombra de dúvidas, pude vê-los agindo movidos pelos sentimentos e pela inteligência.  Deixarei aqui nesta crônica alguns momentos que eu mesma presenciei:


- Aleph e sua solidariedade – Eu tive, por quatorze anos, a honra de desfrutar da companhia de um Rottweiller maravilhoso chamado Aleph. Ele era fora do comum! Era muito inteligente. Porém, tinha muito ciúme de suas coisinhas, principalmente das comidinhas – pedaços de pão, ossinhos, etc..., que ele guardava em seu colchonete para comer quando desse fome.

Um dia, meu marido tinha passado por uma situação difícil, e estava muito pensativo e triste. Encostou-se ao tanque de lavar roupas a fim de pensar melhor no que deveria fazer, e Aleph aproximou-se dele, cutucando-o com o focinho e um brinquedo na boca. Mas meu marido, que estava realmente muito triste, apenas afagou a cabeça dele, recusando-se a brincar. Foi então que Aleph fez algo incrível: foi até o seu colchonete e escolheu um pedaço de pão (ele até rosnava se tentássemos pegar as comidinhas dele) e aproximando-se do meu marido, colocou-o em sua mão, como se dissesse: “Não fique triste! Veja, eu dou o meu maior tesouro para você.” 

MOOTLEY: MALANDRO E AMOROSO!


-Leona e sua estratégia – Hoje, temos dois cães: Leona, uma mestiça de Border Collie e Vira-lata e Mootley, um Cocker inglês. Ele adora roubar as bolinhas dela quando estamos jogando; fica na espreita, e de repente, em uma das jogadas, Mootley sai correndo e agarra-as antes que ela chegue até elas! Leona aprendeu uma estratégia: ao invés de tentar tomar a bolinha de volta, ela pega outro brinquedo e fica jogando-o para cima perto de Mootley, tentando-o; quando ele corre para pegá-lo, ela simplesmente pega a bolinha que ele abandonou, que é exatamente a que ela queria!

Certa vez, notamos que havia uma trilha de grãos de ração que seguia até o muro. Bem, temos um muro de tijolinhos abertos nos fundos da casa, e  às vezes, aparecem camundongos por lá, entrando e saindo dos buracos. Eu recolhi a ração da trilha, mas na manhã seguinte, lá estava ela novamente! Leona parecia cansada, como se não tivesse dormido a noite toda. Quando fui limpar o canil, encontrei o corpo do pobre ratinho... ela estivera fazendo a trilha de comida para atraí-lo e pegá-lo, trabalho que provavelmente durou  a noite toda! Até hoje, quando aparece um camundongo, ela repete sua estratégia de caça. 

ALEPH E LATIFAH: A GENTILEZA EM 'PESSOA'!


-Mootley e sua capacidade de compreender – Mootley é muito peludo, e sua pelagem é muita macia e fina, o que faz com que embarace se eu não escová-lo regularmente. E ele adora estes momentos! Gosta tanto, que chega a dormir. Certa vez, eu tinha terminado de escovar um dos seus lados e queria fazer o outro, mas ele não se levantava, por mais que eu o empurrasse. Sem querer, eu disse: “Mootley, vamos escovar o outro lado agora!” Ele se levantou na mesma hora, e deitou-se de forma que eu pude escová-lo. Arrisquei: “Agora vamos fazer a barriguinha!” E ele virou a barriga para cima na mesma hora. Detalhe: eu nunca tinha ensinado essas coisas a ele.

-Latifah, a saudade e o luto – Latifah, nossa cadela Rottweiler que foi contemporânea de Aleph, tinha um temperamento esfuziante e  alegre, sempre correndo e pulando, latindo pelo quintal e trazendo brinquedos para nós jogarmos para ela. 

Quando nosso Rottweiler Aleph adoeceu, ela ficava perto dele a maior parte do tempo. Mas chegou a um ponto em que o veterinário recomendou uma eutanásia, já que ele era muito idoso, não tinha mais cura e estava entrando em sofrimento. Foi um dos piores dias da minha vida. Tivemos que coloca-lo na mala do carro para leva-lo para a cremação após a eutanásia, e estávamos tão transtornados, que  infelizmente nos esquecemos da Latifah, que assistiu a todo processo de longe. Quando chegamos em casa, ela rodeava o carro latindo muito, procurando pelo Aleph. O processo se repetiu durante mais de uma semana, todas as noites quando meu marido chegava em casa. 
Latifah: inesquecível.

LATIFAH ADORAVA ESSE BANQUINHO!


Logo notamos uma mudança no temperamento dela: não ligava mais para seus brinquedos, recusando-se a trazê-los para nós quando os jogávamos. Seu temperamento mudou, ela não mais corria e brincava. Começou a engordar muito, pois não se exercitava mais. Nós a levávamos para passear todas as noites, e nessas horas, ela se animava um pouco. Mas tornou-se uma cachorrinha quieta, que vivia deitada pelos cantos, até que adquiriu uma doença nos pulmões da qual nunca se recuperou, apesar de nossos esforços para curá-la – chegamos a leva-la a oito veterinários diferentes, fizemos muitos exames e ela tomava muitos remédios, mas aos dez anos, ela se foi. Dizem que as doenças pulmonares são geralmente causadas após uma grande tristeza. 

MINHA DUPLINHA ATUAL


Há muitas coisas que presenciei enquanto convivi com cães e gatos durante toda a minha vida, e tais experiências dariam um livro. Como nós, eles sentem e demonstram medo, dor, alegria, ciúmes, amor, amizade e toda espécie de sentimento que os humanos podem ter.

Mas se existe uma coisa na qual eu confio, é sua habilidade de demonstrar hostilidade com pessoas que, mais tarde, mostram-se não confiáveis. Neste caso, os cães são o meu termômetro! É natural que um cão lata para quem ele não conhece, mas se após algumas horas ou dias a hostilidade deles perdura, fico sempre de olho.


PS: Post novo no meu blog sobre tarôt, O Caminho do Aprendiz:

https://ana-bailune.blogspot.com/2019/01/o-caminho-do-aprendiz.html




segunda-feira, 1 de julho de 2019

Espera






Eu bato à tua porta 
Mas sempre vou embora,
Pois tu não a abres.
Porém, não te culpo;
Talvez nem te lembres 
De onde está a chave.

Eu volto outro dia, 
E bato de novo
No nó da madeira...
Percebo o silêncio 
Desse nó tão tenso
Na tua vida inteira!

Um dia, eu espero,
Que o quarto vazio 
No qual te escondes
Seja derrubado, 
E a porta fechada
Se transforme em ponte.





terça-feira, 25 de junho de 2019

Desumanidade



Escrevi este texto baseada em algumas postagens que vi em outros blogs sobre a figura acima - uma interação proposta pela Chica. Espero que você não fique zangada, Chica!





Foi há alguns anos; eu tinha saído de casa às seis da manhã e estava aguardando o ônibus para dar minha primeira aula do dia, que começaria às sete. Era uma manhã fria de inverno, e havia pouca gente na rua. 

De repente, vi quando uma caminhonete modelo caríssimo parou no meio da rua a alguns metros de onde eu estava, e sem desligar o motor, abriu a porta e empurrou para fora um cão Pitt Bull. Ele era de cor castanha, e ficou lá, parado no meio da rua, olhando a caminhonete se afastar, como a perguntar a si mesmo o que estava acontecendo, por que o tinham deixado ali e para onde ele deveria ir. Fiquei com um pouco de medo; afinal, esta raça tem fama de ser agressiva, e o cão era de porte médio e muito musculoso. Eu estava ainda pensando se deveria me aproximar ou não quando um outro carro veio e passou por cima do cachorro, que rolou por baixo do chassi. 

Eu fiquei chocada, sem ação. Se arrastando e gritando, o cão conseguiu chegar até o meio-fio, onde deitou a cabeça. Quando cheguei perto dele, segundos após o atropelamento, ele estava morto. O carro que passou sobre ele nem fez uma tentativa de frear, e fiquei pensando que tudo aquilo tinha sido combinado: o abandono pelo carro da frente e o atropelamento pelo carro que veio logo atrás. Tudo foi muito rápido; questão de segundos. 

Eu me senti enjoada e triste. Tinha um nó na garganta ao constatar que nada mais poderia ser feito para ajudá-lo. Voltei ao ponto de ônibus, e quando me virei para olhar o cão, um grupo de cães de rua o havia cercado, latindo e uivando em volta dele como se lamentassem o acontecido. Quando um carro passava, eles o perseguiam, latindo e tentando morder os pneus como se quisessem vingar a morte do Pitt Bull. 

Aquele foi um dia difícil, pois eu não conseguia esquecer a cena que tinha presenciado pela manhã. Passei o dia todo deprimida e revoltada. 

Alguém que abandona o próprio cão daquela maneira, quando poderia doá-lo para outra pessoa ou até mesmo pedir ajuda a uma instituição protetora para que lhe arranjassem um dono, é alguém capaz de qualquer coisa. Um cão não é lixo. Infelizmente, existem pessoas que os abandonam quando estão velhos ou doentes, ao mudarem-se para outro local ou simplesmente porque cansaram-se de cuidar deles. 

Fico me perguntando como pode uma pessoa não desenvolver qualquer grau de afeto por uma criatura que criou desde pequeno. Provavelmente, tal pessoa não tem afeto sincero sequer por si mesmo ou pelos seus.

Cães não têm a mesma compreensão das coisas que temos. Porém, eles não têm ambição, inveja, cobiça, raiva. Acredito que o coração de um cão é um campo semeado de amor, e quando vejo um cão bravo e agressivo, sei que é porque algum ser humano matou tais sementes. Só quem já trocou um olhar sincero com um cão poderá falar sobre a pureza de sua alma. 




Parceiros

Wyna, Daqui a Três Estrelas

Este é um post para divulgação do livro de Gabriele Sapio - Wyna, Daqui a Três Estrelas. Trata-se de uma história de ficção científica, cuj...