Gosto muito de cozinhar, principalmente quando tenho tempo. Mas é irônico que, na maioria das vezes, a minha comida fique mais gostosa quanto mais improvisada ela for devido a, justamente, falta de tempo! Se tenho tempo demais, eu acabo tentando personalizar um pouco as receitas, e acabo personalizando demais... e não dá certo!
Mas toda vez que faço uma receita, percebo que no fim, para dar certo, é preciso o toque pessoal. Com cuidado, é lógico. Por exemplo: quando se fala em meio quilo de batatas, nem sempre se especifica qual o tipo ou o tamanho das mesmas. Há várias qualidades diferentes de batatas, algumas mais e outras menos aguadas. Talvez, para complementar a receita, seja preciso uma colherinha de farinha de trigo. Se alguém diz "mexer até dar ponto de calda," não se sabe se o cozinheiro está usando uma panela teflon ou de vidro, nas quais é mais difícil identificar se a calda está em ponto de calda... achei sensacional uma receita de calda caramelada que achei na internet, onde o cozinheiro, ao invés de somente dizer "deixar ficar em ponto de calda grossa," colocou uma fotografia com a cor que a calda deveria ter. Deu certinho!
Domingo passado eu fiz nhoque. Tem gente que acha que dá trabalho, mas eu faço num instantinho; é só cozinhar as batatas com sal a gosto (quantas? Depende da quantidade que você quer fazer), colocar uns dois ou três ovos, ir pondo o trigo e mexendo até a massa ficar durinha. Enquanto isso, já está fervendo uma panela de água com um pouco de azeite, sal e algumas folhas de louro. Depois, vou derramando a massa na nhoqueira e após escolher o tamanho que quero as bolinhas, vou apertando o êmbolo e cortando a massa com uma faca de cozinha comum, dentro da água fervendo. Assim que elas começam a boiar, retiro com escumadeira. Faço um molho rápido e fácil, colocando molho pronto à bolonhesa (ponho umas folhinhas picadas de manjericão daqui do quintal), salpico com queijo ralado grosso e ponho no forno até o queijo derreter. É rápido e fácil, e serve como prato único.
A minha nhoqueira é assim! |
Lembro-me bem da minha primeira tentativa de brigadeiro: era aniversário de meu marido (estávamos casados a apenas um ano) e eu quis fazer uma surpresa; as panelas eram de teflon, e deixei a massa passar do ponto. As bolinhas, ao esfriar, ficaram tão duras, que quicavam na mesa. Mas nos divertimos, comendo as minhas... balas de chocolate!
Acho que a melhor receita para que a minha comida fique boa é: paciência, bom humor, uma boa música de fundo, dois cachorrinhos deitados no chão atrás do cozinheiro, a porta aberta para o canto dos passarinhos, algum tempo livre e a necessidade imprescindível de estar relaxada, tendo a capacidade de rir se não der certo... e muitas vezes, quando não dá certo, acabamos criando uma outra coisa!