witch lady

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sábado, 31 de maio de 2014

Dói a Garganta




Dói demais minha garganta
Pelo grito sufocado, 
Aquilo que não falei,
Aquilo que foi calado.

Arranha-se, lanha-se em espinhos
O céu negro da minha boca
Onde nuvens de enxofre
Escurecem os meus dentes.

É preciso abrir a boca,
Soltar essa minha voz rouca
Dizer o que for preciso...

Deixar a palavra louca
Ganhar os moucos ouvidos
Que ainda estão dormentes.



terça-feira, 27 de maio de 2014

Quem me Roubou de Mim?





Resenha

Pe. Fábio de Melo – Kindle edition, Amazon.com.br
Ano: 2013

Basta um minuto para nos apaixonarmos; um minuto que pode trazer luz a todos os nossos significados, ou que pode tornar-se o maior engano de nossas vidas. Ou então permitimos que nossos melhores amigos, sempre bem intencionados, tomem posse do nosso ser, e deixamos de ser quem somos para sermos quem eles esperam que sejamos. Ou vestimo-nos dos trajes que nossos familiares confeccionaram para nós, mesmo que estejam apertados e nada tenham a ver com o nosso estilo.

Destas relações vampirescas, onde o sangue sugado é voluntariamente doado muitas vezes sem que a vítima perceba, fala o livro “Quem me Roubou de Mim?”, de Fábio de Melo.

Ao lê-lo, impossível não fazer uma lista mental (curta ou longa) de pessoas que conhecemos e encontram-se em relacionamentos assim, onde um domina e o outro é dominado, como em um sequestro no qual a vítima acaba se convencendo da necessidade de dar-se bem com seu sequestrador a fim de continuar vivendo e acaba apaixonando-se por ele, pois passa a não se reconhecer sem o domínio do outro: a famosa Síndrome de Estocolmo. E esta forma de domínio, segundo Fábio de Melo, pode ser muito sutil; ela pode vir de pequenas chantagens emocionais que provocam culpa e submissão à vontade do chantageador.

Há pessoas que não sabem nascer através de si mesmas, e por este motivo ocupam um lugar dentro das outras pessoas, que passam a gestá-las, como no filme Alien, o Oitavo Passageiro. Posição extremamente cômoda, a de dominador, a de quem se põe a sonhar contando com o outro para realizar seus sonhos e satisfazer suas vontades... mas para quem é sugado e dominado sem perceber, há o risco de que tal situação só seja percebida depois de muitos anos e de muita vida perdida (ou roubada). Relacionamentos assim nascem entre pessoas dominadoras que encontram um útero vazio em pessoas inseguras ou com baixa autoestima. Passam a explorá-las; sequestram-nas delas mesmas. Os envolvidos nem percebem o quanto este tipo de relação castra não somente o dominado, mas também aquele que toma a posição de dominador; pois este não constrói uma vida para si, apenas sobrevive feito um parasita, alimentando-se do outro.

O caminho de volta a si mesmo pode ser difícil e doloroso, e requer muita coragem e bom- senso. É preciso, em primeiro lugar – segundo Fábio de Melo – que o dominado perceba-se como tal, e tenha coragem de tirar seus óculos cor de rosa, enxergando seu algoz como ele realmente é.

Alguns trechos do livro:

“Permitimos, ainda que inconscientes, que a amizade virtual nos retire da necessidade de construir artesanato afetivo com os que nos cercam. E então, o prejuízo.As horas que poderíamos aproveitar com uma boa leitura, um bom filme ou uma boa conversa, desperdiçamos na manutenção de um perfil virtual onde prevalecem as falas superficiais, as contendas, as disputas pela notoriedade(...).”

“Ser pessoa consiste em dispor-se de si e dispor-se aos outros. Trata-se de um projeto audacioso de pertencer-se para doar-se.”

“A subjetividade refere-se a essa capacidade que o ser humano tem de ser singular. Antes de ser comunidade, o ser humano é pessoal, particular, reservado, privado, porque segue a mesma regra do mosaico. Junta-se aos outros para compor o todo, mas não deixa de ser o que é.”

“É muito fácil a gente se perder na pluralidade do mundo. É muito fácil entrar nos cativeiros dos que nos idealizam, dos que nos desconsideram, dos que pensam que nos amam, dos que nos viciam, dos que pensam por nós.”

“É preciso estar emocionalmente amadurecidos para que sejamos capazes de nos opor aos que  ameaçam nossa subjetividade. Por que? Porque a imaturidade nos faz pensar que deixaremos de ser amados se não fizermos o que os outros esperam de nós.”

“Nem sempre o amor ama. Por vezes, ele é o disfarce do egoísmo.”

“O que nos atrai no outro é a terceira pessoa que conseguimos fazer nascer quando estamos com ele.”

“Os inimigos só podem sobreviver à medida que injetamos sangue em suas veias. O sangue da nossa permissão.”

“Conviver com quem optou pela inautenticidade causa uma infelicidade profunda. O gasto de energia para a mentira é muito mais elevado que para a verdade. Viver de projeções que não podem ser adequadas à realidade é o mesmo que não viver. A experiência das projeções nos coloca dentro de um mundo sem sustentação; e mundo projetado não é mundo que realiza, nem faz realizar.”

Um livro belíssimo e muito verdadeiro. Se lido com a atenção que merece, poderá abrir os olhos para muitos dos relacionamentos que nos roubam de nós sem que percebamos, e assim, o consentimos. Na tentativa de agradar aos outros e satisfazer suas expectativas, trilhamos um caminho amargo e árduo. Ralamos nossos joelhos até que sangrem em um calvário de privações pessoais e pensamos que este é o melhor caminho, chegando a nos convencer de que o desejamos realmente. Nós nos torturamos, nos tolhemos, nos mutilamos. Deixamos de ser quem nascemos para ser. Esquecemos dos nossos sonhos e os transformamos em pesadelos para que os sonhos dos outros – aqueles Aliens que se alimentam de nós – possam nascer.




Evitando o trabalho Caseiro


Há tanto a ser feito em uma casa! E se as coisas forem acumulando, ficará cada vez mais difícil colocar tudo em ordem... procuro fazer um pouquinho a cada dia, mas sem neuras: quando não estou com vontade, eu vou lá para fora escrever poemas, e pronto! 

Ou então, pego meu E-reader e escolho um bom livro para ler. 

Outra forma saudável de evitar o serviço caseiro, é sair para dar uma volta à pé. Ver coisas. Ver paisagens e pessoas. Sempre volto com a alma refrescada dessas andanças. Também gosto de passar um tempo com minha cadelinha acariciando sua barriga, ou sentar-me com ela na grama. 

Um bom filme na TV também pode ser uma ótima maneira de evitar o serviço caseiro. Confesso que fico tão absorvida em boas histórias, que se alguém falar comigo é capaz de eu não escutar.

Gosto também de andar pela casa (enquanto a pilha de roupas para passar me espera lá fora) e estudar novas posições para os móveis, ou novas cores para as almofadas... mesmo que eu não esteja disposta a fazê-lo naquele dia, as ideias ficam guardadas, em gestação. 

Também costumo pegar o telefone e telefonar às minhas irmãs para bater papo furado. Um bom papo furado também ajuda bastante neste importante exercício da procrastinação.

Assim, vou fazendo as coisas aos poucos, pois a vida é bem mais do que lavar, limpar, cozinhar, varrer e passar. Estas são atividades secundárias (embora necessárias).



EGOÍSMO







Egoísmo - trecho do livro "Quem me Roubou de Mim," de Padre Fábio de Melo


EGOÍSMO

“Sinto falta de você. Mas o que sinto falta é de tudo o que é seu e que me falta. Sinto falta de minhas faltas que em você não faltam. Sinto falta do que eu gostaria de ser e que você já é. Estranho jeito de carecer, de parecer amor. Hoje, eu resolvi assumir as necessidades que insisto em manter veladas. Acessei o baú de minhas razões e descobri um motivo para não continuar mentindo. Quero agora lhe confessar o meu não amor, o sentimento que faço parecer ser. Eu não tenho o direito de adentrar o seu território com o objetivo de lhe roubar a escritura. Amor só vale a pena se for para ampliar o que já temos. Você era melhor antes de mim, e só agora posso ver. Hoje quero lhe confessar meu egoísmo. Quem sabe assim eu possa ainda por um instante amar você de verdade. Perdoe-me se meu amor chegou tarde demais, se meu querer bem é inoportuno e em hora errada. É que hoje eu quero lhe confessar meu desatino, meu segredo desconcertante: Ao dizer que sinto falta de você eu sinto falta é de mim mesmo.”




segunda-feira, 26 de maio de 2014

Há Trinta Anos...

Aniversário de D. Franci, diretora do Colégio Progresso. A filha e ela. Eu, lendo o discurso. 

Felicidade



Felicidade, na verdade
É palavra monossilábica.
Bastava o "fe",
Ali, na Cidade,
Soubéssemos ser felizes...

Mas necessitamos de mais,
Necessitamos de "dades",
Nos proclamamos sempre
Donos da verdade...

Assim, rimamos sem rir,
"Felicidade" com "maldade",
"Iniquidade" e uma vontade
De possuir o que é livre,
Classificar, etiquetar
E separar
Os complementos
Da mesma paisagem.

Fico com o "Fe" da felicidade,
Que não se explica,
Não tem motivos,
Nem verdades.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

O Profeta







Do alto da minha torre
Envolta em neve e luar
Olho um mundo a contorcer-se
Competir e labutar.

O silêncio me acompanha,
Eloquente não-falar...
No bordado da minha fronha,
Nenhum sonho a se sonhar.

Do alto da minha torre
Pego um raio de luar
Desço ao mundo, falo aos homens,
Da importância de amar.

E eles me ouvem um pouco,
Mas logo prendem os dedos
Nas engrenagens do tempo
E consideram-me louco.

Volto ao alto da minha torre
Esquecendo as profecias...
Já não há gente no mundo,
Somente almas vazias

Que já nem tem esperanças,
São inúteis, mortas, frias,
Vem a névoa, encobre a torre
-Quem sabe, eu desça outro dia?...


quinta-feira, 22 de maio de 2014

Bichos em Casa


Na foto: Latifah, em primeiro plano, e nosso saudoso Aleph... imagem de 2008.



"Não quero mais bichos. Eles dão muito trabalho, e quando se vão, a gente fica sofrendo... este é meu último cachorro/gato/passarinho/peixe..." 

Você se identificou com esta declaração? Quantas vezes você já disse sobre bichos: "este é o último?" E logo depois, passou por uns olhos apaixonantes e pidões, cativantes e doces... e pronto: foi o suficiente para começar tudo de novo? 

Bichos dão trabalho, ficam doentes e morrem antes da gente. Causam muitos sofrimentos quando vão embora e muitas preocupações quando viajamos ou precisamos nos ausentar de casa por um tempo relativamente longo. Mas por que não conseguimos resistir a eles? Qual a magia de um bichinho de estimação?

Para mim, eles trazem doçura à vida, alegria à casa. Uma casa sem bichos parece que fica faltando alguma coisa... a gente anda por ela e não vê nenhum pelo ou pena, nenhuma cadeira mordida ou almofada no cantinho. Não há buracos no quintal, cocôs no gramado, plantas comidas, sofás arranhados. A gente acorda de noite e não há nenhum rom-rom por perto, nem o som da respiração de um cão. Não se escutam latidos ou portas sendo arranhadas. De manhã, nenhum som de alguém clamando por comida e carinho.

Uma casa sem bichos é quase triste... mas eu já prometi a mim mesma que a Latifa é minha última cadelinha. Eu tinha dito o mesmo quando o Aleph ficou mais velho, até que ela apareceu, presenteada por amigos. Os dois encantaram nossas vidas por sete anos, até que ele se foi, e ela ficou sozinha, e se não fosse por ela, teria sido bem mais difícil suportar a perda dele; agora, idosa, tem nos dado muitas preocupações com exames, crises de falta de ar, clínicas veterinárias e noites sem sono devido aos problemas nos pulmões. Já choramos muitas vezes, perdemos as esperanças, recuperamos as esperanças. E afirmamos, veementemente, que nunca mais teremos bichos em casa; afinal, bichos vivem um bom tempo, e logo seremos cinquentões... teremos tempo, saúde ou paciência, daqui a dez anos? E se precisarmos nos mudar para um apartamento?

Nunca mais teremos bichos em casa. Mas hoje meu marido me falou de uns cães para doação que viu no jornal local. Havia uma cadela Rottweiler, e um lindo cão vira-latas também, e... acho melhor corrigir a minha afirmação: "Nunca mais é tempo demais!"


quarta-feira, 21 de maio de 2014

Rubem Alves, de Novo, e Sempre!




Pensamentos do escritor e educador Rubem Alves - de quem sou fã incondicional, e de "carteirinha" - do livro "Paisagens da Alma"





Numa clínica psicológica estava escrito: "Distúrbios da aprendizagem." Ainda não vi em clínica alguma anunciado "Distúrbios da Ensinagem."




É preciso esquecer os nomes de Deus que as religiões inventaram para encontrá-lo sem nome do assombro da vida."


Não. Não escrevo o que sou. Escrevo o que não sou. Sou pedra. Escrevo pássaros. Sou tristeza. Escrevo alegria. A poesia é sempre o reverso das coisas.


Enganamo-nos quando confundimos as pessoas com seus atos. Ninguém é idêntico àquilo que faz. É só isso que nos permite odiar o pecado e amar o pecador.


Os portugueses se horrorizaram ao saber que os índios matavam as pessoas e as comiam. Os índios se horrorizaram ao saber  que os portugueses matavam as pessoas e não as comiam. Tudo depende do ponto de vista.


Há pessoas que se convertem por causa de uma grande experiência espiritual solitária. Outros não se convertem: apenas se mudam da sua solidão para uma comunidade que os acolha. A experiência de pertencer, de não estar sozinho, é tão gratificante que é capaz de digerir qualquer ideia esquisita. Chupado entre amigos, o limão é doce.



Distúrbios de Aprendizagem e Ensinagem





"Numa clínica psicológica estava escrito: "Distúrbios de Aprendizagem." Ainda não vi em clínica alguma anunciado "Distúrbios de Ensinagem." " - Rubem Alves

Esta frase de Rubem Alves levou-me a uma reflexão sobre o número exagerado de crianças e adolescentes que hoje classificam-se como hiperativos, com distúrbios de aprendizagem ou TDA. Lembro-me que nos meus tempos de escola, estas coisas não existiam; o que existia, eram alunos que estudavam e alunos que não estudavam. E no final do ano, quem não estudasse, não passava. Pronto.

Talvez eu esteja sendo simplista demais, mas acredito que há um certo exagero (Ok, não apenas um certo exagero, mas um exagero realmente exagerado) a respeito destas (des)classificações. Hoje em dia, há uma certa complacência quando os pais, psicólogos e educadores citam estes distúrbios como desculpa para a pura malandragem ou para a educação inadequada em casa devido ao despreparo dos pais. Acredita-se que tudo pode ser 'traumático' para a criança, e repreender é o mesmo que tolher a criatividade e a espontaneidade dos pimpolhos... se um dos pais dá uma simples palmada corretiva nos filhos, pode responder processo por maus-tratos e até mesmo perder a guarda da criança ou adolescente.

Aqui mesmo, em minha cidade, uma escola que é considerada a melhor de todas, incentiva a competição entre os alunos, e separa-os em grupos A, B e C (veladamente, vencedores, medianos e perdedores), sendo que alunos de um grupo não se misturam com os outros. Isto para mim não é educação, é tortura. Por outro lado, lembro-me que quando minha sobrinha era pequena, a escola onde ela estudava dava aos alunos total liberdade para desenhar e rabiscar aonde bem quisessem; ela chegava em casa e queria fazer a mesma coisa, e saía desenhando nas paredes da casa... e a "educadora" aconselhava os pais a permitir que a criança "se expressasse livremente!"

Para mim, educar é mostrar limites, ensinar a convivência, a tolerância, a solidariedade (os alunos que sabem mais devem ajudar os que tem dificuldades). Educar é mostrar que existem regras na sala de aula, onde o professor deve ser respeitado como a autoridade maior. Professor não é colega, por mais bacana que ele seja. E mais do que tudo, estes conceitos, em minha opinião, devem ser formados em casa. O aluno deveria chegar à escola sabendo que as pessoas devem ser respeitadas e que o ambiente de uma sala de aula é feito para a integração e aprendizagem, e não para bagunçar.

Quando eu era pequena, meus pais deixaram claros estes conceitos; havia a hora para estudar e fazer os deveres de casa, e não tinha discussão! Ai de mim se um dos professores mandasse bilhetinhos para meus pais reclamando de falta de disciplina... hoje em dia, quando isso acontece, os pais vão até a escola e reclamam do professor, alegando que ele não tem didática para lidar com os alunos. E neste clima de permissividade, justificativas e desculpas embasadas pela psicologia mal-empregada, crescem a maioria das crianças de hoje, sem disciplina e sem direção. Por não concordar com esse tipo de coisa, deixei de lecionar em escolas.

A responsabilidade pela educação dos filhos é dos pais, e não dos professores. Alunos indisciplinados, rebeldes, agressivos e preguiçosos não são responsabilidade da escola, e nem sempre sofrem de distúrbios psicológicos. Muitas vezes, tudo o que eles precisam é de direcionamento, limites, diálogo com os pais, orientação, e se preciso, punição sim, por que não? Algumas horas sem computador e um final de semana sem futebol ou videogame podem ser bastante eficazes. 

Mas vivemos em uma sociedade na qual ser professor, ao invés de honra, significa vergonha e desonra, do ponto de vista dos alunos e de alguns pais. As crianças são deixadas à solta, e algumas vezes, são incentivadas ao preconceito, bullying, violência e competição. Há alguns dias todos assistimos pela TV o caso do pai que acompanhou o filho e ambos, em público, surraram quase até a morte um outro rapaz com quem o filho deste brutamontes tivera uma discussão. Isto é educação? Alunos brigam em sala de aula e colocam o vídeo na internet. E nada é feito para punir estes acontecimentos. Alunos batem nos professores, ameaçam-nos de morte e até os matam! E a culpa, é da falta de didática dos professores? Um professor tem que dançar funk em sala de aula para chamar a atenção dos alunos? Imaginem só, tendo uma jornada de até doze horas de trabalho! Quem chegará inteiro ao final do dia?



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