Um dia, eu me descuidei: fechei os olhos, e quando os abri, eu estava à beira de completar quarenta e oito anos de idade.
Hoje de manhã, mexendo nas caixinhas de minha mãe, achei fotografias dos tempos em que eu era jovem: magrelinha, cabelão comprido, bonita e sem ter a menor ideia do que me esperava lá na frente... ou seja: aqui onde estou. Mas o meu consolo, é que a velhice chega para todo mundo - chegou até para divas de beleza, como Sharon Stone, Sophia Loren, Xuxa Meneguel e Regina Casé. Ei! Eu sou mais bonita do que esta última!
Uma outra coisa que me consola, é que todas as minhas irmãs são mais velhas do que eu. Todas! A mais próxima, ainda dista 5 anos. Quando eu ainda era um bebezinho, ela já andava, falava e ia à escola. A minha outra irmã - que por acaso, nasceu no mesmo dia que eu de parto normal (existia cesária naquele tempo?), em um 29 de setembro qualquer, ainda teve a infelicidade de fazê-lo onze anos antes de mim. Ah, coitada!
Chego agora de minha visita relâmpago ao Facebook, e uma de minhas irmãs - a que é cinco anos mais velha - postou o seguinte scrap:
Meu comentário: "E qual é a vantagem de se transformar em um maracujá de gaveta? Estou até agora tentando descobrir!"
Muitos dirão: Ah, minha filha, nada paga a experiência de vida! Daí, eu me lembro de uma das falas do personagem Henry, do romance "O Retrato de Dorian Gray," de Oscar Wilde: "
"Experiência não representa nenhum valor ético. É apenas o nome que os homens dão aos seus erros."
E quando vamos à praia, vemos que trocaríamos todos os nossos anos de experiência de vida pelo direito de ter, durante duas ou três horas, o corpo daquela gostosa que faz virar cabeças quando passa. Mas esperem: ela tem a unha do dedão encravada! E com certeza, aquilo ali é silicone... não é?
Os que acreditam na eternidade do espírito, dirão que nos aproximamos do encontro final com o Pai. Bem, esta também não é uma perspectiva muito animadora, pois a fim de chegarmos a este encontro, precisamos morrer antes. E quem é que sabe, realmente, o que nos espera lá do outro lado? Quem sabe, não é uma eternidade durante a qual passaremos com a mesma cara que tínhamos ao sair daqui? Socorro!
Bem, mas a única certeza que todos temos, além da mais óbvia e filosófica, que é a que soa como uma praga: a de que vamos todos para o mesmo buraco, é que se ficarmos por aqui durante muito tempo, iremos envelhecer.
Se é assim, melhor assumir!
E sinceramente, antes envelhecer conformadamente e de cabeça erguida, a chegar a este ponto desesperador: