witch lady

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domingo, 30 de setembro de 2012

Névoa da Manhã




Milhões de insetos, por entre a névoa,
Deslizam livres à luz do sol...
Luz matinal, leve, translúcida,
Gotas minúsculas ao arrebol...

Névoa de nuvens de cristais baços
Formando laços por entre as copas
Das calmas árvores, que ainda dormem...
Braços de galhos à luz amorfa!

Névoa, emaranha-te em meus cabelos
Como novelos de branca luz!
Seduz, desperta, com tua mão fria
Desfaz o laço dos meus segredos...

Névoa de gaze, levai meus medos
Desfaça-os todos com os teus dedos...
Solta-os no ar da tua brancura,
Brilhos de insetos em tua candura...

ECOS



Gritos loucos
à entrada da caverna
Onde moravam
(Ou pelo menos, era assim que acreditava)
Os monstros que ela mesma criava...

Eeeeeeco!
-Eeeeeeco!
Respondiam-lhe.
E quanto mais alto gritava,
Mais alto respondiam-lhe os monstros.

Se ao menos ela percebesse...

Canção do Desamor




Canção do desamor 

Sinto muito; não te amo,
Não sei como aconteceu.
Não há rastros do que fomos,
Nem sequer uma lembrança
Que me impeça de esquecer-te.

Pois de ti em mim só resta
Uma ruga sobre a testa,
Uma foto desbotando,
Um odor que sai, lavando,
Um torpor de fim de festa.

Sinto muito; não te amo.
Esse teu suposto amor
Nada é, senão costume,
Deixa em nós um azedume,
Sei que podes me esquecer.

Ao sair, deixe na casa
A cópia da minha chave.
Leve embora teus sinais,
Teus resquícios e lembranças
Mate toda a esperança.

Sinto muito, não te amo!

Estar Triste





Estar Triste

A tristeza
É como a bruma sobre a paisagem,
Ela deixa tudo incerto
E tudo encoberto
Por uma névoa branca e fria.

É um canto Gregoriano
Vindo do fundo de uma igreja,
Um réquiem,
A tristeza...

É um pássaro que olha para fora,
De dentro de uma gaiola,
É alguém que grita sozinho
E sem esperanças
No meio de um deserto,
E que sente uma sede
Para a qual,
Não existe água...
Morre
Aos poucos
De sede.

A tristeza
É descobrir-se cinzento
Em um dia em que tudo é azul.
É não ser capaz de sorrir
Quando a música toca, e todos dançam.
A tristeza
É a criança
Sentada na calçada fria,
Faminta e descalça.

A tristeza é um rio,
Que corre entre pedras limosas,
E tenta chegar até as rosas,
Mas elas morrem secas,
À margem.

Minhas Visitas



Recebo muitas visitas aqui em casa, todos os dias. Além dos meus alunos que circulam, entrando e saindo o dia todo, recebo sempre as melhores visitas que alguém poderia receber: animais! Criaturas puras, encantadoras e cheias de vida, que transmitem sempre as melhores energias do mundo.

Esse cara aí da foto virou um frequentador recentemente. E anda trazendo a sua namorada, uma belíssima Senhora Jacu. Também tem os esquilos (recentemente, um deles passou por cima de meu pé enquanto eu andava distraidamente na grama) os macaquinhos, os muitos pássaros, borboletas, joaninhas, formigas com bumbum dourado, enfim, uma infinidade colorida e alegre de VIDA.

E o melhor de tudo, é que são criaturas cuja presença traz apenas encanto, beleza, leveza, diversão. Eles jamais nos questionam ou reclamam por não terem gostado do tipo de frutas que colocamos para eles, ou das músicas que tocam no aparelho de som, ou das palavras que dizemos. E eu garanto: observando o seu modo de ser e viver, podemos aprender muitas coisas, sempre!

Hidra



Se vais julgar-me,
Faça-o antes que eu esmague
Entre meus dedos
Dos teus argumentos
O arremedo,
Faça-o depressa, e sem medo.

Se vais apresentar a acusação,
Esqueças antes, que tens um coração,
E ao abrir da boca, erga a cabeça...

Mas toma cuidado, pois a vida
Tem tantas cabeças quanto a Hidra,
E todas elas juntas, afinal,
Julgar-te-hão, eu sei, e isto é fatal.


Que a Tua Casa Seja Onde Está Teu Coração



Temos o livre arbítrio para escolher com quem e onde gostaríamos de estar. Temos o direito natural de escolher nossos amigos, manifestarmos nossas idéias e opiniões, de incluirmos e excluirmos quem desejarmos de nossas vidas. Assim, também somos incluídos e excluídos.

E por mais que tentem nos calar a boca, para que deixemos de expressar nossos pensamentos e ideias, jamais devemos baixar as nossas cabeças, aceitando aquilo que os outros nos impõe como certo apenas para 'manter a paz,' às custas de nossa alma. E isto pode significar desagradar a alguns. Pode ser que alguns nos virem as costas, apenas porque não concordamos com eles, e que levem junto com eles, outras pessoas que amamos, influenciadas (mal influenciadas) por suas opiniões. Quando isto acontece, dói; mas é uma dor que vale a pena, pois ficamos sabendo quem gosta realmente de nós.

Não é fácil descobrir que pessoas que vemos crescer, levamos à escola, alimentamos, banhamos, e sempre tratamos com o maior carinho e consideração, nos viraram as costas devido a influências de terceiros; não souberam separar as coisas. Não é fácil descobrir que para elas, nós nunca fomos nada, e que elas podem viver muito bem sem a nossa presença, que julgávamos importante.

Mas ao mesmo tempo, descobrimos que sobrevivemos. E que embora possamos continuar gostando delas, e de longe, desejando a elas tudo de melhor, podemos também viver sem a presença delas. Porque a vida é feita de escolhas; escolhemos e somos escolhidos. Rejeitamos e somos rejeitados. E é melhor , muitas vezes, não matar a si mesmo apenas para fazer parte do rebanho, cujo líder nos sufoca.

Respeito a liberdade de escolha de cada um. A vocês, os meus mais sinceros votos de que sejam sempre muito felizes, e de que percebam que seu lar será sempre onde seu coração está. Espero que as escolhas que estejam fazendo sejam muito bem pensadas, e que o solo sob suas casas seja sempre bem firme.

sábado, 29 de setembro de 2012

OURO



Ouro nas folhas de outono
Que cismam com a primavera
Que pensa que é inverno
E sonha com o verão...

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Quando eu Te Olho



Às vezes, quando eu te olho
Me lembro do quanto eras jovem,
Me lembro do quanto eu mudei
E de que jamais crescemos...

Apenas demos as mãos
E saímos a brincar
Lá fora, nesse jardim
Onde o sol se derramou
Com seus raios, em mil feixes
Sobre nossa juventude,

E a tempestade caiu
Sobre nós, com seus trovões,
Derrubando das roseiras
As rosas que tinham brotado,

E o outono deu seus frutos
Que comemos, tão famintos,
Nos caminhos que seguimos
 Tentando encontrar respostas,
Vislumbres do infinito...

Às vezes, quando eu te olho,
Me lembro que já choramos
Já sorrimos, já amamos,
Já sofremos, no entanto
Acho que jamais crescemos...

Somos aquelas crianças
Que um dia, se encontraram
Às portas deste jardim
E que bem juntas, sonharam
Com cores de primavera,
Com as chuvas do verão,
Com as rosas que brotaram,
Desfolharam pelo chão.

Às vezes, quando eu te olho,
Meus olhos se enchem d'água
Pela sede que nos mata,
Pelas fontes que secamos.

Uma vez, houve um verão
No qual nós amanhecemos,
E depois, anoitecemos
Desatentos, nos perdemos...

Às vezes, quando eu te olho,
Me dá um nó na garganta
Pois eu nos vejo crianças
De mãos dadas, pelo tempo
Que murchou as esperanças,
Amareleceu lembranças
E nós dois não percebemos.

Às vezes, quando eu te olho,
Sinto um fôlego surgir,
Dá vontade de sair
Descalça pelo jardim

E acolher nossas crianças
Que há tempos, nós perdemos
E dizer que não se assustem,
Afinal, nunca crescemos!...

HOJE







Hoje é um dia feliz,
Separado do ontem.
Não o contaminemos 
Com o incerto amanhã!

Hoje, estou à janela,
Vendo grossas gotas esparsas
De uma chuva que não chega
Mas que cai em ameaças...

E isso, agora,
É tão lindo,
Dentro da paisagem baça!
Se a chuva cai ou não,
Realmente, não importa!

COMANDO







Cabeça erguida
Olhos presos
Ao que vem lá do horizonte...
Tempestades, ventos,
calmaria, montes
de icebergs
De pontas diminutas
E corpos imensos...

É o mar que rema o barco,
É o mar o comandante...
Jamais a lugar algum
Se chega depois, ou antes...

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Wyna, Daqui a Três Estrelas

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