Algumas pessoas acreditam que a fé remove montanhas. Eu tenho certeza que não.
Mas também estou certa de que a fé poderá nos levar a conseguir a quantidade de dinamite que necessitamos para remover a montanha. Montanhas e obstáculos são corpos sólidos, enormes, e não serão removidos, jamais, apenas com fé.
Mas mesmo quando usamos uma enorme quantidade de dinamite, a montanha poderá ser tão grande e tão sólida, que não conseguiremos removê-la, nem com todo o nosso esforço, mesmo que passemos anos tentando.
Neste caso, a fé nos ajudará a achar um caminho para contorná-la. Ou escalá-la.
Ou quem sabe, a serenidade para convivermos com a montanha, incorporando-a à nossa paisagem diária. Poderemos acabar achando-a bonita. Pode ser até que venhamos a descobrir que ela está ali para proteger-nos do vento e das tempestades. Quem sabe?
Muitas vezes a gente se encontra diante do inevitável. Viver é estarmos sujeitos a mudanças bruscas, a qualquer momento. Nem dá tempo de pensarmos muito, ou de aceitarmos estas mudanças, mas com o tempo, vemos que é a única coisa a ser feita. A vida não esperará que estejamos prontos, mas se soubermos ler os sinais ao longo do caminho, se prestarmos atenção, poderemos estar melhor preparados para o Grande Momento Inevitável - que pode ser a perda de um emprego, uma morte, uma doença.
O que há do outro lado da montanha?
Estamos acostumados a nos acostumarmos. Uma cadeirinha, e pronto: logo nos sentamos nela, e para não perdermos o lugar, podemos permanecer sentados durante toda a festa! Com certeza, não perderemos o lugar, mas perderemos... a festa! Eu acho que a montanha que aparece de repente no meio da nossa vida, pode ter esta função: fazer com que nos levantemos. Fazer com que passemos a agir! Fazer com que, finalmente, FAÇAMOS ALGUMA COISA DIFERENTE.
Ah, mas é fácil? Não. Quem disse que é? Mas eu acredito - tenho fé - de que existe um lugar certo para todo mundo nessa vida. E que, quando não estamos satisfeitos, ou quando a montanha surge, podemos tranquilamente, nos levantar e procurar outros lugares.
Muitos dizem não terem fé porque não acreditam em Deus. Mas eu acho que podemos ter fé em várias coisas, não necessariamente em Deus; podemos ter fé na vida, em nós mesmos, na fitinha do Bonfim, na espada de São Jorge (plantinha que muitos acreditam proteger a casa), ou seja lá no que for. Até mesmo no grão de mostarda. Mas acredito que a fé mais importante, é a fé na vida.
Não podemos nos comportar como crianças mimadas. Não podemos esperar que tudo sempre aconteça do jeitinho que queremos, ainda mais agora, nesses tempos de mudanças rápidas. Temos que ter resiliência. Temos de nos adaptar ao recipiente que nos contém. Ou procurar outro recipiente.