witch lady

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terça-feira, 30 de agosto de 2016

Damien Rice







Older Chests   Damien Rice

Older chests reveal themselves     Arcas mais velhas se revelam
Like a crack in a wall              Como uma rachadura na parede
Starting small, and grow in time          Começando pequenas, e crescem com o tempo
And we always seem to need the help        E nós sempre parecemos precisar da ajuda
Of someone else           De mais alguém
To mend that shelf         Para consertar aquela prateleira
Too many books           Livros demais
Read me your favorite line      Leia—me sua frase favorita

Papa went to other lands       Papai foi para outras terras
And he found someone who understands       E ele encontrou alguém que entende
The ticking,          O tique-taque
And the western man's need to cry       E a necessidade de um homem ocidental de chorar
He came back the other day, you know      Ele voltou no dia seguinte, você sabe,
Some things in life may change          Algumas coisas na vida podem mudar
And some things        E algumas coisas
They stay the same   Elas permanecem as mesmas
Like time          Como o tempo
There's always time     Sempre há tempo  
On my mind          Em minha mente
So pass me by, I'll be fine       Então me supere, eu estarei bem
Just give me time          Só me dê tempo

Older gents sit on the fence       Cavalheiros mais velhos sentam-se nas cercas
With their cap in hand                    Com seus bones nas mãos
Looking grand                                Parecendo grandiosos
They watch their city change       Para olhar suas cidades mudarem
Children scream, or so it seems,      Crianças gritam, ou assim parece
Louder than before                  Mais alto do que antes
Out of doors,            Do lado de fora
And into stores with bigger names       E dentro de lojas com nomes maiores
Mama tried to wash their faces       Mamãe tentou lavar seus rostos
But these kids they lost their graces     Mas estas crianças perderam seu encanto
And daddy lost at the races too many times   E papai perdeu nas corridas vezes demais

She broke down the other day, yeah you know    Ela sucumbiu outro dia, você sabe
Some things in life may change         Algumas coisas na vida podem mudar
But some things they stay the same      Mas outras coisas – elas permanecem as mesmas

Like time, there's always time       Como o tempo, sempre há tempo
On my mind      Em minha mente
So pass me by, I'll be fine          Então me supere, eu estarei bem
Just give me time       Apenas me dê tempo
Time, there's always time      Tempo, sempre há tempo
On my mind               Em minha mente
Pass me by, I'll be fine    Me supere, Eu estarei bem
Just give me time                   Apenas me dê tempo.








segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Poemas Antigos








Em diversas fases da minha vida, eles me pediram para nascer. Dei-lhes  voz, e é de minha responsabilidade que eles continuem vivos. Republicações.



Caminhos e Ilhas


Caminhos vários entre as trilhas
Passos que recolhem milhas
As filhas do tempo
Perdidas nas ilhas,
Isoladas pelo pensamento.


Barcos naufragam com o vento,
As trilhas cobrem-se de escombros,
E tudo: o tempo, a distância, o pensamento,
Desfazem, dos barcos, as quilhas.


Nós naufragamos; o mar nos traga,
Somos criaturas sem famílias,
Sozinhos nessa imensidão
Construímos pontes entre as ilhas
Para enganar a solidão.






Perdão


Se a minha religião permitisse,
Eu juro,
Te perdoaria...
Mas meu deus caduco
Ainda é aprendiz,
E na eternidade
Ele engatinha.

Perdi, há tempos,
O que me restava de inocência,
Por isso,
Não te perdoo...

Mas o que ainda me resta
De puro e religioso,
Te deseja campos verdes,
Lindos sonhos,
E toda a paz que pode haver
Lá longe,
No alto,
Nas nuvens.







Se Houvesse


Se houvesse uma palavra
Que quebrasse esses muros
E trouxesse a primavera,
Eu a diria.

Mas já não há futuro
Para este presente
Que embrulhamos.

Enterramos a primavera
Sob eras de invernos,
Junto aos sonhos que abortamos.






Meu Verso



Meu verso é o nanquim
Que contorna as curvas sinuosas das montanhas,
A aquarela que pinta, de leve,
As cores das águas...
Meu verso
É o vermelho indizível do anoitecer,
O nascer de cada estrela
E o brilho que nos chega
Anos-luz após uma delas morrer.
 
Meu verso é o quadrado onde me abrigo,
E trago sempre, comigo, a poesia,
Porque sem ela, eu não me entendo, eu não me explico,
Meu verso é o branco do meu sorriso,
Meu sul, meu norte, 
Meu inferno e meu  paraíso...
 
Meu verso, algumas vezes, sofre e sangra,
Ora caminha ereto, ora manca,
Ou arrasta-se no chão do meu caminho,
Mas é ele que me leva, se me perco
Sempre,
De volta ao ninho.





Coerência


Há muito deixei de buscar
Neste mundo, coerência.
É uma difícil ciência,
A arte de se dizer
E de ser o que se diz.
 
Guarda-chuvas contra flores,
E andanças em jardins
Coalhados de pedras duras
E de escuras sepulturas...
 
A água fresca cuspida
Veneno, aos goles, tomado...
As amizades traídas
Inimigos exaltados.
 
Há muito deixei de buscar
Neste mundo coerência...
Pois aquilo que se pensa
Nem sempre é o que é.
 
Um sentimento escrachado,
Por línguas de fogo e de fel,
Ouvidos atentos procuram
O som que os tire do céu...
Assassinos desalmados
De almas e de poesias
Mil poetas degolados
Sobre a lage branca e fria.
 
Há muito deixei de buscar
Neste mundo, coerência...







Partidas
 
Ela era a estação,
E ele, o trem que chegava de manhã
E que partia ao findar o dia.
Naqueles breves encontros,
Ela sonhava permanências
E ele se despedia.
 
Ela deixava os sonhos sobre os trilhos ainda quentes,
Guardava o futuro
Num horizonte mutante
E morno de branduras...
 
Ele se perdia por um mundo sem fronteiras,
Onde as estações eram somente
Uma pausa entre aventuras.
 
E cada um era o avesso
Do que o outro desejava;
E era isto  que fazia durar:
O coração não descansava
De sempre e tanto
Sonhar.







Caverna

Há muito que eu entrei nessa caverna,
E  me  esqueci por onde é que se sai.
Aprendo a conviver com  a escuridão
E luz demais me cega.

O gotejar da alma pelo chão
Monótono e sentido - mesmo tom,
É a única canção que me acompanha
Mas que não tem um refrão.

Meus passos se arrastando pelo chão
Nessa caverna imensa e solitária;
A pele d'alma cobre-se de escaras...
Ah, máscara calcária!

E se um dia houver a salvação,
Não sei se eu a aceito contente,
Pois a tristeza é tatuagem quente
E sob, a carne é rara.





Miríades


Miríades de mim:
Nas gotas de chuva (em cada uma delas,)
Subpartida em cada folha,
Em cada canto desta casa,
O meu fantasma à janela.

Milhões de mínúsculas células,
Todas elas
Pedaços diáfanos de mim...
Alguns, espalhados pelo vento
Tentando transcender o tempo.

Miríades de mim em cada estrela:
Vê; eu sou aquela parte mais fosca,
A que empana o brilho,
A que volta sempre no verão,
Nas asas das moscas!

Minha pele esgarçou-se de tanto gastar-se
Contra os muros do tempo.
Meus cabelos caíram, e voam no escuro
Tocam teu rosto como teias de aranha.

Miríades de mim no teu pensamento,
Perdida em cada instante
Eu me reinvento,
Sublimando a morte,
Sublimando o esquecimento.






Sonhos 

Uma nesga de luz apaga a noite,
E traz  de volta a claridade,
No bico de um pássaro.
Os olhos se abrem, encaram a vida,
Enquanto os sonhos se fecham, silentes,
Adormecendo sobre a fronha.

Mais um dia que começa na vida da gente,
Com seus risos, suas lágrimas, 
E outros sonhos, que se sonha acordado,
A luta entre o mel e a peçonha.

Mais um dia que começa, e de repente,
O coração se abre como a flor,
Que espalha as pétalas sob a luz, e esbanja cor,
Para fechar-se novamente ao crepúsculo...

Despertam a noite e o sonho sobre a fronha,
Escurecendo a luz bem devagar,
Mas salpicando tudo com brilhos de estrelas,
Abençoando e protegendo a todos 
Com o luar que se espalha sobre as telhas.





Fim de Tarde

Aquele cheiro de carros
Chegando na rua,
Cachorros latindo nos portões,
Pais com os pães pendurados nos dedos,
Mães em roupões e pantufas,
Jantar sobre a mesa.
 
A novela rolando na TV,
Talheres e copos tilintando,
O cheiro da comida escapando pela janela,
A adolescente no quarto, em frente ao espelho,
 
Sem pensar em problemas,
Apenas nas novas cores dos esmaltes de unha,
Na prova que teria na manhã seguinte,
Em ser uma estrela num banho de espuma,
E no que contar, amanhã, à amiga.
 
Conversas chegando nas vozes dos ventos,
As ruas vazias, tão cheias de lua,
E de repente, alguém chega à janela,
Olha as estrelas, respira fundo,
Planeja o outro dia,
Silencia.
 
Era assim.







Quebrar-se

Não sabia ser inteira; partia-se
Sempre que alguém partia!
E ao quebrar  dos laços,
Apenas a alma doía!

Ah, a impermanência
Na qual ela vivia!
Quebrava-se sempre
Que alguém partia...

A vida emendava os pedaços,
Juntava os traços,
fazendo colchas de mil retalhos,
Amarrava as lembranças
Em um triste feixe...

E ela, sozinha,
Fragmentava-se,
Cortava-se,
Quebrava-se
Em mil saudades,
Ao final de cada dia!

Ah, se ela soubesse
Manter-se inteira,
Reconstruir-se,
Costurar-se!...

Quem sabe, até mesmo
Doesse menos
Cada partida,
Cada quebrar-se!

E as memórias
Juntavam-se todas
Aos pés da moça,
Em frente ao fogo,
Sobre o tapete,
Entre as paredes,
Sob as cortinas
E as cobertas,
Na fronha lisa
Quase sem sonhos...

De madrugada,
Alguém partia,
E ela fechava os olhos
Ainda tonta de sono,
Ainda transida de medo,
Até que um dia - bem de repente
Ela partiu.



Escrevo Porque...


Escrevo,
Porque há tantas coisas belas nessa vida,
Há anoiteceres e madrugadas adormecidas,
Flores nos jardins e pessoas na sua lida...

Escrevo,
Porque necessito contatar o mundo,
Traduzir a vida que me chega a cada segundo,
E interpretar tudo aquilo que eu vejo.

Escrevo,
Por quem não consegue se comunicar,
Por quem está alegre, e por quem, a chorar,
Procura palavras que lhes fortaleçam...

Escrevo,
A fim de pintar o mundo de outras cores,
Há outras matizes, além do negro e do cinza,
Basta escolher como se quer pintar!

Escrevo,
Pelo sim, pelo não e até pelo talvez
Então, de nada adianta querer me calar:
Pois de escrever, jamais irei parar!


domingo, 28 de agosto de 2016

DEPOIS DA INOCÊNCIA




A inocência é como
Uma rosa de pétalas enrodilhadas,
Que protegem o centro.
Uma macia camada perfumada
Cuja cor rosada
Espalha seus tons sobre o que é visto
E sentido.

Mas um dia, após tantos atritos,
Ela murcha,
As pétalas caem uma a uma,
Expondo o centro ao vento mais frio,
E a camada cor-de-rosa se recolhe,
Se encolhe aos poucos,
Desaparece...

E de repente,
Nada mais é a mesma coisa,
Os tons que vemos são fortes demais,
Os sons que ouvimos são bruscos e rústicos,
E a pele exposta aos arranhões
Custa a curar-se,
E mesmo após a cura, 
Cobre-se de duras cicatrizes.

Não sei se é maldita ou bendita
A hora em que perdemos a inocência...
Só sei que nada, nunca mais,
Será a mesma coisa,
Pois nós nunca mais
Seremos os mesmos.





terça-feira, 23 de agosto de 2016

CONFÚCIO - Esclarecendo Confusões










“Para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade e, na desgraça, a qualidade.” 






“O maior prazer de um homem inteligente é bancar o idiota diante do idiota que quer bancar o inteligente” 





“Antes de embarcar em uma vingança, cave duas covas.” 




“Verifica se o que prometes é justo e possível, pois promessa é dívida.” 




“Qual seria a sua idade se você não soubesse quantos anos você tem?” 




“Não são as ervas más que afogam a boa semente, e sim a negligência do lavrador.” 





“Somente os extremamente sábios e os extremamente estúpidos é que não mudam.” 




“Não te suponhas tão grande ao ponto de pensares ver os outros menores que ti.” 




“Foge por um instante do homem irado, mas foge sempre do hipócrita.” 




“Ver e ouvir os maus é já um começar maldades.” 









Confúcio, literalmente Mestre Kong, foi um pensador e filósofo chinês do Período das Primaveras e Outonos.





VIDRAÇAS - UMA REFLEXÃO










Se existe uma coisa que eu não gosto de fazer em uma casa - além de passar as roupas - é limpar as vidraças. Costumo evitar este aborrecimento até o momento em que começo a envergonhar-me de abrir as cortinas. Aqui em casa há muitas vidraças para serem limpas, e pode levar mais de duas horas para limpar todas elas. 

Considero as tarefas que não apreciamos como uma forma de disciplina. Todo mundo tem que fazer coisas das quais não gosta. É impossível viver fazendo apenas o que nos dá prazer. E se não houvesse quem desse cabo das tarefas desagradáveis, como seria o mundo? Imaginem só o que aconteceria se ninguém recolhesse o lixo, ou capinasse as ruas? São tarefas difíceis que exigem esforço físico, e que precisam ser executadas com regularidade, muitas vezes sob o calor forte do sol ou sob os pingos gelados da chuva. As pessoas que são responsáveis por elas, na minha opinião, deveriam ser muito bem pagas. Infelizmente, não é isso que acontece. 

As pessoas apenas valorizam as profissões que tem a ver com passar anos e anos em uma faculdade, e depois, em cursos de especialização, pós-graduação e mais especializações após um certo período de tempo. Outras tarefas são consideradas menos importantes. Fico pensando se algum dia, todos os tipos de trabalho serão considerados igualmente importantes. Quando este dia chegar, será também o dia em que todas as pessoas serão consideradas igualmente importantes.





NO-ONE SENDS LETTERS ANYMORE






No-one sends letters anymore...
Now the space which used to be occupied
By bunches and bunches of yellowish pages,
Lies empty in the drawers...

Words are written and sent
And read, and forgotten
In a split second,
Losing the emotion that the expectation
Used to cause.

No-one sends letters anymore,
Every question is quickly answered,
Leaving no space for imagination
And the sweet anxiety
Which would send shivers up and down our spine.

Everyone is in a hurry,
The feelings run on the surface
Of shallow hearts,
Never going too deep,
Never travelling too far!



















segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Acabou








Foram-se as Olimpíadas, o clima de festa, o Rio de Janeiro seguro (pelo menos, no local do evento) e as pessoas felizes postando fotografias no Facebook e torcendo pelo Brasil. Seria bom se todos torcessem assim pelo Brasil não apenas durante os jogos, mas principalmente, durantes todas as dificuldades que estamos enfrentando.

E eu, que fui contra a realização dos jogos olímpicos por aqui porque achava que não teríamos a capacidade (além das condições financeiras) para realizá-los, tive que dar os dois braços a torcer. Foi um lindo evento. E o Brazil não fez feio. Mas agora, acabou. Voltemos à nossa saúde combalida, com suas filas enormes esperando por atendimento; voltemos aos mais de doze milhões de desempregados, à inflação galopante, à educação beirando ao desespero, CPIs e Lavajatos. 

Voltamos à realidade, e espero que não tenhamos esquecido a lição que aprendemos nesses últimos treze anos, e lição esta que aprendemos a duras penas. Agora é aguardar a conclusão de todos estes fatos, a saída de quem nunca deveria ter entrado, para começar, a punição dos predadores do país e quem sabe, um novo recomeço.

E foi como um sinal de recomeço que eu senti aquele vento forte que soprou durante o encerramento dos jogos. Parecia que estavam mandando para longe toda aquela carga negativa que estava pairando sobre o Brasil, e que deixava a atmosfera pesada e fétida, as pessoas sem esperanças, cansadas e brigando umas com as outras em defesa da classe que jamais mereceria qualquer tipo de defesa, esteja ela de que lado estiver.

E eu aprendi muito, e eu vi de tudo: pessoas que defendiam o impeachment passando para o outro lado de repente, com certeza devido a trocas de favores, e pessoas que eram contra o impeachment e que dariam um olho pela defesa da presidenta, trocando de lado de repente também,  e sem aviso, pelo mesmo motivo: interesses pessoais. E é isso que  a política é: um jogo de intereses pessoais. 

Quem está ainda teimando em defender o indefensável, certamente tem muito a perder caso ela saia (ou quando ela sair), embora clamem que se preocupam com os interesses dos fracos e oprimidos.

Acabou-se o sonho do Rio-Cidade-Maravilhosa, e voltamos à realidade. Espero sinceramente que ela fique mais bonita. Espero que as poucas melhorias que foram feitas na cidade possam ser conservadas, e que não virem um amontoado de ruínas cheias de pichações. Tomara que as conquistas dos nossos atletas nos sirvam de incentivo às nossas próprias conquistas, e que possamos aprender que nenhuma vitória que valha a pena nos chega sem esforço pessoal. 

Espero, acima de tudo, que os oportunistas que sonham com uma boquinha livre  que lhes garanta o sustento, de alguma forma tomem vergonha na cara e descubram que o pouco que se obtém através de trabalho e dedicação, vale muito mais a pena do que qualquer dinheiro ou posição obtidos através de armações políticas e do que qualquer leite ilegalmente produzido pelas tetas já quase secas do governo.






Vamos Lá Para Fora









Vamos lá para fora, onde um vento forte sopra
Fazendo redemoinhos nas nuvens cinzas de glacê.
As folhas caem secas, caem tontas, silenciosas,
E rolam sobre a grama, abrindo mão do viver...

Sentemo-nos no chão, e observemos o que passa
Diante do olhar, sem julgamentos, sem trapaças,
Deixemos que o vento nos desvende seus segredos,
Fechemos bem os olhos, para que possamos ver...

Vamos lá para fora, onde um fraco sol perpassa
Com languidez, as nuvens, dando o ar de sua graça
E então, recolhe os raios, respeitando o tom de cinza
Ensinando que há tempo para tudo nessa vida!

Deixemos que o tempo e o destino se encontrem,
Sem nossa interferência, num momento só de paz...
Sintamos que nós vamos na balada desse vento,
Que somos como as folhas: breve pó do Nunca Mais!





quarta-feira, 17 de agosto de 2016

AMAR COM TERNURA








Amor não é fogo,
Não deve queimar.

Amor sobrevive
Do que há no luar,
Do beijo das ondas,
Das coisas que ficam,
Que o tempo protege,
Do que vale a pena
Lembrar e guardar.

Amor deveria
Ser brando, suave,
Pois fogo é lascívia
Que quebra as beiradas,
Vivência apressada
Na Lâmina fria
Que corta sem ver
A veia do amor
Fazendo morrer...

Amar com ternura,
Do jeito que dura,
Dar laços, não nós,
Saber estar juntos
E também à sós,
Ser sempre um mais um
Sem nunca ser um.

Amor não é gula,
E só sobrevive
O amor que é manso,
O amor verdadeiro,
Feito de ternura,
O amor que é livre...




No link abaixo eu interpreto uma canão de Elvis Presley, LOVE ME TENDER. Os cães latindo ao fundo fazem parte... 








segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Quando Estou Longe






Às vezes, se fico muito tempo longe, sinto falta do cheiro da minha casa, das cores das paredes, das plantas no jardim. Fico pensando naquele livro que eu estou lendo, e que esqueci de colocar na mala; penso nos meus cães - será que estão sendo bem cuidados? Sentem saudades? - e também fico preocupada se minhas plantinhas estão sendo regadas. 

Entre um momento de diversão e outro, entre um descanso e outro, quando eu estou longe de casa eu fecho os olhos e penso nos sons dos meus sinos de vento, e de manhã cedinho, no canto dos passarinhos na árvore que fica à janela do meu quarto. Penso em seus galhos verdinhos quase batendo no vidro, e me pergunto se alguém se lembrou de trocar a comida dos pássaros no comedouro, e a água dos beija-flores.

Bem no meio de um passeio, eu de repente me pego pensando que o lugar mais lindo do mundo fica num quadradinho cercado por um muro de hera, com um gramado cheio de falhas devido às brincadeiras dos cães de correr atrás das bolinhas e sairem derrapando, arrancando tufos de grama. E como eu sinto saudades de mexer em minhas panelas na cozinha, colocar as coisas todas em ordem, varrer as folhas secas do quintal e deitar-me na rede da varanda!

E quando estou de volta, a casa me espera, como uma velha amiga que eu deixei para trás, mas que nunca me esqueceu, e de quem eu nunca me esqueci, e ela me recebe sem julgamentos, sem cobranças - apesar da poeira que descansa pacientemente sobre os móveis e objetos - e de braços bem abertos. 

Se eu não voltasse, o que seria dela? Aos poucos, se deterioraria; o jardim transformar-se-ia em um matagal disforme, impenetrável e temível, talvez criadouro de cobras e aranhas; as paredes descascariam as cores, as cobertas e roupas ficariam mofadas, e os passarinhos não mais voltariam, pois não mais teriam para quem cantar. Se eu não voltasse, a casa deixaria de ser um lar. Quem sabe, em anos, alguém poderia abrir suas portas e perguntar a si mesmo; "Quem morou aqui?" E através dos restos mortais do que encontrasse, tentaria reconstruir a história da minha casa, e através dela, a minha história.





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O TUCANO

O Tucano O TUCANO   Domingo de manhã: chuva ritmada e temperatura amena. A casa silenciosa às seis e trinta da manhã. Nada melhor do que me ...