A gente engole a mágoa
Que temos da vida
Servida na xícara;
Paz conquistada.
Cabo de adaga
Rachado,
A lâmina corta a mão
Que com precisão,
A agarra.
A gente engole a mágoa,
A gente se afoga,
Agora é tarde, a hora é morta,
Nada pode consertar
A engenharia torta.
A vida estrangula,
Sufoca a garganta
Que tenta gritar
Enquanto cresce a angústia.
A gente escala as paredes,
Regurgitando o medo,
As unhas arranham, agarrando
Deixando marcas profundas
Rasgando os nossos segredos.
E a vida nos consagra,
E a gente vira gárgulas
Nas soleiras das nossas portas,
Espantando aquilo tudo
Que nos mata.