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quinta-feira, 22 de março de 2018

Arrogância ou Amor Próprio?









Às vezes, alguém escolhe não gostar de nós. Não importa o que façamos, tal pessoa simplesmente olha para nós e decide que temos alguma coisa que as incomoda. Talvez seja a nossa maneira de andar, olhar, sentar, falar. Quem sabe, a nossa maneira de calar. Ou de respirar. Não importa: quando alguém nos escolhe como alvo, de nada adianta lutar contra isso, ou tentar reverter a situação, pois não importa o que possamos fazer, só servirá para agravar ainda mais a situação, pois será apenas mais uma anotação feita no livro do ódio dessas pessoas. Qualquer coisa que façamos ou digamos será distorcida e virará uma justificativa, diante dos outros, que a pessoa usará para continuar nos detestando.

Uma vez trabalhei com uma moça que não gostava de mim, embora eu jamais tivesse dado a ela motivos para tal. Durante uma conversa informal entre amigas, eu descobri o motivo de tanto ódio – e acreditem, a futilidade de tal motivo muito me chocou. Conversávamos sobre características físicas, uma conversa informal e bem-humorada, quando de repente ela me olhou e soltou esta pérola na frente de todo mundo, a voz trêmula de ressentimento: “Você tem peito e tem bunda. Eu queria ter esse corpo.” Bem, a moça em questão era magra e bem proporcionada, e jamais teria passado pela minha cabeça que ela me invejasse pelos meus atributos físicos que mais me incomodavam. Devido à futilidade do motivo, mais tarde eu fiz de tudo o que podia para mostrar a ela que eu era uma pessoa legal, afinal de contas, mas de nada adiantou. Ela me detestou por anos a fio, inclusive me prejudicando voluntariamente no trabalho várias vezes. 

Ontem eu conversava com alguém e ela começou a falar sobre o ressentimento que algumas sogras guardam a respeito de suas noras. Tal ressentimento, muitas vezes sem qualquer razão, está baseado na falsa verdade de que a nora “roubou” seu filho. A sogra que pensa desta forma se recusa a compreender que o seu ódio não é da nora em questão, mas de qualquer uma que estivesse no lugar dela; até mesmo se fosse um grande amigo com quem o filho passasse muito tempo, ela talvez o odiasse da mesma forma. Mas tais ódios em família causam fendas entre os relacionamentos, e essas fendas tendem a crescer e causar rupturas definitivas. O que poderia ter se tornado  amizade, colaboração e união, transforma-se em uma guerra silenciosa de ressentimentos, ciúmes e inveja. 

Quem odeia, muitas vezes não contente em odiar sozinho, gosta de instigar outras pessoas contra o seu desafeto. E as outras pessoas muitas vezes acabam aprendendo a nutrir e expressar esse mesmo ódio. Quando não podem fazê-lo abertamente, elas o fazem nos pequenos gestos; elas o deixam bem claro nas indiretas, nas exclusões, nos olhares de soslaio. E quem passa por isso, sofre. Porque não entende o porquê de ter sido escolhido como alvo em determinado grupo.

De repente, a pessoa odiada finalmente compreende que de nada adianta tentar lutar; de nada adianta tentar ser agradável, cordata, viver caminhando pelos cantos para não provocar olhares reprovadores, deixar de ser quem é a fim de tentar ser o que ela acha que poderia agradar quem a odeia; porque, quem odeia, não está disposto a mudar. Não quer passar a gostar, e jamais vai admitir que sustentou uma opinião errada e injusta durante anos a fio a respeito de alguém. 

E então, essa pessoa simplesmente desiste.

E o que significa desistir? É não se importar mais. Não ligar mais para o que pensam a respeito dela, e caminhar da maneira que quiser, sem se importar com opiniões, fofocas e olhares reprovadores. 
E é exatamente neste momento, que ela passará a ser conhecida como “arrogante.”
“Fulana é arrogante porque não fala com ninguém. Não pede a opinião de ninguém, enfim, não faz o que a gente espera que ela faça.”  E continuam os julgamentos. 

Mas talvez seja bem melhor ser considerado arrogante por quem nos subestima a continuar nos subestimando a nós mesmos. Amor próprio é fundamental. E também é bem melhor estar sozinho e totalmente em paz – sabendo que jamais fez nada para prejudicar ninguém, nunca hostilizou ou segregou alguém devido a uma antipatia sem fundamentos – a continuar sendo saco de pancadas alheio. 

Quem sabe, a minha missão aqui na terra seja compreender e assimilar esta verdade? Se for, acho que estou a caminho.






7 comentários:

  1. oi Ana

    Cada um só dá o que tem.
    Por vezes não é que a pessoa não goste da gente, é que temos algo parecidos, e como esse algo incomoda essa pessoa ela prefere agir dessa forma.
    Projeções correm em todas as relações, temos que ter um olhar critico.

    bjokas =)

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  2. Ana, a cada ser assim que aparece em nossas vidas, ainda bem mais aprendemos... AFFF! rs.. beijos, chica

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  3. Olá, querida amiga Ana!
    "Quem odeia, muitas vezes não contente em odiar sozinho, gosta de instigar outras pessoas contra o seu desafeto."
    Prefiro ser chamada de arrogante do que de falsa... como desenrolou bem seu texto/desabafo...
    Seja muito feliz e abençoada junto aos seus amados!
    Bjm de paz e bem

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  4. Amiga Ana, bom texto, com reflexões proveitosas, sim, no final gostei, compreender e assimilar essa verdade já é um bom começo de seguir sendo feliz com você mesma!
    Não acredito que seja ódio pelas pessoas, propriamente dito, pois o ódio, no caso da pessoa ter te odiado, acredito que o ódio dessa era dela mesma, não estar feliz com o próprio corpo, no caso aqui mencionado!
    Abraços querida amiga!

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  5. Muito bom texto. É sempre discutível fazer juízos de valor sobre quem gosta de nós ou não gosta. Por vezes as aparências iludem.
    .
    * Amor em líricos fragmentos de vento. *
    .
    Cumprimentos poéticos.

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  6. OLá querida Ana, já passei por isso, fui invejada pela minha popularidade para com meus pacientes a quem eu dedicava muito amor e carinho , e por isso fui destaque em um dos hospitais que trabalhei no Rio, mas eu nunca me manifestei nem fiz nenhum sacrifício para que a criatura viesse a gostar de mim,pessoas assim , a gente tem que ficar longe delas. minha mãe dizia que o silêncio fere a língua do invejoso, e é verdade.
    Seu relato é uma pura realidade nos dias atuais.

    Bjs flor!

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