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terça-feira, 29 de janeiro de 2019

A Culpa é do Capitalismo?





Diante das coisas terríveis que aconteceram em Brumadinho, Minas Gerais, em decorrência do rompimento da barragem de rejeitos, existem vários posts, fotos e comentários circulando pela internet que nos fazem indagar sobre a saúde mental e a capacidade de empatia dos que os puseram online. Mais triste do que tudo isso, foram os comentários daqueles que, usando a tragédia a fim de combater o Presidente da República e sua equipe, afirmaram que as pessoas que sofreram a tragédia mereceram exatamente o que estão passando, já que sessenta por cento das pessoas votaram em Bolsonaro naquele local.

Acho que isso denota falta de empatia, de bom senso e de caridade, sem falar na falta de educação de quem postou tais coisas. Um verdadeiro absurdo!

Após tantas abobrinhas que li, deparei com um post dizendo que os culpados pelo que aconteceu em Brumadinho "somos todos nós", porque não nos manifestamos contra quando a tragédia ocorreu pela primeira vez em Mariana. Um outro post culpava o sistema capitalista pelo ocorrido.

Não vejo culpa no sistema capitalista, e sim no regime socialista que antecedeu o presente governo, e que concedeu status de 'desastre ecológico' ao penúltimo caso ocorrido. Através de conluios e maracutaias, e provavelmente, gordas propinas, foi permitido que tais companhias operassem sem qualquer fiscalização, sob risco eminente, e sem as licenças necessárias e exigidas por lei. 

Há muitos culpados, pelo que posso ver, mas com certeza, eu e você não o somos - a não ser que você trabalhe ou tenha trabalhado para o governo, ou  na companhia que causou o desastre, e tivesse preferido omitir-se diante dos riscos eminentes, mesmo sabendo que sua família e amigos estavam morando nas áreas próximas, e que eles poderiam sofrer as consequências a qualquer momento. 

O que vai ficar disso tudo? Terá sido apenas mais um motivo de escândalo temporário, ou medidas serão tomadas e punições serão aplicadas a fim de evitar que tais fatos se repitam? O tempo dirá. Pelo menos, enquanto Neymar não optar por um novo corte de cabelo, ou uma certa rede de TV não caçar algum outro escândalo faccioso, estaremos falando de Brumadinho. 

Até a próximo selfie!



sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

ROMA








Resolvi não escrever uma resenha sobre o filme, mas falar da maneira como ele interagiu comigo. Quando vi a chamada para o filme na Netflix, cliquei e então percebi que seria em preto e branco. Na primeira cena, intermináveis minutos de uma vassoura varrendo e lavando um piso, bolhas de sabão e ruídos de água. Achei: "Este filme deve ser chatíssimo!" imediatamente, sem dar uma chance sequer, saí do filme e procurei por outro.

Fiquei sabendo, dias depois, que ele tinha sido indicado ao Oscar, e decidi dar-lhe outra chance. Uma decisão inteligente! ROMA é um filme bonito e comovente, e logo que começamos a fazer parte da história, nos esquecemos de que ele foi feito em preto e branco. Quando ele termina, nos damos conta de que não ser colorido tornou-o um filme perfeito, já que a história se passa nos anos 70. 

A todo momento, eu me vi criança em várias daquelas cenas. A interação entre adultos, crianças e cães me fez lembrar da minha própria infância. As férias na casa dos tios me levaram de volta a um sítio que frequentávamos, e que pertencia a conhecidos. Todos juntos. Um grande número de pessoas, amigos e familiares juntos, desfrutando da vida. A gente olha para os objetos - um simples copo na janela com colheres dentro, um vaso de plantas meio-quebrado, aparelhos de rádio e TV - e pensa: "Tinha um parecido lá em casa!" O filme é isso.

Não existem cenas exageradamente dramáticas. Todo o drama da história parece real, não encenado. Não há exageros ou arrebatamentos. A vida, na medida certa e verdadeira. 

ROMA me fez pensar nas minhas perdas, e no quanto a gente precisa se readaptar, se redefinir para continuar a vida, deixando para trás o que foi embora e olhando para os lados, para o que ficou, o que ainda temos (e que não é pouco). É um filme que nos fala sobre continuar.

Se vale a pena? Vou assistir novamente no final de semana.










quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Vou te Contar um Segredo...










Chegue mais perto de mim,
Incline a cabeça
De modo que seu ouvido
Fique junto à minha boca.

Vou te contar um segredo:
Nunca cresci.
Esse rosto envelhecido que te fita,
É como a pedreira transformada
Em pedra brita,
Pedacinhos da histórias de uma vida
Contada em lindas mentiras.

Apesar dessa aparência
Sisuda, de decência,
Ainda acredito em fadas e fantasmas,
E morro de medo de lobisomem.

Quando vejo uma boneca,
Converso com ela através do pensamento
(Para que ninguém perceba).

Agora você já sabe
De algo que eu nunca disse
A mais ninguém!
Saberá guardar segredo?
Poderá me confessar
Que nunca cresceu também?




Luar, Montanha, Estrela






Acordei no meio da noite com uma faixa de luz entrando pela fresta da cortina do quarto, uma luz mágica que ia se projetar sobre o tapete. Levantei-me em silêncio para não perturbar meu marido, abri um pouco a cortina e ao olhar lá para fora, vi uma lua imensa brilhando no céu, envolta por uma leve camada de neblina translúcida. Olhei para o lado à minha esquerda, e o que vi, tirou meu fôlego: tinha chovido durante aquela noite, e a enorme montanha de pedra brilhava tanto, que parecia ser espelhada! Fiquei alguns minutos observando aquela paisagem, até que um pio de coruja me atraiu para  a janela que fica ao leste.


minha montanha, ao entardecer


Abri a cortina, e vi a maior estrela - ou planeta - que já vi na vida. Ela brilhava, espargindo raios cintilantes como se fosse aquela estrela mágica de Belém que conduziu os Reis Magos ao local do nascimento de Cristo. Ao seu lado, uma estrela um pouco menor, mas tão brilhante quanto. Não entendo nada de planetas e estrelas, mas sei reconhecer a magia, a beleza da natureza quando estou diante dela. Senti que não tinha despertado à toa. Alguém quis que eu abrisse a janela àquela hora e desfrutasse daquilo tudo. 


Amanheceu



Fui até o quarto dos fundos, de onde posso obter a vista completa da montanha, e... nossa... sabe aquelas coisas que nos deixam boquiabertos, totalmente sem palavras, pois qualquer som não seria digno de perturbar o momento? Pois é. Passei por aquilo. A montanha brilhava, refletindo o luar. Água escorria de suas encostas. O barulho do rio que passa pela rua lá em baixo era alto, por causa do grande volume de chuva, e uma brisa fresca soprava. Havia neblina enrodilhada no sopé da montanha, e as luzes das casas sob ela eram como pirilampos dormindo em uma caixa de algodão.

Minha montanha quando chove


Agradeci por ter acordado àquela hora. Agradeci pelo espetáculo que estava sendo oferecido a mim. Tive a nítida percepção de que não importa o que aconteça, existe magia na vida, uma magia que vai cuidar de tudo. 




Stand Up For Yourself (Defenda a Si Mesmo)







Um poema - na verdade, uma letra de música em inglês, que passou pela minha cabeça enquanto eu arrumava a casa. É assim mesmo, às vezes, quando estou arrumando a casa, as coisas surgem entre uma tarefa e outra...:


Stand Up For Yourself

I know exactly what it means
To fall apart at the seams
‘Cause I’ve been there quite a few times.
But there’s one thing that I have learned:
Playing the victim doesn’t work
Stand up for yourself and rise.

If it is pitty that you want
I’ll tell what it will beget:
Black vultures flying in your sky.
Whining and winning do not match
Hold your head high, and don’t forget
To drop that big bottle of wine.

Chorus:
Stand up for yourself,
Stand up for yourself
And you will see,
Sooner or later you’ll be fine,
Stand up for yourself,
Stand up for yourself,
And you will see,
Won’t ever need to get high.


Tradução:

Defenda a Si Mesmo

Sei exatamente o que significa
Ser despedaçado
Porque já aconteceu comigo algumas vezes.
Mas há uma coisa que aprendi:
Bancar a vítima não funciona,
Defenda a si mesmo e erga-se!

Se é piedade que você quer,
Eu direi o que irá atrair:
Urubus voando no seu céu!
Reclamar e vencer não combinam
Erga a cabeça, e não se esqueça
De largar aquela grande garrafa de vinho.

Coro:

Defenda a si Mesmo,
Defenda a si mesmo,
E você verá
mais cedo ou mais tarde, você ficará bem.
Defenda a si mesmo, 
Defenda a si mesmo,
E você verá,
Não precisará nunca ficar 'doidão.'


Obs: 'Stand up for yourself' é uma expressão que significa lutar por aquilo que você acredita, lutar por si mesmo e por suas ideias e crenças.






segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Somos Cúmplices







O caso de João de Abadiânia, ou João de Deus, trouxe à tona muitas das nossas próprias falhas. O mundo vive produzindo mártires e Cristos que servem para expurgar as nossas próprias culpas. Até hoje as religiões pregam que Jesus Cristo sabia de tudo que teria que passar, e que voluntariamente submeteu-se aos sofrimentos a fim de nos redimir dos nossos  pecados e fazer com que nos arrependêssemos deles. Se esta era a missão, Ele infelizmente fracassou. Porque até hoje a raça humana continua não apenas preferindo, mas também exaltando Barrabás. 

De repente, um dos maiores médiuns de cura do Brasil, mundialmente conhecido e exaltado, se vê envolvido em um escândalo sexual e financeiro sem proporções. Ficamos sabendo que durante mais de quarenta anos, João de Deus abusava de mulheres, lavava dinheiro e praticava vários crimes "sem que ninguém desconfiasse." Todos os que passavam pelas mãos sujas dele e sofriam abusos, calavam-se. Algumas mulheres até mesmo submeteram-se voluntariamente aos abusos praticados por ele mais de vinte vezes. Porque quem é abusado, e por livre e espontânea vontade, volta aos braços do abusador, submete-se voluntariamente, e mais do que isso, na minha opinião, torna-se cúmplice, pois muitas outras mulheres foram abusadas, não apenas por João de Deus, mas também por todas aquelas que o sabiam, e mesmo sabendo-o, decidiram se calar. Se em algum momento elas tivesse se manifestado, poderiam ter evitado que tais atos se perpetuassem durante tantos anos.

Ao mesmo tempo, em toda a cidade de Abadiânia várias pessoas também sabiam de tudo o que acontecia por ali – e até mesmo auxiliavam o médium – mas nada diziam, pois o que dissessem iria contra seus interesses comerciais e econômicos. 

Há muitos cúmplices. Todos deveriam ser ouvidos, julgados e condenados, juntamente com João de Deus. Porque existe um limite entre ser vítima e tornar-se cúmplice. 

Ultimamente, talvez incentivadas pelo caso de Abadiânia, tem havido muitas reportagens sobre mulheres que sofrem abusos e agressões. Algumas foram filmadas por câmeras escondidas, e mesmo assim, as mulheres em questão muitas vezes defenderam seus companheiros agressivos, recusando-se a prestar queixas contra eles. 

Há também os inúmeros casos de pessoas que continuam a defender políticos corruptos, ladrões e assassinos, e partidos políticos cujos objetivos já se desvirtuaram dos objetivos originais há muito tempo. Continuam a exigir a liberdade destes políticos, e nada que seja apresentado como prova contra eles parece ser o suficiente. 

Tudo isso me faz buscar respostas, mas essas respostas que eu busco não são nada fáceis de serem encontradas. Por que as pessoas cismam em defenderem seus algozes? Por que elas se recusam a admitir erros, a assumir culpas? Por que as pessoas admitem que outras abusem de si e de seus direitos, e ainda defendem seus abusadores? Por que, para a maioria das pessoas, é tão difícil admitir que errou, e recomeçar?

Finalmente, encontrei parte da resposta que eu buscava – digo parte porque nada é tão simples assim – em um livro que adquiri recentemente, “O Sagrado”, do rabino, humanista, filósofo e escritor Nilton Bonder. Eis a passagem que me esclareceu:

(...) “Há cultos que como primeira informação a suas vítimas previnem que haverá uma reação contrária aos ensinamentos que estão recebendo. Simulam então como os pais ou amigos tentarão provar que tudo o que aprendem é uma besteira. Ao antecipar eventuais reações, toda vez que a “vítima” em questão sofrer alguma forma de contestação poderá ouvir as palavras do seu instrutor que já a alertara sobre essa possibilidade. As falas contrárias se tornam assim profecias autorrealizadas e em vez de produzirem dúvida e reflexão sobre as informações recebidas, as reforçam; em vez de provocar pensamento, as  ideias provocam reação. Fica assim estabelecido o circuito circular onde um indivíduo perde sua capacidade de inteligência. Todo os sistemas de inteligência dependem de sua liberdade, de estarem abertos a possibilidades, livres de vícios e aprisionamentos. Esta é a função da pergunta ou da dúvida em qualquer sistema. Mesmo as máquinas são programadas para apresentar alternativas. É a alternativa ou a sua falta que faz de um sistema uma ferramenta inteligente ou um equívoco.”




quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Pluma








A pluma 
Na palma da mão.
A mão suspensa no ar.

Sabemos o final dessa história.

Somos a pluma,
Soltos ao beijo do primeiro vento.




Homenagem a

Ricardo Alves da Cruz





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