witch lady

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segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Amor Verdadeiro



Amor verdadeiro não nasce do que é fácil,
Dos sorrisos de superfície 
E dos falsos abraços.

Talvez seja preciso ter noites em claro,
Porque amor de verdade, é raro,
Não brota assim, de qualquer jeito,
Do chão!

Amor de verdade nasce da dificuldade,
Da adaptação,
Da paciência e até mesmo da saudade,
Quem sabe, da ausência repentina,
Que sempre põe, nos 'is', os pingos certos...

Amor de verdade percorre desertos,
E mata a própria sede com as águas das mágoas,
Quanto faltam outras águas,
Pois não se deixa morrer, assim, à toa,

Amor de verdade é coisa boa
Tirada de tudo o que for ruim,
Para que não venha o fim,
Por causa de qualquer desilusão,
Porque amor de verdade não morre
Sem que antes se tente
A ressuscitação.




JAMAIS SABEREI




Jamais saberei 
Como será a tua face de adulta,
Crescida, orgulhosa e resoluta,
Do reflexo das nuvens nas tuas negras pupilas,
Do sol brilhando sobre a tua figura...

Jamais saberei como será a tua vida,
Ou como será a tua voz,
Ou como seríamos juntas, nós,
Pois há nós demais nesses meus laços,
Travando meus passos,
Matando a amizade
Bem antes do abraço!

Jamais saberei como seria
Sentar-me ao teu lado, numa tarde de verão,
A fim de não fazermos nada,
A não ser contemplar a beleza das folhas,
Jamais saberei da tua alegria
Que guardaria minha casa em noites frias,
Velando meu sono enquanto sonho...

E quando estivermos ambas já bem velhas,
Não terei ao meu lado tua calma companhia,
Não te sentarás comigo ao alpendre,
Enquanto os beija-flores beijam as primeiras estrelas,
Não te verei olhar os pequeninos vaga-lumes,
Estarei bem longe de ti, e tu, de mim,
Da minha vida, bem distante!

E quem sabe, tudo volte a ser como antes,
Assim que eu te levar de volta onde nos conhecemos,
Assim que eu me virar de costas, para sempre,
Fechando para nós, a minha porta!

Te olho agora, e dormes tão tranquila aos meus pés,
E aos pés da minha mesa,
Dormes com a paz e a inocência de que és feita,
A sonhar com manhãs
Que infelizmente, nunca chegarão...

E eu sinto tanto, sinto tanto, tanto, tanto...
Mas é que ainda há dores pelos cantos,
São as escolhas que precisamos fazer,
Para que a vida não volte a morrer...



EIS A CASA





Deixo um poema de Cecília Meireles sobre uma casa na qual todos gostariam de viver:


Eis a Casa


Eis a casa
menos que de ar
imponderável,
no entanto é branca de camélia e tem perfume de cal.

Com seus corredores

Suas escadas

O alpendre
As janelas uma a uma

Vê-se o mar. As montanhas. O trem passando. O gasômetro.

Vêem-se as árvores por cima com suas flores

A casa impon derável

Mas de cimento madeira tijolos ferro vidro

A pintura prateada das grades cheira a óleo a fruta a luz

A água a pingar cheira a musgo
soa metálica, trêmula
insetos pássaros líquidos
pequenas estrelas
clarins muito longe

Peitoris gastos de braços antigos

Sombras de borboletas

Eu sei quem comprou a terra
quem pensou nos desenhos
quem carregou as telhas

Passam legiões de formigas pelos patamares

Eu sei de quem era a casa
quem morou na casa
quem morreu

Eu sei quem não pode viver na casa

É uma casa
com seus andares
suas escadas
seus corredores varandas
aposentos
alvenaria
muros

imponderável

Uma casa qualquer
Cruz que se carrega
Imponderavelmente, para sempre, às costas.



Um poema belíssimo, e nem é preciso dizer... nem percebemos o quanto somos como os caramujos, carregando nossas casas às costas - todas elas - as casas onde moramos, nascemos, crescemos e vivemos com nossas famílias. As casas onde fomos felizes e tristes, cujas paredes nos viram rir e chorar, temer e amar. As casas que nos comportaram e nos abrigaram quando nos sentíamos vazios de nós mesmos. As casas onde comemoramos nossos aniversários e choramos após nossos velórios. As casas cujas paredes ficaram impregnadas dos nossos sonhos e desejos, realizados ou não - e os sonhos e desejos não realizados sempre parecem eternos.

Carregamos muitas casas às nossas costas. Todas as casas em que moramos ou ainda vamos morar. Deixamos nelas pedaços de vida que ficam registrados em fotografias e lembranças. Cada mudança de casa é uma mudança de fase; até mesmo uma simples pintura na parede, uma troca de cortinas ou de cores, representa uma mudança, ou pelo menos, o desejo desta mudança.

Carregamos as nossas casas para sempre, quer as experiências que vivemos nelas tenham sido boas ou ruins. E finalmente, há casa derradeira, a casa que nos verá envelhecer. A nossa última morada.




sábado, 20 de setembro de 2014

SOB O CÉU QUE NOS ENGANA









O azul profundo abriga tempestades,
Abutres voam junto aos colibris,
Cai de repente em jorros, chuva ácida,
E cobre de ferrugem nossas grades.

O céu, de um azul monocromático,
Abriga todos os voos, todas as asas,
Num permitir calado, democrático.

E se não fosse assim, como seria?
Condena-se o contraste dos contrários,
Separa-se a tristeza da alegria?...





GETÚLIO VARGAS


O Jovem Getúlio Vargas



Entre tantos sobre quem já postei neste espaço, faltava ele! Um pouquinho sobre os pensamentos de Getúlio Vargas - o homem.




“Desconfio de quem nunca me pediu nada. Geralmente, aqueles que se sentam à mesa sem apetite são os que mais comem.” 



“A constituição é como as virgens. Foi feita para ser violada.”


"Quem não aguenta o trote não monta o burro."


"Quando o terror invade um povo, transforma muitas vezes um pusilânime num herói."




Sua carta de suicídio:


"Deixo à sanha dos meus inimigos o legado da minha morte. Levo o pesar de não haver podido fazer, por este bom e generoso povo brasileiro e principalmente pelos mais necessitados, todo o bem que pretendia. A mentira, a calúnia, as mais torpes invencionices foram geradas pela malignidade de rancorosos e gratuitos inimigos numa publicidade dirigida, sistemática e escandalosa. Acrescente-se a fraqueza de amigos que não me defenderam nas posições que ocupavam, a felonia de hipócritas e traidores a quem beneficiei com honras e mercês e a insensibilidade moral de sicários que entreguei à justiça, contribuindo todos para criar um falso ambiente na opinião pública do país, contra a minha pessoa. Se a simples renúncia ao posto a que fui elevado pelo sufrágio do povo me permitisse viver esquecido e tranqüilo no chão da pátria, de bom grado renunciaria. Mas tal renúncia daria ensejo para com fúria, perseguirem-me e humilharem. Querem destruir-me a qualquer preço. Tornei-me perigoso aos poderosos do dia e às castas privilegiadas. Velho e cansado, preferi ir prestar contas ao senhor, não de crimes que contrariei ora porque se opunham aos próprios interesses nacionais, ora porque exploravam, impiedosamente, aos pobres e aos humildes. Só Deus sabe das minhas amarguras e sofrimentos. Que o sangue de um inocente sirva para aplacar a ira dos fariseus. Agradeço aos que de perto ou de longe trouxeram-me o conforto de sua amizade. A resposta do povo virá mais tarde...."


quinta-feira, 18 de setembro de 2014

TELHADOS




A chuva cai, cedo ou tarde,
Sobre todos os telhados,
Lavando as telhas
E enchendo as calhas
Que escorrem suas lágrimas...

E isto é sempre certo:
Ela cai, sempre,
Sobre todos os telhados,
Sobre cada um deles,
Sem poupar nenhum...

-E isto, é fado.





terça-feira, 16 de setembro de 2014

O HOMEM DOS IPÊS AMARELOS

Ipê que fica no jardim de um prédio, em frente à Praça da Liberdade, Petrópolis



Era uma vez
Um homem que transcenderia o tempo,
Que caminhava pelas alamedas das palavras
Entre ventos e pensamentos.
Contemplava a vida,
Fazendo a diferença
Em almas estranhas ou queridas.

Um homem de fé,
Que perdeu a fé
Nos templos, entre os homens,
E redescobriu-a entre as crianças,
E nas flores do ipê.

Era uma vez um homem
Sem meias palavras,
Sem meias verdades,
Sem metades,
Um homem inteiro,
Que veio ao mundo para encantar.

Tinha uma mensagem
(Eu a escutei):
"Amem os ipês amarelos!"
E eu amei.
"É preciso ter cuidado
Com o pássaro pousado no dedo,
Pois ele um dia, voa..."
E eu ouvi,
E ele voou...


Singela homenagem a Rubem Alves pela passagem de seu aniversário 15/09





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