witch lady

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segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Café




O café escorreu lentamente,
Desceu queimando
Pela garganta,
Fazendo sangrar a manhã
Em tons marrons.

O futuro se escondeu na borra forte,
E o sabor coloriu a alma anêmica.
O perfume despertou a ilusão
De que talvez fosse mentira.

O dia seguiu, quase hipnótico,
O azul imenso e monocromático do céu
Agredia as vistas,
Sem o menor respeito pela minha dor.

E as aves cantavam, atrevidas,
Nas árvores próximas à janela...
Mais um gole de café
Que não trouxe de volta o que eu queria...

Não despertei daquele pesadelo,
E a tarde descansou, finalmente,
Sobre tuas mãos cruzadas...


domingo, 15 de setembro de 2013

TRANSGRESSÃO




Nasci para andar descalça.

Meto os pés na lama
Sem hesitação,
Cubro-me das pétalas
Que das flores caem,
Orno-me das folhas
Que as árvores enjeitam,
Mato minha sede
Com a água que nasce
Das loucas enchentes,
Revolta da chuva,
Revolta dos rios.

Aparentemente,
Sigo a linha reta
Que a vida desenha,
Mas dentro de mim
A estrada não segue
Caminhos conhecidos:
Sou de poucas palavras,
Poucas perguntas,
Poucos amigos.


Prefiro o silêncio, 
E dele eu me visto,
Sou bicho das sombras,
Ando equilibrando-me
Pelo meio-fio
Só porque assim
Eu me divirto,
E seu eu cair,
Não há abismos.

Aprendi a ser
Aquela que cai,
E sempre se ergue
Um milhão de vezes.
Não desisto nunca
De recomeçar.
De cabeça erguida
Sacudo a poeira,
Só pago o que devo
(Se acho que devo)
Choro quando quero.

É duro, é difícil,
É quase impossível
(Desista, eu te digo)
Me fazer cair,
Me manter no chão,
Calar minha voz,
E ferir a pele
Do meu coração
Que bate sozinho,
Sem necessidade
De adrenalina.


Eu pago meus micos
Sem pedir descontos,
Não tenho vergonha,
Nada me constrange,
Nada me intimida,
Nada .


A Energia do Sábado





Desde pequena, sempre adorei os sábados... lembro-me da época em que eu tinha aulas de inglês e educação física nas manhãs de sábado, e acordava cedinho, a casa cheirando à madrugada, e dirigia-me à escola enquanto todos ainda dormiam. As aulas sempre terminavam com a gente jogando queimado no pátio da escola, e ao meio-dia, eu caminhava com as amigas até a avenida, onde tomava o ônibus para voltar para casa.

Sábado era dia do meu pai chegar mais cedo do trabalho. Era dia da comida mais caprichada. Era dia de ouvir músicas e brincar na rua. Também era dia - mais tarde, quando me tornei uma adolescente - das festinhas no início da noite, na casa de Dona Celina - mãe de amigos nossos, a única que não se importava com a nossa bagunça.

Na casa de Dona Celina, tudo era possível e permitido. Frequentemente, entrávamos já chamando pelos nomes de nossos amigos (quatro irmãos: dois meninos e duas meninas), e íamos adentrando a casa, encontrando Dona Celina na cozinha, passando roupas, debaixo do velho relógio cuco. Ela nos recebia com alegria, pois gostava de ter jovens em volta.

A casa de Dona Celina era bem pequena, mas era o lugar onde todos gostávamos de ficar.

Uma das lembranças mais queridas que tenho de lá, é a de uma noite de natal; voltávamos da comemoração em casa de minha irmã, recém-casada, e quando saímos do táxi, percebemos a luz e as vozes vindas da casa de D. Celina. Após alguma insistência, eu e minha irmã adolescente tivemos, finalmente, a permissão de nossos pais para irmos lá, "bem rapidinho." E encontramos a festa de natal sem ceia farta e sofisticada, mas com muita música, dança e alegria. 

Na casa de Dona Celina, nós nos arrumávamos para irmos aos bailes - "Sons", como eram chamados naquela época . As meninas disputavam o único espelho do armário do quarto, dividindo e partilhando sombras, rímel, blushes, batons e lápis de sobrancelhas... e de lá, saímos todos juntos nos domingos à tarde, em direção ao Serrano Futebol Clube.

A casa de Dona Celina foi nosso point, nosso ponto de encontro, da infância à adolescência... 

Comecei falando de sábados, e terminei recordando a casa de Dona Celina. Mas é que não existiam sábados sem casa de Dona Celina. E os sábados sempre me trazem lembranças daqueles tempos.



Sêneca de Manhãzinha





Alguns pensamentos de Sêneca




"Eu não sou um sábio e, para que a tua malevolência  se regozije, acrescento, nunca serei." É por isso que não exijo ser igual aos melhores, apenas melhor que os maus. basta-me que, a cada dia, eu corte um pouco meus vícios e castigue meus erros. Não estou curado nem ficarei de todo sadio."





"Então dirás: "Tu dás para receber algo em troca?" 
Respondo: "Eu dou para que não se perca. O que for doado vai ficar em um lugar onde não pode ser reclamado, mas pode ser devolvido."





"...com relação a algumas virtudes, é preferível o uso de esporas e, com outras, o uso do freio."




"...Por isso, o sábio disse: Não sou eu que falo de uma maneira e vivo de outra. És tu que entendes uma coisa por outra. Estás ouvindo o que te chega aos ouvidos, mas não procuras entender o significado das palavras."




"Que loucura é essa, tão inimiga dos deuses e dos homens, que destrata e profana com palavras maldosas as coisas sagradas? Se puderes, elogia o bom, senão, segue o teu caminho. Mas se gostas de ser infame, agridam-se mutuamente. Quando ficas furioso contra o céu, não vou dizer que cometes um sacrilégio, apenas lutas em vão."






sábado, 14 de setembro de 2013

Eu Levo








Eu Levo


Eu levo esperança e perdão
Nas dobras da minha mortalha.
Levo os sonhos que ficaram
Sob o fio da navalha.

Deixo a dor e a incompreensão
Por sobre a laje de pedra.
E a saudade (se sentirem)
Deixo em cada coração.

Na fotografia em sépia
Fica a imagem dessa máscara
Que a mim por Deus foi dada.

Talvez leve algum remorso
Por aquilo que eu não fiz...
Mas não levarei mais nada.


LIXO EXISTENCIAL - MEU NOVO LIVRO





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Ana Bailune

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Cartas a Theo - Vincent Van Gogh - Parte I






Trechos do livro "Cartas a Theo," que consiste em cartas trocadas entre Vincent Van Gogh e seu irmão, Theo.







"É no cemitério que eu prefiro tomar a palavra, porque ali todos pisamos o mesmo chão, e não somente pisamos o mesmo chão, mas também sempre percebemos isto."






"Aquele que ama muito realiza grandes coisas, e o que se faz por amor está bem feito."
 


"Não conheço melhor definição da palavra arte do que esta: "A arte é o homem acrescentado à natureza."; à natureza, à realidade, à verdade, mas com um significado, com uma concepção, com um caráter, que o artista ressalta, e aos quais dá expressão, "resgata", distingue, liberta, ilumina."





"... o que se passa no íntimo revela-se exteriormente? Fulano tem uma grande chama queimando em sua alma, e ninguém jamais vem nela se esquentar, e os transeuntes só percebem um pouquinho de fumaça no alto da chaminé e seguem então seu caminho. E agora, o que fazer? Sustentar esta chama interior, ter substância em si mesmo, esperar pacientemente, e no entanto com quanta impaciência, esperar, dizia, a hora em que alguém desejar aproximar-se - e ficar? Que sei eu? Quem quer que acredite em Deus, que espere a hora que cedo ou tarde chegará."



"Um pássaro na gaiola durante a primavera sabe muito bem que existe algo em que ele pode ser bom, sente muito bem que há algo a fazer, mas não pode fazê-lo. O que será? Ele não se lembra muito bem. Tem então vagas lembranças e diz para si mesmo: Os outros fazem seus ninhos, tem seus filhotes e criam sua ninhada," e  então bate com a cabeça nas grades da gaiola. E a gaiola continua  ali, e o pássaro fica louco de dor.
"Vejam que vagabundo", diz um outro pássaro que passa, "esse aí é um tipo de aposentado". No entanto, o prisioneiro vive, e não morre, nada exteriormente revela o que se passa em seu íntimo, ele está bem, está mais ou menos feliz sob os raios de sol. Mas vem a época da migração. Acesso de melancolia - "mas" dizem as crianças que o criam na gaiola, "afinal ele tem tudo o que precisa." E ele olha lá fora o céu cheio, carregado de tempestade, e sente em si a revolta contra a fatalidade. "Estou preso, estou preso e não me falta nada, imbecis! Tenho tudo o que preciso. Ah! Por bondade, liberdade! Ser um pássaro como outros." Aquele homem vagabundo assemelha-se a este pássaro vagabundo... E os homens ficam impossibilitados de fazer algo, prisioneiros de não sei que prisão horrível, horrível, muito horrível. Há também, eu sei, a libertação, a libertação tardia. Uma reputação arruinada, com ou sem razão, a penúria, a fatalidade das circunstâncias, o infortúnio, fazem prisioneiros. Nem sempre sabemos dizer o que é que nos encerra, o que é que nos cerca, o que é que parece nos enterrar, mas no entanto sentimos não sei que barras, que grades, que muros. Será tudo isto imaginação, fantasia? Não creio; e então nos perguntamos: meu Deus, será por muito tempo, será para sempre, será para a eternidade? Você sabe o que faz desaparecer a prisão. E toda afeição profunda, séria. Ser amigos, ser irmãos, amar, isto abre a porta da prisão por poder soberano, como um encanto muito poderosos. 
Mas aquele que não tem isto permanece na morte. Mas onde renasce a simpatia, renasce a vida. Além disso, às vezes a prisão se chama preconceito, mal-entendido, ignorância, falta disto ou daquilo, desconfiança, falsa vergonha."





"Agora, uma das causas pelas quais eu estou agora deslocado - e por que durante tantos anos estive  deslocado - é simplesmente porque tenho ideias diferentes das desses senhores que dão cargos àqueles que pensam como eles."



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EU SÓ TENHO UMA FLOR

  Eu Só Tenho Uma Flor   Neste exato momento, Eu só tenho uma flor. Nada existe no mundo que seja meu. Nada é urgente. Não há ra...