Quando eu era pequena, minha mãe tinha uma daquelas máquinas de costura Singer, de pedal. Ali, ela fazia vestidinhos e batas para nós, e também fronhas e lençóis para a casa. Lembro-me de uma calça de lã marrom que ela fez para mim, e na primeira vez em que usei, levei um tombo e rasguei-a no joelho... de castigo pela minha desobediência (minha mãe tinha mandado eu parar de correr algumas vezes, antes do tombo), ela a cerziu e tive que usá-la assim mesmo; morria de vergonha de ter que usar a calça cerzida no joelho!
Minha mãe também fazia nossos vestidos de festa caipira para o colégio, e uma vez, confeccionou meu vestido de noiva! Noiva caipira, é lógico.
Mas naquela máquina de costura, ela ensinou minhas irmãs a costurar. Uma de minhas irmãs, a Ester, aprendeu rapidamente: logo, ela estava costurando calças modelo pantalonas saint-tropez para a mulherada toda da vizinhança, e as calças que ela costurava, faziam o maior sucesso. Minhas outras duas irmãs também aprenderam logo, mas eu era uma negação... nunca consegui passar linha na máquina, muito menos, costurar.
Minha mãe tentou de tudo: bordado, tricô, crochê. O máximo que ela conseguiu, foi ensinar-me a pregar botões. Eu era - sou - uma negação em trabalhos manuais. Quem fazia as roupinhas para minha boneca Suzi (uma antepassada da atual Barbie), era uma amiga, cuja mãe trabalhava em uma malharia, e sempre tinha muitos retalhinhos coloridos em casa.
Aprendi a fazer pulseirinhas de palha, entremeadas de contas. Nisso, eu era boa! Chegava no colégio e trocava com as outras meninas por roupinhas de boneca, ou então, vendia e comprava mais continhas para fabricar mais pulseirinhas e colares. Eu amava fazer aquilo!
Já casada, eu tentei fazer fuxicos. Não, não estou falando de fofoca maldosa, mas daqueles pedacinhos de pano cortados em formato redondo e depois franzidos; quando se tem uma porção deles, a gente emenda os pedaços e faz colchas, almofadas e o que mais a imaginação mandar. Investi fundo na compra de retalhos. No começo, foi divertido, cortar os paninhos e sentar na rede para franzir os fuxicos, jogando-os num saco plástico ao ficarem prontos; mas na hora de montar a colcha... céus! Que desgraça... ficou tudo um horror, e minha fase-fuxico passou como uma ventania.
Não adianta; quem nasceu para lagartixa, jamais chega a jacaré. Não sei costurar, e pronto. Mas sei fazer um doce de abóbora que ninguém faz melhor!