Sábados de manhã. Eu dava aulas de inglês para meus dois sobrinhos, a Dany e o Ricardo. Saudades daquele tempo... ano? Entre 2006 e 2008, se não me engano. O Ricardo às vezes chegava um pouco atrasado, e cheio de histórias para contar. A Dany, sempre pontual e disciplinada.
Eu perdia a conta das vezes em que ele - o Ricardo - me interrompia. Era mais ou menos assim: eu começava:
-Well, gente, hoje nós vamos falar sobre as formas de futuro, 'will' e 'be going to.' Pay attention: we use will to talk about general predictions, and... (eu notava os olhos do Ricardo, divagando...).
-Tia, só um instantinho: você viu o filme de ontem, blá, blá, blá...
E lá se ia boa parte da aula de inglês... às vezes, ele me pedia para ajudá-lo com a letra de alguma música; outras vezes, as perguntas eram diferentes; ele queria fazer vestibular, e me pedia dicas de como escrever melhor; eu passava algumas redações para ele fazer em casa, e depois, corrigia e dava algumas dicas. Para a correção, ele vinha sozinho, durante a semana.
Depois das aulas de inglês, eu ia encontrar meu marido no trabalho para almoçarmos, e os dois iam cada um para sua casa. Mas descíamos a rua juntos, a pé, até o ponto do ônibus no Retiro. O lugar é bonito, e as conversas, eram animadas. Sinto saudades de nós três, às vezes sentados juntos naquele último banco, o maior do ônibus, conversando sobre as coisas da vida. Sinto saudades dos tempos em que sonhar era fácil, pois nenhum de nós tinha sequer ideia sobre o que o futuro nos traria dentro em breve.
Momentos únicos, que ficarão para sempre.