witch lady

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segunda-feira, 27 de agosto de 2012

VOCÊ SE FOI!






Amarrei os teus pés
À minha memória,
Colei os teus olhos
Sobre esta paisagem
Que juntos, miramos
Tentando evitar, num sonho,
A inevitável viagem.

Gravei tua voz
Por sobre estas pedras
Com todos os ecos
Dos quais me lembrei...

Deixei os teus passos
Por este caminho,
Sangrei de espinhos
Aquela palavra
Para não haver despedidas...

Enfim, veio a vida
E te levou
Junto com ela,
Foi apagando e te afastando
Sem piedade,
Soltando os laços
E me deixando
Só a saudade!

Você se foi,
E isto é tão real!...
Se algo ficou?...
Passos sem pés,
No meio do quintal,
Vozes caladas
Por sobre as pedras,
Olhos fechados
Por sobre a paisagem.

Só permaneceram
Dentro de mim
As memórias presas no fio
Tão frágil
Que tu deixaste...
Fatalidade!

Canto de Rolinha







Há um canto de rolinha
No fundo desse dia azul
Crivado de passarinhos,
E ele me chega
Junto com o perfume
Das flores de laranjeira.

Dia ensolarado,
Belo, preguiçoso!
Há tanta beleza
No verde das árvores,
Mas junto com ela
Há toda a tristeza
Do canto da rolinha.

Ah, como eu queria
Que essa rolinha
Voasse para longe!

Ficarão Meus Poemas





Ficarão meus poemas
Espalhados na rede
Nas placas de memórias
Do meu computador...

Centenas de histórias
Algumas, risíveis,
E outras tão tristes,
Escritas na dor...

Ficarão meus poemas
Em muitos cadernos
E folhas esparsas
Datilografadas...

Escritos em livros
Como anotações
Ou capas de discos
E papel de pão...

Ficarão meus poemas
No meio da estrada...
Palavras rasgadas
Que o vento levou.

E um dia, esquecidos,
Amarelecidos
Serão deletados
Pra sempre varridos!

Haikais











Sino de vento
Corta a brisa e o momento
Tilinta de dor.

*
Três nuvens no céu
Levadas pelo vento
Sumindo no azul.

*

Triste sabiá
Que sem cauda e sem canto
Vem me visitar...
***

Lixando a Grade





Há quanto tempo escuto o ruído do rapaz que lixa a grade na casa vizinha? Mais de duas semanas, eu acho... e nem é uma grade muito grande... fica na porta da cozinha, e deve ter mais ou menos um metro de comprimento. Barrinhas de ferro paralelas e espaçadas. E ele lixa, lixa, lixa... arranca toda a tinta antiga, com paciência e eficiência, mas sem nenhuma ciência. Acho que ele medita. Não tem pressa de acabar.

Eu mesma, já não consigo controlar a ansiedade de ver a grade pintadinha de novo. Mas o homem apenas lixa, lixa, lixa. 

Antes, era o ruído de uma faquinha que ele usava para arrancar a camada mais grossa da tinta envelhecida. Aliás, várias camadas, todas sobrepostas, por anos e anos de pintura inadequadamente feita. Porque os pintores anteriores não lixaram a tinta velha antes de passarem a nova. E a faquinha batia no ferro, compassadamente, quebrando o silêncio da manhã, entrecortada pelos passarinhos. 

Uma visita me perguntou que barulhinho era aquele, e eu mostrei a ela o homem que raspava (agora, o homem que lixa). 

Penso: "Por que ele não usa logo um maçarico e acaba com isso? Quem, afinal, se importará se uma gradinha de nada como aquela foi totalmente lixada, a tinta velha totalmente removida? E se fosse uma grade extensa, medindo quilômetros, como a do meu outro vizinho?" Mas ele, alheio às minhas especulações, concentra-se em seu trabalho de lixar.
O homem que lixa está se lixando para o mundo...

domingo, 26 de agosto de 2012

Matéria dos Sonhos








O capim não cresce à toa
Por onde os sonhos pastam.
Há que se cultivar bem
O solo, plantando as sementes
Cuidando para que não as levem
No bico, os pássaros.

Há que se cultivar com cuidado
O alimento do sonho
Para que não mingue,
Para que não morra  
De fome.

Alimentado e crescido,
O sonho, para ser real,
Às vezes  precisa aprender
A ignorar as profecias
Do Mal.

E, se sobreviver,
Antes de tornar-se real,
Deve o sonho ser aquecido
Bem junto ao coração que pulsa,
E que lhe dê coragem
De ganhar espaço.

Ás vezes, é preciso cortar laços.

Mas um sonho perdido em um campo vazio,
Sem que ninguém o alimente,
É apenas um sonho morto.
Reanimá-lo? Nem tente!

Viver é Sentir








Enquanto escrevo,
O sol me aquece as costas,
Raios entrando pela janela
Deitando sobre o teclado...

Sinto o seu calor,
Ouço os sons lá de fora:
Passarinhos, carros, pessoas,
Vejo uma borboletinha
Que voa.

Viver é sentir,
E eu sinto
Exatamente agora
O momento que vivo.

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EU SÓ TENHO UMA FLOR

  Eu Só Tenho Uma Flor   Neste exato momento, Eu só tenho uma flor. Nada existe no mundo que seja meu. Nada é urgente. Não há ra...