witch lady

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sexta-feira, 6 de abril de 2012

BRILHO DE ESTRELAS E ANSEIO









Ninguém pergunta às estrelas

O porquê de seu brilhar,

Embora haja um motivo.




Para todos, basta vê-las,

E quem sabe, até ouví-las,

Como já disse o poeta.




Espalhadas no infinito,

As estrelas dos meus sonhos

Brilhando, em busca de rumo




Anseiam por um planeta

Que lhes forneça uma órbita

E um profundo céu escuro.




Existe em mim a vontade

De ter um anel de saturno

Brilhando sobre o meu dedo,




E uma estrela que cintile

E que traga alguma luz

Ao que me resta de medo.



PAIXÃO






E então, aquele que tinha vindo para revelar a sombra dos que reinavam, mostrando a eles mesmos o seu grau de corrupção, foi capturado. 

Como pudera ele atrever-se a derrubar o templo seguro das verdades que há séculos norteavam existências? Como pode ele ter tido a coragem de desafiar seus dogmas e preceitos há tanto estabelecidos e jamais questionados? E aqueles a quem ele chamava de discípulos não passavam de gente simples do povo, gente sem representatividade que, não mais que de repente, eram premiados com a missão de espalhar a Palavra que ele desencavara dos confins dos corações humanos! E que dizia ser a Palavra Divina! Mas eles tinham a palavra Divina, e apenas eles!

Mas a multidão oprimida, com suas almas sedentas e ressecadas, seguia o mestre e seus discípulos a todos os lugares, e sentavam-se para ouvir suas histórias. Eles prometiam um mundo melhor, onde a repressão e a dor teriam fim. Bastava que para isso, eles o seguissem e cumprissem o novo dogma. Bastava que desistissem das ilusões aflitivas e tribulações daquele contexto de mundo cansado e repressor no qual estavam inseridos. Mas haveria ranger de dentes até que toda aquela paz pudesse ser alcançada! Haveria morte e perseguição, mas desta vez, por um ideal maior que eles mesmos. Ora, já não eram mortos e perseguidos em favor dos que estavam no poder e lhes usurpavam as almas? Desta vez, a perseguição sofrida seria por uma causa maior: a salvação da humanidade!

E muitos acreditaram nele. Muitos o seguiram, bebendo suas palavras e assimilando as novas verdades. Assim, ele tornou-se perigoso, pois proclamara-se um novo rei, com promessas de um novo reino de vida eterna a seus seguidores, que em muito ultrapassava as expectativas daquele povo e as capacidades dos antigos governantes e líderes espirituais.

Ele tinha que ser calado. Enviaram-lhe o Rei das Trevas, com promessas de ouro, prata e poder sobre toda a humanidade. No deserto de sua própria sede e de seu próprio medo, ele foi tentado. Só mesmo o seu próprio coração pode reconhecer a dificuldade que ele teve ao dizer ‘não’ a todas aquelas ofertas! Mas ele conseguiu, e atravessou seu próprio deserto, agora consciente da própria sombra que carregava, fruto de sua própria luz.

Como ele não havia cedido, a única alternativa que lhes restava, era eliminá-lo. Para isso, procuraram o mais fraco de seus discípulos – o mais ambicioso – e o convenceram-no a traí-lo; mas disseram que não se tratava de traição, e que tudo seria para o próprio bem de seu mestre, e que nenhum mal lhe seria feito. Tudo o que ele precisava para ser novamente libertado, era negar suas convicções errôneas e deixar de colocar ideias malucas na cabeça do povo. Que mal poderia dar-se daquela atitude? E não seria traição, já que o discípulo só estaria contribuindo para que seu mestre permanecesse vivo e fisicamente íntegro!

Assim, com um beijo, a história foi selada.

O mestre foi conduzido a um tribunal, onde as autoridades não quiseram responsabilizar-se pelo seu destino. A decisão seria do povo – seus seguidores. Levaram-no diante deles, junto com Barrabás, o Ladrão, e disseram ao povo que eles deveriam decidir quem morreria e quem viveria.

A multidão calou-se por um instante, indecisa diante da sombra e da luz. Pela primeira vez, estavam diante de dois espelhos, mas em apenas um deles, reconheceriam a sua imagem.

Lembraram-se dos muitos anos durante os quais a luz de poucos projetara sombras escuras sobre a sua existência. Mas, por outro lado, lembraram-se das promessas de luz eterna e conhecimento,feitas pelo mestre que os ensinara, sentado sobre as colinas, e das tardes maravilhosas que haviam desfrutado juntos. Mas também se lembraram de que ele mesmo dissera que, para que a luz fosse feita, e para que a paz fosse alcançada, muitos deveriam morrer. E mil dúvidas vieram Às suas mentes: será que existia mesmo, a vida espiritual prometida? Tudo o que conheciam, era aquela vida carnal, urgente, incontestável, feita de dores e prazeres.

Por fim, concluíram que, se a vida espiritual realmente existisse, que mal fariam, se enviassem seu mestre até ela? Não deveria ele precedê-los, e guardar seus lugares junto ao Pai maior?

A decisão que tomaram foi assim justificada; mas o que eles não perceberam, era que matar o ladrão seria o mesmo que matar algo importante em todos eles, pois Barrabás era o receptáculo de suas sombras! Durante suas vidas, eles tinham aprendido a lidar melhor com a sombra do que com a luz. Não estavam prontos para abrir mão de seu lado mais obscuro, trazendo-o à luz do conhecimento. A salvação teria que esperar por mais alguns séculos, até a humanidade pudesse reconhecer a sua sombra e lidar com ela adequadamente, trazendo-a à luz.

Mal sabiam eles que tinham feito a escolha certa, nada mais, nada menos do que exatamente o que o mestre esperava que eles fizessem, pois a luz foi devolvida a uma dimensão à qual não os cegava, e eles podiam procurá-la e olhar para ela sem correrem o risco de se tornarem cegos por seu brilho. Bastava-lhes saber que ela existia.

E a promessa, feita pelo mestre, de muitas dores e provações até que pudessem alcançá-la e olhá-la de frente, até hoje é cumprida na face da terra.



quinta-feira, 5 de abril de 2012

Sexta Feira Santa






Sei que houve, mas não consigo lembrar-me de uma Sexta Feira Santa que não tenha sido cinzenta. Geralmente, este é um dia silencioso, no qual muitas pessoas jejuam e se recolhem em oração e meditação.
Não sou religiosa. Não creio em tudo o que está na Bíblia. Tenho medo e desconfio de qualquer coisa que tente determinar em quê devo acreditar, como devo me vestir ou de que maneira devo pensar.
Mas mesmo assim, acho as Sextas feiras Santas dias especiais. Elas foram feitas para que possamos pensar em várias coisas. Por exemplo, no quanto é fácil cometer uma injustiça quando nos omitimos, mesmo sabendo da verdade, ou quando apenas seguimos a maioria.
Podemos também aproveitar para medirtarmos sobre quanta destruição e dor uma traição pode causar. E que aquele que trai, será sempre lembrado não pelas boas obras que cometeu, mas por aquela (talvez única) traição que perpetrou, mesmo que tenha havido também, em sua vida, boas ações.
A Sexta Feira Santa também nos ensina o quanto somos cruéis ao queimarmos, ano após ano, durante séculos e séculos, a figura de um homem que errou, fraquejou e caiu - mesmo que este homem tenha se mostrado tão arrependido a ponto de tirar sua própria vida. Continuamos a julgá-lo e condená-lo, sem perdão. Como se nós jamais tivéssemos errado, fraquejado e caído.
Esta data também é importante para nos ensinar uma verdade afirmada pelo próprio Cristo (mas que ele mesmo se esqueceu de praticar): "Não jogueis pérolas aos porcos." Porque, para mim, foi o que ele fez, ao sacrificar-se por uma humanidade que não estava, não está e tão cedo não estará pronta para entender o que ele tentou ensinar. Porque eu tenho certeza: se ele tivesse vindo hoje, seria tratado da mesma maneira. Ou até pior.
Por estes e outros motivos, acho a Sexta Feira Santa um dos dias mais importantes do ano. É o dia da sombra. É o dia de encararmos a nós mesmos e aos nossos atos e decidir quem somos: o que joga pérolas aos porcos, o que trai, o que condena, o que se omite, ou o que não perdoa. Porque em diferentes momentos da vida, todos nós encarnamos estas personalidades. 






ABISSAL







Escolhi do mar
As lembranças
Que desejei ter...
Quase afogada,
Pés atados pelas algas
Que tentavam me reter.

Um cavalo marinho,
Para cavalgar em meus sonhos salgados,
Uma estrela do mar,
Para fazer um pedido,
Uma tartaruga
Para eu, distraída, vir a perder,
Três peixes,
Que me ensinem a nadar sem morrer
E que me levem aonde está você.



O CAMINHO DA FLOR





Queria voar, queria existir,
Bem além do seu jardim.
Pétalas erguidas ao céu,
Recebiam a chuva e o sol,
Mas desejavam o vento
Que a erguesse
E a levasse
Para muito além
Daquelas paragens.

As outras flores riam,
Não entendiam...

Fechavam-se à noite,
E ela, se abria toda!
Despertavam bem cedo, pela manhã,
E ela, quase ao meio-dia...

Flor rebelde, que queria
Fortemente, o que não conhecia....

Até que um belo dia...

Veio o vento, e a levou
Para o céu, em vis rajadas!..
As outras flores, amedrontadas,
Lamentavam o destino
Da amiga enlouquecida.

Enquanto isso, ela voava,
E olhava, lá de cima,
A vida, as outras flores,
Passando por outros jardins,
Conhecendo outras fronteiras,
Sentindo o beijo da brisa
Deitado sobre suas pétalas.

Foi deixada em uma poça,
E morreu de morte encantada.




quarta-feira, 4 de abril de 2012

DAS SOMBRAS






Das sombras, nascerão rosas!
De dentro da escuridão
Brotarão das mãos Divinas...

Silêncio negro e profundo,
Que envolve e governa o mundo,
Adubo do renascer...


E ao reabrir dos olhos,
Surpresa e arrebatamento,
É isso que quero ver!

E mesmo na incerteza,
Nas sombras, plantarei rosas,
Que um dia, hei de colher...



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DA PÁSCOA






Da Páscoa...

Da Páscoa, eu me lembro de minha irmã com caixas de sapato e papel de seda, fazendo 'ninhos' para o coelho por os ovos. Ela cortava alguns babados de papel, colava à volta da caixa, e depois, fazia palha fininha com o que sobrava dele, enquanto eu ficava imaginando o que encontraria na manhã seguinte.

Da Páscoa, lembro-me das quaresmeiras em flor. O morrinho ao lado da casa ficava salpicado de roxo e amarelo.

Da Páscoa, lembro-me de meus pais me acordando no domingo bem cedinho, e de eu levantar da cama correndo para ir olhar meu ninho de caixa de sapato, cheio de ovinhos de chocolate e bombons.

Da Páscoa, lembro-me da família reunida na sala de estar, assistindo àqueles filmes religiosos que passavam na semana santa, todos comendo bombons. Havia bombons que não existem mais, com sabores de frutas: figo, ameixa, pêra, laranja. Não gostávamos deles, e eram sempre os últimos a serem comidos.

Da Páscoa, lembro-me de minha irmã e eu, e das outras crianças do bairro, todos unidos depois do almoço de domingo, para mostrarmos nossos ninhos uns aos outros e comermos chocolate.

Da Páscoa, lembro-me do almoço em família, o cheiro do 'batatalhau' se espalhando pela casa.

Da Páscoa, lembro-me de nós no Teatro Mariano, para assistir, pela enésima vez, "A Paixão de Cristo." 

Da Páscoa, lembro-me do enorme ovo de chocolate que minha irmã mais velha ganhava do namorado, e que ficava sobre o móvel da sala de estar, por meses a fio, e no qual não podíamos nem sonhar em tocar... uma vez, ela demorou tanto tempo para abrí-lo, que quando o fez, ele estava todo mofado.

Hoje, eu sei do verdadeiro significado da Páscoa, mas quando eu era criança, eu o vivia muito mais intensamente, sem o saber...



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EU SÓ TENHO UMA FLOR

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