Quisera poder salvar os deuses da minha infância,
Que hoje descansam
De olhos fechados,
Semblantes cobertos de bruma,
As mãos entrelaçadas sobre o peito.
Quisera poder ouvir novamente seus sorrisos,
Abrir os olhos na escuridão
E saber que eles estão lá,
Velando por mim.
Mas depois que a inocência morre,
Nada mais nos socorre.
Quisera poder escutar suas vozes miúdas
Em meus ouvidos
Fazendo-me crer que tudo vai ficar bem,
Não importa o que aconteça,
E que após a escuridão,
A manhã mais clara estará a minha espera...
Mas aprendi a ver além das paisagens e olhares.
Quisera poder novamente encontrá-los nos vitrais coloridos
Das igrejas e catedrais,
No silêncio quente da chama de uma vela,
Passeando entre as palavras das preces sussurradas.
Quisera que houvesse um caminho,
Um jeito de ressuscitar meus deuses moribundos
Que tem fé em mim, e que me esperam.