Nos dias de hoje, ao assistir vídeos no YouTube ou Instagram, vemos muitas pessoas cortando palavras para não serem pegas pelo monitoramento de redes. Não se podem mais dizer palavras como morte, suicídio, eleições, pandemia, nazismo, vacinas e muitas outras, que apesar de serem desagradáveis, são importantes.
A cada dia, mais palavras são incluídas nessa lista, e acredito que dentro em breve tentarão cortar alguma letra do alfabeto também. Juntamente com essa nova moda de proibir palavras, também tornou-se prática desmonetizar canais, excluir contas e redes sociais, banir pessoas do país , proibir provedores de internet e até mesmo cortar os salários de senadores – coisa que nos meus quase 59 anos de idade eu nunca vi, nem mesmos nos tempos da ditadura.
Mas parece que ninguém (ou muito poucos) percebem aonde essas coisas estão nos levando aos poucos. É como uma doença mortal que chega devagar, instala-se silenciosamente e, mesmo diante dos primeiros sintomas, nós a ignoramos. Quando finalmente alguém decide realmente fazer alguma coisa, é tarde demais. Ela já tomou todo o corpo, e a cura é impossível.
Dizem que existe um propósito para tudo isso, e que cada pessoa – mesmo as que detestamos - é importante no curso da vida; se assim for, quem sabe o propósito não seja abrir os olhos dos que sofrem de cegueira voluntária? Talvez somente através do sofrimento aprendamos a importância de acordar em um país livre, e somente perdendo a nossa liberdade aprenderemos a valorizar o direito de podermos falar sobre qualquer assunto, mostrar uma opinião e tornarmos nossos pensamentos públicos, mesmo que seja apenas como uma forma de desabafo, sem nos preocuparmos em sermos presos, exilados ou termos as nossas contas em redes sociais canceladas.
Na história das religiões o diabo é importante. Quem sabe, na história do Brasil ele também seja?