Acabo de terminar uma aula cujo tópico de conversação era o tédio. Eu acho que quando a gente se sente entediado, é hora de mudar. Nem falo de grandes mudanças - embora elas sejam necessárias, muitas vezes - mas de pequenas mudanças no cotidiano.
Por exemplo:
- Quando estou cansada de um cômodo da casa, eu troco os móveis de lugar, ou pinto a parede de outra cor, troco as capas das almofadas ou simplesmente introduzo no local pequenos objetos que estavam em outros cômodos. Vasos de plantas também dão um novo ar a qualquer ambiente. De vez em quando, troco os tapetes e cortinas de lugar; trago os da sala para o quarto, e vice-versa.
- Eu gosto de experimentar coisas diferentes: restaurantes diferentes, lugares diferentes. Se não faço isso com tanta frequência, é porque meu marido é muito conservador. Ele é o tipo de pessoa que não gosta muito de mudanças. Para ele está tudo bem ir sempre aos mesmos lugares e até mesmo pedir os mesmos pratos de sempre. Mas eu quase sempre peço algo que eu nunca comi. Isso pode ser desastroso, mas também pode ser muito positivo. Foi assim que fiquei conhecendo o risoto de pera com brie do restaurante Mimô, aqui em Petrópolis.
- Gosto também de experimentar roupas que eu geralmente não usaria. Ando aceitando as recomendações das vendedoras e me atrevendo um pouco mais na escolha do que vestir, e tem dado surpreendentemente certo. Se não aceito sempre seus conselhos, pelo menos concordo em experimentar as roupas. De vez em quando, por que não usar uma camiseta rosa choque, ou uma saia verde bandeira?
Acredito que até mesmo a depressão - a doença do século - pode ser apenas um caso de tédio não reconhecido: as pessoas estão tão condicionadas a fazerem sempre as mesmas coisas, que acabam ficando deprimidas, mas não conseguem identificar as causas. Quem sabe, ao invés de tomar remédios, uma pequena viagem poderia ajudar? Ou então uma camiseta rosa choque!
O tédio das coisas sempre feitas da mesma forma deixa as pessoas chatas. É como aquela pessoa que sempre passa as férias na praia, só porque tem um apartamento lá. Nunca mais vai para outros lugares. Ou veste sempre as mesmas cores. Ou fala sempre dos mesmos assuntos ou sobre si mesmo, sempre citando o passado, porque não se informa sobre o que anda acontecendo no mundo, não lê um livro, não sai de casa, não aprende nada novo ou diferente. Talvez a depressão seja um tédio que saiu do controle, alguma coisa sombria que foi se acumulando ao longo dos anos e que criou vida própria. Daí surge o medo da mudança, a inércia, a sensação de incapacidade.
Quanta diferença pode fazer uma simples camiseta rosa!