Um lugar que ambos escolhemos, e ocupamos há mais de 34 anos |
Ando me perguntando sobre meu lugar no mundo, e na vida das pessoas que me cercam. Através das nossas escolhas e das escolhas das pessoas que interagem conosco, vamos criando nossos lugares. Por exemplo, ao nascermos, temos o nosso lugar entre os pais e os irmãos; sabemos exatamente qual o nosso papel, e o papel dos demais. Mais tarde, na escola, geralmente escolhemos um local para nos sentarmos no primeiro dia de aula, e lá permanecemos o ano todo. Todo mundo sabe que aquele é o nosso lugar, e saberão que estamos ausentes quando ele estiver vazio. A cada ano, talvez mudemos de sala de aula, de escola e de professores, mas sempre escolheremos um lugar no qual nos sentimos bem, e se chegarmos atrasados e alguém ocupá-lo, pediremos que o cedam ao verdadeiro dono assim que chegarmos.
Escolhemos os lugares onde vamos morar; estabelecemos o nosso endereço, com nome de rua e número de casa ou apartamento. É ali que moramos. É ali que estão as coisas que nos pertencem, é na casa onde vivemos que a nossa personalidade mais se faz confortável.
E assim vamos construindo nossas vidas e estabelecendo os nossos lugares, tanto na família quanto nos grupos de amigos.
Quando nos casamos, passamos a ocupar um lugar na vida de nossos cônjuges, e por conseguinte, nas famílias de nossos cônjuges.
Porém, nem sempre este lugar é reconhecido ou respeitado. Às vezes, ele não é considerado. A fim de evitarmos situações desconfortáveis, muitas vezes acabamos por fazer vista grossa a muitas coisas que vemos, e fingimos não perceber outras que escutamos, sendo repetidamente deixados de lado ou excluídos das principais decisões - afinal , somos vistos como um apêndice, um membro invasor, um cisco, ou qualquer coisa assim. É muito triste quando isso acontece.
Mas, quando acontece, o melhor não é calar-se e aceitar ser relegado ao cantinho, lá, onde querem que você permaneça para não atrapalhar. Não: precisamos lutar pelo lugar que conquistamos. Não podem simplesmente mover-nos daqui para lá, ou de lá para cá sempre que acharem conveniente!
Não importa quanto tempo passamos deixando para lá, aceitando tudo o que foi imposto, fingindo não ouvir ou perceber a fim de manter uma paz que não nos beneficia, a não ser a quem a impõe. Aprendi que tem um lugar aquele que o defende. É respeitado quem não admite ser deixado de lado.
E se não for assim, a melhor coisa é procurar outro lugar.