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segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

HUMANIDADE






Existe um nome que hoje ecoa na mídia, e que jamais será esquecido: Aleppo. Imagens das crianças que foram mortas ou que perderam suas famílias correm pela internet e pelos jornais e revistas do mundo todo. E eu fico me perguntando o quanto a raça humana progrediu ao ver cenas como as que foram mostradas ontem no programa Fantástico. 


2016 foi um ano dramático. Nosso país está mergulhado em lama, sujeira, corrupção e oportunismo. Parece não haver um prazo para que estejamos de pé após esses últimos anos de roubalheiras, que continuam. Mais de doze milhões de desempregados vão passar pelo natal sem ceia e sem presentes. 


A Venezuela, tenta sobreviver à fome e à ditadura cruel de um político enganador cujo único objetivo é manter-se no poder. Maduro já caiu de podre, e ainda não percebeu. Enquanto isso, nas ruas as pessoas recorrem aos saques – talvez, numa tentativa desesperada de salvarem suas famílias de morrerem de fome.


Mas nada se compara a Aleppo e às suas crianças massacradas. E quando eu as vi na TV ontem à noite, incapazes de chorar, os olhares perdidos em algum horizonte onde a esperança já morreu, talvez se perguntando o que será delas – sem pais, sem famílias, sem escolas e sem casas, sabendo que a qualquer momento, uma bomba poderá colocar um fim a tudo, eu me pergunto quantas delas não seriam mais felizes se esse fim chegasse. Fico me perguntando quanto tempo levará para que elas possam ir dormir novamente sem sentirem medo. Quanto tempo será preciso para que elas – caso se tornem adultas – possam se recuperar psicologicamente de tudo o que estão passando e conseguirem levar uma vida normal. 


Comparados ao que elas estão passando, nossos problemas não são nada. Aleppo é maior. Tudo é mais urgente e mais sofrível. E pouco pode ser feito, já que a ajuda da qual eles necessitam sequer consegue chegar às áreas de conflito, e quando chega – como os ônibus – são destruídas pelo inimigo. E quem é o inimigo? Um ditador egoísta e sanguinário, sustentado por outro ditador egoísta e sanguinário. É incrível o que uma única pessoa pode causar a milhões de outras pessoas. 


2016. um ano que entrará para a história. 


Um dia, tudo o que está acontecendo hoje será contado nas salas de aula, e testado nas provas escolares. E as crianças do futuro se sentarão durante as aulas de história, as cabeças apoiadas nas mãos, os olhares perdidos em alguma paisagem lá fora, com a mesma indiferença que nós costumávamos nos sentar quando aprendíamos sobre as Duas Grandes Guerras Mundiais, ansiosos pelo toque da hora do recreio ou da hora da saída. Todas as dores de Aleppo terão perdido a importância daqui alguns anos, assim como todos os judeus mortos durante a guerra transformaram-se em fotografias nos livros de história – personagens cujas histórias feias são contadas e escutadas com tédio pelos que vivem hoje. E mesmo assim, o mundo não aprendeu a lição. Nós não aprendemos a lição.


Não houve evolução. Continuamos a rastejar na mesma lama de egoísmo, crueldade, maldade gratuita, indiferença, desejo de vingança, ambição desmedida, mentiras, mentiras, mentiras.


Nenhuma guerra é santa. Nenhum ideal deveria ser maior do que uma vida humana. 


Nenhum ideal deveria ser maior do que uma vida humana.


Deus retirou-se, e enquanto se afastava da humanidade, não olhou mais para trás. Acho que Ele hoje aguarda em alguma sala de aula, talvez recebendo as almas daqueles que estão sendo massacrados pela história que nós escrevemos e contamos, e quem sabe, Ele tente, mais uma vez, ensinar-nos como escrever uma História mais bonita.


Mas nós sempre fomos péssimos alunos.



terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Mil Mortes








Ah, a dor de morrer mil vezes,
Sob o peso dos mesmos pés,
Que pisam, inclementemente
As asas mais distraídas!

Destruir a própria vida
Após o mais longo inverno
Pensando já ter cumprido
Uma estadia no inferno!

Segunda morte, que mata
Mais forte, e profundamente
Aquilo que está por dentro
Apodrecido, demente!

Ah, a dor de errar de novo
Brandindo uma vara curta
Contra os tentáculos fortes
Do mais destemido polvo!

Morder a flor entre os dentes
Até que se quebre o galho,
Amordaçar fortemente
Silenciando o ato falho!

Mistério, é tudo mistério,
Do começo até o fim
Pois quem morreu, retornou
E passa a zombar de mim!

Ah, a dor de morrer de novo
Sob as rodas mais pesadas
Da carruagem, que passa,
E dela, não fica nada...

E o cão só ladra, só ladra,
Uivando, às vezes, à lua
Que observa, refletida
Na suja poça da rua!

Na poça da mais vil lama,
A imagem refletida
De quem almejava o céu
Mas perdia a própria vida...





Sócrates





Alguns pensamentos do filósofo Sócrates:




É costume de um tolo, quando erra, queixar-se do outro. É costume do sábio queixar de si mesmo.






Em qualquer direção que percorras a alma, nunca tropeçarás em seus limites.



Não penses mal dos que procedem mal; pensa somente que estão equivocados.








“As pessoas precisam de três coisas: prudência no ânimo, silêncio na língua e vergonha na cara.” 



“O homem para ser completo tem que estudar, trabalhar e lutar” 



“A maneira mais fácil e mais segura de vivermos honradamente, consiste em sermos, na realidade, o que parecemos ser.




Biografia: Sócrates foi um filósofo ateniense do período clássico da Grécia Antiga. Creditado como um dos fundadores da filosofia ocidental, é até hoje uma figura enigmática, conhecida principalmente através dos relatos em obras de escritores que viveram mais tarde, especialmente dois de seus alunos, Platão e Xenofonte, bem como as peças teatrais de seu contemporâneo Aristófanes.
Fonte: KDFrases




Os Piores Fantasmas







Os piores fantasmas

Não carregam nenhuma

Memória,

Os piores fantasmas.

São únicamente

Histórias

Já contadas.



Almas transformadas

Implodidas pela ambição,

De olhos insensíveis

E mãos separadas.


A eles, nada importa,

Nada conta,

Nada.




Os piores fantasmas

Ainda nem morreram,

Sentam-se, indiferentes, 

À mesa

De uma ceia indigente,

Os queixos apoiados nas mãos,

Os olhos perdidos,

Separados para sempre

Por milhas e milhas

De palavras malditas

Mal ditas.


São vidas sozinhas

Que perderam o encanto.

Sorriem nas fotos,

Entretanto...




segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

ESQUECIDA




Paisagem esquecida
De terra árida e águas corrompidas:
Assim tem sido a tua vida.

Estradas largas e desertas,
Por onde andam fantasmas esgarçados,
Desbotados, carcomidos,
E sem memória.

Ah, o surreal e abstrato
Mundo insandecido
Onde passos vacilantes
Já não conhecem os caminhos!

E os gritos lancinantes
Não encontram a paz final,
O porto seguro
De um par de ouvidos!







quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

No Feet





She had no feet; just slided across the floor,
And slowly raised her head
To look into open windows. 

Suddenly,
She hissed and moved her split tongue
Speaking a sinuous language
That only she could understand. 

Shshsh!!!




CASA É COISA SAGRADA







Casa é coisa sagrada. Devemos limpar os pés, baixar a voz e adoçar o olhar ao entrarmos em casas alheias. Devemos aprender a respeitar os espaços e as regras,   os gostos diferentes dos nossos, os objetos pessoais, as fotos e suas histórias, pois são histórias das vidas de seus habitantes. 

Casa é invólucro do corpo, que é invólucro da alma, templo do coração. Que aprendamos a reverenciar a casa, o lar, e a manter silêncio sobre os domínios que não são os nossos. Isto é sinal de maturidade, espiritualidade elevada, respeito, carinho e generosidade. 

Que jamais penetremos em uma casa para a qual não fomos convidados; que jamais partamos de uma casa com a língua coberta de injúrias, a fim de falarmos mal daquilo que vimos, tecendo críticas maldosas a respeito de quem nos recebeu. Todo aquele que age desta forma, carrega dentro de si a amargura da inveja e da maldade. 

E mais ainda, jamais olhemos para dentro das janelas alheias com curiosidade maldosa, enviando para dentro o olhar enviesado, ofídico e cruel da calúnia, da injúria, da crítica e do desamor. 

Tratemos a casa alheia da mesma maneira que gostaríamos que tratassem a nossa. Ou correremos o risco de nos vermos, um dia, do lado de fora de todas as casas, tendo como cenário, janelas e portas fechadas. 




segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Não me Arrependo de Nada




Piaf





Non, rien de rien

Non, je ne regrette rien

Ni le bien qu'on m'a fait

Ni le mal - tout ça m'est bien égal!




Non, rien de rien

Non, je ne regrette rien

C'est payé, balayé, oublié

Je m'en fous du passé!




Avec mes souvenirs

J'ai allumé le feu

Mes chagrins, mes plaisirs

Je n'ai plus besoin d'eux!


Balayé les amours

Avec leurs trémolos

Balayés pour toujours

Je repars à zéro


Non, rien de rien

Non, je ne regrette rien

Ni le bien qu'on m'a fait

Ni le mal - tout ça m'est bien égal!


Non, rien de rien

Non, je ne regrette rien

Car ma vie, car mes joies

Aujourd'hui, ça commence avec toi!


Tradução


Não, Eu Não Lamento Nada

Não! Nada de nada
Não! Eu não lamento nada
Nem o bem que me fizeram
Nem o mal isso tudo me é igual!

Não, nada de nada
Não! Eu não lamento nada
Está pago, varrido, esquecido
Não me importa o passado!

Com minhas lembranças
Acendi o fogo
Minhas mágoas, meus prazeres
Não preciso mais deles!

Varridos os amores
E todos os seus tremores
Varridos para sempre
Recomeço do zero

Não! Nada de nada
Não! Não lamento nada
Nem o bem que me fizeram
Nem o mal, isso tudo me é bem igual!

Não! Nada de nada
Não! Não lamento nada
Pois, minha vida, pois, minhas alegrias
Hoje, começam com você!
Começa com você



COMO VOU ADORNAR A MINHA ÁRVORE DE NATAL? - INTERAÇÃO COM ROSÉLIA BEZERRA

Este ano incluí uma ovelha negra no meu presépio; ela me representa.


Bem, a minha árvore já está prontinha, desde novembro. Sempre a monto mais cedo, pois gosto de manter o clima de natal em casa por mais tempo.





 A cada ano eu coloco luzes de cores diferentes - brancas, multicoloridas, azuis, verdes... mas este ano eu escolhi rosa - a cor do amor - justamente porque eu acho que é disso que o mundo precisa.





Antes, vermelho era a cor do amor, mas com o uso que está sendo feito desta cor atualmente, preferi não usá-la em minhas luzes... embora eu goste de tê-la como a cor predominante do natal! 




Também incluí um boneco quebra-nozes - sempre quis muito ter um, mas ou eram muito caros, ou então não tão bem acabados. Finalmente, encontrei um que me agradou.




Meu marido me presenteou com esse pequeno presépio luminoso (primeira foto), que quando aceso, deixa o Menino Jesus dentro de uma esfera de luz cujas cores vão se alternando.




Para mim, As cores do Natal são vermelho e verde, então coloquei-as no tapete (vermelho) e nas almofadas do sofá (verdes) e no panô da mesa, dourado, verde e vermelho. 




No mais, os detalhes: muito brilho e muita cor, porque para mim, natal tem que ter cor e brilho.




Mas não podemos deixar de pensar no verdadeiro sentido da festa, no que ela realmente representa, e sempre meditar sobre isto. 



Eu peço que 2017 seja um ano melhor para todos. Que não haja tanta corrupção no governo, nem mortes em desabamentos devido às chuvas. 




Que haja mais tolerância e respeito também  nas redes sociais - pois pensar diferente e saber respeitar as escolhas e preferências do outro, sem menosprezá-lo ou pensá-lo como estúpido porque ele não pensa como a gente -  é um sinal de evolução.




Eu espero e desejo que todos possamos ter um bom natal, apesar de todas as dificuldades pelas quais passamos, e lembremos sempre que, a fim de arrumar a casa, é preciso tirar tudo do lugar. Acho que é isso o que está acontecendo.







sábado, 3 de dezembro de 2016

ABORTO COMO MÉTODO CONTRACEPTIVO






Existem mulheres que são favoráveis à legalização do aborto. Eu não sou, a não ser em casos de estupro, problemas graves de má formação do feto ou quando a mulher corre risco de morte. Não por eu ser moralista, muito menos, religiosa - coisas que nunca fui - mas tenho as minhas razões.

-Em primeiro lugar, eu acredito que a mulher tem sim, o direito de tomar as decisões que quiser no que concerne ao uso do seu próprio corpo. Ela pode engordar, emagrecer, fazer exercícios físicos, tornar-se sedentária, tatuar-se, encher o corpo de piercings, raspar os cabelos, e até amputar as próprias partes (ou acrescentar outras). Porém, quando se fala em aborto, não é o corpo da mulher que está em jogo, mas um um outro corpo e uma outra vida que está dentro dela, cuja opinião ninguém perguntou, e que é fruto (na maioria das vezes) da irresponsabilidade e do egoísmo alheios.

-Em segundo lugar, não acho que o aborto possa ser considerado um método contraceptivo, pois antes dele, há muitos outros que todos conhecem. Até mesmo a abstinência quando não existe uma maneira de se prevenir por perto. A mulher tem a capacidade de pensar e tomar decisões responsávelmente, e não estragar a sua vida e a de outro ser humano apenas porque não conseguiu manter o zíper fechado ou a saia abaixada. 

-Li um post no Facebook no qual uma mulher afirmava que se o aborto for legalizado, será mais seguro para a mãe do bebê.


  😨 Mãe? Bebê?  - eu argumentei; "Mãe, para mim, é quem tem um filho, seja natural ou adotado. Quem aborta não é e nunca foi mãe." Ela me perguntou se eu estava transformando a questão em um problema meramente léxico. Respondi que uma mulher não pode ser considerada mãe de uma criatura que ela não considera viva, nem humana. Para ela, o feto é apenas algo que se joga fora, e não uma pessoa com um coração batendo. Ela não respondeu.

-Bem, quanto a oferecer mais segurança para a "mãe" da criança - digo, do feto abortado - imaginem só a situação: temos uma saúde falida neste país, assim como tudo o mais. Para se conseguir um simples exame de sangue ou uma radiografia, podemos ter que esperar meses. Cirurgias então, nem se fala! Muita gente morre antes de conseguir uma. 

Há alguns anos, quando a saúde já era ruim, mas não era tão horrível, tivemos um amigo que quebrou um braço (fratura exposta) em um acidente de carro. Chegamos na unidade de atendimento na manhã seguinte para visitá-lo, e o encontramos aos prantos, chorando de dor, sentado do lado de fora aguardando atendimento. Ele tinha passado a noite toda com uma fratura exposta, sem nem um analgésico, sentado do lado de fora do Pronto-socorro, sujeito a pegar uma infecção hospitalar. Ele precisaria de uma cirurgia, o que demorou quase um mês para conseguir. Enquanto isso, mandaram-no de volta para casa com a sua fratura exposta. 

Ok, voltando a falar do aborto, imaginem a situação: uma mulher que deseja abortar seu filho - digo, o feto - teria que esperar vários meses por uma vaga nesse sistema de saúde falido. De que tamanho estaria o feto, então? Ela não correria riscos, da mesma forma? E quem mereceria um atendimento de prontidão: o rapaz com a fratura exposta, uma pessoa gravemente enferma ou uma mulher saudável que deseja fazer um aborto?

 E quem pagaria pelo procedimento? Todos nós, que pagamos impostos, mesmo sendo contra. 

-Um outro problema, seria que a grande maioria de mulheres irresponsáveis alegaria que sofreu estupro para poder abortar de graça e em segurança. A coisa sairia de controle: como provar que ela não foi realmente estuprada? Qualquer uma poderia alegar que, passando por uma rua escura, foi agarrada e estuprada por um estranho, ficou com vergonha de ir à polícia e engravidou. E com certeza, o número de mulheres que fariam isso poderia ser muito grande. Vide o caso que bombou há pouco na internet sobre a garota que... bom, deixem pra lá...

-As camisinhas furam. As pílulas falham. Com certeza. Mas existem vários casais tentando adotar uma criança. Por que não ter o filho - digo, o feto - e dá-lo para alguém que cuidará bem dele? Mais humano do que matar - digo, abortar! E todo mundo ficaria feliz: os pais, a criança e a mulher que queria abortar.







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