witch lady

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segunda-feira, 20 de junho de 2016

Ao Inverno





Bendigo a branca umidade,
Matéria que veio dos sonhos
Das almas adormecidas
E pousa sobre a paisagem.

Goteja gotas cantantes, 
Da folha de cada árvore,
E ficam presas às flores
-Pedrinhas de diamantes!

No inverno dos meus sonhos,
E da minha realidade,
Me aconchego junto ao fogo,
Pensando em minhas saudades...

Bendigo esse teu abraço
Me chamando  a caminhar,
Sair, e beber do vinho
Que descansou no verão...

Aqueço meu coração
Ao sentir o teu abraço
E ao pisar nas poças d'água
Revertidas em mormaços

Que sobem, sobem aos céus,
Na face do meio-dia
Matando do sol a sede
Renovando a alegria.

Inverno, seja bem vindo
Ao inverno da minha vida!
Nossas almas são irmãs 
E em mim te dou guarida.









domingo, 19 de junho de 2016

InterSEXion








You meant nothing to him - just a point on a crossroad,
A place where he stopped for a drink
And a pee, and a sandwich,
You meant less than the weed along the street,
And his tires left their marks on your sand,
And now he goes back to his land.

You were merely quick satisfaction,
And you're the kind he'd never choose,
A bottle of bad-quality booze,
Just an interSEXion.









sexta-feira, 17 de junho de 2016

PALAVRA DADA


Bonito é manter pontes e caminhos sempre desobstruídos, pois a gente nunca sabe quando precisará passar por eles novamente.





Quando eu era pequena, meu pai mantinha uma conta aberta em uma vendinha lá perto de casa, que pertencia ao Sr. Manuel, um Português, e sua esposa Dulce. Funcionava assim: Sr. Manuel tinha um caderninho onde ele anotava as coisas que as pessoas tinham comprado, e os valores. No final do mês, os clientes pagavam as contas, quitando-as ou deixando um saldo para o mês seguinte. Ninguém assinava papel nenhum: o que valia, era a palavra. Era raro alguém que não pagasse o que devia, e assim, o Sr. Manuel mantinha seus clientes e os clientes do Sr. Manuel contavam com o crédito que tinham com ele quando precisavam.

Quando meu avô morreu, minha mãe herdou um terreno que precisou vender, mas o inventário demoraria muito, e então ela o vendeu na base da palavra. A pessoa que comprou assinou os documentos, que na verdade, não tinham valor legal, e acredito que esteja por lá até hoje, se não passou o terreno adiante. Hoje em dia, quem faz uma negociação dessas está correndo sérios riscos de ficar sem dinheiro e sem propriedade.

Era bonito, quando a palavra tinha valor; palavra dada era palavra cumprida, e ninguém discutia depois. O que era acordado através de uma conversa, era cumprido, nem que aparecesse um negócio melhor: alguém combinava de esperar até a outra pessoa conseguir juntar dinheiro suficiente para comprar um carro, e se outro alguém aparecesse com a quantia toda de repente, à vista, o carro não seria vendido, a não ser à pessoa a quem o carro havia sido prometido. 

Hoje, as pessoas não cumprem nem o que está no papel; não temem processos, não temem nada. A palavra  é apenas alguma coisa usada em uma negociação, dada temporariamente enquanto for interessante para ambas as partes, mas na primeira oportunidade, quando uma das partes se vê na necessidade de cumpri-la, ela é descumprida sem a menor cerimônia e sem o menor constrangimento. Depois, a pessoa volta de cara lavada, achando que pode começar tudo de novo nos mesmos termos, e nem percebe que foi desonesta – deu a sua palavra e não cumpriu. 

Sou do tempo em que palavra dada era palavra cumprida, e que acordos eram selados através da honradez de cada uma das partes envolvidas. Morro de medo ao pensar nas gerações futuras, no que será delas, que não aprenderam a primar pela honestidade e pelo cumprimento da palavra. Hoje em dia, doa-se um rim, mas se precisarmos de uma gota de sangue que seja do receptor que recebeu nosso rim, ele olhará para o outro lado e fará cara de paisagem. Lamento muito pessoas que agem desta forma, pois a vida fecha suas portas a quem fecha seus corações.





quinta-feira, 16 de junho de 2016

FRIO...

A ilustração nada tem a ver com o texto, mas achei bonita...





Eu olho para fora; é cedinho, antes das seis. A paisagem está toda coberta por uma camada densa - e ao mesmo tempo, suave - de branco. Neblina. Frio. As folhas do cipreste gotejam. Na varanda, o termômetro marca cinco graus. Muitos detestam. Eu, adoro!

Trabalhar é mais fácil, pois não fico cansada e não suo. Detesto suar. Detesto tomar um banho e estar coberta de suor dez minutos após vestir a roupa. No inverno, fico cheirosa e limpa o dia todo. Durmo bem, faço minhas caminhadas com mais disposição e como muito bem, acompanhando a refeição com uma taça de vinho. Coisa boa!

Troco as capas coloridas das almofadas por outras mais felpudas, quentinhas e de cores mais neutras. Coloco os cobertores e mantas ao sol, e depois os deixo sobre os pufes, camas e poltronas. Coloco os agasalhos para arejar, e tiro meus cachecóis e lenços das gavetas, usando um diferente a cada dia. Amo!

Hoje eu acho que vou fazer meu chocolate quente. Um de meus alunos (e amigo), o Marcelo, adora quando eu faço. Eu uso bastante chocolate em pó meio-amargo, uma lata de leite condensado, duas de leite em pó diluido em água, uma de creme de leite (que coloco depois que o chocolate está pronto, e baixo o fogo para só aquecer). Segredinho: duas colheres de sopa de pó para flan sabor chocolate, acrescentadas junto com o chocolate em pó, que deixa o tudo mais cremosinho...


No meio da tarde, entre as aulas, tomo a minha xícara de chá verde bem quentinho. Adoro o inverno, e olha que ele ainda nem chegou de verdade... estamos no outono ainda. Deixo para escancarar as janelas entre o meio-dia e as três da tarde, fechando tudo depois para que a casa fique aquecida. Nos finais de semana, acendemos a lareira. Bom demais.




quarta-feira, 15 de junho de 2016

Rolinhas


PASSAR












Passar de leve, passar,
Pois a vida é só um sopro,
Uma janela entreaberta,
Incerta coreografia
De uma dança sem ensaios...

Passar de leve, passar,
Pois a vida é como um raio,
Repentina, intensa, breve,
Leve como a pluma solta,
E chegamos sem escolta
-Breve vida, vida louca!

Passar de leve, passar,
Pois que nada levaremos,
E também nada trouxemos,
A não ser páginas brancas
Que aos poucos, vão manchando
De chorar e de amar...

Passar de leve, passar,
Sem fazer muito barulho,
Como fazem os marulhos
Do imenso, denso mar,
Que se ergue sobre ondas
Que se acabam nas areias
Voltando a se desmanchar...








terça-feira, 14 de junho de 2016

Viver é Muito Perigoso...







Trechinhos de Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa











"Ah, a mocidade da gente reverte em pé o impossível de qualquer coisa!"







"Desespero quieto às vezes é o melhor remédio que há. Que alarga o mundo e põe a criatura solta. Medo agarra a gente é pelo enraizado."






"Acho que o que não deixa é a minha boa memória. A luzinha dos santos arrependidos se acende é no escuro."







"A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos, cada um com seu signo e sentimento, uns com os outros acho que nem não misturam. Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo as coisas de rasa importância. De cada vivimento que eu real tive, de alegria forte ou pesar, cada vez daquela hoje vejo que eu era como se fosse diferente pessoa. Sucedido desgovernado. Assim eu acho, assim é que eu conto."








"Ah, medo tenho não é de ver morte, mas de ver nascimento. Medo mistério. O senhor não vê? O que não é Deus, é estado do demônio. Deus existe mesmo quando não há . Mas o demônio não precisa existir para haver - a gente sabendo que ele não existe, aí é que ele toma conta de tudo. O inferno é um sem-fim que nem não se pode ver. Mas a gente quer céu porque quer um fim: mas um fim com depois dele a gente tudo vendo. Se eu estou falando às flautas, o senhor me corte. Meu modo é este. Nasci para não ter homem igual em meus gostos. O que eu invejo é a sua instrução do senhor..."








"Moço: toda saudade é uma espécie de velhice."






"Riobaldo, a colheita é comum, mas o capinar é sozinho..."






"Viver é muito perigoso... Querer o bem com demais força, de incerto jeito, pode já estar sendo se querendo o mal, por principiar. Esses homens! Todos puxavam o mundo para si, para o concertar consertado. Mas cada um só vê e entende as coisas dum seu modo."






"Explico ao senhor: o diabo vige dentro do homem, os crespos do homem - ou é o homem arruinado, ou o homem dos avessos. Solto, por si só, não tem diabo. Nenhum!"















quinta-feira, 9 de junho de 2016

O Peso dos Anos






Eu hoje acordei 
Com um peso estranho 
Por cima dos ombros.

Olhei-me no espelho,
E em cada marca,
Havia cem anos.

Os olhos não viam
O que sempre viram,
Mas viam paisagens
Que eu nunca toquei
Na estrada das rugas
Por onde eu segui
Depois que acordei.

Eu hoje pensei,
Lembrei-me de coisas
Que eu tenho perdido:

Presenças ausentes,
Das quais abri mão
Tentando um sentido.

A boca não disse,
Não houve palavras
Minha voz já cansada
De não ser ouvida.
-Ah, coisas da vida!
Depus o meu fardo
E dele me aparto...









Morei Aqui

Eu amava a arquitetura desta casa, que foi construída no início dos anos 50. Infelizmente, os novos proprietários a modificaram e descaracterizaram completamente. Subiram um outro andar, acabaram com os tijolinhos e com a varanda. Hoje, ela é uma casa totalmente diferente; perdeu seu estilo.

Mexendo em gavetas, encontrei algumas fotos antigas e resgatei um pouco da minha história. 

Eu já morei nesta casa. Foi sete anos após termos nos casado. Esta foi a primeira casa que compramos, e que eu pude, finalmente, chamar de minha. Moramos nela durante sete anos, fomos felizes e infelizes, tivemos momentos ótimos e outros nem tanto... ela tornou-se uma parte importante da minha vida. 

Nunca me esquecerei do primeiro dia, a primeira manhã que despertei nela: estava frio, e quando abri os olhos, mal pude acreditar que estava acordada; parecia um sonho! Enquanto meu marido dormia, eu me levantei, fui preparar o café e comecei a andar pela casa - ainda havia caixas cheias de objetos na sala de jantar - e no silêncio daquela manhã, tomei posse da casa pela primeira vez. Percorri cada cômodo, e o cheiro de café misturado ao cheiro do sinteco novo é algo de que nunca me esqueço. Foi um dos dias mais felizes para mim.



Este canteirinho ficava sob a casa, que tinha um espaço vazio por baixo da varanda. Criamos este canteiro para preenchê-lo.

Era uma casa peculiar: nos meses de maio, junho, julho e agôsto, até meados de setembro, ela não recebia sol no jardim, apenas no telhado. Era uma casa fria, e precisávamos espalhar muitos anti-mofo nos armários, que precisavam ser arejados todos os dias. Mas a partir de setembro, até meados de abril, era tanto sol, que às seis da tarde, a parede do nosso quarto, dentro de casa, estava iluminada por ele. 

O quintal dos fundos era bem pequeno - uma faixa de cimento - e tão privado, que alguém poderia tomar sol totalmente nu, sem o risco de ser visto. Confesso que fiz isto algumas vezes: ligava o aparelho de som, e lá ia eu, tomar sol.

Era uma casa prática, pois era toda térrea e muito fácil de limpar. A sala de estar era enorme e conjugada à sala de jantar, que também era muito grande. Tínhamos dois quartos: um pequeno e um grande, e o banheiro, que reformamos quando já estávamos morando, era um dos banheiros mais bonitos que eu já vi. Pena que não tive a ideia de fotografá-lo também! Era todo azul, e o piso era de azulejo quadriculado de piscina. Parecia que estávamos dentro de uma enorme piscina azul, e uma das paredes era toda espelhada. Nunca vi um banheiro mais bonito.

A cozinha não era lá grande coisa, mas conseguimos torná-la aconchegante. O maior problema da casa, eram as aranhas... passamos alguns anos lutando contra elas, até que, finalmente, pusemos telas nas janelas dos fundos, e elas diminuiram. Mas era um tal de encontrá-las sob toalhas, nas paredes, debaixo de sofás... e a cada vez, um grito. Eram enormes e peludas. Não sei como eu consegui ficar tanto tempo na casa. À noite, o ritual era sempre examinar o quarto e as cobertas, para checar se a 'costa estava limpa.'



Este quadradinho de jardim, onde plantei várias roseiras, ficava abaixo da casa, e tinha acesso por uma escadinha de ferro. Passei muitas horas felizes nele, cuidando das plantas, aparando roseiras e brincando com meu falecido Rottweiller, o Aleph.

Um dia, andando pela casa, tive a sensação de que me despedia dela... ainda nem estávamos pensando em ir embora, mas a sensação foi forte e inequívoca: um ano depois, encontramos esta casa onde hoje moramos, e começamos a negociá-la; foi difícil, mas após quase um ano, conseguimos chegar a um acordo. Dois anos e meio após aquela sensação de despedida, nós mudamos para cá.

Lembro-me que eu chorei muito ao voltar lá pela última vez, a fim de pegar alguns objetos e trancar a casa pela última vez. Foi como deixar uma parte de mim para sempre! Hoje, quando passo por lá e vejo o quanto a modificaram - na verdade, a obra ficou boa, mas não existe mais aquela casa dos anos 50 que adorei desde a primeira vez - fico feliz que eu tenha estas fotos.



quarta-feira, 8 de junho de 2016

ControVERSOS



Imagem: Google






Dizia, olhava,
- Claro que queria!
O olhar queimava,
A boca vermelha,
Cereja molhada
Guardando seu mel
Na língua que ardia.

Movia a cintura,
Dançava, girava,
Cabelos ao vento,
Suor gotejava,
Amargo sorriso,
O riso amargava.

Fingia não ver,
Enxergar não queria!
A noite aguardava
À borda do dia
Um sonho, em promessa
Ao fim da tal festa...
E então, provocava,
Vulcão explodia!

Deitou-se, lasciva,
Na cama mal-feita,
Lânguida, desfeita,
A pele brilhando,
A boca pedindo,
O corpo aguardando
As mãos convidando...

E então, disse: "NÃO!"
Quebrou a magia,
Zombou do desejo
De quem lhe queria,
Despiu-se do fogo
Que lhe encendiava,
E logo, rogava
A quem lhe forçava:

"Me deixa sair,
Me deixa ir embora!"
Mas era um incêndio
O que ela causara,
E a água foi pouca,
Nem mesmo apagou
O fogo da cara,
Quiçá, o da fome
Que não saciara!

E a boca vermelha
Tornou-se borrada,
Os olhos que ardiam
Morreram de dor...
O corpo brilhante
Fechou-se ao amor,
Mais nada sobrou:
-Alquebrada alma
Sem paz e sem calma,
Que desmoronou!

A infância roubada
Nas mesas dos bares,
A crua vileza
Nascida dos ventres
Da indiferença;
A falsa inocência
Que nunca existiu,
Não chegou a ser,
Já nasceu mulher,
Nunca foi criança,
Não teve limites,
Não soube a esperança.

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terça-feira, 7 de junho de 2016

A REALIDADE









A realidade, sem a fantasia,
É como uma lenda sem alegoria,
É um sonho torto numa noite insone
É sangue parado nas veias de um morto.

A realidade, pura e simplesmente,
É solo arenoso, estéril semente,
Viver doloroso, aquarela sem cor
Dor intermitente, vida sem sabor.

A realidade, sem a poesia,
É comida fria, sem tempero algum.
É um barco à deriva numa tempestade,
perfume sem cheiro, adeus sem saudade.

A realidade, sem imaginação,
É um vale sem eco, amor sem paixão,
Beco escuro e triste, estrada sem destino,
Presente sem futuro, bandeira sem hino.






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Wyna, Daqui a Três Estrelas

Este é um post para divulgação do livro de Gabriele Sapio - Wyna, Daqui a Três Estrelas. Trata-se de uma história de ficção científica, cuj...