witch lady

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segunda-feira, 4 de abril de 2016

Antes










Palavras caídas nos cantos
Entre as frestas do assoalho.

O choro ainda ecoando
Batendo contra as paredes.

Os sonhos abandonados
Balançando com a rede.

Segredos dentro de armários
Silêncios cheios de sede.

As mágoas a gotejar
Das beiradas dos telhados.

No jardim, o meu fantasma
A olhar-me, de soslaio...

As lembranças que ficaram
Pelo chão do corredor,

Tua ausência, a preencher
O que antes foi amor.





sexta-feira, 1 de abril de 2016

UM DIA EM CASA








Todo mundo tem um medo, seja ele pequeno e perfeitamente controlável, ou grande – como uma verdadeira fobia. Quem me conhece sabe muito bem qual é o meu: aranhas. Tenho pavor destes bichos peludos, cheios de olhos, que se escondem em buracos na terra ou então constroem aquelas teias enormes que agarram nos cabelos de quem passa. E se elas são tão pequenas ao ponto de não causarem medo, elas me deixam irritada porque constroem suas teias em todos os lugares: roda-tetos, cantinhos de parede ou debaixo de armários. Nos dias de faxina, aspirador de pó em mãos, saio aspirando essas bichinhas danadas de cada canto da casa, apenas para constatar, alguns dias mais tarde, que elas deixaram descendentes e que estes resolveram continuar a saga da família morta, reocupando os locais de seus ancestrais. 

Imagine se, inesperadamente, o seu maior medo estivesse diante de você; vamos supor que seu maior medo seja ser assaltado, e de repente, você se encontrasse em uma rua deserta com alguém apontando-lhe uma arma. Ou então, se você tivesse medo de se afogar e caísse em um lago ou rio. Só de pensar, já sente calafrios, não? O coração bate mais forte, o juízo se perde e dá uma vontade enorme de sair correndo.  Pois foi exatamente o que aconteceu comigo.

O jardineiro estava em cima de uma árvore alta no jardim, retirando ervas daninhas, quando precisei falar com ele e fiquei debaixo da árvore enquanto falava. Após terminarmos a conversa, entrei na cozinha e senti que havia alguma coisa grande e viva na parte de trás do meu ombro, sobre a pele próxima às costas, se mexendo e tentando me agarrar com as patas – ou com os ferrões. Pensei; “Está acontecendo. Seu maior medo está em suas costas, e agora, o que você vai fazer? Com certeza, será picada e precisará ser levada até um hospital. A pele vai inflamar e você terá uma gangrena. Ana, você se deu mal!” Estes pensamentos me ocorreram em questão de segundos. Instintivamente, embora sabendo que seria a coisa mais estúpida a se fazer, levei a mão ao local (já aos berros); lá do alto de sua árvore, o jardineiro gritava: “Está tudo bem aí, dona Ana?”  Bem, ele está um tanto acima do peso, e não teria como descer da árvore rapidamente a fim de me acudir. Segurei a coisa que me atormentava, e ela agarrou meus dedos com as patas. Sacudi a mão violentamente, sem olhar, gritando de nervoso, e ela finalmente caiu no chão com um barulho seco, escorregando para debaixo da cortina da pia. Olhei para meu dedo, e havia uma marca profunda, como se algo tivesse tentado perfura-lo. Pensei em ferrões, e os arrepios de pavor recomeçaram. 

Aliviada – afinal, não tinha sido picada – respirei fundo e tentei colocar meus pensamentos no lugar, recobrando a calma. Disse a mim mesma: “Ana, você vai ter que erguer a cortina e olhar debaixo da pia.” Munida de vassoura, abri a cortina e dei com um enorme besouro branco deitado de costas, agitando as patas. Nunca tinha visto um igual antes. As asas eram ásperas e opacas, cheias de protuberâncias, e sobre cada uma delas, uma cor dourada como ouro. Não era a tão temida aranha, mas ele tentara me picar, e por isso, fui com cuidado; peguei a casca da banana que eu estivera comendo (esqueci de mencionar o fato de eu estar comendo uma banana) e tentei desvirá-lo com ela. Ele prontamente a agarrou. Percebi que ele tinha um nariz comprido e pontudo, como um furão. Imediatamente, ele o enterrou na casca da banana. Pensei que poderia ter sido o meu dedo, e me arrepiei toda!

Levei-o para fora e mostrei-o ao jardineiro, que ainda estava em cima da árvore. Concordamos que nunca tínhamos visto um besouro daqueles, e o quanto ele era bonito e especialmente diferente. Coloquei a casca entre umas samambaias e deixei-o ali, ainda agarrado a ela com as patas e o nariz pontudo, talvez bem mais assustado do que eu. Nem me lembrei de fotografá-lo, como sempre faço quando encontro um animal bonito ou diferente no jardim. 

A melhor parte de quando você pensa estar diante de seu maior medo, é descobrir que não era nada, afinal, e que caso tivesse sido, você já sabe exatamente como teria se sentido. E é claro, o alívio que vem depois que você descobre.



Ele era bem parecido com este, mas totalmente branco e dourado nas pontinhas.


TUDO OU NADA










O jardim.
A janela.
Cortinas pretas.
Fechadas.


A marreta.


A garrafa
De vinho
Sobre a mesa,
Uma taça


Quebrada.


É a vida.


É tudo.


Ou nada.





terça-feira, 29 de março de 2016

EVENTOS ALEATÓRIOS








Se você for pensar na vida de forma prática, clara e objetiva, sentirá como se a vida fosse feita de uma série de coincidências, eventos aleatórios que não tem sentido e não estão interligados: as coisas acontecem porque tem que acontecer, e não há nada que possamos fazer a respeito desta (des)ordem.

Mas se você pensar melhor – e nem basta ir longe demais: é só pensar na sua própria vida – sentirá que muitas vezes, alguma coisa a mais aconteceu: de repente, você sentiu uma inspiração, algo totalmente fora do comum e sem explicação, a fim de agir desta ou daquela forma. E este pensar o conduziu em direções inesperadas, onde as portas pareceram abrir-se magicamente, levando-o a outros caminhos interessantes. Pode ser que uma simples decisão baseada naquilo que alguns chamam de intuição o tenha livrado de algum perigo. Você decidiu não seguir por aquela rua, e mais tarde, ficou sabendo de um grave acidente que aconteceu por ali, exatamente na hora em que você iria passar por ela.

Há coisas que não se explicam. A gente simplesmente as aceita e dá graças por elas existirem. Se chamamos esses eventos de fé, de mágica da vida, coincidência ou simplesmente de sorte, não podemos negar que eles acontecem. E quanto mais os escutamos, quanto mais confiamos nessa força desconhecida que permeia a todos os seres viventes, essa fita que enlaça, prende, segura, e une cada evento da vida, mais frequentemente ela – a intuição - passa a acontecer, pelo simples fato de estarmos prestando atenção.

Preste atenção.





sexta-feira, 25 de março de 2016

O CASTELO DOS MEUS SONHOS






Eu sonhei com um imenso castelo. As imagens deste sonho ficaram muito nitidamente presas à minha memória quando acordei. Era um lugar imenso, lindo, e também terrível. Minha mãe, meu pai e minhas irmãs estavam comigo. Quando acordei, não consegui mais dormir, com medo de perder as imagens deste sonho, e então levantei-me e anotei-as aqui. O sonho deu-se exatamente como se segue:




Eu sonhei que minha mãe
Havia herdado um castelo
Que era cheio de magia,
Tão imenso quanto belo
E era eu a responsável
Por guia-la, em um só dia,
Levando-a a conhecer
A sua herança tardia.

À direita da entrada
Escondido atrás de um muro
Encontramos um casebre
Velho, feio e obscuro...
As paredes amarelas
Sujas, tristes e mofadas,
E do teto a umidade
Sobre tudo gotejava.

E eu disse a minha mãe:
“Nós podemos reformá-lo,
Quem sabe, redecorar,
Mudar a cor, e trocar
Toda essa velha mobília
Por alguma mais bonita!”

Minha mãe, impaciente,
Respondeu-me, erguendo a voz:
“Nós herdamos um castelo,
Tão imenso e luxuoso,
E tu ficas a cismar
Sobre um casebre amarelo?
Feche a porta, passe a trave,
E vamos embora já,
Pois o dia já avança
E a tarde há de chegar!”

E a minha mãe me levou
Pela mão, até um jardim
Seguiam-nos minhas irmãs
Num silêncio extasiado.
Foi quando vi, no gramado,
O meu pai, feliz, sentado
A mão no rosto das flores,
A cuidar do seu legado.

Havia terra entre as unhas,
E por trás daquela cena
Uma linda casa branca
Rodeada de açucenas.
As pessoas passeavam
Entre as flores do jardim
E ao meu pai, nem notavam,
Mas ele estava feliz:
Sabia-se admirado
Através da sua obra
Naquele lugar encantado.
Seguimos em frente, deixando
No ar, um beijo enviado
E pisamos devagar
A fim de não perturbar
Aquele lindo cenário.

Chegamos a um salão
Tão enorme, que os passos
Ecoavam, e ficavam
Presos entre as altas paredes
E o teto, que o guardava.
As cadeiras e as mesas
Pareciam pequeninas
Naquele imenso salão
De grandes janelas fechadas;
E em volta, havia portas
De imponentes batentes,
E eu fui seguindo à frente
Minha mãe e as irmãs
A seguirem logo atrás.

Nós chegamos a um quarto
Onde havia quatro camas
Já desfeitas; os lençóis
Eram todos de cetim
De um bege nacarado,
E as cobertas, de brocados,
Os travesseiros, bordados
Por delicados motivos.
As paredes, se perdiam
Em um alto pé-direito,
Nas janelas, as sacadas
Ornadas de boungainvilles
E de rosas perfumadas.
Perguntei à minha mãe
Onde estavam as crianças
Que as camas tinham desfeito.

E ela me respondeu:
“As crianças já cresceram
E deixaram este quarto,
Elas nunca mais voltaram,
Mas deixaram nas paredes
Os seus risos, que ecoam;
Levaram sonhos consigo
Mas outros, elas deixaram
Para sempre abandonados.”

Minha mãe seguiu em frente,
E nós quatro a seguíamos;
Era ela quem guiava,
Embora tivesse eu
Sido, entre nós, a escolhida
Para mostrar, em só um dia,
Os salões de tal castelo
Que a mãe havia herdado.

Sendo assim, adiantei-me
E abri uma das portas
Que mostrava um corredor
Longo, escuro, iluminado
Fracamente por archotes
Presos às negras paredes;
Quis voltar, mas minha mãe
A puxar-me pela mão
Obrigou-me a adentrar
O cômodo por mim escolhido.
Seguimos, amedrontadas,
De mãos dadas, encolhidas,
Minha mãe a nos guiar
Pelo insólito caminho.

Achei que não sairíamos
Jamais, de tal armadilha,
Mas minha mãe me falou:
“Coragem, querida filha!
Estes corredores negros
Existem, não é à toa,
Ao deixá-lo, sentiremos
O quanto a vida ainda é boa.”

Percebi, ao caminhar,
Que quanto mais avançava
Por dentro da escuridão,
Mais forte eu me tornava.
Até que ao final do túnel,
Os meus olhos se feriram
Com uma luz que brilhava.

Olhei por cima do ombro,
E uma orquestra tocava
Por sobre uma plataforma
De luz, que muito brilhava.
Minha mãe aconselhou:
“Fechem bem os olhos, filhas,
Escutem com atenção
A música que extasia
E nos leva pela mão.”
E assim, nós despertamos
Sob um céu azul de verão
Onde o tempo mal passava,
E as linhas marcadas nas palmas
Não queriam dizer nada.

Quando abrimos nossos olhos
Corações extasiados
De alegria e esperança,
Não havia mais orquestra
E o clamor daquela festa
Era só uma lembrança.
Estávamos em uma sala
Com paredes de espelhos
E nela, o tempo passara
Sem piedade ou desvelo...

A tarde já avançava
Projetando suas sombras
Nas paredes do castelo.
Minha mãe ajoelhou-se
Perto de umas florezinhas
E passou a elogiar
A beleza que elas tinham.
Impaciente, gritei:
“Vamos, mãe, que a tarde cai,
E há tanta coisa a ser vista,
Tantos quartos, tantas salas,
Temos que continuar!”

Minha mãe ergueu os olhos,
E senti-me envergonhada
Com o olhar que ela tinha,
E que em silêncio, pousou
Por sobre a minha arrogância.
Deu-me a mão, e então chegamos
A uma sala de tesouros
Onde havia coisas lindas,
Muita prata, muito ouro,
Antiguidades, pinturas,
Esculturas, joias, livros,
Mobília cara e antiga,
Encrustados na madeira
Brasões de antigas famílias.

Os meus olhos se encheram
(E também meu coração)
Das belezas que ali estavam.
Por nós, o tempo passava,
Em ruidosa ventania;
Perguntei a minha mãe
Se ela se importaria
Caso eu voltasse mais tarde
Para escolher, entre as coisas,
As que mais me serviriam.

E ela riu, em gargalhada,
(Parecia tão cansada...):
“Minha filha, não notaste
Que a viagem que fazemos
Por este castelo herdado
Por mim, tão tardiamente,
Não tem volta, é só em frente?
Nada poderás levar,
Consigo, deste castelo...
A não ser aquela música,
A não ser a suavidade
Daquelas camas desfeitas,
E o perfume das flores
Que o seu pai cultivou,
Ou o prazer da viagem
Que na memória, ficou...”

E assim, ela guiou-nos
Para fora do castelo,
E sobre uma ponte, parou
Para olhar o entardecer;
Gritei: “Mãe, vamos voltar,
Ainda há tanto a se ver!
Existe um salão de festas,
E um outro, que é feito
Todo em mármore importado!
Existe um pano bordado
Que esconde tal banquete
Tão bom, e também tão farto,
Que matará para sempre
Toda a fome desse mundo!
Existe um rio bonito,
Azul, e muito profundo,
Onde o vento agita as águas
E é tão bonito de ver,
As sereias cantam lindas
Cantigas de adormecer...”

E minha mãe respondeu:
“Nós passamos por algumas
Destas salas, que tu falas,
Mas teus olhos distraídos
Nem sequer as percebeu...
E aquilo que ficou
Para trás, já feneceu
No mar profundo e salgado
Da tua desilusão.
Não há volta, e as pegadas
Apagaram-se do chão.”
Sobre a ponte, eu contemplei
À direita, e o mar beijava
Uma praia longa e fria,
E os barcos sob a ponte
Abandonados, diziam
Da sua melancolia...
E do lado esquerdo, havia
Uma cidade cercada
Por uma densa floresta
E um céu avermelhado
Por onde o sol deslizava
E devagar, se escondia...

E eu quis fotografar
A beleza que eu via,
Mas minha mãe não deixou,
E disse: “A fotografia
Mais bonita, é a que a alma
Guarda e revela, pois
Ela não desbotará,
E tu não perderás tempo
Tentando reter o tempo
Que jamais há de ficar.”

Chegamos a um deserto,
Onde a minha bisavó
Sentada sobre uma pedra,
Coberta de sal e pó
Olhava o sol que morria.
Tinha as mãos entrelaçadas
Em uma prece infinita,
Tinha os olhos marejados
E cabeça coberta
Por um véu de agonia.

Pensei em falar com ela,
Acenar, anunciando
A ela, a nossa presença.
Mas minha mãe me calou,
Nos contando o que ela via:
E ela disse: “Minha avó
Morreu de melancolia,
Passou a vida pensando
Naquilo que ela não tinha.
Veio a tarde, veio a noite,
E a porta do castelo
Que ela herdara, se fechou,
E assim ela ficou
Sempre tão aborrecida
Sobre aquilo que perdeu,
Que nem sequer se deu conta
Que há muito, já morreu.”

E finalmente, o sol posto
Cedeu lugar às estrelas...
Minha mãe se despediu,
E tão tristes, nós ficamos
Sem saber, se algum dia,
Voltaríamos a vê-la.

Ao fecharmos nossos olhos
Antes do último adeus,
Nós revemos o jardim:
Nossa mãe e nosso pai
Caminhavam por ali
Entre o perfume das flores
Que eles tinham plantado...
Em volta deles, corriam
Uma menininha fada
Um menininho encantado.











 

quinta-feira, 24 de março de 2016

Sujeiras Pelos Cantos








Às vezes, a casa precisa de uma limpeza mais cuidadosa, daquelas onde é preciso puxar móveis do lugar, retirar tapetes, lavar cortinas e cobertas, jogar água nas cozinhas e banheiros. Se isto não for feito pelo menos duas vezes ao ano, aos poucos as sujeirinhas vão se acumulando, dando um aspecto tristonho à casa. E não há sujeirinha que mereça ser poupada.

Assim está acontecendo no nosso país hoje em dia: uma faxina geral, que eu espero, deixará a nossa casa-pátria renovada. Que não fiquem tapetes nos lugares, e que toda a sujeira debaixo deles seja limpa adequadamente - não importa quem a tenha colocado lá! Que as cortinas sejam abertas para que o sol, a claridade e o ar limpo e fresco possam entrar, acabando com o mofo acumulado, a escuridão e a poeira que deixa as superfícies embaçadas.  Espero que, após toda essa faina, possamos sentir que as coisas estão mais fluidas,  a atmosfera, mais limpa e a casa, mais leve e confortável. 





QUEM É, E O QUE É UM COXINHA?






Pesquisando um pouco mais sobre este termo tão em voga nos dias de hoje, descobri algumas coisas interessantes. Nas redes sociais, percebi que ser chamado de “coxinha” por alguém não é nenhum elogio. Sem conseguir entender, exatamente, o que significa ser coxinha, achei que uma pesquisa me ajudaria a entender onde eu me encaixo (ou onde me encaixam).

Descobri que ninguém sabe, ao certo, como este termo nasceu, mas alguns desconfiam que foi das pessoas que tomam sol usando bermudas e que por isso  tem as coxas brancas. Mas há quem diga que esta palavra vem de uma gíria antiga, usada para definir um policial. Quanto a mim, costumava usar este termo para definir os rapazes que vão à academia malhar e se esquecem de exercitar também os membros inferiores, que permanecem finos e desproporcionais ao resto do corpo, tornando estes rapazes fisicamente semelhantes às coxinhas de galinha. Mas o que estas definições tem a ver com os “coxinhas” descritos por membros de certo partido político, eu realmente ainda não entendi, já que o termo passou a ser por eles usado a fim de distinguir pessoas extremamente conservadoras.

Durante as minhas pesquisas, descobri outras definições aleatórias para o termo “coxinha”, que passo a listar abaixo:

- O coxinha se veste bem, gosta de andar bem arrumado, bem penteado e limpo. Os homens se preocupam muito com a aparência, assim como as mulheres, que gostam de ter as unhas sempre arrumadas e pintadas, e também gostam de usar maquiagem. Bem, então eu sou uma coxinha. Assim como são coxinhas os políticos pertencentes ao tal partido, pois voam em jatinhos particulares, tem carrões com motorista, vestem-se bem, viajam para o exterior nas férias, usam relógios e jóias caras, dão extremo valor ao dinheiro (tanto que nunca acham que tem o suficiente) e submetem-se a cirurgias plásticas. São bem mais coxinhas do que eu, pensando bem.

-O coxinha é alguém politicamente conservador, ou seja, quem hoje é contra o governo atual, é considerado conservador (mesmo que estejam se manifestando e pedindo mudanças, o que é , no mínimo, contraditório). Neste caso, sou coxinha, embora não seja conservadora.

- Segundo reportagem na Folha de São Paulo, o gerente administrativo Jack Marçal publicou uma foto com pessoas que usavam verde e amarelo em uma passeata na Paulista sob a legenda: “Sou Coxinha, e daí?” Os coxinhas são pessoas que não aceitam mais a roubalheira dos políticos – qualquer político, de qualquer partido – que impera no Brasil. Pertencem à classe média trabalhadora e produtiva, que está cansada de ver seu dinheiro suado sendo usado para sustentar os luxos e desmandos de políticos corruptos, enquanto faltam serviços básicos de qualidade, como saúde e educação. Sendo assim, eu sou coxinha.

-O Dicionário informal (www.dicionarioinformal.com.br) define o coxinha como sendo:
“1. Coxinha
Significado de Coxinha Por assisbr (DF) em 28-06-2014    
Co.xi.nha
adj m+f
1 Propenso ao trabalho e ao estudo.
2 Ativo, laborioso, diligente, dedicado, competente.
subst m+f
1 Aquele que trabalha e que obtém ganhos através de seu esforço.
2 Aquele que dá valor ao mérito.
3 Cidadão brasileiro que não está envolvido em atos de corrupção e que não recebe benefícios do governo de forma ilícita ou sem real necessidade. (negrito meu)
4 Aquele que não se faz de vítima da sociedade.
5 Pessoa que não inveja o que foi obtido através do esforço e do trabalho honesto.”
E exemplifica: “Antônio é considerado um coxinha porque se recusa a usar a cota do governo destinada a negros em concursos públicos, preferindo conquistar sua vaga por seus próprios esforços, mérito e competência.” Mais uma vez, eu sou coxinha.

Exemplos de pessoas consideradas coxinhas hoje em dia: o casal Angélica e Luciano Huck; o apresentador do programa 50 por 1, Álvaro Garnero; Marcelo Thas, Beto Richa, Miriam Leitão, Roberto Justos e a maioria dos atores e atrizes de novelas.


Mas certamente, aqueles que usam o termo “coxinha” pejorativamente, acham que não se encaixam nele. Para estas pessoas, “coxinha” é, simplesmente, qualquer um que seja contra o seu partido político. Quem é a favor, será considerado politicamente engajado, inteligente e preocupado com as causas sociais – mesmo que se encaixe em todas as definições acima. Fico pensando se estas pessoas se olham no espelho antes de sair de casa; se tomam banho, espalham um creminho pelo corpo, usam um batonzinho para dar cor, ou um perfume importado; penso se elas sentam-se às suas mesas e tomam um café da manhã que consiste de pão, leite, café, queijo e geleia; depois, entram em seus carros, ligam o ar condicionado e vão para o trabalho a fim de defender um salário. Fico me perguntando: será que elas vão ao cinema, ao teatro e ao museu? Viajam nas férias, tomam aviões, frequentam barzinhos? Será que gostam de comprar uma roupinha nova de vez em quando, ou de ir á academia? Bem, se gostarem de ir à academia, espero que se lembrem de malhar também os membros inferiores. 



quarta-feira, 23 de março de 2016

Requiem IV









Um poema da autora portuguesa Joma Sipe


Entre sombras...
unindo a voz da corrente do rio em ais supremos,
ondas quebradas em cada gesto de um remo,
se veem montanhas inertes e Deus se faz só Um.
Se abrem as portas de cetim e a noite vem desfolhando o céu em pequenas amostras de almas silenciosas e impenetráveis.





The Mad Raven



Under the Mad Hatter's hat
There used to be a mad raven
Cawing secrets in his ears.

The funny thing I know, was that
Over the mad raven's head
A mad God was shedding tears.

But this, no one could ever hear.






Parceiros

Wyna, Daqui a Três Estrelas

Este é um post para divulgação do livro de Gabriele Sapio - Wyna, Daqui a Três Estrelas. Trata-se de uma história de ficção científica, cuj...