witch lady

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quarta-feira, 23 de março de 2016

The Mad Raven



Under the Mad Hatter's hat
There used to be a mad raven
Cawing secrets in his ears.

The funny thing I know, was that
Over the mad raven's head
A mad God was shedding tears.

But this, no one could ever hear.






segunda-feira, 21 de março de 2016

PAZ DAS ÁRVORES





Em Verde e Amarelo







Pintaram as caras,
As máscaras,
As escaras.
Palavras de ordem,
Os passos passando
Nas calçadas.

Não sabem se o sim é sim,
Se o não é não,
Ou talvez...
As fotos postadas,
Camisas suadas,
Crianças, cachorros,
E esperanças
Levadas às ruas.

Na cena, o sonho,
Desejo expresssado
De uma expressiva mudança
Que começa 
Sempre no outro,
Nunca em si ...





segunda-feira, 14 de março de 2016

DEBOCHE







Eu hoje me enfeito das flores
Que os outros jogam fora,
Construo buquês anêmicos
Com suas polêmicas
E com elas, 
Decoro a minha casa.

-Não levo a vida a sério!
Faço pouco de tudo aquilo
A que chamam de mistério,
Ergo o queixo com desdém
Enquanto o povo se debate
Entre os debates.

Eu hoje me divirto
Com o que mais irrita,
E fabrico meu açúcar
Do que lhes sobra de cica.




Casas que Viraram Lama








Um minuto de silêncio às casas que viraram lama. 

Desceram pelas ribanceiras, levando pessoas, sonhos e planos, e deixando pesadelos e saudades.

A chuva, tão tranquila e tão bonita quando estamos em segurança, é o som da ameaça para quem mora nestas casas no alto das colinas. 

Que um dia as montanhas só tenham árvores e plantas, e sejam refúgio dos passarinhos e animais silvestres, e não última solução para os homens que não tem onde morar e constroém lá as suas casas por falta de opção. 

Que um dia sonho deixe de ser sinônimo de utopia, pois todo mundo tem como maior sonho, uma casa segura para viver e estar protegido, uma casa de onde se ouça a chuva, e ao invés de sair correndo em desespero, se possa fechar os olhos e dormir em paz, curtindo o tamborilar das gotas no telhado.





RIVOTHRILL






One drop,
Two drops,
Three drops...

And sadness becomes something else!

One tablet,
Two tablets,
Three tablets...

And terror becomes just a thrill!

That's Rivothrill!






sábado, 12 de março de 2016

Mundo Sem magia







Matamos toda a magia
Que ainda havia no mundo!
Cortamos as asas das fadas,
Banimos todos os anjos,
Enterramos gnomos e faunos...
Já não nos resta mais nada!

A meia-noite é calada,
Não existem mais portais,
Não há mais círculos mágicos
Que possam nos proteger.

O azul aveludado
Do coração das florestas,
Antes, tão misterioso,
Não conta com vagalumes
Ou mágicas criaturas.

As crianças riem das lendas
Que nossos avós nos contavam,
Não há monstros nos armários
Ou fantasmas sob as tendas,
Ninguém mais as observa
Na escuridão do quarto.

Das copas das velhas árvores,
Só as corujas nos olham,
Não há mais céu nem inferno,
Não há demônios a temer
Ou santos que nos atendam.

As princesas não mais beijam
As faces feias dos sapos,
Preferem os príncipes prontos,
Bem vestidos e engomados,
Belos e desencantados.

Não há mistérios no ar,
Os corações são tão rasos!
E a magia do viver
Transformou-se em mero acaso.






quinta-feira, 10 de março de 2016

GAIVOTAS








Ugo Miller


Nasceu em Petrópolis e pertenceu a Academia Brasileira de Poesia, com sede em Petrópolis. 



Gaivotas estonteadas
Voam por entre poeiras
Prateadas da lua
Que vem caindo devagar
Sobre a superfície ondulada do mar
Num zigue-zague de reflexo e luz.

Não é preciso mais nada.
Descomprometida a alma,
Mente vazia,
Sem pensar, nem sentir
Na só contemplação
Que se eleva o espírito,

Assim, nesse leve existir.




quarta-feira, 9 de março de 2016

BONECA




imagem encontrada no Google


Boneca com a qual alguém brincou,
E tantos disputaram,
Já foi esquecida na calçada,
Já ficou na chuva, 
Já passou a noite no frio, lá fora,
Queimou as mãos em outras luvas...

Boneca pequena, que todos amavam,
E todos queriam, e que protegiam,
Cresceu, e aos poucos, perdeu seu reinado
Deixada em um canto,
Perdeu cada encanto,
Tornou-se sucata!

Boneca tão triste, tão abandonada,
Cresceu tão sozinha, tão pobre, tão órfã,
Dos pais que viviam, do amor que morria,
Dos sonhos partidos, jogados na estrada!

Boneca, eu espero que estejas guardada
No alto do armário, Com vista pra casa
Que hás de habitar - e serás amada!

Tua dor, resgatada, teus olhos fechados
Tua alma encantada, Teu rosto molhado
Secando na brisa que vai te salvar,
-Boneca cansada de tanto esperar!



Passos de Março










O chão suntuoso
Reflete os passos macios
De março.
Chuva no telhado,
Gotas brancas e pesadas,
"São as águas de março..."

Vem uma saudade,
Uma branca vontade
De alçar voos, tocar os pássaros!
Os olhos cansados
Derramados sobre as ramagens
Molhadas de brilhos...

As gotas caem nos trilhos,
Perdem-se entre os espaços,
Molham destinos,
Marcam as rodas dos trens
Que passam como raios
E nos levam adiante, até maio.

E a chuva insistente
Parece que não vai ter fim.
Pobre de mim,
A gola ainda presa em fevereiro,
Sonhando setembros
Entre lívidos raios!






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