witch lady

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terça-feira, 8 de março de 2016

Nasci Mulher... e Daí? (HUMOR)







Texto escrito pensando em uma pergunta que o Recantista Sam Moreno me fez por e-mail, após eu responder a um e-mail seu me homenageando pelo Dia da Mulher



Em um 29 de setembro qualquer, há mais de cinquenta anos, eu nasci pelas mãos da parteira Dona Maria Carioca e dei meu primeiro grito neste mundo.  Minha mãe sofreu as dores do meu parto em casa, assim como ela já tinha sofrido antes as dores dos partos dos meus quatro irmãos mais velhos - um menino e três meninas. Foi assim que minha vida por aqui começou. Nasci mulher.

Desde cedo, me ensinaram que eu era menina; cresci e aprendi a gostar de brincar de boneca e de casinha. Na escola, minha mãe me aconselhava a brincar com outras meninas e a ficar bem longe dos meninos, e conforme eu crescia, mais ela enfatizava a importância deste gesto, pois meninos só queriam saber "daquilo."

Mas logo aprendi a definir minhas próprias preferências, e meu maior amigo durante a sexta e a sétima séries do primeiro grau foi um menino, e ele nunca quis saber "daquilo" comigo. Mais tarde, também fiz amizade com dois outros meninos - gays - e descobri que os homens, não importa qual a sua inclinação sexual, são bem mais simples, sinceros e acessíveis do que as mulheres. Não perdem tempo com fofoquinhas, disputas para saber quem tem a melhor roupa, ou o melhor cabelo, ou as botas mais caras. Se encontram no campo de futebol e passam horas divertidas juntos, brincando e rindo (se desentendendo muitas vezes, mas após a partida, as rixas acabam), ficam elameados sem reclamar por causa das roupas, e no vestiário, não discutem qual barriga estava mais flácida, quem tinha mais celulites, estava mais gordo ou tinha mais rugas. 

Anos depois, quando os homens se encontram nos caminhos da vida (posso observar isto porque é assim que acontece com meu marido e seus amigos de escola ou vizinhos), ficam horas conversando, lembrando os bons e velhos tempos, sem olhares oblíquos para o que o outro está vestindo. Parece que se viram pela última vez ainda ontem, e despedem-se com um abraço de urso e muitos tapinhas nas costas, após trocarem telefones.

Já quando duas mulheres se reencontram após muitos anos, o seguinte pode acontecer: elas medem uma à outra de cima em baixo, dão um sorriso forçado, beijinhos nas bochechas e passam a falar sobre onde estão morando, o que estão fazendo, tentando descobrir qual delas tem a vida melhor e é mais feliz. Isto, quando elas se cumprimentam! E depois, quando chegam em casa, comentam sobre o quanto a outra envelheceu / engordou / se deu mal na vida / casou com o homem errado / divorciou-se primeiro, ou  todas as alternativas anteriores (e mais algumas). 

Assim, agradeço profundamente por terem  lembrado de mim, ou pelo menos, lembrado de que eu sou uma mulher, e me enviado mensagens pelo Dia da Mulher. Obrigada! Mas é que eu não vejo nada de especial em ser uma mulher! As mulheres sofrem as dores do parto, precisam se depilar e fazer as unhas, tingir os cabelos quando eles começam a ficar brancos precocemente, manter a forma física durante a maior parte da vida (até que envelhecem e deixam a peteca e a barriga cairem), preocupam-se em se manterem bonitas, jovens e cheirosas sempre, além de serem as principais responsáveis pela educação dos filhos e a manutenção da casa. 

Gente... com toda sinceridade: qual a vantagem disso?!

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A propósito:

Eu respondi ao Sam Moreno que, se tivesse nascido homem , eu seria gay. Porque, sendo mulher, eu conheço as mulheres, e não gostaria nada de relacionar-me intimamente ou romanticamente com uma. Ele riu. Mas eu falei sério.





segunda-feira, 7 de março de 2016

The Touch








All of the people
Who had ever touched her life,
Committed either of the two 
Unforgivable crimes:
Either they sinned for actions
Or for omission.

But when she died,
Everyone had a constrained pain
Deep inside
Which they obliviously denied








RESSUREIÇÃO








Quisera poder salvar os deuses da minha infância,
Que hoje descansam
De olhos fechados,
Semblantes cobertos de bruma,
As mãos entrelaçadas sobre o peito.


Quisera poder ouvir novamente seus sorrisos,
Abrir os olhos na escuridão
E saber que eles estão lá,
Velando por mim.

Mas depois que a inocência morre,
Nada mais nos socorre.

Quisera poder escutar suas vozes miúdas
 Em meus ouvidos
Fazendo-me crer que tudo vai ficar bem,
Não importa o que aconteça,
E que após a escuridão,
A manhã mais clara estará a minha espera...

Mas aprendi a ver além das paisagens e olhares.

Quisera poder novamente encontrá-los nos vitrais coloridos
Das igrejas e catedrais, 
No silêncio quente da chama de uma vela,
Passeando entre as palavras das preces sussurradas.

Quisera que houvesse um caminho,
Um jeito de ressuscitar meus deuses moribundos
Que tem fé em mim, e que me esperam.






domingo, 6 de março de 2016

PRÊMIO DARDOS







Fui presenteada com esse selinho "Prêmio Dardos" e sinto-me muito agradecida. Quem me indicou foi Maria Luiza, do blog Casa da Alquimia. O link: http://marialuizasaes.blogspot.com/

Desculpe, Maria Luiza, por estar usando aqui a sua ilustração!

O Prêmio Dardos é um selo virtual criado no ano de 2008 pelo escritor Alberto Zambade do blog Leyendas de “El Pequeño Dardo” El sentido de las Palabras.

Ele selecionou e indicou o selo a quinze blogs que ele considerou merecedores do prêmio, os quais também indicaram outros quinze e assim sucessivamente. 

Este prêmio é concedido a blogueiros para reconhecer "o esforço, criatividade e dedicação 
para manter um blog" e "valores pessoais, culturais, éticos e literários". 
Este prêmio também é conhecido 
como Best Blog Darts Thinkin.





Regras do Prêmio Dardos:
- Indicar blogs que preencham os requisitos acima para receber o prêmio; 
- Exibir a imagem do selo; 
- Mencionar o blog de que recebeu a indicação e colocar o link dele; (vou burlar esta regrinha... quem desejar conhecê-los, basta pesquisar no Google os títulos dos blogs. Indico todos eles, são blogs excelentes!)
- Avisar aos blogs escolhidos. 

Blogs escolhidos por mim, já recebedores do prêmio Dardos e que devem indicar outros blogs:

1- Luiz Alberto Machado - Tataritaritatá
2- Vera Lúcia - Recanto do Sol
3- Bandys - Esconderijo da Bandys.
4- Mario Feijó - Permita-se
5- Cláudio Poeta - Vida Alta
6- Carlos Costa - Jornalismo Carlos Costa
7- Carlos A. Lopes - Gândavos
8- Ricardo Rohen - UFOS Online
9- Toninho - Mineirinho
10- Felisberto Júnior - Be Happy
11- Adilson Shiva - Rimas Truncadas
12-Chica - Coisinhas da Chica, Céus e Palavras, Fuxicando com a Chica, e tantos outros.
13-Rangel Alves da Costa - Ser Tão / Sertão
14- Paulo Bratz - Enfim, é o que Tem Pra Hoje
15- Ivone - Levitar em Brancas Nuvens

Os escolhidos, desejando participar, devem também indicar quinze blogs para receber o prêmio. Podem copiar o selo e colar no blog se desejarem.






quinta-feira, 3 de março de 2016

Absinto







Te deram uma estrela ao nascer,
E era absinto... 
Teus olhos infantis e inocentes,
Sonhavam com o amor simplificado,
Mas que mostrou-se inconsistente.

Numa tarde fria, entre lágrimas,
Tu me disseste: “Eu só queria ser feliz!”
Mas eu não pude dar-te alegria,
Não, não era eu tua fada madrinha!

As flores coloridas e formosas
Com as quais enfeitaram teus caminhos,
Eram todas elas, venenosas
E cheias de espinhos!

A felicidade que tanto desejavas,
Veio em curtos lampejos,
Fracos relâmpagos, entre raios e trovoadas,
E noites negras de puro medo!

E foram noites longas e arrastadas,
Sem sinais de qualquer amanhecer.
Os deuses para os quais rezavas
Eram todos obscenos, e não te salvaram.

-Será possível que alguém já nasça
Com esse signo, esse cálice de dor
Derramado na alma, destinada
A só penar, a só sofrer?

Finalmente, o teu amanhecer,
O ato final dessa peça sem ensaio,
A chuva benfazeja, após o raio;
Sobre tua vida, o selo da sorte,

Parece-me que o anjo cujas asas tocaste
E cujos olhos jamais viste
(Mas que também eram tristes)
Estendeu-te a mão, e te sorriu.

A tua estrela, o absinto,
Há de brilhar, e transformar-se em outra coisa,
Em giz de luz, para que escrevas em tua lousa
Entre flores e perfumes de jasmim,
A tua última palavra – aliviada: “FIM.”



Para Rosane





quarta-feira, 2 de março de 2016

Sobre Casas, Poesia e Mãos de Fada








Nunca tive mãos de fada. Sou um verdadeiro desastre para cortar, costurar, bordar ou pintar. Também não consigo produzir bolos muito bons, ou fazer com que as plantinhas cresçam bem. Infelizmente, não herdei o dedo verde de minha mãe, que pegava um galhinho meio-seco de qualquer coisa, espetava no chão, se esquecia dele e de repente, lá estava uma roseira coberta de rosas vermelhas, ou então uma pé de fruta.

Não tenho a habilidade de Tia Rosa, que fazia bolos de maçã tão fofos, que pareciam aerados. Os meus ficam "massudos" e pesados. Nem sempre dão certo. Não sou como minhas irmãs, que cortam e costuram qualquer coisa, de roupas a cortinas e almofadas maravilhosas. Cada um com suas habilidades...

Na escola, tive aulas de bordado. Ainda me lembro dos meus paninhos riscados, as linhas tortas passando sobre os riscos, cheias de pequenos nós. A professora acabou desistindo de mim, tal a minha falta de jeito. Pouco antes de minha mãe morrer, falei-lhe sobre minha vontade de aprender um trabalho manual; ela me comprou uma revista e um CD que ensinavam a bordar, passo a passo. Porém, nunca assisti ao video. Ela sabia fazer aqueles pontos complicados e maravilhosos, e quando eu era criança, também tentou me ensinar, mas foi em vão. Minha mãe ensinou minhas irmãs a costurar na nossa velha máquina Singer de pedal. Uma delas fazia pantalonas tão boas, que as amigas compravam tecidos e pediam que as costurasse para elas (era o final dos anos 70). Quando chegou a vez de me ensinar, fui uma verdeira negação como aprendiz: até hoje, não consigo nem colocar a linha na máquina. Ela se perde entre tantos furinhos e caminhos, vais-e-voltas... a coisa não acontece!

Mas acho que sei cuidar bem de uma casa, limpar, arrumar, enfeitar. Consigo fazer uma comida simples e muito boa, mas sem sofisticações. 

E sei escrever poemas. Não sei se meus poemas são bons, mas eles me servem. Para mim, a casa é um poema que a gente escreve e nem percebe, pois nós escolhemos tudo o que está dentro dela, e acho que há muita poesia nisso; mesmo que peguemos um galho de flor na beira da calçada e o coloquemos em uma garrafa de vidro sobre  a mesa de jantar, existe nesse gesto muita poesia. 

Minha cabeça é um turbilhão de coisas que chegam e me pedem para colocá-las no papel. Também escrevo contos, ou seja, esboços de contos, pois se fosse escrevê-los como é para ser, acabaria (como já aconteceu muitas vezes) perdendo a paciência, então ponho as ideias no papel como elas me chegam, sem revisões e sem pretensões. Dou-lhes voz porque elas me pedem. Às vezes, tenho uma história na minha cabeça com começo, meio e fim. Sei exatamente aonde quero chegar, mas de repente, um dos personagens me rouba a caneta e segue por outro caminho totalmente diferente. E eu deixo ele ir.

Poesia em casa acontece quando a gente olha para um canto, vê que está faltando alguma coisa, e de repente colocamos um paninho de croché ou uma almofadinha e sentimos que ficou melhor, mais bonito e aconchegante. Poesia é aquela pequena mancha no sofá, a rachadura antiga na parede, a tinta descascando no muro, a colcha velha de tricô ou de patchwork - coisas que ajudam a contar a história de uma casa. Deus me livre de uma casa impecável, dessas que a gente vê nas revistas, por onde a poesia passa bem longe. A gente pode sentir a poesia quando, em uma noite de sábado silenciosa, depois que todo mundo foi dormir, nos levantamos para beber água; vamos descalços até a cozinha na casa semiescurecida, e escutamos o relógio tiquetaqueando. Caminhamos sobre os tapetes e corredores, e nos sentimos protegidos nesse lugar que é tão nosso, que é tão a nossa cara: a casa. 







terça-feira, 1 de março de 2016

DE VIDRO





She Was Happy



Oh, she had nothing,
And was nobody
When she was happy.

Her days were lighter,
People much kinder
When she was happy.

Her smile, so tender,
Her sweet surrender
Was not for posing
When she was happy.

Long time ago,
When innocence
Was in her soul...
-And she was happy.

And then she turned
Into a doll
Before the cameras
For grown-up boys
To look and play with.

Her smile became
So artificial,
Her eyes were empty 
And all they wanted
Was to posses her,
Body and soul.

And when she died,
Sad, cold and dry,
Her last thought, was
For the old days,
(The days she missed)
When she was happy...










A ÁRVORE CAÍDA










As folhas arrastadas pelo vento
Crepitavam no asfalto quente.
Na beira da estrada, o tronco caído.
Galhos murchando de tristeza
Querendo ser novamente sombra, abrigo de aves,
Mãe de muitos frutos,
Origem, flauta de brisa, descanso...

Passei sobre seu manso morrer,
Silencioso e lento,
E o que mais me feriu, foi o seu silêncio,
Que não se queixava, e a ninguém culpava!

Doeu-me, porém, relembrar, e calar, e saber
Que cada um de nós
Ergueu o machado fatal e amputou um galho,
Dia após dia, palavra por palavra,
De olhos abertos, de olhos fechados,
Até a queda fatal, o último talho...





sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Infelizmente, Extremamente Contemporâneo








Pensamentos de Adolf Hitler - um dos homens mais letais que já pisou este planeta. Infelizmente, temos que admitir a atualidade de seus pensamentos, e também aceitar que o mundo não mudou quase nada após o nazismo. Continuamos cometendo os mesmos erros.







“Torne a mentira grande, simplifique-a, continue afirmando-a, e eventualmente todos acreditarão nela” 







“Que sorte para os ditadores que os homens não pensem.”







“Toda propaganda tem que ser popular e acomodar-se à compreensão do menos inteligente dentre aqueles que pretende atingir.” 







“O Cristianismo é uma invenção de cérebros doentes.” 







“A natureza é cruel; então também estamos destinados a ser cruéis. Temos de ser cruéis. Temos de recuperar a consciência tranquila para sermos cruéis.” 








“O vencedor não será perguntado se ele falou a verdade.” 






“A propaganda não pode servir à verdade especialmente quando possa salientar algo favorável ao oponente.” 







“Na guerra eterna a humanidade se torna grande - na paz eterna, a humanidade se arruinaria.” 







“Qualquer aliança cujo propósito não é a intenção de iniciar uma guerra é sem sentido e inútil.” 








“Onde Napoleão falhou, obterei sucesso, vou desembarcar nas praias da Inglaterra.” 







“De um fraco cosmopolita transformei-me (em Viena) num grande anti-semita.” 






Mudar-se








Tem gente que detesta a confusão das mudanças. Montes de coisas que a gente tem que decidir se leva com a gente ou se doa ou descarta; Todo o trabalho de embrulhar louças e objetos frágeis em toneladas de folhas de jornal e depois arrumar tudo em caixas etiquetadas. E, chegando na nova casa, desembalar tudo, lavar e guardar nos devidos lugares - processo que pode durar muitos dias, ou até mesmo meses!

Já passei por isso quatro vezes ao longo da minha vida, e adorei todas elas! A gente tem que remexer nos armários, e acaba encontrando coisas que já tínhamos esquecido que estavam por lá - algumas delas, achávamos que tínhamos perdido! E daí, quando percebemos, estamos sentados diante de uma pilha de livros que gostaráimos de reler. E começamos ali mesmo. Ou quem sabe, encontramos velhas fotografias de viagens ou datas comemorativas, onde pessoas que não vemos há muito tempo, nos olham de volta; algumas delas, jamais voltaremos a encontrar. Simplesmente, se foram de nossas vidas, ou deste mundo.

Eu adoro chegar em uma casa nova e decidir onde colocar as minhas coisas até que ela tenha cara de lar, até que ela se pareça comigo e com meus novos sonhos e objetivos. É como se um novo recomeço nos estivesse sendo oferecido. Andar por um novo bairro, cumprimentar novos vizinhos...

Mas apesar de amar mudar, acho que ainda ficarei nesta casa por muito tempo, pois adoro o lugar, os vizinhos e a casa. Aqui, bati um recorde de permanência: enquanto nas outras casas nós permanecemos por exatos sete anos, nesta já estamos há onze. Só morei mais tempo em uma casa quando era ainda solteira - a casa dos meus pais, onde vivi durante vinte e seis anos. Às vezes me pergunto se terminarei meus dias aqui.

Mas acredito que, se nós envelhecermos, esta casa vai ficar muito difícil de manter, e teremos que nos mudar para algum lugar bem menor. Mudar de casa é um exercício de desapego. O que levaremos conosco?

Algumas pessoas não conseguem se livrar de nada. Não doam nada, não vendem, não emprestam e não trocam. Porém, continuam adquirindo coisas e mais coisas. Conforme vão envelhecendo, suas casas vão se transformando em lugares atravancados e empoeirados, por onde fica difícil cuircular ou até mesmo, respirar.  Limpar? Tarefa hercúlea, praticamente impossível! Acho que elas pensam que, de alguma maneira, estas coisas as segurarão aqui, mantendo-as vivas: "Tenho muita coisa para cuidar." Mal sabem elas que a morte é democrática, não tem preconceito de classe social, e não se importa se quem ela leva é rico ou pobre, jovem ou idoso, se possui muitas coisas ou não. Apegam-se a objetos como se eles fossem a garantia de que permanecerão vivos por mais tempo. E então, fica tudo por aí...

Depois que eles morrem, ficam os copos de cristal que nunca foram usados, o aparelho de jantar que nunca foi partilhado em uma mesa, a colcha bordada pela avó que permaneceu anos e anos trancafiada no fundo do armário em um saco com naftalinas, roupas e mais roupas que pertenceram a várias fases da vida e que poderiam ter aquecido o inverno de muitas pessoas, livros que poderiam ter sido doados a escolas e hospitais, e sobre os móveis, bibelôs que serão jogados fora sem a menor cerimônia. 

Eu não quero ser assim. Não quero ter esse grau de apego às coisas. Adoro tudo o que tenho, mas não quero que aquilo que eu tenho me possua. Sou muito grata por saber que as coisas tornam a minha vida mais fácil, mas que seu tempo comigo vai passar, e então elas pooderão continuar sendo úteis a outras pessoas. 

Quando nos mudamos para esta casa, nossos pertences couberam em uma viagem de caminhão. Hoje, como a casa é maior, eles aumentaram, mas se tivesse que me mudar para um lugar menor, sei que o faria sem me lamentar pelas coisas que ficariam para trás. Vez ou outra, faço um "esvaziamento" de espaço. Acho que a vida fica mais leve...




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Wyna, Daqui a Três Estrelas

Este é um post para divulgação do livro de Gabriele Sapio - Wyna, Daqui a Três Estrelas. Trata-se de uma história de ficção científica, cuj...