witch lady

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quinta-feira, 18 de junho de 2015

CONTO




Diante do azul
Ele se sentava
(Havia tantas lembranças
No frio azul daquelas águas!)

Os olhos perdidos entre as letras
De um velho jornal que ele olhava
Mas não lia;
As letras se embaralhavam,
Escrevendo outras histórias.

O sol nos ombros
Tentava esquentar a dor
Da solidão que ofuscava
A paisagem,
Mesclada de antigas viagens,
-Ah, e a limpidez daquelas águas...

Dentro do silêncio
Que ele tentava abafar
Com a música alta que tocava,
As vozes chamavam,
As vozes gritavam,
Contando uma história feliz
Que já terminara...

E destemido,
O tempo avançava sobre ele,
Deixando em seu rosto
As marcas que ele temia,
As estradas por onde ele voltava
-Mas nunca chegava.

E eu o olhava
Da janela da minha casa,
Um mundo imenso entre nós dois
Nos separava,
E havia a vida que ele vivia,
Surda às palavras solidárias
Que eu calava.





SABER










Não me interessa saber de tudo,
-Prefiro saber de mim mesma
A passar minhas horas
Debruçada sobre o mundo,
Segurando, entre os meus dedos
Seus terços de dores,
Dedilhando seus orgulhos
E suas discrepâncias.


E se isto for ignorância,
Sou, no mundo, 
A pessoa mais ébria de insipiência!


Mas prefiro admiti-lo
A  transformar  a sabedoria
Em um emblema de arrogância.





sábado, 13 de junho de 2015

Luis Gasparetto




Pensamentos de uma pessoa que aprendi a admirar demais: Luis Gasparetto



“Quem assume sua verdade age de acordo com os valores da vida, mesmo enfrentando o preconceito e pagando o preço de ser diferente, passa credibilidade, obtém respeito e se realiza.” 







“Quando você se faz responsável pelos outros, acaba se tornando irresponsável consigo mesmo.” 





“Todo desiquilíbrio psicológico é perda de contato com a alma” 






“Toda a sensação de perda vem da falsa sensação de posse.” 







“Solidão é a distância que o separa de você mesmo e não a distância que o separa dos outros.” 






“Quem tem auto-estima tem muita coragem, se mete em tudo, não tem medo de errar.” 







“A vida não mima” 







“Ninguém vai dar segurança para você! É um problema seu” 




Gritos Demais






Gritos demais, silêncios de menos
Nas ruas, nas curvas, nas telas, nas vidas...
Os punhos cerrados, os olhos abertos
Que nada vislumbram, que nada enxergam.

Gritos demais, sorrisos de menos
Nas casas, escolas, nas praças, mercados...
São gritos de ódio, clamando aos ouvidos
Que não os escutam, de tão bem cerrados...

Gritos demais, verdades de menos
Nas fotos, nos posts, nos blogs, nos sites...
Na rede que enreda as almas de muitos
Que nela se prendem, que a ela se entregam...

Gritos demais, sentidos de menos
Cartazes e placas, retratos, protestos...
A história se escreve entre ódios e pragas
Nas linhas de um povo que não sabe nada...








quarta-feira, 10 de junho de 2015

SÓ DE PENSAR...




Só de pensar
Em me deixar dizer,
Me sinto tão só...
As areias do deserto,
Os seus grãos em meus sapatos,
Trazem o calor do sol
Para o meu caminho...

-Mas são apenas grãos, 
Que pesam na caminhada.

Só de pensar,
Dá vontade de esquecer...
Do que passou, do que não veio,
Do que perdeu-se pela estrada,
Do que ficou só no desejo
Não satisfeito.

-Os grãos de areia nos sapatos
caem pelo chão...

Só de pensar
Sinto que morro,
E é incrível, mas é bom...
Eu fecho os olhos e te vejo,
Mas não te anseio;
Deixo que sigas teu caminho,
Tu andas sempre pra bem longe,
Bem longe de mim.

-São meus
Os grãos de areia que tu pisas,
Enfim...




segunda-feira, 8 de junho de 2015

Sua casa tem Cheiro de quê?






Ontem, enquanto passeávamos na rua, meu marido de repente comentou: "Estou sentindo o cheiro da nossa primeira casa. Lembra?" Tentei trazer algum cheiro à memória, e o primeiro que me veio, foi o de café na nossa primeira manhã lá. Estava frio; abri os olhos e olhei em volta, para aquelas paredes novas, o quarto bem maior do que nosso antigo quarto. Levantei-me como se estivesse em sonho, e fui fazer café. O cheiro do café espalhou-se pela casa toda, e é dele que eu me lembrei quando meu marido perguntou-me sobre o cheiro da nossa antiga casa.

Mas não era aquele cheiro... ele disse: "Não é assim... é um cheiro de perfume que ela costumava ter." Não consegui lembrar-me de nenhum cheiro de perfume em especial, a não ser do produto de limpeza que eu usava por lá. Talvez a cera, quem sabe, um desinfetante... cheguei à conclusão de que o cheiro do qual ele estava falando, era um que só ele sentia, talvez diferente do que o que eu sentia.

Toda casa tem um cheiro. Quando chego junto ao portão do vizinho e respiro fundo, sinto o cheiro da casa dele. É um misto de madeira e lareira, com um toque de alguma coisa antiga... o cheiro da minha atual casa é de pó de café, incensos variados e às vezes, um aromatizador de ambiente que uso. Mas o cheiro verdadeiro  vai além disto... é algo indescritível. É um cheiro que eu reconheceria mesmo de olhos fechados. Acho que é cheiro de lar.

Há alguns cheiros que ferem minhas narinas se eu os sinto ao entrar em uma casa: roupa suja, banheiro sujo, peixe, lixo, gordura velha e impregnada e cheiro de comida estragada na geladeira. Dá uma sensação de lugar descuidado. Gosto de sentir nas roupas cheiro de sabão e amaciante, e no ar, perfumes bem suaves. Certa vez comprei um aromatizador de canela e cravo que era forte demais, e acabei jogando-o fora. 

Aqui em casa eu uso o mesmo desinfetante há muitos anos, e ele deixa um perfume floral bem discreto nas coisas. Nos cobertores e edredons eu uso apenas sabão e amaciante, e deixo-os ao sol antes de usar se estiverem guardados há muito tempo. Certa vez borrifei meu perfume, o Nina, de Nina Ricci, na roupa de cama; não deu certo! Apesar de adorar o cheiro quando o uso em mim mesma, descobri que ele simplesmente não foi feito para perfumar as coisas em uma casa.

Os cheiros personalizam espaços, e é preciso ter muito cuidado ao escolher um; o mais importante, é que ele não seja forte demais, pois pode causar alergias ou até dores de cabeça, e deve ser agradável a todos que moram na casa ou que dividem o espaço. Já deixei de usar um cheiro porque uma de minhas alunas não gostava de senti-lo. Também não é aconselhável usar vários cheiros diferentes na mesma casa, pois pode causar uma confusão olfativa que, ao invés de perfumar, acaba sendo desagradável. No quarto de dormir, eu hoje não uso mais nada, a não ser o sabão e o amaciante das roupas de cama...

Quem tem animais que circulam dentro de casa, tem que ser mais cuidadoso ainda com os cheiros! Se eles fazem xixi no tapete, é muito difícil remover o cheiro se a gente não limpar na hora, e mesmo assim, ainda fica alguma coisa... perdi dois tapetes por causa dos meus cães, e aprendi a lição: se eles entram, antes eu enrolo e recolho os tapetes! Sem contar que os animais tem um cheiro característico, mesmo que tomem banho regularmente, sejam escovados e bem cuidados, e quem não gosta deste cheiro, deve mantê-los sempre do lado de fora da casa; quem ama animais, sabe que precisa ser muito mais cuidadoso com a higiene da casa, limpando-a muito mais vezes.

Quando meus cães saem, varro ou aspiro o local onde ficaram, passo um pano úmido com desinfetante e queimo um incenso. Mesmo assim, casa que tem cachorro terá cheiro de cachorro... quem mora, se acostuma e nem percebe mais, mas quem vem de fora, logo nota. Portanto, todo cuidado é pouco.

Além dos muitos produtos existentes no mercado para ajudar a resolver os problemas de 'cheiros desagradáveis' dentro de uma casa, há outras coisas que a gente pode fazer:

-Mantenha a casa arejada durante algumas horas por dia. Abra as janelas, deixe o sol entrar, coloque cobertas e edredons ao sol.

-Evite fumar dentro de casa. Melhor ainda: não fume jamais.

-Ao cozinhar alimentos de cheiro forte, faça-o com as janelas abertas, e se houver uma porta que isole a cozinha nessas horas, é melhor deixá-la fechada.

-É bom deixar uma tigela com vinagre nos cantinhos da casa durante algumas horas. Rodelas de limão também ajudam. 

-Colocar paus de canela e alguns cravos em vários recipientes, e deixá-los nos cantinhos.

-Espalhe pó de café molhado em uma assadeira e leve ao forno para secar; é ótimo para tirar cheiros da geladeira.

-Na rua, cuidado onde pisa! Levamos muitos cheiros desagradáveis sob a sola dos pés, e espalhamos pela casa. Acho que neste ponto, os japoneses estão certos: o ideal seria se tivéssemos, por aqui, o costume de tirar os sapatos antes de entrarmos em casa.


-Jogue o lixo fora regularmente.

-Inspecione a geladeira e veja se não há nenhum tipo de alimento esquecido lá no cantinho, atrás dos potes...


-Limpe! Faça uso do aspirador de pó, desinfetantes, aromatizantes, enfim, mãos à obra! Uma casa limpa dificilmente terá mau cheiro.







sexta-feira, 5 de junho de 2015

ORDENHA




Ordenha a pedra
O poeta.

Daquela mais dura,
Mais escura,
Aquela, 
Na beira da rua
Deserta,
Verte o leite mais branco,
Mais doce,
E escorre
Pelos barrancos
Dos trancos
Do poeta.



quarta-feira, 3 de junho de 2015

CASAS FRIAS







Aqui em Petrópolis, é muito comum encontrarmos casas frias. Certa vez, minha irmã morou em uma, que ficava no bairro Duchas. Era até bonitinha, mas durante a noite, crescia um mofo peludo e verde sobre a porta da geladeira. Eu achava até bonito, embora fosse muito inconveniente. De manhã, ela saia limpando tudo com um pano.

Durante sete anos, eu mesma morei em uma casa onde não batia sol durante o inverno. No verão, era ensolarada, clara e muito arejada, mas quando chegava o mês de maio, o sol se escondia por trás das árvores que ficavam em um morro atrás da casa, e só voltava a dar as caras em meados de agosto... lembro-me que eu tinha que deixar as portas dos armários abertas ao sair, para arejar, e eles eram cheios daqueles produtos anti-mofo, espalhados em todas as prateleiras e entre os cabides. 

Na casa onde moro hoje, há alguns dias de inverno em que o chão da área de serviço se cobre de umidade. Ainda bem que esses dias são bem raros, e logo vão embora. E olha que a a minha casa é arejada e muito ensolarada!

 Passeando por algumas ruas de Petrópolis, como a Avenida Presidente Kennedy, a gente pode ver o musgo verde entre as pedras dos muros. Eu acho bonito, parece veludo.

Gosto do inverno, e dos lugares frios. Há muitas maneiras de se aquecer uma casa: podemos ter uma lareira, por exemplo, ou comprar um aquecedor elétrico. Fazer um bolo na cozinha, em um dia frio, também deixa tudo mais quentinho. Acho delicioso sentar-me no sofá, enrolada em um cobertor, a fim de assistir a um filme ou ler um livro! Ah, o privilégio de poder engatar em uma faxina sem suar! O trabalho fica mais leve e flui melhor.

À noite, a gente se enrola nos edredons e cobertores, e dorme o sono dos justos... sempre contando com a ajuda preciosa das pernas do cara-metade enroladas nas minhas.

No jardim, minhas orquídeas, as que eu mandei amarrar nas árvores, estão cheias de botões, e mal posso esperar para vê-las floridas... o ipê já prepara-se para florescer em setembro, as folhas caindo sobre o gramado úmido. Acordo pela manhã, e a paisagem está toda coberta de uma densa névoa branca, que deixa apenas os picos das montanhas de fora, cobrindo todo o resto, dando a tudo um toque surreal. E conforme a manhã avança, a neblina vai sendo dissipada, dando lugar a um sol que aquece sem exageros...

Hora de abrir as janelas e portas da casa, colocar mantas e cobertores sobre os peitoris das janelas, e pendurar os tapetes na varanda...




ADÉLIA PRADO







“Amor pra mim é ser capaz de permitir que aquele que eu amo exista como tal, como ele mesmo. Isso é o mais pleno amor. Dar a liberdade dele existir ao meu lado do jeito que ele é.” 








Casamento


Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como “este foi difícil”
“prateou no ar dando rabanadas”
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.






"Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra."








Ensinamento

“Minha mãe achava estudo
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
“Coitado, até essa hora no serviço pesado”.
Arrumou pão e café , deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.”







“Pior que medo de alma do outro mundo é o medo da alma do mundo do outro”







sábado, 30 de maio de 2015

Morrendo






Ando morrendo a cada dia,
Aos poucos, voluntariamente.
Ando morrendo de repente,
Sempre que posso, e que consinto.

E a morte não é inimigo,
Traz, cada vez, uma elegia
Intercalada a mil perguntas
Que eu respondo, se consigo.

E se não posso respondê-las,
Deixo-as todas bem guardadas
Naquela caixa amarrotada
Onde descansam os mistérios.

E a minha morte derradeira,
A que há de vir, a verdadeira,
Quem sabe, mostre o hemisfério
Onde se encontram as respostas.









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Wyna, Daqui a Três Estrelas

Este é um post para divulgação do livro de Gabriele Sapio - Wyna, Daqui a Três Estrelas. Trata-se de uma história de ficção científica, cuj...