quinta-feira, 6 de novembro de 2014
Trancos
Trancos
E trancas,
Barracos
Barrancos
Eu estanco
Tu mancas,
Eu sangro
Tu cantas,
Eu morro
Te encantas,
Eu rio
Tu choras...
E agora?
Os santos
E santas,
Apago,
Imantas,
Torcendo-me
As tranças
Matando
Esperanças
Eu calo,
Tu danças
Eu falo,
Te arranhas...
Ah, tramas!
Encantos
São tantos!...
Desfaço
Quebrantos
Quebrando...
Não ando
Na corda
Tão bamba
Que estendes,
Não cerro
Meus dentes...
-Nem sentes!
terça-feira, 4 de novembro de 2014
PAISAGEM
O circo passou,
Deixou muita lama,
Confetes na calçada,
E ecos de risos,
Lágrimas borradas...
Mais nada.
Te escondes na paisagem,
Sublimas mensagens
Que caem dos trapézios
E liquefazem-se
Na solitária estrada...
Quem dera, pudesses
Reter os aplausos!...
Quem dera...
Mas as feras do circo
Soltaram-se todas,
As cores da lona
Escorrem e borram
O solo...
-Respeitável público,
CORRAM!
Palavras pisadas
Sob as sapatilhas
Das bailarinas...
A platéia presa
Entre as desbotadas
Serpentinas...
LEON TOLSTOI
PALAVRAS DE LEON TOLSTOI
"Aquele que conheceu apenas a sua mulher, e a amou, sabe mais de mulheres do que aquele que conheceu mil."
"A verdadeira felicidade está na própria casa, entre as alegrias da família."
"O homem não tem poder sobre nada enquanto tem medo da morte. E quem não tem medo da morte possui tudo."
"O amor começa quando uma pessoa se sente só e termina quando uma pessoa deseja estar só."
"Quando as pessoas falam de forma muito elaborada e sofisticada, ou querem contar uma mentira, ou querem admirar a si mesmas. Ninguém deve acreditar em tais pessoas. A fala boa é sempre clara, inteligente e compreendida por todos."
"Há quem passe por um bosque e só veja lenha para a fogueira."
"Livres-pensadores são aqueles que estão dispostos a usar suas mentes sem prejuízo e sem receio de entender as coisas que se chocam com seus próprios costumes, privilégios ou crenças. Este estado de espírito não é comum, mas é essencial para pensar direito."
"Para se realizar uma atividade qualquer, é preciso considerá-la útil e importante. Por isso, qualquer que seja a situação de um ser humano, ele formará da vida social um conceito que lhe permita encarar a sua atividade como importante e útil.
Imagina-se sem razão que os ladrões, os assassinos, os espiões e as prostitutas julgam desfavoravelmente a sua profissão e se envergonham dela. Nada disso.
As pessoas que são colocadas pelo destino ou pelos seus próprios erros em determina situação, por muito repreensível que seja, constroem uma concepção geral da vida onde a sua situação particular aparece eminentemente útil e respeitável.
Com o fim de sustentar os seus pontos de vista, apoiam-se instintivamente num determinado meio que admite a concepção geral de vida por que optaram e o papel que desempenham, em particular, nesse tipo de vida.
Causa-nos surpresa vermos ladrões orgulharem-se da sua destreza, prostitutas de sua corrupção, assassinos da sua crueldade. Mas só nos surpreendemos na medida em que, sendo o meio em que essa gente vive muito limitado, permanecemos à margem dele. E, no entanto, não se produz o mesmo fenômeno entre os ricos que se orgulham das suas vitórias, ou melhor, dos seus crimes, e entre os poderosos que se orgulham do seu poder, ou seja, da sua tirania?
Se não chegarmos a reparar que essas personagens, procurando justificar as respectivas situações, têm da vida, do bem e do mal, uma concepção corrompida, é apenas porque o círculo daqueles que a adotaram cada vez mais se amplia, a ponto de nós próprios estarmos incluídos."
Leon Tolstoi, in Ressurreição
domingo, 2 de novembro de 2014
Kasa & Koisas, do Leandro
“O trabalho é tornar o amor visível, se não puderdes trabalhar com amor, mas apenas com desgosto, é melhor que deixeis o vosso trabalho, que senteis à porta do templo e que recebais esmolas daqueles que trabalham com alegria.
Pois se assardes pão com indiferença, assareis um pão amargo, que só matará a metade da fome de um homem.
E se vos ressentirdes ao amassar as uvas, vosso ressentimento destilará veneno no vinho.
E se cantardes como anjo, e não amardes o vosso cantar, abafareis os ouvidos do homem às vozes do dia e às vozes da noite.” – Khalil Gibran, em seu livro “O Profeta”, quando alguém pede ao profeta que ele fale sobre o trabalho.
Nestes tempos loucos em que a pressa tornou-se amiga da indiferença, é muito bom entrar em uma loja e ser recebido com atenção, carinho e boa vontade, por alguém que ama o seu trabalho, e faz desse amor uma ponte até o cliente.
Quando estamos fazendo compras, queremos relaxar e encontrar um momento prazeroso, e não ser atendidos às pressas por alguém carrancudo que parece estar prestando-nos um favor. E é por isso que eu decidi colocar este post aqui, hoje. Ao fazermos compras no Shopping Vilarejo, em Itaipava na última sexta-feira, eu e meu marido ficamos absolutamente encantados com o Leandro, da Kasa & Coisas. Lá a gente encontra, além de brinquedos, artigos para presente e novidades para a casa, um atendimento de quem gosta do que faz, tem prazer em explicar direitinho o funcionamento das coisas e adora um bom papo!
A gente sai da Kasa & Koisas sorrindo. Sorrir é muito importante nos dias de hoje. E ainda levamos coisas lindas para casa.
sábado, 1 de novembro de 2014
Em Branco
Eu não ia dizer nada.
Passaria em branco,
Como as nuvens brancas
Num céu de outubro.
Eu ia deixar que o silêncio
Cobrisse tudo.
Mas existe uma força
Que reforça o luto.
Teria sido ontem,
E haveria bolo,
E haveria risos...
Feliz aniversário!
sexta-feira, 31 de outubro de 2014
Em Qualquer Lugar
Seria possível sentir-se feliz em qualquer lugar? O que torna um lugar importante, especial? As condições de vida que oferece, como transporte de qualidade, boas escolas, empregos próximos? A beleza?
Acho que a resposta principal a esta pergunta, é: as pessoas! Mesmo que eu morasse em um lugar maravilhoso como o que acabei de descrever - belo, cheio de conveniências e facilidades - não conseguiria ficar muito tempo se tivesse vizinhos ruins. Não precisam ser daqueles vizinhos que se tornam amigos íntimos, desde que haja tolerância, respeito e camaradagem. Graças a Deus, nós temos muita sorte nesse sentido. Temos ótimos vizinhos.
Deve ser terrível chegar em casa cansado após um dia estafante no trabalho, e de repente, sentir os tímpanos sendo sacudidos por música alta ou escândalos na casa ao lado. Deve ser péssimo conviver com pessoas sem educação, que deixam lixo na nossa porta, por exemplo.
Para vivermos bem, é preciso respeitar regras, e sempre colocar-se no lugar do outro: quem gostaria de ser acordado no meio da noite, ou ser impedido de dormir por causa de uma festa barulhenta? É claro que há ocasiões certas, como véspera de domingo, nas quais uma festa barulhenta pode ser compensada na manhã seguinte... mas durante a semana, nunca!
Preservar bancos, árvores, lixeiras, prédios públicos ou particulares e outras coisas que fazem parte do espaço comum, também deve ser observado; afinal, se eu destruo alguma coisa na minha rua ou cidade, estarei prejudicando a mim mesma. E isso é tão básico, que eu não entendo como existem pessoas que ainda não perceberam...
O que faz os lugares serem bons ou ruins, são as pessoas. Somos eu e você.
Vandalismo
Derrubei os muros do teu coração,
E pichei de vermelho o que sobrou.
Nada ficou de pé,
Sequer uma simples ilusão.
Pisoteei palavras,
Rompi as aldravas,
Entrei de repente, sem medo ou vergonha,
Sob tuas narinas, sem qualquer cerimônia,
Pus um algodão embebido em amônia
Para que tu acordes,
Para que tu despertes.
Violei os lacres que ainda faltavam,
Rasguei teus cartazes de "Não perturbar"
Joguei-os no fundo viscoso de um lago
E bati os pés, para me veres passar.
Nada jamais será o mesmo,
Abaixo o teu comodismo!
Dedico-te a fúria
Do meu vandalismo!
quinta-feira, 30 de outubro de 2014
terça-feira, 28 de outubro de 2014
A Beleza e a Idade
O conceito do que é belo tem se modificado ao longo da História. Desde que a humanidade existe, as pessoas são guiadas através de um pequeno grupo representativo que define para elas o que é considerado belo e o que não é – e o que quer que esteja fora deste padrão pré-estabelecido, é descartado como feio.
Assim, grande parte das pessoas definem seu tipo físico, sua maneira de vestir e de comportar-se, de acordo com o que está “na moda” ou do que é feito pela maioria – e o curioso, é que quem define estes padrões é um pequeno grupo de pessoas consideradas “experts” de beleza e moda, e muitas vezes, eles mesmos estão totalmente fora das regras que pregam, mas mesmo assim, são considerados autoridades no assunto. Infelizmente, muitos que os seguem nem sequer param para pensar se realmente seus gostos se encaixam no padrão geral; o que importa, é estar “por dentro” e “ser aceito.”
Antigamente, o artista plástico Fernando Botero (Medellin, 19 de abril de 1932) retratava pessoas gordas, o que era considerado uma crítica social no que diz respeito à ganância do ser humano. Talvez hoje isto possa ser considerado preconceito contra os mais cheinhos.
Na arte da Antiguidade, as mulheres eram retratadas com e seios fartos e quadris largos, que eram o símbolo da fertilidade. Já houve épocas em que ser gordo era sinal de status, já que os magros eram pessoas que não tinham como alimentar-se adequadamente.
A musa da beleza Marilyn Monroe, dos anos cinquenta e sessenta, poderia ser considerada fora dos padrões de beleza atuais, e a modelo Twiggy (em inglês, esta palavra significa pequeno galho ou ramo), nos anos 60, foi o protótipo da mulher pálida, esquálida e sem curvas. Todos conhecemos a boneca Barbie, cujas formas passaram a ser doentiamente perseguidas pelas meninas que as possuíam.
A primeira top model da história, a modelo Twiggy |
Nos anos 90, Madonna introduziu a beleza do tipo “sarada”, e as mulheres passaram a ter músculos e pernas que mais parecem ser de jogadores de futebol ou lutadores.
Nos dias de hoje, as pessoas mais cheinhas ou gordas são consideradas relaxadas, relapsas quanto à sua saúde e feias, segundo o padrão de beleza vigente, embora já haja um movimento para tentar mudar este conceito. Hoje em dia, já existem publicações que usam apenas as modelos mais cheinhas, ou plus-size models, como a revista Just as Beautiful.
Tentar adaptar-se ao que a minoria define como belo passou a ser obsessão. As mulheres vivem frustradas, entregando-se a dietas perigosas, tratamentos capilares usando produtos químicos que já seriam um risco enorme à saúde de qualquer um se fossem, simplesmente, inalados, e pesados programas de exercícios físicos que podem ser acompanhados de suplementos alimentares e anabolizantes, cujos riscos à saúde já foram cientificamente comprovados. A beleza tornou-se uma busca desesperada.
Tentar deter ou atrasar a passagem do tempo também tornou-se, para alguns, um negócio lucrativo. A todo momento, vemos anunciado nas mídias o produto que finalmente eliminará vinte anos de rugas em apenas sete dias. Enquanto pesquisava na internet a fim de escrever este artigo, fui bombardeada por eles! As pessoas não desejam envelhecer, pois envelhecer hoje em dia tornou-se sinal de fraqueza e também é considerado antinatural... pasmem! Ter uma aparência jovem é essencial para que possamos ser considerados saudáveis, “antenados” e dignos de respeito.
Eu mesma comecei a tingir os cabelos aos vinte e cinco anos de idade, quando começaram a surgir os primeiros fios brancos, e não parei até hoje. Nem pretendo parar, pois não gosto de cabelos brancos e ainda não parei para analisar os motivos reais para não gostar deles: seriam puramente estéticos ou um medo não admitido de envelhecer?
Na verdade, posso considerar-me uma pessoa vaidosa, pois gasto algum dinheiro com cremes e outros cosméticos, roupas, sapatos e acessórios, e procuro manter-me na melhor forma possível, embora não faça a menor questão ou o menor esforço para ter o mesmo corpo que tinha aos vinte anos, o que para mim seria sinal de doença física. Procuro adaptar meu corpo e rosto às transformações impostas pelo tempo, e passar por elas da maneira mais digna possível – sem exageros ou desejos de aparentar uma idade que nunca mais terei, pois não preciso de uma aparência absolutamente impecável e jovem para exercer minha profissão, já que não sou atriz ou modelo.
Também não acredito, como muitos dizem, que a juventude está dentro; ela também é arrastada para sempre na passagem do tempo. Ninguém tem a mesma jovialidade, alegria de viver, disposição ou inocência que tinha na juventude. Não é só o corpo que muda. A mente também amadurece. Não acredito nessa coisa de “mente jovem.” É apenas um eufemismo para a palavra “velhice.” Os pensamentos e atitudes mudam, os gostos mudam, e quando isso não acontece, surgem os eternos “playboys” ou as rainhas das plásticas, o que pode tornar alguém ridículo. A idade que temos é a idade que aparentamos ter, e não vejo nada de errado nisso. E por mais que alguém tente disfarçar a idade, tudo o que conseguirá de verdade, é ter a aparência de alguém bem cuidado, o que é muito positivo, ou de alguém que mais parece uma caricatura de adolescente, o que beira o ridículo. É tudo uma questão de bom senso.
Imagens de Twiggy e da revista Just as Beautiful tiradas do Google images
domingo, 26 de outubro de 2014
André Breton - A União Livre
Poema enviado a mim pelo amigo Celso Panza, do Recanto das Letras
A união livre
Minha mulher com a cabeleira de fogo de lenha
Com pensamentos de relâmpagos de calor
Com a cintura de ampulheta
Minha mulher com a cintura de lontra entre os dentes de tigre
Minha mulher com a boca de emblema e de buquê de estrelas de primeira grandeza
Com dentes de rastros de rato branco sobre a terra branca
Com a língua de âmbar e vidro friccionado
Minha mulher com a língua de hóstia apunhalada
Com a língua de boneca que abre e fecha os olhos
Com a língua de pedra inacreditável
Minha mulher com cílios de lápis de cor para crianças
Com sobrancelhas de borda de ninho de andorinha
Minha mulher com têmporas de ardósia de teto de estufa
E de vapor nos vidros
Minha mulher com ombros de champanhe
E de fonte com cabeças de golfinhos sob o gelo
Minha mulher com pulsos de palitos de fósforo
Minha mulher com dedos de acaso e ás de copas
Com dedos de feno ceifado
Minha mulher com as axilas de marta e faia
De noite de São João
De ligustro e de ninho de carás
Com braços de espuma de mar e de eclusa
E mistura do trigo e do moinho
Minha mulher com pernas de foguete
Com movimentos de relojoaria e desespero
Minha mulher com panturrilhas de polpa de sabugueiro
Minha mulher com pés de iniciais
Com pés de molhos de chaves com pés de calafates que bebem
Minha mulher com pescoço de cevada perolada
Minha mulher com a garganta do Vale do Ouro
De encontro no próprio leito da correnteza
Com os seios de noite
Minha mulher com os seios de toupeira marinha
Minha mulher com os seios de crisol de rubis
Com os seios de espectro da rosa sob o orvalho
Minha mulher com o ventre a desdobrar-se no leque dos dias
Com ventre de garra gigante
Minha mulher com o dorso de pássaro que voa vertical
Com dorso de mercúrio
Com dorso de luz
Com a nuca de pedra rolada e giz molhado
E queda de um copo do qual se acaba de beber
Minha mulher com os quadris de escaler
Com os quadris de lustre e penas de flecha
E de caule de plumas de pavão branco
De balança insensível
Minha mulher com nádegas de arenito e amianto
Minha mulher com nádegas de dorso de cisne
Minha mulher com nádegas de primavera
Com sexo de lírio roxo
Minha mulher com o sexo de jazida de ouro e de ornitorrinco
Minha mulher com o sexo de algas e bombons antigos
Minha mulher com o sexo de espelho
Minha mulher com olhos cheios de lágrimas
Com olhos de panóplia violeta e agulha imantada
Minha mulher com olhos de savana
Minha mulher com olhos d’água para beber na prisão
Minha mulher com olhos de lenha sempre sob o machado
Com olhos de nível d’água de nível do ar de terra e de fogo.
Assinar:
Postagens (Atom)
Parceiros
Wyna, Daqui a Três Estrelas
Este é um post para divulgação do livro de Gabriele Sapio - Wyna, Daqui a Três Estrelas. Trata-se de uma história de ficção científica, cuj...
-
Eu Só Tenho Uma Flor Neste exato momento, Eu só tenho uma flor. Nada existe no mundo que seja meu. Nada é urgente. Não há ra...
-
Duas fábulas do livro Fábulas Chinesas, de Sérgio Cappareli & Márcia Schmaltz Esperando um Coelho No reino de Song existia um camponês q...