O conceito do que é belo tem se modificado ao longo da História. Desde que a humanidade existe, as pessoas são guiadas através de um pequeno grupo representativo que define para elas o que é considerado belo e o que não é – e o que quer que esteja fora deste padrão pré-estabelecido, é descartado como feio.
Assim, grande parte das pessoas definem seu tipo físico, sua maneira de vestir e de comportar-se, de acordo com o que está “na moda” ou do que é feito pela maioria – e o curioso, é que quem define estes padrões é um pequeno grupo de pessoas consideradas “experts” de beleza e moda, e muitas vezes, eles mesmos estão totalmente fora das regras que pregam, mas mesmo assim, são considerados autoridades no assunto. Infelizmente, muitos que os seguem nem sequer param para pensar se realmente seus gostos se encaixam no padrão geral; o que importa, é estar “por dentro” e “ser aceito.”
Antigamente, o artista plástico Fernando Botero (Medellin, 19 de abril de 1932) retratava pessoas gordas, o que era considerado uma crítica social no que diz respeito à ganância do ser humano. Talvez hoje isto possa ser considerado preconceito contra os mais cheinhos.
Na arte da Antiguidade, as mulheres eram retratadas com e seios fartos e quadris largos, que eram o símbolo da fertilidade. Já houve épocas em que ser gordo era sinal de status, já que os magros eram pessoas que não tinham como alimentar-se adequadamente.
A musa da beleza Marilyn Monroe, dos anos cinquenta e sessenta, poderia ser considerada fora dos padrões de beleza atuais, e a modelo Twiggy (em inglês, esta palavra significa pequeno galho ou ramo), nos anos 60, foi o protótipo da mulher pálida, esquálida e sem curvas. Todos conhecemos a boneca Barbie, cujas formas passaram a ser doentiamente perseguidas pelas meninas que as possuíam.
A primeira top model da história, a modelo Twiggy |
Nos anos 90, Madonna introduziu a beleza do tipo “sarada”, e as mulheres passaram a ter músculos e pernas que mais parecem ser de jogadores de futebol ou lutadores.
Nos dias de hoje, as pessoas mais cheinhas ou gordas são consideradas relaxadas, relapsas quanto à sua saúde e feias, segundo o padrão de beleza vigente, embora já haja um movimento para tentar mudar este conceito. Hoje em dia, já existem publicações que usam apenas as modelos mais cheinhas, ou plus-size models, como a revista Just as Beautiful.
Tentar adaptar-se ao que a minoria define como belo passou a ser obsessão. As mulheres vivem frustradas, entregando-se a dietas perigosas, tratamentos capilares usando produtos químicos que já seriam um risco enorme à saúde de qualquer um se fossem, simplesmente, inalados, e pesados programas de exercícios físicos que podem ser acompanhados de suplementos alimentares e anabolizantes, cujos riscos à saúde já foram cientificamente comprovados. A beleza tornou-se uma busca desesperada.
Tentar deter ou atrasar a passagem do tempo também tornou-se, para alguns, um negócio lucrativo. A todo momento, vemos anunciado nas mídias o produto que finalmente eliminará vinte anos de rugas em apenas sete dias. Enquanto pesquisava na internet a fim de escrever este artigo, fui bombardeada por eles! As pessoas não desejam envelhecer, pois envelhecer hoje em dia tornou-se sinal de fraqueza e também é considerado antinatural... pasmem! Ter uma aparência jovem é essencial para que possamos ser considerados saudáveis, “antenados” e dignos de respeito.
Eu mesma comecei a tingir os cabelos aos vinte e cinco anos de idade, quando começaram a surgir os primeiros fios brancos, e não parei até hoje. Nem pretendo parar, pois não gosto de cabelos brancos e ainda não parei para analisar os motivos reais para não gostar deles: seriam puramente estéticos ou um medo não admitido de envelhecer?
Na verdade, posso considerar-me uma pessoa vaidosa, pois gasto algum dinheiro com cremes e outros cosméticos, roupas, sapatos e acessórios, e procuro manter-me na melhor forma possível, embora não faça a menor questão ou o menor esforço para ter o mesmo corpo que tinha aos vinte anos, o que para mim seria sinal de doença física. Procuro adaptar meu corpo e rosto às transformações impostas pelo tempo, e passar por elas da maneira mais digna possível – sem exageros ou desejos de aparentar uma idade que nunca mais terei, pois não preciso de uma aparência absolutamente impecável e jovem para exercer minha profissão, já que não sou atriz ou modelo.
Também não acredito, como muitos dizem, que a juventude está dentro; ela também é arrastada para sempre na passagem do tempo. Ninguém tem a mesma jovialidade, alegria de viver, disposição ou inocência que tinha na juventude. Não é só o corpo que muda. A mente também amadurece. Não acredito nessa coisa de “mente jovem.” É apenas um eufemismo para a palavra “velhice.” Os pensamentos e atitudes mudam, os gostos mudam, e quando isso não acontece, surgem os eternos “playboys” ou as rainhas das plásticas, o que pode tornar alguém ridículo. A idade que temos é a idade que aparentamos ter, e não vejo nada de errado nisso. E por mais que alguém tente disfarçar a idade, tudo o que conseguirá de verdade, é ter a aparência de alguém bem cuidado, o que é muito positivo, ou de alguém que mais parece uma caricatura de adolescente, o que beira o ridículo. É tudo uma questão de bom senso.
Imagens de Twiggy e da revista Just as Beautiful tiradas do Google images