Existe próximo à minha casa, um chalezinho estilo normando, branco de janelas verdes. Fica na beiradinha da rua, perto de um rio. Todas as vezes que passo por ali, fico olhando para ele e lamentando seu abandono. Há ervas crescendo no telhado e teias de aranha enormes na varanda. Alguém deixa uma luz sempre acesa, mas vê-se logo que ninguém se importa realmente com ele, o que é muito triste.
Lembro-me de quando morava gente ali, e as paredes eram sempre caiadas. Desde que mudamos para este bairro, eu olho para aquele chalezinho e sonho com ele. Se pudesse, eu o compraria e reformaria todo. Mandaria trocar o telhado, que está em mau estado, e também o encanamento e parte elétrica. Depois, tentaria deixá-lo o mais próximo possível do que ele é, mantendo o design e as cores originais nas paredes externas , portas e janelas. Dentro da casa, faria cada cômodo de uma cor diferente, em tons pastel rosa, pêssego, verde e azul.
A mobília seria pouca e antiga, e eu colocaria paninhos de croché sobre os mesinhas. Nas camas, colchas de retalhos e mantas de xadrez. Provavelmente, o chão é de tacos de madeira, e eu os manteria, e faria questão de encerá-lo a cada quinze dias; quem entrasse, sentiria logo o cheirinho da cera. A cozinha seria reformada com azulejos antigos estilo português, daqueles azuis e brancos, que eu compraria em algum cemitério de azulejos. No banheiro, eu colocaria azulejos brancos cobrindo metade da parede, e a outra metade, eu pintaria de uma cor forte, talvez laranja.
A gente sempre pensa em mudar-se para um lugar menor e mais fácil de cuidar quando envelhecermos, e para mim, aquele chalezinho seria o ideal. Ah, se eu pudesse...
Em uma estrada escura e deserta, vento frio em meus cabelos
Warm smell of colitas, rising up through the air
Um cheiro morno de maconha erguendo-se no ar
Up ahead in the distance, I saw a shimmering light
Lá à distância eu vi uma luz bruxuleante
My head grew heavy and my sight grew dim
Minha cabeça tornou-se pesada e minha visão tornou-se fraca
I had to stop for the night.
Eu tive que parar para passar a noite
There she stood in the doorway;
Lá estava ela à entrada
I heard the mission bell
Ouvi o sino das missões
And I was thinking to myself
E eu estava pensando comigo mesmo
'This could be heaven or this could be Hell'
Isto poderia ser o céu ou poderia ser o paraíso
Then she lit up a candle and she showed me the way
Então ela acendeu uma vela e mostrou-me o caminho
There were voices down the corridor,
havia vozes pelo corredor
I thought I heard them say
Pensei tê-los ouvido dizer
Welcome to the Hotel California
Bem vindo ao Hotel California
Such a lovely place (such a lovely place)
Um lugar adorável, (um lugar adorável)
Such a lovely face.
Um rosto adorável
Plenty of room at the Hotel California
Há muitos quartos no Hotel California
Any time of year (any time of year) you can find it here
A qualquer época do ano você pode me encontrar aqui
Her mind is Tiffany-twisted, she got the Mercedes benz
A mente dela é corrompida pela Tiffany, ela tem o Mercedes Benz
She got a lot of pretty, pretty boys, that she calls friends
Ela tem uma porção de meninos lindos, lindos que ela chama de amigos
How they dance in the courtyard, sweet summer sweat
Como eles dançam no pátio, doce suor de verão
Some dance to remember, some dance to forget
Alguns dançam para lembrar, outros dançam para esquecer
So I called up the Captain,
Então eu chamei o capitão
'Please bring me my wine'
Por favor, traga meu vinho
He said, 'we haven't had that spirit here since nineteen sixty-nine'
Ele disse, 'Não temos esta bebida aqui desde 1969'
And still those voices are calling from far away,
E ainda aquelas vozes estão chamando de muito longe
Wake you up in the middle of the night
acordam você no meio da noite
Just to hear them say"
Só para ouvi-las dizer
Welcome to the Hotel California
Bem vindo ao Hotel California
Such a lovely place (such a lovely place)
Um lugar adorável
Such a lovely face.
Um rosto adorável
They livin' it up at the Hotel California
Eles estão vivendo isto no Hotel California
What a nice surprise (what a nice surprise), bring your alibis
Que boa surpresa (que boa surpresa) tragam seus álibes
Mirrors on the ceiling,
Espelhos no teto
The pink champagne on ice
Champanhe rosé no gelo
And she said, 'we are all just prisoners here, of our own device'
E ela disse, 'Somos todos apenas prisioneiros aqui, por nossa própria conta'
And in the master's chambers,
E na câmara do senhor
They gathered for the feast
Eles se reuniram para o banquete
They stab it with their steely knives,
Eles apunhalam com suas facas de aço
But they just can't kill the beast
Mas simplesmente não conseguem matar a fera
Last thing I remember, I was
A última coisa que eu lembro, eu estava
Running for the door
Correndo para a porta
I had to find the passage back to the place I was before
Eu tinha que achar a passagem de volta ao lugar onde eu estava antes
'Relax' said the night man,
'Relaxe,' disse o vigia noturno
'We are programmed to receive.
'Estamos programados para receber
You can check out any time you like,
Você pode fazer o check out a qualquer momento
But you can never leave!'
mas jamais poderá sair!"
O significado desta letra é um mistério, mas muitos acreditam que ela fala sobre o vício nas drogas e do quanto é difícil abandoná-lo: "Você pode fazer o check-out a qualquer momento, mas você jamais conseguirá sair). Também há palavras que fazem alusão ao uso de drogas, como 'captain',que é uma gíria para traficante, e há também a lenda urbana de que as iniciais de Hotel Califórnia significam 'Heroin' e 'cocaine' (heroína e cocaína).
Tenho fascínio por casas antigas. Aqui na minha cidade - que é uma cidade histórica - há várias delas. Passo diante das fachadas e fico pensando quem viveu ou vive ali. Fico curiosa para saber como é o interior destas casas, que tipo de coisas aconteceram dentro delas.
As casas antigas guardam histórias e lembranças. Em algumas delas, há uma atmosfera saudosista, que a gente sente assim que entra; já noutras, há algo pesado pairando no ar... mas uma casa antiga nunca deixará de causar-nos alguma impressão.
Antigamente, as pessoas davam mais atenção aos detalhes; nestas casas, a gente pode encontrar as lindas sancas que enfeitavam os tetos das salas, lustres maravilhosos, portas e janelas grandes e altas, pés-direitos altos, grades que parecem bordados feitos em ferro, papéis de parede decorados com motivos lindíssimos, jardins com caminhos de pedras e com plantas que pouco se encontram hoje em dia. As casas modernas são feitas às pressas; há poucos detalhes. Tudo deve ser prático e não dar muito trabalho.
As pessoas parecem que vão para suas casas apenas para comer e dormir. Dá a impressão de que as casas de hoje não são realmente habitadas. Falta o elemento que as transforma em lar.
Ainda abismada com as opiniões expressadas por uma certa senhora ontem no Fantástico, onde afirmava que os rolezinhos são movimentos culturais, pude assistir aos vídeos apresentados no mesmo programa e tirar minhas próprias conclusões:
Os direitos de uma pessoa terminam quando começam os direitos de outras! Shopping center não é pista de dança ou clube para eventos sociais. Não é local para que se promovam bailes funk ou encontros marcados pela internet. Um shopping center é um local onde as pessoas fazem compras, comem, passeiam com suas famílias - crianças, inclusive - e tem o direito de serem protegidas,quando, de repente, enquanto desfrutam do seu lazer, se encontrarem no meio de uma porção de pessoas correndo, gritando e empurrando.
Se você fosse um policial em um momento destes, responsável pela segurança dos demais e a sua própria, como reagiria ao ver-se em um espaço fechado invadido por centenas de pessoas alucinadas, correndo, empurrando e gritando?
Não sou contra os rolezinhos, mas não concordo que outras pessoas tenham que ser expostas a perigos para satisfazer os praticantes deste 'movimento cultural.' Para encontros deste tipo, existem os clubes. E as pessoas que clamam por seus direitos, dizendo estar sofrendo preconceito, não se conscientizam para o fato de que no meio dos bem-intencionados que visam apenas divertir-se, existem os que ali estão para causar tumultos, ferir e roubar os outros.
Fiquei chocada com a atitude dos pais apresentados no programa de ontem, que estimulam a vaidade excessiva dos filhos e se endividam para comprar-lhes objetos e roupas caras para que eles as exibam em fotografias em sites na internet. Isto é educação? Será que a atitude "darei ao meu filho o que eu não tive" significa prepará-lo para a vida? Mais absurda é a atitude dos 'fãs' destes meninos, que praticam a idolatria de pessoas que não tem nada de útil a oferecer. Que tipo de pessoas habitarão o mundo daqui a dez anos?
Os pais destas crianças deveriam estar preocupados em proporcionar-lhes uma educação de qualidade, e comprar-lhes livros ao invés daquele absurdo que foi mostrado ontem no Fantástico. Temo que, no futuro, a humanidade será composta de seres vazios de valores reais, extremamente focados na superficialidade, pessoas sem objetivos de vida e quase totalmente aculturadas.
Tudo o que nos acontece é culpa nossa? Atraímos todas as desgraças que sempre tomam lugar, cedo ou tarde, em nossas vidas? Alguns religiosos afirmam veementemente que sim; mas pensemos:
Alguém está caminhando calmamente em uma rua movimentada em um dia de tempestade; de repente, é atingido por um raio. Aquela pessoa atraiu ou desejou aquele evento? Ou então alguém de nossa família é diagnosticado com alguma doença grave; a culpa é dele? Ou a culpa é nossa, porque sofreremos junto com ele? Acho que uma das coisas mais cruéis que se pode dizer a alguém acometido de uma doença grave ou terminal, é "Você está passando por isso tudo porque precisa pagar seus 'pecados.' Você atraiu esta doença!" Ah, como é fácil assistir de longe à desgraça alheia e sentindo-se imune a ela, achar-se no direito de apontar motivos e destilar absurdas certezas sobre o sofrimento alheio!
Acredito que algumas coisas, atraímos, através de nossas escolhas conscientes, pensamentos ou atitudes; outras, ficam a encargo de nossas convivências (na vida, precisamos conviver com vários tipos de pessoas, cada qual envolvida em seu próprio contexto de vida e em seus próprios problemas, e quando acontece em suas casas algum incêndio, corremos o risco de ficarmos chamuscados; principalmente quando as amamos). E ainda há as coisas que são propositalmente jogadas contra nós, e quando estamos enfraquecidos ou desprevenidos, elas acabam nos afetando profundamente. Eu acredito muito em energias dirigidas até nós pela força do pensamento de pessoas que por algum motivo, não nos apreciam. É preciso saber defender-se delas, pois algumas destas energias, creio, podem causar até a morte. Aos que duvidam, há muita literatura disponível a esse respeito; estarão todos os seus autores, pertencentes a diferentes grupos sociais e religiosos, vivendo em países de culturas totalmente diversificadas, e tendo vivido em épocas antigas e modernas, errados?
Assim, sempre escolho o caminho do meio, e evito afirmar, ao ver pessoas sofrendo, que "elas com certeza mereceram." Do que eu sei, afinal? Estamos todos aqui neste mundo, e a maioria de nós sabe um pouco mais ou um pouco menos sobre as mesmas coisas; se fôssemos uns muito mais evoluidos e inteligentes do que outros, provavelmente viveríamos em mundos diferentes.
Qualquer um de nós pode ser acometido de uma doença grave a qualquer momento, assim como qualquer um de nós que aposta na Megasena, pode acabar sendo contemplado com uma grande quantia em dinheiro; ou um parente nosso que tenha ganho o prêmio pode decidir doar-nos um pouco de dinheiro... -até que seria bom! O tempo todo, afetamos e somos afetados por tudo e por todos que nos rodeiam. Ninguém está imune a nada, seja bom ou seja ruim.