domingo, 5 de janeiro de 2014
Às Minhas Rosas
Às Minhas Rosas
Quando nos mudamos para a nossa primeira casa, há MUITOS anos, uma das primeiras coisas que eu fiz foi comprar mudas de roseiras; seria a primeira vez que moraríamos em uma casa depois de nos casarmos, e estávamos deslumbrados com nosso quadradinho de terra que chamávamos de jardim.
Compramos de um moço que vendia em um caminhão, na rua, roseiras nas cores branca, laranja, vermelha e amarela. Na casa, já havia um arbusto de mini rosas cor-de-rosa choque, e pés de rosas cor-de-chá que estavam sempre apinhados de rosas. Minhas roseiras eram meu orgulho!
As rosas se derramavam sobre os balaústres na frente da casa, e as pessoas paravam na rua para olhar. Algumas pediam-me mudas, que eu sempre dava. Tinha sempre uma tesoura na varanda, e de vez em quando, passava a tarde podando as rosas que já tinham secado, de modo que as roseiras estavam sempre lindas.
Quando nos mudamos e tive que deixá-las para trás, lembro-me que chorei muito. Mas não tinha jeito: era a vida seguindo...
Compramos nove mudas de roseiras e espalhamos aqui no jardim da nova casa... mas naquela época, a Latifa era 'criança,' e todos os dias, ela despedaçava uma roseira (ignorando os espinhos), até que conseguiu destruir as nove mudas... lembro que fiquei sem 'falar' com ela durante algum tempo...
Depois que vendemos a casa antiga, várias famílias já moraram lá. Dia desses, passando por lá, notei que a casa estava em obras. A fachada foi totalmente modificada, perdendo o charme das casas típicas do final dos anos cinquenta... e minhas roseiras - elas nunca deixaram de ser MINHAS - tinham sido arrancadas... eu quis protestar! Minha vontade foi tocar a campainha e perguntar a eles como eles se atreveram!... Minhas roseiras, plantadas e cultivadas por minhas próprias mãos!
Vindo para casa, ainda com o sabor da derrota na boca, fiz planos: ano que vem, vou plantar roseiras outra vez. No momento, só tenho duas, que se salvaram do holocausto botânico, pois estavam plantadas em vasos. Latifa já é uma 'mulher' feita, e não acho que ela vá se interessar pelas minhas roseiras agora. Então, está feito: este ano vou plantar roseiras.
sábado, 4 de janeiro de 2014
Ter Razão ou Ser Feliz?
Acho que hoje em dia muitos tem se perguntado: o que é mais importante: ter razão ou ser feliz? E a resposta, mais do que imediata e muitas vezes irrefletida, é: "Ser feliz é mais importante do que ter razão!" Mas quem sabendo da verdade sobre algo, sabendo-se certo a respeito de uma questão, mesmo assim, vai contra seus princípios e concorda em aceitar uma mentira que deturpa suas convicções, poderá ser feliz de verdade?
Quanto tempo alguém poderá ser feliz agindo apenas para agradar a maioria, ignorando aquilo que sente e pensa?
Estar rodeado de pessoas: isto é felicidade! Não importa o quanto tenhamos que nos retorcer, encurvar e amarelar nossos sorrisos para que esta condição permaneça. Gente feliz está sempre em lugares maravilhosos, usando roupas da moda e sendo fotografado e publicado em todas as redes sociais!
Ah, como eu lamento pelas pessoas que pensam e agem assim!... A felicidade é um estado de espírito, e quem consegue vê-la dentro de si mesmo, será feliz sozinho ou acompanhado. Existem tantas coisas belas na vida e na natureza, coisas que tantas vezes ignoramos porque estamos preocupados demais em mostrar a todos o quanto somos felizes!... Eu penso assim: quem não consegue sentir-se feliz na própria companhia, não o será na companhia de ninguém; nem mesmo quando estiver com pessoas sensacionais.
E mais importante: ninguém é completamente feliz em todos os aspectos da vida e o tempo todo. Sempre faltará alguma coisa. É condição da vida. Haverá perdas, mudanças, rompimentos. E as pessoas realmente felizes sabem que, quando a tristeza chega (e ela chega para todos), ela não vem para ficar; basta que não nos agarremos a ela, e ela passará, deixando em seu lugar um aprendizado. Quem pensa que ao atingir certos objetivos na vida se tornará automática e totalmente feliz, jamais o será de verdade.
Minha conclusão, é que entre ter razão e ser feliz, escolho o caminho do meio. Pois acredito que quando tenho razão, não posso mutilar minha vontade e meu pensamento apenas para ir com a maioria. Creio em um tipo de felicidade que é muito mais que a euforia e o barulho, e que pode ser encontrada em qualquer lugar, não apenas nas multidões.
FHC - "ASSIM NÃO PODE! ASSIM NÃO DÁ..."
Adoro pessoas diretas, e sempre admirei Fernando Henrique Cardoso por esta qualidade, e também pela sua inteligência. Vai, finalmente, minha pequena homenagem a ele. Posto aqui alguns de seus pensamentos.
"Chega dessa república do nhem-nhem-nhem."
"Nem o presidente nem os ministros são acrobatas de circo para fazer piruetas, receber aplausos e desaparecer nos bastidores."
"Os brasileiros são caipiras, desconhecem o outro lado, e, quando conhecem, encantam-se."
"A angústia é parte da condição humana. Não se pode deixar que a angústia da morte nos paralise. A resposta está no convívio com os outros. Não se vive sem amizade, sem amor, sem adversidade."
"Ser realista implica também reconhecer o inexplicável. O que surge. O de repente. É preciso saber se adaptar a isso."
"Finalmente fez-se justiça no caso do mensalão. Escrevo sem júbilo: é triste ver na cadeia gente que em outras épocas lutou com desprendimento. Estão presos ao lado de outros que se dedicaram a encher os bolsos ou a pagar suas campanhas à custa do dinheiro público. Mais melancólico ainda é ver pessoas que outrora se jogavam por ideais – mesmo que controversos – erguerem os punhos como se vivessem uma situação revolucionária, no mesmo instante em que juram fidelidade à Constituição.
Onde está a Revolução? Gesticulam como se fossem Lenines que receberam dinheiro sujo, mas usaram – no para construir a “nova sociedade”. Nada disso: apenas ajudaram a cimentar um bloco de forças que vive da mercantilização da política e do uso do Estado para perpetuar-se no poder. De pouco serve a encenação farsesca, a não ser para confortar quem a faz e enganar a seus seguidores mais crédulos.
Basta de tanto engodo. A condenação pelos crimes do mensalão se deu em plena vigência do Estado de Direito, em um momento no qual o Executivo é exercido pelo Partido dos Trabalhadores, cujo governo indicou a maioria dos ministros do Supremo. Não houve desrespeito às garantias legais dos réus e ao devido processo legal.
Então por que a encenação? O significado é claro: eleições à vista. É preciso mentir, autoenganar-se e repetir o mantra. Não por acaso a direção do PT amplifica a encenação e Lula diz que a melhor resposta à condenação dos mensaleiros é reeleger Dilma Rousseff... Tem sido sempre assim, desde a apropriação das políticas de proteção social até a ideia esdrúxula de que a estabilização da economia se deveu ao governo do PT. Esqueceram as palavras iradas que disseram contra o que hoje gabam e as múltiplas ações que moveram no Supremo para derrubar as medidas saneadoras. O que conta é a manutenção do poder.
Em toada semelhante o mago do ilusionismo fez coro. Aliás, neste caso, quem sabe, um lapso verbal expressou sinceridade: estamos juntos, disse Lula. Assumiu meio de raspão sua fatia de responsabilidade, ao menos em relação a companheiros a quem deve muito. E ao país, o que dizer?
Reitero, escrevo tudo isso com melancolia, não só porque não me apraz ver gente na cadeia, embora reconheça a legalidade e a necessidade da decisão, mas principalmente porque tanto as ações que levaram a tão infeliz desfecho como a cortina de mentiras que alimenta a aura de heroicidade fazem parte de amplo processo de alienação que envolve a sociedade brasileira.
São muitos os responsáveis por ela, não só os petistas. Poucos têm tido a compreensão do alcance destruidor dos procedimentos que permitem reproduzir o bloco de poder hegemônico; são menos numerosos ainda os que têm tido a coragem de gritar contra essas práticas.
É enorme o arco de alianças políticas no Congresso cujos membros se beneficiam por pertencer à “base aliada” de apoio ao governo. Calam-se diante do mensalão e demais transgressões, como se o “hegemonismo petista” que os mantém seja compatível com a democracia.
Que dizer então da parte da elite empresarial que se serve dos empréstimos públicos e emudece diante dos malfeitos do petismo e de seus acólitos? Ou da outrora combativa liderança sindical, hoje acomodada nas benesses do poder?
Nada há de novo no que escrevo. Muitos sabem que o rei está nu e poucos bradam. Daí a descrença sobre a elite política reinante na opinião pública mais esclarecida. Quando alguém dá o nome aos bois, como, no caso, o ministro Joaquim Barbosa, que estruturou o processo e desnudou a corrupção, teme-se que ao deixar a presidência do STF a onda moralizante dê marcha a ré. É evidente, pois, a descrença nas instituições. A tal ponto que se crê mais nas pessoas, sem perceber que por esse caminho voltaremos aos salvadores da pátria. São sinais alarmantes.
Os seguidores do lulopetismo, por serem crédulos, talvez sejam menos responsáveis pela situação a que chegamos do que os cínicos, os medrosos, os oportunistas, as elites interesseiras que fingem não ver o que está à vista de todos. Que dizer então das práticas políticas? Não dá mais! Estamos a ver as manobras preparatórias para mais uma campanha eleitoral sob o signo do embuste.
A candidata oficial, pela posição que ocupa, tem cada ato multiplicado pelos meios de comunicação. Como o exercício do poder se confundiu, na prática, com a campanha eleitoral, entramos já em período de disputa. Disputa desigual, na qual só um lado fala e as oposições, mesmo que berrem, não encontram eco. E, sejamos francos: estamos berrando pouco.
É preciso dizer com coragem, simplicidade e de modo direto, como fizeram alguns ministros do Supremo, que a democracia não se compagina com a corrupção nem com as distorções que levam ao favorecimento dos amigos. Não estamos diante de um quadro eleitoral normal. A hegemonia de um partido que não consegue se deslindar de crenças salvacionistas e autoritárias, o acovardamento de outros e a impotência das oposições estão permitindo a montagem de um sistema de poder que, se duradouro, acarretará riscos de regressão irreversível.
Escudado nos cofres públicos, o governo do PT abusa do crédito fácil que agrada não só os consumidores, mas em volume muito maior, os audaciosos que montam suas estratégias empresariais nas facilidades dadas aos amigos do rei. A infiltração dos órgãos de Estado pela militância ávida e por oportunistas que querem se beneficiar do Estado distorce as práticas republicanas.
Tudo isso é arqui-sabido. Falta dar um basta aos desmandos, processo que, numa democracia, só tem um caminho: as urnas. É preciso desfazer na consciência popular, com sinceridade e clareza, o manto de ilusões com que o lulo-petismo vendeu seu peixe. Com a palavra as oposições e quem mais tenha consciência dos perigos que corremos."
Fernando Henrique Cardoso
FONTE: O PENSADOR
sexta-feira, 3 de janeiro de 2014
Primeira Chuva do Ano
A primeira chuva do ano está acontecendo agora, e é claro, eu não poderia deixar de ficar debaixo dela! Nada melhor para lavar o corpo e a alma e começar com o pé direito...
Depois do calorão denso e pesado, a chuva caiu como uma luva!
Reflexão
Não tenho mais faces a oferecer. A única que sobrou-me inteira, é a que levarei para o resto da minha vida, e não desejo vê-la ferida pelas mesmas pessoas novamente.
Às vezes, o silêncio contém todas as coisas das quais precisamos saber. Lançamos um argumento, e quando recebemos de volta o silêncio, é porque já sabemos a resposta: estamos certos! Aquilo que mais temíamos é a verdade. Não há mais lugar para dúvidas ou achismos.
Jamais imponho minha presença aonde não sou desejada, e jamais traio aqueles que um dia me estenderam a mão. Talvez estas sejam algumas das pouquíssimas virtudes que aprendi a cultivar e que carrego comigo. Sei que às vezes sou uma pessoa difícil - daquelas que não gosta de levar desaforos para casa e não baixa a cabeça com medo das guilhotinas embutidas nas línguas alheias. Prefiro tê-la decepada a curvar-me por medo de solidão ou por pura convenção. Mas mesmo sendo uma pessoa difícil, sei que trago limpa a minha consciência, e esta certeza faz com que meu sono seja tranquilo.
Não tenho medo da solidão, e nem trocaria minha paz de espírito para estar na companhia de pessoas que nunca aprenderam a apreciar minhas qualidades. Demorou, mas aprendi, e sinto, cada vez mais, que esta é parte da minha missão nesta vida: seguir em frente, apreciar a minha própria companhia e procurar pela companhia apenas de pessoas que me respeitem e gostem de mim.
Se, a partir de hoje, eu tiver que tomar partido de alguém ou defender alguma causa, tomarei partido de mim mesma, e a causa defendida, será a minha. Jamais tentarei propor reconciliações entre pessoas cujo objetivo parece ser apenas o de demonizar os outros, causar rupturas e formar grupinhos, os 'do lado de cá' contra os 'do lado de lá.' Essa brincadeira cansa, desgasta, não leva a nada e é um desperdício de vida. Meu ouvido jamais voltará a ser o receptáculo de maledicências e vitimizações. E, no fim das contas, todo mundo fica "bem". Menos a gente.
A vida é curta por aqui, e mesmo que seja eterna e dure para sempre, não é uma desculpa para desperdiçá-la.
Muito tempo desperdiça-se com ingratidões de todos os tipos. Algumas pessoas, mesmo que alguém tire as próprias calças a fim de ajudá-las, no fim, não demonstrarão sequer um pingo de gratidão ou solidariedade. Na primeira oportunidade, jogarão no lixo o que receberam. E ainda reclamarão que a ajuda foi pouca. Porque não são felizes. Não sabem ser felizes. Ao serem ajudadas, sentem-se diminuídas. Como esperar despertar em pessoas assim coisas como união, amizade e solidariedade? E como decepcionar-se com elas, se é exatamente desta maneira que elas sempre agem?
Apenas uma reflexão de ano novo.
DESÍGNIOS
Sobre cada portão, um signo,
A fatalidade é um desígnio,
Arranca sementes da flor, prematuras.
Às vezes, folhas verdes tombam,
Da árvore da vida, os escombros
Secam no chão que os acolhe.
Mas todas as flores e folhas
São feitas dos mesmos goles
Dos sumos das mesmas seivas.
E às vezes, a vida colhe
As flores que enfeitam seus vasos
Bem antes que elas desfolhem.
segunda-feira, 30 de dezembro de 2013
...E Ela Cantarolava...
E ela cantarolava
Enquanto arrumava a casa,
Guardando nos seus lugares
Cada coisa, cada caixa,
Limpando seu coração
E também o nosso chão...
Às vezes, ela gritava,
De pura insatisfação...
E ela cantarolava,
Wando, Iglesias, ou Roberto,
Cortava, assim, as cebolas
Que a faziam chorar...
Cozinhava outro jantar,
Lavava, mas não passava
A dor que ela trazia...
Mesmo assim, ela cantava!
E ela plantava flores
Canteiros que ela cuidava;
Escondia os dissabores
Da vida que ela levava
Por sob os panos de prato
Que no arbusto, ela coarava.
Cabeça cheia de sonhos
Distantes, que ela guardava...
E ela cantarolava,
E eu abria meus cadernos
Sobre a mesa de madeira
Enquanto eu só estudava;
Tanta coisa eu aprendia,
Outras, que eu só decorava...
E ela apontava o dedo
Na página mal-pintada.
E ela cantarolava
Tentando esquecer as perdas
Dos que a morte levava,
Enquanto espanava a sala.
Depois de pronta a comida,
A gente então se sentava
Em frente à Sessão da Tarde;
E assim, a vida passava...
Para Minha Mãe
Às vezes, a lembrança é como um passarinho que pousa na janela.
domingo, 29 de dezembro de 2013
HAIKAIS
Gota de orvalho
Um pequeno milagre
Brilha na folha.
Passa o riacho
Corta a noite ao meio
Levando a lua.
Zilhões de estrelas
Quais sinos cintilantes
Dobrando brilhos.
A joaninha
De um voo de bolinhas
Pousa em meu braço.
Sinos pendentes
Psicografam o vento
Aos meus ouvidos.
De manhãzinha
Um sol preguiçoso
Estica os raios.
Gotas pesadas
Saraivam poças d'água
Balas de chuva.
GOETHE
Alguns pensamentos de Goethe
"O mais belo dito é depreciado, se o ouvinte tem ouvidos moucos."
"Nada podes fazer; tudo está insensível. Não te importes: a pedra lançada no lodaçal não traça círculos."
"Todas as coisas são metáforas."
"Nós somos nossos próprios demônios, nós nos expulsamos do nosso paraíso."
"Conhecer alguém que pensa e sente como nós, e que embora distante está perto em espírito, eis o que faz da Terra um jardim habitado."
"Gosto daquele que sonha o impossível."
Johann Wolfgang von Goethe (Frankfurt, Maio 28 de agosto de 1749— Weimer,, 22 de março de 1832) foi um escritor alemão e pensador que também fez incursões pelo campo da ciência. Como escritor, Goethe foi uma das mais importantes figuras da literatura alemã e do Romantismo europeu, nos finais do século XVIII e inícios do século XIX foi um dos líderes do movimento literário romântico alemão Sturm und Drang. De sua vasta produção fazem parte: romances, peças de teatro, poemas, escritos autobiográficos, reflexões teóricas nas áreas de arte, literatura e ciências naturais. Além disso, sua correspondência epistolar com pensadores e personalidades da época é grande fonte de pesquisa e análise de seu pensamento. Através do romance Os Sofrimentos do Jovem Werther, Goethe tornou-se famoso em toda a Europa no ano de 1774. Mais tarde, com o amadurecimento de sua produção literária, e influenciado pelo também escritor alemão Friedrich Schiller, Goethe se tornou o mais importante autor do Classicismo de Weimar. Goethe é até hoje considerado o mais importante escritor alemão, cuja obra influenciou a literatura de todo o mundo. - Wikipedia
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