Muitas vezes, pecamos pelo excesso; com toda certeza, nossa alegria ou nossa tristeza não podem mudar o curso do que acontece ali, na casa vizinha, mas existe uma coisa fundamental que passa pela política dos bons relacionamentos, do carinho e do respeito: a solidariedade. Principalmente, aos que são de nossa própria casa!
Quando eu sei que alguém está demasiadamente triste, não acho que seja de bom tom que eu coloque música alta e faça um churrasco com direito a pagode, principalmente, quando eu conheço intimamente a pessoa que vive ao lado. Mesmo que a minha discrição não possa mudar a situação de quem estiver sofrendo, eu posso demonstrar, através de uma atitude respeitosa, que eu me importo com o sentimento daquelas pessoas. Por que não colocar a música em um volume mais baixo?
É triste constatar a indiferença e a falta de solidariedade daqueles que deveriam estender-nos a mão e dizer uma palavra de carinho em horas difíceis. Quem age assim, com total indiferença a respeito do que acontece na casa ao lado, corre o risco de causar uma mágoa profunda naqueles a quem atinge. Sem contar que, no futuro, poderá receber dos outros a mesma atitude em relação a si.
O mundo anda tão multifacetado... as pessoas já nem conhecem mais os seus vizinhos! Mas é muito cruel quando os conhecemos, e sabendo exatamente sobre as horas de dor que eles vem atravessando, mesmo assim, fazemos questão de demonstrar nossa indiferença a eles, sendo insensíveis e cruéis.
É tudo uma questão de bom senso: o volume da minha música, minhas atitudes perante a situação de quem está triste, as palavras que eu escolho para abordar certos assuntos, o telefonema ou a visita solidários... apenas para mostrar que estamos ali para o que for preciso. Tudo isso faz uma enorme diferença naquilo que denominamos 'boa convivência.'
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