Detrás de todo santo
Existe um pau oco
Onde ele esconde seu verdadeiro rosto,
E os seus arrotos.
As barras de suas saias rotas
Tocam as sandálias gastas
Que cruzaram esgotos
E pisotearam seus próprios sonhos mortos.
O santo do pau oco
Não tem olhos para as nuvens,
Ou para o céu;
Ele vislumbra o inferno,
E por isso o enxerga aonde quer que vá.
Sua auréola puída
Quase nada sabe daquilo que ele chama vida.
Sedento das orações e adorações que lhe dirigem os desesperados,
Tal santo sobrevive do sangue
Dos corações magoados.