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quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Lula Livre?







Lula Livre?

Gostaria de dizer o que me incomoda nesta frase. Não é bem a liberdade de Lula, mas a maneira como ela foi conseguida. Devemos nos lembrar de que, apesar de livre, ele não é inocente nem foi considerado como tal. Muita água há de rolar sob esta ponte ainda. 
O que realmente me incomoda (e acho que deveria incomodar a todos) é a forma como esta pseudoliberdade foi conquistada. Digo pseudoliberdade porque, para ser realmente livre, uma pessoa precisa estar em dia com a justiça – a dos homens e a de Deus – e poder frequentar qualquer lugar do mundo – restaurantes, ruas, aeroportos, etc., sem deparar com pessoas que o apontem e o façam lembrar-se de todo o mal que cometeu. Soube que Lula foi praticamente expulso de um restaurante chique pelos que ali estavam. Para mim, isso não é liberdade.
Liberdade é não odiar ninguém, é poder dormir de consciência tranquila sem impor aos outros as suas culpas e faltas. Liberdade é ter um coração bondoso e não ter absolutamente nada a esconder. Liberdade é não precisar  usar de subterfúgios a fim de caminhar por aí.  
Liberdade é não carregar nas costas o fato de que, junto consigo, centenas de estupradores, assassinos, sequestradores, pedófilos e traficantes também estarão andando por aí, entre os cidadãos de bem, perpetrando seus crimes. 
Lula será livre quando tiver pago por todos os crimes contra o Brasil e contra o povo brasileiro, quer isto aconteça nesta vida ou em outra. 




quinta-feira, 7 de novembro de 2019

CONFESSO








Eu erro, berro, espanto os astros,
Desfaço os laços, caio no abismo
Me despedaço, mas me refaço,
Arranco à unha a falsa tinta
Dos falsos mastros.

Viver é um passo a cada dia,
Uma alegria, um cataclismo,
Doce mormaço sobre mãos dadas
Que prenuncia um desenlace
Anunciado.

Clara passagem, amarga via,
Um triste riso de um triste rosto
Dentro de um rio, cujas correntes
Levam aonde não se iria
Se fosse escolha.

Eu erro o alvo e acerto a flecha 
Naquilo mesmo que eu nem sabia,
Vejo o palhaço fazendo graça
Mas me concentro na alegoria
Sob a pintura.

Pois o que vale, pois o que fica
Depois de toda essa aventura,
É a mente leve, coração calmo,
E a sanidade que resistir
À essa loucura.







segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Egoísmo







As pessoas se movimentam conforme as marés de seus interesses. Quase ninguém é o que diz ser, pois a maioria apenas está como diz ser, e pode mudar a qualquer momento - basta que apareça algum interesse pessoal 'in the picture.' A alma humana anda muito volátil, e eu acho isso lamentável! Acredito em valores. Acredito que aquilo que só é bom para mim, prejudicando os outros, não é bom para ninguém, na verdade. 

Acho incrível a maneira como as pessoas encontram justificativas estapafúrdias para apoiarem suas ações equivocadas. Mais incrível ainda, é que algumas realmente passam a acreditar nestes falsos motivos. De repente, estão tão necessitadas de algo, que torcem e retorcem fatos e ainda tentam convencer os outros de que estão fazendo aquilo "para o bem de todos", quando os únicos beneficiados são elas mesmas, em detrimento dos demais, apenas para satisfazerem a um capricho!

Desse jeito, jamais poderemos evoluir de verdade.




sexta-feira, 1 de novembro de 2019

O Tempo Para se Ler um Livro



Em conversas com minha aluna sobre como tudo está tão rápido nos dias de hoje, lembrei-me de quando eu lia livros na minha adolescência. Eu não tinha muitos livros, pois eram demasiadamente caros. Geralmente, eu os comprava em sebos, pegava emprestado com amigos ou pedia ao meu pai que os comprasse, o que ele raramente tinha condições de fazer. Então, era comum que nós relêssemos os livros várias vezes, trocássemos com os amigos ou fizéssemos parte do Clube do Livro, onde os livros eram bem mais em conta – a única exigência é que comprássemos um livro a cada mês, e eles eram entregues nas nossas casas quase quinze dias após a compra. 


Eu conseguia lembrar- me de cor de alguns trechos dos livros, pois lia e relia várias vezes, e sempre me lembrava do nome dos autores, coisa que hoje eu frequentemente me esqueço. Bem, também não havia tantos autores como hoje!

Ler era uma atividade vagarosa: eu tinha um caderno onde anotava meus trechos prediletos (nada de computadores nas casas ainda) e levava-os comigo para o quintal, e voltava nos trechos que não tinha entendido muito bem. Eu tinha tempo, e não tinha muitos livros.
Hoje tenho muitos livros, mas não tenho tempo.

Os livros impressos e virtuais que eu compro ficam meses na prateleira ou no Kindle, até que eu tenha tempo para lê-los. E como o tempo é sempre curto, sublinho passagens que muitas vezes jamais voltarei a ler, pois há outros livros na fila de espera, e o tempo é tão curto, e nem sei se o que me resta de vida será o suficiente para ler todos. 

Tenho livros que comecei a ler e não terminei em todos os lugares da casa: sobre a banheira, na mesinha de cabeceira, na sala de aula onde trabalho, nas prateleiras e no Kindle. Começo, mas fico ansiosa para passar ao próximo, então acabo pulando alguns trechos (se forem livros apenas para entretenimento) ou acabo esquecendo de terminar a leitura. E muitas vezes, acabo substituindo-os por um livro antigo, de Gibran, Osho, ou Cecília Meireles.

Os personagens dos livros que não terminei andam pela casa toda, me assediando, me cobrando que lhes dê um final e eles possam voltar para dentro de suas histórias. Frequentemente, eles se encontram e trocam ideias, falam mal de mim e sonham com um tempo em que havia mais leitores do que livros a serem lidos, e eles recebiam toda a atenção que mereciam. 




Passarinho








Pousado num galho bem alto,
Ele olha o mundo e se lembra
Dos tempos em que não tinha asas
E andava por aqui.
As coisas parecem distantes,
Agora que está tão longe...
Vê que as pessoas mudaram,
Envelheceram
E se afastaram.

Ele lança um longo pio
Que ecoa contra o sol
Que desponta no horizonte.
Daqui, alguém ergue os olhos
Sente uma estranha presença,
Olha para trás a procura
De alguma antiga surpresa.

Ele bate as suas asas
Pelos quartos, pelas salas,
Traz no bico algumas flores
Que derrama pelas casas.
Suas essências fantasmas
Causam alguns arrepios,
Um folego de saudade,
-Até mesmo um certo frio.

Ele mora tão distante,
Viajou por tanto tempo
Para chegar até aqui
E poder revisitar
Todos os que ele deixou.
Alguns sequer o percebem,
Outros, sentem, outros ouvem,
Outros, lembram – logo esquecem,
Pois o tempo é um trator
Que passa por cima de tudo.

O sol nasce sobre o mundo,
E seus raios atravessam
O peito do passarinho
Em feixes de arco-iris.
Ele sacode suas penas,
Prepara-se para ir embora
Em sua longa viagem.
Antes, alça mais um voo
Sobre o lugar onde um dia
Deixou-nos tantas saudades.



31/10 - Não esqueci, nunca esquecerei. Onde quer que você esteja, Feliz Aniversário!





quarta-feira, 30 de outubro de 2019

GADO





GADO

Gado - substantivo masculino
1. conjunto de reses criadas para serviços agrícolas e consumo doméstico
2. popular, pejorativo gente ordinária

O gado não raciocina. O gado vai aonde a maioria vai, entrando e saindo do curral quando alguém determina, comendo diariamente seu capim seco e sua ração insípida sem jamais se perguntar sobre o seu destino. O gado engorda, engorda e engorda até que finalmente é levado ao seu destino final: o matadouro. Porque esse é o destino do gado: virar comida para encher os estômagos de seus algozes. O que sobra, vira couro para calçar os pés de seus opressores. Justamente por não raciocinar, o gado não se preocupa com isso. Vive sua vida miserável e segue aquele que enche seu coxo de comida.

O gado às vezes acha que é gente. Bate palmas quando a luz azul acende, joga pedra quando a luz vermelha pisca, e come, come e come, e engorda, engorda e engorda. Gado serve para fazer volume, para balançar a cabeça feito vaquinha de presépio e para carregar bandeiras e cartazes que eles não conseguem ler. Se alguém chegar e tentar levar o gado do curral escuro e fedorento para um campo verde, eles não vão querer ir. Porque suas pequenas mentes estão condicionadas a só fazerem o que o vaqueiro manda, pois suas vidas têm sido apenas isto desde que nasceram.

Eles obedecem sem raciocinar e sem questionar, desde que o capim seco e a ração caiam no coxo. Além disso, para chegar ao campo verde, o gado terá que fazer uma coisa a qual sua raça não está acostumada: trabalhar. Será preciso derrubar cercas de arame farpado, caminhar muitas milhas diariamente, esquecer a ração pronta, cultivar a própria comida e desembotar o cérebro. 

O gado repete incansavelmente as mesmas palavras de ordem, regurgitando frases cujos significados ele nem sequer compreende, só porque alguém mandou. E  até acha, em seu raciocínio de gado, que está fazendo o certo – embora nunca tenha se perguntado a diferença entre o certo e o errado.

O gado apoia o vaqueiro que o açoita e o conduz ao matadouro. 
Acredita que o diabo é seu salvador, e adora a cor vermelha. Tenta destruir tudo o que ameace sua vidinha confortável e pequenininha. Acham que destruindo tudo o que é campo verde e ensolarado, estará protegendo seu escuro e claustrofóbico curral, onde se sente seguro. Acredita que o progresso é o Mal, que as diferenças precisam ser banidas para que todos os outros animais do mundo sejam gado como ele: as águias e demais pássaros, os leões, as cabras, os cães, os gatos, os peixes, os répteis. Todo mundo precisa virar gado. Se todos mundo for gado, não haverá mais diferenças. O mundo será um lugar unificado, pintado de cinza e de vermelho, onde todo mundo andará de cabeça baixa comendo da mesma porcaria de ração e indo para o mesmo matadouro. 

Não é linda, a igualdade?

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O que estão fazendo com o cidadão Jair Bolsonaro é covarde.
O que estão fazendo com o Presidente Jair Bolsonaro é criminoso.
O que estão fazendo com o Brasil é vergonhoso.




segunda-feira, 28 de outubro de 2019

CORINGA




Data de lançamento 3 de outubro de 2019 (2h 02min)
Direção: Todd Phillips
Elenco: Joaquin Phoenix, Robert De Niro, Zazie Beetz
Gênero Drama
Nacionalidades EUA, Canadá

Ontem, após muitas recomendações de alunos e amigos, fui assistir ao filme JOKER – ou Coringa. O nome faz alusão à carta 2 do baralho, que pode ser de crucial importância durante um jogo de cartas, pois ela substitui qualquer outra em uma jogada. Mas se o jogador não souber jogar com ela, pode causar uma pane e perder o jogo, ou desperdiçá-la em uma jogada estúpida.

O filme conta a história da origem do Coringa – inimigo número um de Batman – e de como ele tornou-se mau e vingativo. O personagem principal, muito bem interpretado por Joaquin Phoenix, passa por várias dificuldades em sua vida, em todos os campos: profissional, financeiro, de saúde, social e amoroso. Sua vida está em ruínas, sua autoestima é inexistente e devido ao fato de estar sofrendo de  depressão profunda e envolto em pensamentos negativos, sentimentos de inadequação e autopiedade, ele afunda cada vez mais em um poço de negatividade, atraindo para si mesmo desgraça e miséria. Para piorar ainda mais sua situação, as pessoas o evitam, pois ele sofre de um distúrbio que o faz perder o controle sobre o riso, dando gargalhadas incontroláveis nas horas mais impróprias.

Se tentarmos olhar para o filme apenas como um trabalho de arte, ele é muito bom: bem dirigido, bem interpretado, com bom roteiro e cenários adequadamente sombrios. Mas se formos considerar a mensagem subliminar que ele traz, eu diria que ela é inadequada ao momento que o mundo está passando, momento este em que uma simples fagulha pode colocar fogo no palheiro, pois pode incutir nas mentes mais fracas pensamentos de ódio e revolta, incitando a violência, a separação de classes sociais e a exaltação e adoração ao bizarro. Já li algumas resenhas, e em uma delas, o personagem Thomas Wayne é citado como “O rico fascista.”

De repente, um louco tem uma atitude totalmente apolítica e inadvertidamente torna-se o líder de um movimento supostamente político. Em certa altura, o Coringa do filme me fez lembrar o Annonymous das manifestações ocorridas no Brasil e em outras partes do mundo há alguns anos.
Apesar de tratar-se de uma obra de ficção, é impossível não estabelecer uma comparação com a vida real e notar o quanto as pessoas se deixam levar por ideias equivocadas, escolhendo líderes políticos e espirituais nas piores camadas e pocilgas terrestres, apenas porque têm preguiça de pensarem por si mesmos. No filme, um assassino com graves problemas mentais torna-se o símbolo de uma revolução.

Mas, se pensarmos apenas no trabalho de arte, com certeza será indicado ao Oscar e poderá ganhar várias estatuetas.



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EU SÓ TENHO UMA FLOR

  Eu Só Tenho Uma Flor   Neste exato momento, Eu só tenho uma flor. Nada existe no mundo que seja meu. Nada é urgente. Não há ra...