witch lady

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terça-feira, 26 de agosto de 2014

A BELEZA DA TARDE EM UM ENGARRAFAMENTO










Sobre a Guerra





Trechinho do livro "Uma Ponte para Terebin", de Letícia Wierzchowski, que fala sobre o que sente alguém que vê seu país entrar em guerra. Tocante!




"...Assim, por causa disso, de uma esperança que não se extinguia, nós ficamos. O tempo andou muito rápido até aquele 1 de setembro; e então, subitamente, pareceu que a roldana das horas enguiçava, e a vida parou. Congelou-se: cada segundo se arrastando por uma eternidade. Li certa vez  em algum livro que o tempo para as desgraças é um tempo distinto. Quando os alemães invadiram a nossa terra, pude comprovar que tal frase era absolutamente verdadeira. Ninguém pode medir com precisão o tempo de uma desgraça. O instante gasto para a compreensão verdadeira de que algo irreversível aconteceu. Nenhum relógio é capaz de mensurar esse instante de pânico, a aflição extrema.




Naquela madrugada, a vida mudou para sempre. Ah, sim, tínhamos vivido outras guerras, outros medos... Um sem fim de madrugadas. Mas na minha vida, na vida do meu pai e do pai dele, sempre um fio de humanidade, um resto de esperança podia ser conservado - atrás do terror e da destruição, além da pátria dividida, ainda havia um futuro. A invasão de Hitler não nos deixou nem isso."

....................




"Cidades e aldeias foram bombardeadas e queimadas. Vivíamos perto da fronteira ao sul, mas, por um milagre, Terebin escapou ilesa. Os que fugiram, esses foram mortos nas estradas. Mas nós ficamos em casa. Fechados. No escuro. Dava para ouvir o barulho dos aviões. A Luftwaffe inteira sobre  nossas cabeças... E o medo. O medo atrasando os ponteiros do relógio. Congelando o sangue nas veias."


Varandas - croniquinha





Um dos meus lugares favoritos em casa, são as minhas varandas. Em uma delas eu me deito na rede para pensar na vida e descansar. Fecho os olhos e me deixo aquecer pelo sol de inverno, e às vezes, chego a dormir. Na outra, que fica no segundo andar, tomamos sol de manhã e apreciamos a paisagem. Não consigo mais conceber a minha casa sem uma rede, e isso vem desde a última casa onde moramos. Lá, a rede ficava sob um Bougainville vermelho escuro, e às vezes, enquanto eu balançava, caiam algumas flores sobre mim e Aleph, meu cão e fiel companheiro, que estava sempre por perto. Ele gostava de deitar-se sob a rede, e quando de repente ele se levantava para ir latir na cerca, quase me derrubava... boas lembranças!

Hoje, a minha casa tem estas duas varandas: uma no andar superior e outra à porta de entrada, onde passo mais tempo. Ali, eu pendurei garrafinhas para os beija-flores, casinhas que são ocupadas todo ano por um casal de cambaxirras, alguns enfeites e castiçais com velas que eu acendo em noites especiais. A cadeira de balanço que eu pintei (da qual o Mootley, nosso novo cão, tomou posse e cuja almofada hoje está suja de terra e cheia de marcas de patinhas) fica no andar de baixo, e gosto de sentar-me ali quando a tarde começa a morrer para escutar o canto das cigarras e pássaros nas árvores e na mata em frente. Às vezes, quando é lua cheia, olho sobre meu ombro esquerdo e posso vê-la surgir.

A varanda é o lado de fora mais interior da casa, pois é nela que eu construo a maioria dos meus sonhos e  revivo as lembranças. Eu e meu marido gostamos de passar bastante tempo à varanda, conversando. Nas noites de verão, abundam os vaga-lumes, morceguinhos que se alimentam do que sobrou do néctar dos beija-flores, mariposas com desenhos intricados sobre as asas  e algumas pálidas lagartixas. De lá, olhamos as folhas das árvores na mata em frente a casa, banhadas pela claridade do luar. É lindo... tudo tão cheio de vida e de beleza...

Lembro-me da varanda de um dos prédios onde uma de minhas irmãs morou. Adorávamos ficar lá, olhando o movimento da cidade! Petrópolis é uma cidade muito bonita, e de tardinha, o céu ficava tingido de laranja, as luzes dos faróis e lanternas dos carros lá em baixo, as pessoas indo para suas casas... não resisto a uma varanda!

Em uma rua próxima daqui, onde existem algumas casinhas de construção antiga, a gente percebe a importância que as varandas tinham antigamente: todas as casinhas tem uma! São construções simples mas encantadoras, cada qual com a sua varandinha. 

A varanda é a parte da casa onde o tempo passa mais devagar.



sábado, 23 de agosto de 2014

Dercy Gonçalves




Alguns pensamentos de Dercy Gonçalves dos quais compartilho


"Palavrão, meu filho, é condomínio, palavrão é fome, palavrão é a maldade que estão fazendo com um colírio custando 40 mil réis, palavrão é não ter cama nos hospitais"



"Não tenho ódio nem amor, sou livre e não tenho medo de nada, porque sou boneca de pano com macela por dentro. Qualquer "desastre", a Tia Anastácia me faz outra".


"Quando nós morremos, a energia que temos para viver, fica à vontade da natureza."



“Por maior que seja o buraco em que você se encontra, pense que, por enquanto, ainda não há terra em cima.”



"Na vida tudo é um jogo. Perde ou ganha. Até no amor. Mãe pra filha, marido 
pra mulher, tudo é interesse: se eu não te dou você também não me dá." 



"Hoje a cidade me aplaude. Até museu fizeram para preservar a minha história."





sexta-feira, 22 de agosto de 2014

CANÁRIOS




Os canarinhos pousam leves
Suavemente sobre o arbusto
Trazendo o dia nas penas.

De repente, por um susto,
Em bando, eles alçam vôo 
Roubando, da aurora, a cena...




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O Palavrão e seu Contexto

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O Palavrão e Seu Contexto


Todos sabemos do uso do palavrão na literatura e nas artes cênicas - Rubem Braga e Dercy Gonçalves que o digam. O palavrão está tão incorporado à comunicação e expressão que existem dicionários e tratados sobre seu emprego. O palavrão às vezes dá o tom exato a um discurso, pois quando pessoas educadas o dizem, é porque talvez este seja o único linguajar que seu interlocutor realmente compreenda.

É preciso que haja contexto para o uso do palavrão, pois aqueles que o repetem constantemente, incorporando-o habitualmente ao vocabulário, acabam por chocar seus interlocutores; mas, dito de maneira privada a quem realmente merece escutá-lo, o palavrão pode ser o resumo de muitas palavras inúteis que, não importa o quanto fossem repetidas, jamais seriam realmente escutadas. O palavrão muitas vezes serve para selar conversas com pessoas ignorantes, insistentes e extremamente vaidosas, que só compreendem este tipo de linguajar. Sem contar que um palavrão dito na hora certa alivia a tensão de quem o profere, evitando medidas mais drásticas. 

Um bom palavrão pode colocar os pingos nos 'is' , definir fronteiras e estabelecer limites. Se eu digo um palavrão a alguém que me aborrece, será após já ter tentado ignorar e responder educadamente. E nessas horas, digo-o sem o menor arrependimento e sem fazer a menor questão de parecer educada. Nunca me arrependo destes momentos. Procuro viver a minha vida de forma a não precisar arrepender-me de nada que faço ou digo; portanto, se alguma vez refiro-me a alguém utilizando palavrões, é porque a pessoa o fez por merecer. Não tenho vergonha nenhuma das poucas vezes em que utilizei palavrões em meus escritos ou em meus discursos.

O palavrão, dito no momento certo, pode colocar um ponto final a uma discussão sem sentido. Mas nem sempre isto acontece.

Na verdade, vivemos em um mundo livre no qual cada um tem o direito - garantido por lei - de expressar-se como desejar, embora a boa educação ensine que palavrões nem sempre sejam bem vistos quando ditos entre pessoas que não merecem escutá-los; mas, em contexto privado e dito a quem realmente merece, o palavrão pode ser uma maneira de 'baixar a crista' de pessoas petulantes, arrogantes, perseguidoras, maníaco-depressivas e vaidosas.

Quem jamais disse um palavrão, que atire a primeira pedra.





No Dia em que me Perdi de Mim




Chovia,
No dia em que me perdi de mim.

Peguei carona em um raio azul, 
Aterrissei pesado em nuvem carregada,
Nasci trovão,
Desci na enxurrada,
E inconsequentemente,
Fui desaguada 
Num mar de fúria e naufrágios
(Por meu próprio sufrágio).

No dia em que me perdi de mim,
Havia neve sobre o asfalto quente,
Ranger de dentes,
Um falso sol de neon que brilhava,
E me iludia,
E me enganava,
E me arrastava 
Para a escuridão.

No dia em que me perdi de mim,
Não tive medo,
Nem percebi
A intenção
Assaz maléfica 
Do teu sorriso,
Que me sorria
Naquele espelho,
Caco de vida,
O olhar de esguelho
Da tua alma
Tão desabrida...

E eu então me perdi,
Desci ao inferno,
Onde colhi meus desafetos,

Mas aprendi 
A livrar-me dos insetos
Que me infestam,
Que me circundam,
Os vis maestros
Da barafunda
Que vivem nas tocas imundas
Sempre a olhar,
Fazendo contas,
Roendo os dedos,
Sempre a olhar...


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