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sexta-feira, 21 de março de 2014

A MAIS LINDA POESIA





Todas as manhãs, a vida se espreguiça,
Atiça a vontade, abrindo as janelas
Deixando que entre um raio de sol
-Ou beijos de chuva- e cantos de pássaros...

Ruídos de carros, pessoas e máquinas,
Veramente bela, a vida que passa!...
E quando se fecha sobre as nossas almas,
Derrama no cântaro precioso líquido.

Momentos de festa, momentos de dor,
Pedaços de cor entre a paz e a lida,
Lindamente escrita em papiros de pele,
A mais linda poesia: a vida, a vida!




quarta-feira, 19 de março de 2014

A CADEIRA DE BALANÇO





A primeira casa que compramos pertencia a um casal de idosos. Na sala de estar havia uma cadeira de balanço antiga, dessas com assento e encosto de palhinha. Eles estavam mudando para um pequeno apartamento e teriam que se desfazer de uma parte de seus móveis; quando soubemos, imediatamente fizemos uma oferta na cadeira de balanço.

Eu sempre quisera possuir uma cadeira de balanço. Lembro-me que nossa Tia Rosa tinha uma na edícula, e quando nós a visitávamos, eu me sentava (pequenininha, no meio da enorme cadeira) e ficava ali quietinha durante horas...

A cadeira de balanço que compramos dos ex-donos da nossa primeira casa ficou conosco durante os sete anos que moramos lá, e quando  vendemos a casa e nos mudamos para esta onde hoje moramos, trouxemos a cadeira conosco. Minha irmã refez para mim a palhinha do assento, já gasta, e dei-lhe, eu mesma, uma demão de verniz.

Mas acho que as coisas tem seu tempo de permanência nas casas e junto às famílias. Há algum tempo, eu vinha entrando em minha sala de estar e, ao deparar com a cadeira antiga e escura (agora, é preciso refazer a palhinha do encosto) achei que dezesseis anos já foi tempo demais. Em termos de funcionalidade, ela não estava mais agradando. Visualmente, ela deixava aquele cantinho da minha sala um tanto escuro e triste.  Decidi substitui-la por um moderno pufe reversível em mesinha de centro quando necessário, pois achei-o mais prático, clarinho e funcional. 

A cadeira de balanço está em minha varanda, aguardando seu destino... não sei se a vendo, doo ou pinto com cores alegres, deixando-a na varanda. Ainda não decidimos o que fazer com ela. Pacientemente, ela nos olha sempre que entramos e saímos de casa. Parece entender que talvez o seu tempo conosco tenha acabado, e sei que ela nos perdoa e não guarda ressentimentos por ter sido substituída pelo pufe moderninho.



segunda-feira, 17 de março de 2014

ELEGIA






Me esfolas, me cortas, me cospes,
Sou a mosca flutuante
Que passa pelo gargalo:
Mexo as patas na garganta.

Sou a fome que ainda
Permanece, após a janta,
A mentira que tu contas
Para convencer os tontos.

Sou a herege, a sacripanta,
A que rouba, sem piedade
Os teus sonhos, e os destrói,
Vertendo-os na realidade.

Sou teu saco de pancadas,
A desculpa esfarrapada
Para tua incompetência...
-Na verdade, não sou nada,

Sou bem menos que tu pensas,
Mas me fazes de estrada,
De bandeira, que drapejas
E de alvo, que apedrejas
Para aliviar as mágoas
Da tua vida desgraçada!

Ah, se ao menos eu pudesse
Ser um pouco do que dizes,
Se eu tivesse esse poder
Que tu tanto me atribuis!...

Eu faria uma magia
Mostraria o quanto és nada,
E o quanto eu nada sou,
-Nem ao menos a tal sombra
Que atrapalha a tua luz!...

Hoje eu faço uma elegia
-Presta atenção, estás vendo?
Eu te peço que a escrevas
Na minha última pedra:
"Aqui jaz quem nunca foi,
E continua não sendo."






sábado, 15 de março de 2014

Poesia





Entra de mansinho pela janela,
Pousa nas paredes, 
Traz consigo um canto
De passarinho.

Marca um raio de sol
Que se colore através do cristal,
Multipartido em cores...
Imprime-se, indelével,
Na face do coração.

Oculta-se, mostra-se,
Derrama-se
Em gotas de sangue,
Para logo elevar-se
No puxão de um sorriso,
Entre o branco e o negro, flutua,
Paz, amor, medo, loucura...

Na fronha, ela se deixa ficar
Até a manhã seguinte
Para conhecer melhor nossos sonhos...
Acorda-nos
No meio da noite, 
Num raio de lua que entra
E brilha sobre as pálpebras.

Espalha-se pela casa
Com o cheiro de café, 
Senta-se nas ondas das vozes,
Assiste ao filme na TV,
Fica lisa e esticada
Por sobre a roupa passada,
Varre o chão da casa
Presa que está
Aos fios da vassoura.

Olha-nos do rosto da flor,
Cai sobre nós, a folha seca,
Gota de chuva,
Beijo de brisa
Pétala
Precisa e efêmera,
Concreta e etérea,
Circula nas veias,
Faz parar o coração
Na última hora.

-E como ela chora!...

Ponte entre mundos,
Ela traz de volta quem se foi,
Faz-se estradas e caminhos percorridos
Por saudades e lembranças,
E é em seu rosto
Que nos revemos, crianças...

Poesia,
Minha melhor amiga,
Meu tudo, minha vida,
O motivo que me prende
E me solta
Neste e deste mundo.





Flagrantes Petropolitanos


































Mudanças



Acho que uma casa tem que acompanhar as mudanças da gente. As paredes devem tingir-se das cores que nos agradam no momento. E mesmo que não seja possível pintá-las, é possível incluir essas cores nos pequenos detalhes: uma almofada, uma toalha de mesa ou cortina, um tapete.

Às vezes eu olho para quadros que fazem parte de minhas paredes há anos, e vejo que seus desenhos ou paisagens nada mais tem a ver comigo; substituo-os por outros ou troco-os de lugar. E quando eu os substituo, sempre acabo presenteando alguém com eles, pois quase nunca guardo coisas que não uso mais - a não ser que eu sinta que as usarei novamente.

Gosto de caminhar pela casa e ver as coisas diferentes. Nem precisam ser mudanças radicais (nem sempre temos o dinheiro suficiente para fazê-las), mas detalhes aqui e ali que dão um ar diferente, inovado. Parece que a casa respira melhor. É quase como quando  a gente corta o cabelo ou compra roupas novas.



Viver é mudar. Não consigo ficar  na mesmice. "Conservadora" não é um adjetivo que me define bem, pois apesar de ter meu lado conservador, que tem mais a ver com meus valores, até mesmo estes mudam. Eu não gostava Drummond, e agora, eu gosto. Acho que com o tempo, se nos permitirmos estar abertos às mudanças, novos entendimentos passam a fazer parte do nosso ponto de vista, e passamos a compreender melhor certas coisas que costumávamos não gostar, e ao mesmo tempo, passamos a não gostar mais de outras que eram consideradas muito importantes.

Não, não chego a ser uma metamorfose ambulante; mas também não tenho aquela velha opinião formada sobre tudo.



ADÉLIA PRADO






Trechos de Poemas de Adélia Prado



"Eu sou uma mulher sem nenhum mel
eu não tenho um colírio nem um chá
tanto a rosa de seda sobre o muro
minha raiz comendo esterco e chão.
Quero a macia flor desabrochada
irado polvo cego é meu carinho.
Eu quero ser chamada rosa e flor
eu vou gerar um cacto sem espinho."
(Senha)





Nunca me senti moradora,
a sensação é de exílio.
Criancinha de peito, essa já sabe,
seu olhar muda quando desmamada.
Tudo é igual a tudo,
mas por agora a unidade nos cega,
daí o múltiplo e suas distrações.
Deus sabe o que fez.
Mesmo com medo escrevo
que é 1º de julho de 2011.
Parece póstumo, parece sonho.
Alguma coisa não muda,
minha fraqueza me põe no caminho certo.
Deus nunca me abandonou."
(Sala de Espera)







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EU SÓ TENHO UMA FLOR

  Eu Só Tenho Uma Flor   Neste exato momento, Eu só tenho uma flor. Nada existe no mundo que seja meu. Nada é urgente. Não há ra...